A contribuição do médium Chico Xavier para a confirmação da continuidade da vida além da morte do corpo físico, contem importantes informações para nossas reflexões. A principal que o Espírito conserva em si (refletindo-as no corpo espiritual ou períspirito), as desarmonias derivadas das dependências que desenvolvemos com a adoção de comportamentos reconhecidos pelas ciências como altamente prejudiciais ao corpo humano e a vida em sociedade. Um deles, resultado do consumo de bebidas alcóolicas, que por ser de acesso fácil e liberado, estimulado pela pressão exercida pela propaganda maciça, resulta, a médio prazo, na viciação. Conservando além dessa vida o anseio de satisfazer sua necessidade de sensação característica do vicio ,o desencarnado busca se associar a encarnados que igualmente o possuem, em maior ou menor grau. Como a visão transferida por inúmeros depoimentos, é de que a existência cumprida nessa dimensão é apenas parte de um processo muito mais amplo objetivando nossa evolução, ou seja, o desenvolvimento de nossas potencialidades e atributos (memoria, inteligência, consciência, livre-arbítrio, vontade), o intervalo entre as diferentes encarnações não elimina os prejuízos impostos pela própria criatura no uso desse instrumento de trabalho incrível chamado corpo humano. Dessa forma, natural que as predisposições mórbidas abafadas pelo anestesiar da memória do passado, encontrem campo para se manifestar novamente a partir de estímulos gustativos, visuais ou auditivos. Há no Ser que renasce, a influência da hereditariedade genética, mas também da hereditariedade psicológica que prepondera sobre a primeira já que cada um de nós possui uma vibração característica (como um sinal eletromagnético), impregnado com nossos dados pessoais que, por sua vez, sintonizará a matriz genética da qual resultará a fecundação. Dessa Dimensão sairemos mais dia, menos dia, conservando os condicionamentos viciosos adquiridos (ou reforçados) aos quais deveríamos resistir ou que voltamos para eliminar através da resistência resultante da força de vontade que não conseguimos geralmente sustentar. Como o exemplo vale mais que mil palavras, destacaremos a seguir, três para ilustrar essa situação. Possível? Fantasia? Pense!... O primeiro, registrado "num apartamento no bairro do Flamengo, na cidade do Rio de Janeiro. Na sala principal, vamos encontrar o dono da casa, Claudio Nogueira, lendo um dos jornais do dia com atenção, portando entre os dedos da mão que descansava à beira do sofá em que se acomodava, um cigarro fumegante, quase rente ao móvel sobre o qual um cinzeiro repleto era silenciosa advertência contra o abuso da nicotina. O ambiente, apesar de modesto, denotava bom gosto no mobiliário e decoração, destoando apenas uma garrafa de uísque sobre uma mesa, emanando o aroma que podia ser notado no hálito do personagem descrito. Sem que percebesse, no mesmo ambiente, só que em outra faixa vibratória, dois desencarnados ali faziam sua morada agindo protegidos pela invisibilidade. Um deles tateou - lhe um dos ombros e gritou insolente: - Beber, meu caro, quero beber! Claudio, porém, não registrou o mínimo som, mantendo-se atento à leitura. Inalterável. Contudo, se não possuía tímpanos físicos para qualificar a petição, trazia na cabeça a caixa acústica da mente sintonizada com o apelante. O assessor inconveniente repetiu a solicitação, algumas vezes, na atitude do hipnotizador que insufla o próprio desejo, reasseverando uma ordem. O resultado não demorou. Desviou a atenção do artigo político em que se entretinha, sem que talvez, conseguisse explicar o súbito desinteresse pela matéria, enquanto o outro insistia “- Beber! Beber!”, levando-o a abrigar a sugestão, convicto de que se inclinava para um trago de uísque exclusivamente para si. O pensamento se lhe transmudou, rápido, como a usina cuja corrente se desloca de uma direção para outra, por efeito da nova tomada de força. “Beber,beber!”, e a sede de aguardente se lhe articulou na ideia, ganhando forma. A mucosa pituitária se lhe aguçou, como que mais fortemente impregnada do cheiro acre que vagueava no ar. O assistente malicioso coçou-lhe os gorgomilos. Indefinível secura constrangiu-lhe a garganta. O amigo sagaz percebeu-lhe a adesão tácita e colou-se a ele. Carícia leve, abraço envolvente, depois associação recíproca. Integraram-se ambos em exótico sucesso de enxertia fluídica. Algo semelhante ao encaixe perfeito. Claudio-homem absorvia o desencarnado, a guisa de sapato que se ajusta ao pé. Fundiram-se os dois, como se morassem eventualmente num só corpo. Altura idêntica. Volume igual. Movimentos sincrônicos. Identificação positiva. Levantaram-se a um tempo e giraram integralmente incorporados um ao outro, na área estreita arrebatando o delgado frasco. Difícil especificar de quem era o impulso inicial, se a Claudio que admitia a instigação ou se ao obsessor que a propunha. A talagada rolou através da garganta, que se exprimia por dualidade singular. Ambos os dispsônamos estalaram a língua de prazer, em ação simultânea. Desmanchou-se a parelha e, Claudio, desembaraçado, se dispunha a sentar, quando o outro colega, que se mantinha a distância, investiu sobre ele e protestou: “- eu também, eu também quero!”. Reavivou-se-lhe no ânimo a sugestão que esmorecia e, absolutamente passivo diante da incitação que o assaltava, reconstituiu mecanicamente, a impressão de insaciedade. Bastou isso e o vampiro, sorridente, apossou-se dele, repetindo o fenômeno da conjugação completa. Encarnado e desencarnado a se justaporem. Duas peças conscientes, reunidas em sistema irrepreensível de compensação mútua. Uma analise sobre até que ponto Claudio sofreria mentalmente com aquele processo de fusão, revelaria que ele continuava livre no íntimo, não experimentando qualquer espécie de tortura, a fim de render-se. Hospedava o outro, simplesmente, aceitava-lhe a direção, entregava-se por deliberação própria, nenhuma simbiose em que se destacasse por vítima. Associação implícita, mistura natural. Apelo e resposta, cordas afinadas no mesmo tom. No desencarnado, o pedido; no encarnado a resposta. Cedendo ao desejo do segundo, Claudio sorveu mais um gole e, desimpedido, estirou-se novamente no divã e retomou o jornal”. A descrição contida na obra SEXO E DESTINO (feb), reproduzindo informações do Espírito André Luiz, através de Chico Xavier, demonstra na prática a informação obtida por Allan Kardec na questão 459 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS segundo a qual “os Espíritos nos influenciam os pensamentos e atos muito mais que imaginamos e, invariavelmente, são eles que nos conduzem”. Estudando a revelação, Kardec, anos depois, n’ O LIVRO DOS MÉDIUNS, definiria a obsessão como sendo um fato comum na vida de todos os seres humanos, graças à percepção que denominou mediunidade. No caso citado, enquadrar-se-ia na chamada obsessão simples, sem aparentes raízes no passado remoto. O segundo exemplo, demonstra o nível de obsessão do tipo subjugação. Vamos encontra-lo numa área reservada de uma casa noturna, como narrado por André Luiz, em NO MUNDO MAIOR, através de Chico Xavier. " Deplorável pai de família, 45 anos presumíveis, Antídio refletia no esgotamento, tremores e incapacidade de se manter em pé, sua incapacidade de reagir contra as atrações do vício, que o expôs, inerme, à influência de malfeitores desencarnados, afins com sua posição desequilibrada. Várias tentativas, usando múltiplos recursos ao alcance, foram efetuadas por Benfeitores Espirituais, emergindo de todas elas, mais e mais disposto à perversão dos sentidos, buscando, acima de tudo, a fuga de si mesmo, detestando a responsabilidade e não se animando a conhecer o valor do trabalho. Doente e desventurado, a despeito das condições precárias, reclamava um copinho, sempre mais um copinho, que um rapaz de serviço trazia, obediente. Tremiam-lhe os membros, denunciando-lhe o abatimento. Álgido suor lhe escorria da fronte e, de vez em quando, desferia gritos de terror. Em derredor, quatro entidades embrutecidas submetiam-no aos seus desejos. Empolgavam-lhe a organização fisiológica, alternadamente, uma a uma, revezando-se para experimentar a absorção de emanações alcóolicas, no que sentiam singular prazer. Apossavam-se particularmente da ‘estrada gástrica’, inalando a bebida a volatizar-se da cárdia ao piloro. Semidesligado do organismo denso pela atuação anestesiante do tóxico, passou a identificar-se mais intimamente com as entidades que o perseguiam”. Sabe-se hoje que o álcool ingerido em quantidades regulares e, dependendo do limite de tolerância do indivíduo, pelo relaxamento dos sentidos, expõem suas percepções extra-sensoriais à influências correspondentes às suas afinidades e sintonia. Os quatro infelizes desencarnados, a seu turno, tinham a mente invadida por visões terrificantes do sepulcro que haviam atravessado como dispsomaníacos. Sedentos, aflitos, carregavam consigo imagens espectrais de víboras e morcegos dos lugares sombrios onde haviam estacionado. Entrando em sintonia magnética com o psiquismo desiquilibrado dos vampiros, o ébrio começou a rogar, estontéricamente: - Salve-me! Salve-me, por amor a Deus!... E indicando as paredes próximas, bradava sob a impressão de indefinível pavor: - Oh! Os morcegos!...os morcegos!, afugentem-nos, detenham-nos...Piedade!...quem me livrará?1 Socorro!. Socorro!”. As entidades perturbadoras timbravam nas atitudes sarcásticas; gargalhavam de maneira sinistra. Ouvia-as o infeliz, a lhe ecoarem no fundo do Ser, e gritava, tentando investir, embora cambaleante, contra os algozes invisíveis: - Quem zomba de mim? Quem ?! Cerrado os punhos, acrescentava: - Malditos! Malditos sejam !”... O ultimo exemplo nos é oferecido pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda, através do médium Divaldo Pereira Franco. Destaca-se da obra PAINEIS DA OBSESSÃO (leal) e envolve um senhor chamado Egberto que, com sua segunda esposa em adiantado estado de gestação, fora com seu velho caminhão, buscar o irmão Jaime que recebera alta, após quase um ano de internação em Sanatório situado em cidade do Vale do Paraíba, Estado de São Paulo. Feliz pela liberação do irmão, Egberto havia feito uso de algum alcóolico, sem lembrar dos perigos que espreitam os motoristas, particularmente naquela estrada que impunha a descida da Serra da Mantiqueira, com suas curvas fechadas, contínuas, ladeadas por profundos abismos. Esses elementos bastavam para sinistro plano urdido pelo Espírito da primeira esposa do nosso personagem que, enceguecida pelo ciúme e inconformada pela própria morte que considerava injusta, negociara com desencarnados técnicos em desforço moral e obsessões que a auxiliariam na retirada da adversária ao lado do esposo. Excitado pelos vapores do álcool, numa sucessão de curvas, Egberto ouviu a voz da primeira esposa a chamá-lo com vigor, viu-a, apavorando-se com seu aspecto terrível, perdendo o controle do veículo que tombou no despenhadeiro, ante os gritos de desespero dos seus ocupantes que desencarnaram de forma violenta. Como se percebe nesses três casos, influências resultantes do uso do álcool, podem ser responsabilizadas por muitos infortúnios que atingem a Humanidade dos diferentes Planos Existenciais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário