Em recente reunião em que a interação se faz através da dinâmica pergunta/resposta, uma participante pediu-nos a opinião sobre avaliação de um dos expositores da RIO+20 que o crescimento dos níveis populacionais da Planeta vão tornando cada vez mais difícil a sobrevivência da espécie humana pela escassez de alimentos. Na verdade, esse prognóstico acompanha a Humanidade desde o século passado. Os estudiosos da Economia, de forma recorrente, retomam essa tese. O que acontece é que o aceleramento das mudanças típicas das épocas de transição pela qual passa o Planeta periodicamente - ao que parece a cada 20 séculos -, precipitaram nossa sociedade nessa dimensão, aos mesmos problemas observados, por exemplo, no tempo em que se iniciou a Era Cristã. Corrupção, inversão de valores, opressão, exploração do homem pelo homem, guerras, etc... Todas as análises que eventualmente façamos, revelam que se baseiam apenas em efeitos, preferindo-se ignorar as causas. Se observarmos o mapa da Terra, por exemplo, perceberemos que o hemisfério sul que abrange os continentes sul-americano, africano e Oceania, possui inúmeras áreas desabitadas e ociosas, compreendendo imensas extensões territoriais. Isso sem considerar aquelas que vem sendo aceleradamente desmatadas. Através de Chico Xavier, em 1956, o Espírito Emmanuel, em interessante entrevista resgatada pelo querido amigo Eduardo Carvalho Monteiro e preservada na obra SALA DE VISITAS DE CHICO XAVIER (eme), comentou: “-(...) A Europa, superalfabetizada, se encontra num carma de débitos clamorosos, à frente da Lei (de Causa e Efeito), em dolorosa expectação, para o reajuste moral que lhe é necessária. Aqui mesmo, no Brasil, uma nação com capacidade de asilar 900 milhões de habitantes, em quatrocentos e alguns anos de evolução ( lembramos, dito em 1956), mal estamos, os Espíritos reencarnados na terra em que temos a bênção de aprender, de recapitular a lição do Evangelho, mal estamos passando das faixas litorâneas, serviços imensos esperam por nossas almas no futuro próximo”. Pouco mais de meio século nos separam do dia em que tal comentário/prognóstico foi enunciado, a colonização do Brasil se interiorizou e a Europa efetivamente mergulha cada dia mais num processo político/social/econômico de desfecho imprevisível. Curiosamente, quando o jornalista Clementino de Alencar, enviado pelo jornal ‘O Globo’ a Pedro Leopoldo (MG), para investigar “o tal” Chico Xavier e a possível “farsa” por traz das crônicas mediúnicas do renomado escritor Humberto de Campos, morto meses antes, bem como, das poesias assinadas por importantes nomes do nosso mundo literário, enfeixadas no livro PARNASO D’ALÉM TÚMULO (feb), entre as reportagens com que alimentou o diário durante dois meses, incluiu na edição de 19 de junho, três respostas à perguntas formuladas por um estudioso em assuntos financeiros radicado na cidade de Sete Lagoas, MG. Vale ressaltar que Chico era um jovem de 25 anos, repetente do quarto ano primário, sempre vivera no remoto lugarejo onde renascera, trabalhava como balconista num boteco, muito longe dos meios intelectuais e culturais que lhe permitissem elaborar argumentos com tanta propriedade. Tais opiniões, surpreendentemente, foram dadas pelo Espírito chamado em sua mais recente encarnação Joaquim Pedro d’Oliveira Martins (Lisboa,1845/1894), político e cientista social português. No conteúdo das mesmas, um diagnóstico perfeitamente aplicável aos problemas atuais, não só no nosso País, como em várias nações. Entre outros pontos, o citado escritor, considerava que “todos os obstáculos à normalidade da vida econômica dos povos são oriundos da ausência de senso administrativo dos governos, que enveredam pelo terreno da política facciosa, prevalecendo as diretrizes pessoais de personalidades ou grupos em evidência”. Sugerindo a união de esforços, conclui que “quando a economia for dirigida por esse corpo de mentalidades proficientes e conscienciosas, que deverão permanecer alheias aos conciliábulos de individualidades que transformam, às vezes, os recintos parlamentares em verdadeiros palcos de teatro jurídico onde se exibem os profissionais da palavra, constatar-se-a que a economia deve ser dirigida com superioridade”. Complementando sua resposta, o intelectual, disse: “-Fugindo dos temas temporários da política, o homem necessita convencer-se de que a única coisa real da vida é a sua alma. Tudo o mais que o rodeia reveste-se de caráter de transitoriedade”. Exatamente por isso, reafirmamos que as avaliações fixam-se sempre mais na superfície que na profundidade. O planeta é um grande condomínio, onde somos aqueles inquilinos que não respeitam o patrimônio alheio. Dias atrás, por sinal, assistindo a inteligente programa de televisão, ao encerramento, diante da mensagem final dos entrevistados, dois especialista no tema criminalidade juvenil, que sugeria uma flexibilização da postura social – doar uma hora que fosse, por semana para causas sociais - das classes economicamente mais favorecidas, enclausuradas geralmente nos shoppings e condomínios de luxo, a experiente entrevistadora, habitualmente impassível, deixou transparecer certa indignação ante tal sugestão. Por traz da inesperada reação, comum, por sinal, à maioria, a origem do problema identificável em todos os seres humanos: o egoísmo, sempre acompanhado do orgulho que nos impede enxergar ou admitir o primeiro. A raiz do ‘cada um com seus problemas’. Ninguém quer deixar ou abrir mão de sua zona de conforto, reagindo contra quem ameaça-lo ou coloca-lo em risco. Se, por extensão, buscarmos tentar entender por que alguém persegue cargos eletivos; no exercício do poder público cede aos corruptores; porque os meios de comunicação de massa manipulam a informação atendendo a interesses econômicos ou políticos; porque uns acham seus familiares ou filhos melhores ou superiores aos dos outros; porque acho minha carreira, cargo, formação merecedora de reconhecimento financeiro maior que o do meu colega de trabalho; porque digo que a solução do problema social é problema do governo, etc, encontraremos sempre a mesma resposta: o binômio egoísmo/orgulho. O equivocado infrator da lei, num sentido profundo, é nosso irmão. Seu comportamento de hoje, talvez tenha sido o nosso ontem, admitida e reencarnação. Ou venha a ser amanhã. Afinal, quem “pode atirar a primeira pedra?”. No que se refere a nossa morada no Sistema Solar (assista ao documentário francês Home - A Terra é a Nossa Casa/2009), parafraseando, importante estadista, no discurso de posse que, certamente alguém escreveu para ele: não devemos perguntar o que nosso planeta ainda deve fazer por nós, mas o que nós devemos fazer por ele”. Retórica bonita, contendo profunda mensagem. Especialmente neste crucial momento vivido pela Humanidade da Terra que nos últimos duzentos anos, sofreu todo tipo de exploração de seus recursos naturais a ponto de muitas regiões não se dispor mais nem de água para a sobrevivência dos seus habitantes . A tecnologia cria, a todo momento, possuindo meios inimagináveis outrora ( veja o documentário alemão Zeitgeist, primeira versão/2007), capazes de melhorar não só a vida de alguns, mas dos milhões que passam (ou morrem) de fome, moram mal, vestem-se precariamente, vivendo em condições sub-humanas. Por que? Embora não queiramos enxergar ou admitir, pela mesma resposta: egoísmo e orgulho. E, nesse aspecto, não se trata da visão religiosa do tema, apesar de muitos nestes tempos de capitalismo insano, acreditarem ser preferível pagar a religiosos astutos e ambiciosos pelos ‘favores’ de Deus ou Jesus. A questão é dos seres humanos acordarem para a própria espiritualidade lidando com a intuição e trabalhando para ampliá-la. Não apenas na postura contemplativa, mas na dinâmica do relacionamento e convivência com o próximo, seja qual for o papel por ele desempenhado em suas vidas. Saber viver, tendo auto estima, autenticidade, amadurecimento, respeito, amor próprio, gratidão, plenitude. Sorrir mais, abraçar mais, apertar mais vibrantemente a mão que se lhe estende, criticar menos, elogiar mais, enfim, esforçando-se para ser hoje melhor que ontem, amanhã melhor que hoje. Paulo,o Apóstolo, falando de si numa de suas cartas, sintetizou, indiretamente, o roteiro para alcançarmos a felicidade: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha”. E,no século 19, através da mediunidade prognosticou: Fora da Caridade Não Há Salvação". Por fim, em alguns comentários, Chico Xavier nos deixou grandes ensinamentos: “- O exemplo é uma força que repercute, de maneira imediata, longe ou perto de nós.(...) Sobre a Terra, tudo é ilusão, tudo passa, tudo se transforma de um instante para outro. O que conta é o que guardamos dentro de nós; tudo o mais há de ficar com o corpo, que se desfará em pó”. (...) Infelizmente, muitos daqueles que nos dirigem não querem se enriquecer apenas para esta vida: acumulam indevidamente tanto dinheiro, que nos dão a impressão de que querem ser milionários para a eternidade”. (...) “Ainda com o desvio de verbas públicas, se nos deixássemos inspirar pelo amor que nos devemos uns aos outros, ser-nos-ia possível erradicar a miséria e combater a ignorância”. (...) “Tudo passa, mas o remorso faz com que o tempo pare dentro da gente. O relógio não espera ninguém, mas a consciência culpada se recusa a avançar. Muitos espíritos, do ponto de vista mental, permanecem presos ao passado”.
Muito densa esta reflexão! Num contexto de debates, manifestações e tentativas de elaboração de políticas para minimizar os impactos ambientais, refletir sobre o amor ao próximo e a natureza é passo firme para a conquista da harmonia do planeta! E para isso, não dá pra deixar de lado a fé no futuro e a certeza do amparo divino, que frequentemente somente a religião estimula.
ResponderExcluirMuito densa esta reflexão! Num contexto de debates, manifestações e tentativas de elaboração de políticas para minimizar os impactos ambientais, refletir sobre o amor ao próximo e a natureza é passo firme para a conquista da harmonia do planeta! E para isso, não dá pra deixar de lado a fé no futuro e a certeza do amparo divino, que frequentemente somente a religião estimula.
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