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segunda-feira, 22 de abril de 2024

ESPIRITISMO: UMA INTRODUÇÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 

As pessoas estranhas ao Espiritismo, não lhe compreendendo nem os objetivos nem os meios, quase sempre, fazem dele uma ideia completamente falsa. O que lhes falta, sobretudo, é o conhecimento do princípio, a chave primeira dos fenômenos; na falta disso, o que veem e o que ouvem é sem proveito, e mesmo sem interesse, para elas. Há um fato adquirido pela experiência, é que só a visão ou o relato dos fenômenos não basta para convencer. Aquele mesmo que é testemunha de fatos capazes de confundi-lo, é mais espantado do que convencido; quanto mais o efeito lhe parece extraordinário, mais o suspeita.


Um estudo preliminar sério é o único meio de conduzir à convicção; frequentemente mesmo ele basta para mudar inteiramente o curso das ideias. Em todos os casos, ele é indispensável para a compreensão dos fenômenos mais simples. À falta de uma instrução completa, que não pode ser dada em algumas palavras, um resumo sucinto da lei que rege as manifestações bastará para fazer encarar a coisa sob a sua verdadeira luz, para as pessoas que nela não estão ainda iniciadas. É esse primeiro degrau que damos na pequena instrução adiante. No entanto, uma observação preliminar é necessária. A propensão dos incrédulos, geralmente, é suspeitar da boa fé dos médiuns, e de supor o emprego de meios fraudulentos.


Além de que, ao olhar de certas pessoas, essa suposição é injuriosa, é preciso, antes de tudo, se perguntar qual interesse poderiam ter em enganar e em desempenhar, ou fazer desempenhar, a comédia. A melhor garantia da sinceridade está no desinteresse absoluto, porque ali onde não há nada a ganhar, o charlatanismo não tem razão de ser. Quanto à realidade dos fenômenos, cada um pode constatá-la, colocando-se nas condições favoráveis e se leva à observação dos fatos a paciência, a perseverança e a imparcialidade necessárias.

1. O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que decorrem dessas relações.

2. Os Espíritos não são, como se pensa frequentemente, seres à parte na Criação; são as almas daqueles que viveram sobre a Terra ou em outros mundos. As almas ou Espíritos são, pois, uma só e mesma coisa; de onde se segue que quem crê na existência da alma, crê, por isso mesmo, na dos Espíritos.

3. Geralmente, faz-se um ideia muito falsa do estado dos Espíritos; estes não são, como alguns o creem, seres vagos e indefinidos, nem chamas como os fogos fátuos, nem fantasmas como nos contos de assombrações. São seres semelhantes a nós, tendo um corpo como o nosso, mas fluídico e invisível no estado normal.

4. Quando a alma está unida ao corpo durante a vida, ela tem um duplo envoltório: um pesado, grosseiro e destrutível que é o corpo; o outro fluídico, leve e indestrutível, chamado perispírito. O perispírito é o laço que une a alma e o corpo; é por seu intermédio que a alma faz o corpo agir, e que percebe as sensações sentidas pelo corpo.

5. A morte não é senão a destruição do envoltório grosseiro; a alma abandona esse envoltório, como se despe de uma roupa usada, ou como a borboleta deixa a sua crisálida; mas ela conserva o seu corpo fluídico ou perispírito. A união da alma, do perispírito e do corpo material constitui o homem; a alma e o perispírito separados do corpo constituem o ser chamado Espírito.

6. A morte do corpo livra o Espírito do envoltório que o prendia à Terra e o fazia sofrer; uma vez livre desse fardo, não há mais do que seu corpo etéreo, que lhe permite percorrer o espaço e transpor as distâncias com a rapidez do pensamento.

7. O fluido que compõe o perispírito penetra todos os corpos, e os atravessa como a luz atravessa os corpos transparentes; nenhuma matéria lhe faz obstáculo. É por isso que os Espíritos penetram por toda a parte, nos lugares o mais hermeticamente fechados; é uma ideia ridícula crer que se introduzem por uma pequena abertura, como o buraco de uma fechadura ou o tubo da chaminé.

8. Os Espíritos povoam o espaço; constituem o mundo invisível que nos cerca, no meio do qual vivemos, e com o qual, sem cessar, estamos em contato.

9. Os Espíritos têm todas as percepções que tinham sobre a Terra, mas em um grau mais alto, porque as suas faculdades não são amortecidas pela matéria; têm sensações que nos são desconhecidas; veem e ouvem coisas que os nossos sentidos limitados não permitem nem ver nem ouvir. Para eles não há obscuridade, salvo aqueles cuja punição é estar temporariamente nas trevas. Todos os nossos pensamentos repercutem neles, e os leem como num livro aberto; de sorte que o que poderíamos responder a alguém quando vivo, não o poderemos mais desde que seja Espírito. Allan Kardec .(RE;1864)



Eu gostaria de saber quando o ser humano vai ser capaz de encarar a morte com mais serenidade? A morte sempre existiu e até hoje nós não a aceitamos, mesmo sabendo que ela é inevitável. Não é contraditório isso? ( V.M.L.)


De ponto de vista racional, sim. Evidentemente, não podemos evitar a morte, mas podemos prolongar ao máximo a nossa vida. No livro “O CÉU E O INFERNO”, Allan Kardec trata desse tema, logo nos primeiros dois capítulos, que vale a pena ler. A colocação de Kardec, ali, é tão bem feita ( e considere que essa obra foi lançada em 1865), que vamos reproduzir um trecho Do 2º capítulo, onde ele diz o seguinte:


A crença no futuro é intuitiva e muito mais generalizado do que a crença no nada. Entretanto, a maior parte dos que crêem na imortalidade da alma são muito apegados aos bens terrenos e temerosos da morte. Por quê? Esse temor é um efeito da providência divina e uma consequência do instinto de conservação comum a todos os seres vivos. Ele é necessário enquanto não se está suficientemente esclarecido sobre as condições da vida futura, como contrapeso à tendência que, sem esse freio, nos levaria a deixar prematuramente a vida e a negligencia o trabalho que deve servir ao nosso adiantamento.”


Kardec mostra, aqui – como você percebe - que o medo e a repulsa da morte vêm do instinto de conservação, da necessidade de estarmos sempre defendendo a vida e de precisar viver mais possível na Terra. Por isso não queremos morrer e não queremos que nossos entes queridos morram. Contudo, esse temor e essa repulsa vão assumindo outro aspecto à medida que compreendemos melhor o nosso futuro espiritual, tomando consciência de que a morte não é o fim, mas apenas uma passagem de uma condição para outra. Assim, quem realmente acredita na continuidade da vida, na imortalidade da alma, (mas quem tem realmente convicção disso) mesmo não querendo partir e mesmo sofrendo a partida de entes amados, vai, com certeza, absorver melhor essa realidade inevitável.


Para libertar-se do temor da morte – diz Allan Kardec – é necessário encará-la no seu verdadeiro ponto de vista, isto é, ter penetrado no pensamento do mundo espiritual, fazendo dele uma idéia tão exata quanto possível, o que denota da parte do encarnado um tal ou qual desenvolvimento e aptidão para desprender-se da matéria.” E completa: “À medida que o homem compreende melhor a vida futura, o temor da morte diminui, uma vez que, esclarecida a sua missão na Terra, espera por esse momento com calma, resignação e serenidade. A certeza na vida futura lhe dá outro rumo às idéias, outro objetivo ao trabalho...”


Mais adiante, Kardec afirma: “ Para se libertar do temor da morte é preciso encará-la no seu verdadeiro ponto de vista, isto é, ter penetrado pelo pensamento no mundo espiritual, fazendo dele uma idéia tão exata quanto possível, o que denota da parte do encarnado um tal ou qual desenvolvimento e aptidão para saber desprender-se da matéria.”