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terça-feira, 31 de julho de 2012

Lei de Causa e Efeito - Como Funciona e Alguns Exemplos

Muito se cita o Carma para justificar ocorrências que fazem no mundo de hoje, questionar-se a existência de Deus. Sua concepção, ao que tudo indica, irradiou-se pelo mundo, a partir dos princípios religiosos introduzidos no nosso Planeta, pelo grupo de Espíritos exilados de Capela, alocados por Jesus, para reencarnarem na região conhecida como Índia. Ao menos é o que revela Espírito Emmanuel, através de Chico Xavier, na obra A CAMINHO DA LUZ (feb,1938). A ideia sofreu ao longo das civilizações deformações, deturpações, até que no lado Ocidental da Terra, foi sendo progressivamente esquecida com o apagar doutro princípio, o da reencarnação, a partir das lamentáveis decisões do Segundo Concílio de Constantinopla , promovido pelo Imperador Justiniano, em 553 DC. Praticamente treze séculos e inúmeras gerações, distanciaram as criaturas humanas da responsabilidade de viver infundida com as perspectivas do inevitável encontro consigo mesmas e da reparação dos estragos cometidos nos diferentes caminhos da evolução. Coube ao Espiritismo ressuscitar ambas, dentro das exigências de uma Humanidade ávida por respostas sobre porque existimos e sofremos. As pesquisas conduzidas por Allan Kardec nas reuniões da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, desde abril de 1858, resultaram em expressiva coleta de dados, obtidos através de inúmeros entrevistados que se manifestaram por diversos médiuns, sendo muitos desses depoimentos reproduzidos na REVISTA ESPÍRITA, publicada sob a direção do Codificador de janeiro de 1858 a março de 1869, quando de sua desencarnação. Tal material serviu também para que os aterrorizantes conceitos da morte pudessem ser reformulados objetivamente a partir dos exemplos que compõe a segunda parte d’ O CÉU E O INFERNO segundo o Espiritismo, publicado em 1865. Nela, entra-se em contato com interessantes relatos de personalidades evocadas por Kardec, testemunhando as sensações, impressões e realidades registradas por eles na transição desta para outra dimensão. Analisando-os, o Codificador enumerou 32 artigos do que ele chama de Código Penal da Vida Futura, reproduzido no capítulo 7, da Primeira Parte do livro citado. Mostram por variados ângulos a Lei implícita na afirmação “a cada um segundo as suas obras”. A vida mostra-se como uma única realidade, apesar de desenvolver-se em duas dimensões. Toma-se conhecimento, através desse conteúdo, que as leis espirituais que controlam o indivíduo aplicam-se à família, à nação, às raças, ao conjunto de habitantes dos mundos, os quais formam individualidades coletivas. As faltas do indivíduo, as da família, as da nação, qualquer seja o seu caráter, se expiam em virtude da mesma Lei. Comentando o aspecto, Kardec considera que “a criatura renasce no mesmo meio, na mesma nação, na mesma raça, quer por simpatia, quer para continuar, com os elementos já elaborados, estudos começados, para se aperfeiçoar, prosseguir trabalhos encetados e que a brevidade da vida não lhe permitiu acabar,(...) até que o progresso os haja completamente transformado”. Acrescenta que “não se pode duvidar haver famílias, cidades, nações, raças culpadas, porque, dominadas por instintos de orgulho, egoísmo, ambição, enveredam pelo caminho errado, fazendo coletivamente o que um indivíduo faz isoladamente. Uma família se enriquece a custa de outra; um povo subjuga outro povo, levando-lhe a desolação e a ruína; uma raça se esforça por aniquilar outra raça. Essa a razão por que há famílias, povos e raças sobre os quais desce a pena de Talião”. Identificando cinco exemplos de provas e expiações, individuais e coletivas, destacamos alguns do extraordinário acervo construído por Kardec ou pelo trabalho do médium Chico Xavier. Didaticamente os alinharemos mostrando o efeito e a correspondente causa determinante. CASO 1 Efeito - Industrial, morto doze horas após explosão de caldeira em sua empresa, envolvendo seu corpo em verniz fervente nela contida. Socialmente queridíssimo pela postura pessoal, em toda sua cruel agonia, não se lhe ouviu um só gemido, uma só queixa, apesar das dores lancinantes resultantes das profundas queimaduras sofridas. CausaAção assumida 200 anos antes, quando, na condição de juiz e inquisidor italiano condenou a morrer queimados os envolvidos numa conspiração contra politica clerical, entre os quais uma jovem entre 12 e 14 anos, contra a qual os executores se recusavam cumprir a sentença, tornando-se ele, além de juiz, o carrasco que ateou fogo na quase menina. CASO 2 – Efeito – Antonio B., escritor, morto repentinamente( provavelmente um ataque cataléptico), teve seu corpo encontrado virado de bruços durante exumação feita 15 dias após o sepultamento, procedimento efetuado para que familiares recuperassem medalhão por acaso esquecido no caixão. Causa – Ação em vida anterior em que descoberta infidelidade da esposa, a enterrou viva num fosso. CASO 3Efeito - João F.E., desencarnado em 16/10/1976, em acidente aéreo com avião de pequeno porte, na região de Votuporanga, SP. Causa – Ter sido protagonista 300 anos antes, em ações objetivando conquistar destaque nas posições da finança e do poder,  que culminaram na morte de várias pessoas de vasta comunidade humana, precipitadas em penhascos, sem que seus delitos fossem descobertos ou punidos. CASO 4Efeito – Valéria, morta em consequência de queimaduras sofridas após a palhoça em que vivera por dez anos, em recanto de grande fazenda no interior de Minas Gerais, ter sido incendiada por transeuntes que a julgavam morta por não ter sido vista há vários dias. Lá se instalou depois de comunicar ao marido e dois filhos o diagnóstico médico que a identificara como portadora de lepra, o que fez com que os mesmos a abandonassem naquele setor da propriedade rural, que venderam, mudando-se para local ignorado.  Causa – Ações praticadas em existência passada na Idade Média, em cidade da Espanha, na qual ela, engrinaldada de fortuna e beleza, denunciou com falsos testemunhos ao Santo Ofício, um irmão consanguíneo, rogando a pena de prisão incomunicável, arrancando-o à esposa e aos filhos e, apesar de impor-lhe solidão e desespero no calabouço por dez anos, requisitou para ele o suplício do fogo, que aplicado em praça pública, foi testemunhado por ela que gravou em seu inconsciente as imagens da agonia, os gritos aterradores e das vísceras fumegantes. CASO 5Efeito – Morte de quase quatro centenas de pessoas, a maior parte na hora, a maioria crianças, pisoteadas e queimadas no dia 17/12/1961, em Niterói, RJ, em consequência de incêndio que irrompeu no Grand Circo Americano, que estreava na cidade, 20 minutos antes de terminar o espetáculo, assistido por quase três mil pessoas. Causa- Ações levadas a efeito no ano 177 D.C., em Lyon, França, onde autoridades da cidade (vítimas de hoje), como forma de homenagear Lucio Galo, militar ligado ao Imperador Marco Aurélio, idealizaram e executaram na véspera do evento, a prisão de mil crianças e mulheres cristãs, apreendidas em suas próprias moradias, para usá-las como atração nas festividades programadas para o Circo, reservando para elas a parte em que teriam suas vestes embebidas em resinas inflamáveis para serem incendiadas no meio da arena, devidamente cercada por farpas impregnadas em óleo, deitando sobre elas cavalos que já não serviam aos jogos para que suas patas, associadas às chamas, formassem lances inéditos.

domingo, 29 de julho de 2012

Economista Conclui Sua Análise

Na postagem anterior, - Infraestrutura e Gestão de Uma Cidade Espiritual -, efetuamos uma síntese de estudo elaborado pelo economista Nei da Silva Pinheiro, usando o critério de sua especialidade, sobre Nosso Lar, a cidade apresentada por André Luiz, através da mediunidade de Chico Xavier. Interrompemos nossa compilação mostrando aspectos da Infraestrutura Política, um dos três ângulos pelos quais o autor fala sobre a Estrutura Organizacional. Do que apurou em sua prospecção nas descrições de André, cremos ser importante acrescentar ainda no tocante ao trabalho, que “quando o Ministério de Auxílio confia crianças a determina lar, as horas de serviço, neste lar, são contadas em dobro, o que nos dá uma ideia da importância do serviço maternal, ficando dispensado o serviço externo. Como é fácil entender, numa sociedade organizada sobre princípios de solidariedade integral como essa, não cabe espaço ao egoísmo desintegrador. Anote-se que a música, a exemplo do que se faz em alguma atividades na Terra, ‘intensifica o rendimento do trabalho em todos os setores do esforço construtivo’. Tecendo considerações sobre a Infraestrutura Civil, o economista aborda a Atividade Social, destacando o intenso esforço que exige o trabalho assistencial, a partir do trecho: “As tarefas de Auxílio são laboriosas e complicadas, os deveres no Ministério da Regeneração constituem testemunhos pesadíssimos, os trabalhos na Comunicação exigem alta noção da responsabilidade individual, os campos de Esclarecimentos requisitam grande capacidade de trabalho e valores intelectuais profundos, o Ministério da Elevação pede renúncia e iluminação, as atividades da União Divina requerem conhecimento justo e sincera aplicação do Amor Universal”. O Sistema Previdenciário é modelar, e se efetiva através de hospitais, câmaras de retificação, da assistência psíquico-profilática, de maneira direta, objetiva e eficaz, ao longo de um trabalho que se estende, além do socorro médico-hospitalar propriamente ( nos primeiros tempos) até ao lar ou onde o Espírito neófito ficará domiciliado em caráter permanente, até que um novo destino lhe seja oferecido. Casos existem, aquém ou além desta faixa, requerendo um condicionamento especial, como não é difícil de entender. Os Espíritos rebeldes ou ainda presos aos instintos mais primários e chocantes e de difícil recuperação, não importando o grau intelectual, são mantidos segregados em faixas de sofrimento, em provação ou expiação, no Umbral ou em zonas purgatoriais de trevas densas, num trabalho laborioso de educação e recuperação pela dor. Nem chegam a ser recolhidos em Nosso Lar, voltando à Crosta em processo de reencarnação compulsória. Quanto ao lar, considera que a organização doméstica é muito rica de encantos, existindo, como na Terra, casas e apartamentos, com móveis quase idênticos aos de nossa dimensão. Sobre Casamento e Sexo, como em nosso Plano, há quatro tipos de casamentos, - de amor, de fraternidade, de dever e de provação -, concluindo-se que o efetivado na Vida Espiritual constitui-se numa etapa preparatória do casamento na Terra, verificando-se o próprio convívio conjugal. Analisando as Atividades Econômicas, explica não seguir uma linha ortodoxa de moldes técnicos, observando que, como na Terra, segundo peculiaridades próprias, a economia em Nosso Lar, assinala três momentos ou estágios fundamentais: Produção, Circulação e Consumo. Existe a área rural (setor Primário) e fábricas (setor Secundário ou de Transformação como na Terra), que produzem o essencial em termos de bem de consumo imediato, tais como alimentação, vestuário e outros de indispensável necessidade. A distribuição (circulação) aos vários setores da sociedade (mercado), onde se efetua o consumo, é feita através dos recursos de transportes assemelhados aos da Terra, porém, muito mais aperfeiçoados. Seja visto, no transporte de passageiros, principalmente na área urbana, o exemplo do aeróbus. O setor Terciário, ou de prestação de serviços, está totalmente entregue, como os demais, ao que poderíamos chamar de Poder Público, que administra a Colônia em todas suas atividades. A Moeda Circulante é o Bônus-Hora que não é propriamente moeda, mas ficha de serviço individual, funcionando como valor aquisitivo. De certa forma, remunera o trabalho, não como um fim, tal como na Terra, mas como uma aferição de valores meritórios, objetivando um processo de justiça distributiva. A Propriedade não tem a conotação atribuída no lado Ocidental da Terra, sendo relativa, representando as construções em geral, patrimônio comum. O valor da casa própria é de trinta mil bônus-hora, o que se consegue com três anos e cinco meses de trabalho, em tempo da nossa Dimensão, na base da remuneração percebida. O Problema da Herança, é considerado sob dois ângulos:1-Quando o detentor da propriedade de um lar regressa à Terra, através da reencarnação, pode legá-la aos familiares que ficam. 2- Se portador de bens financeiros (bônus-hora-auxilio), estes reverterão ao patrimônio comum, ficando a crédito do possuidor o mérito pessoal, em proporções que o valor nominal traduz com relativa aproximação. Quanto ao Tempo, encontra o homem as mesmas leis de gravitação que controlam a Terra, com os dias e as noites marcando a conta do tempo. Lá como aqui, o tempo, cingido aos calendários próprios, desempenha seu papel, também, como fator econômico. A Atividade Cultural se processa num intenso e extenso trabalho, com dilatada abrangência, através de cursos, preleções, palestras, escola ativa, com locais, recursos materiais e diversificada segundo a melhor técnica didática. Falando sobre as Atividades Artísticas, observa no campo da música, por exemplo, que ‘nas extremidades do campo, existem certas manifestações que atendem ao gosto pessoal de cada grupo dos que ainda não podem entender a arte sublime; mas no centro, temos a música universal e divina. No que concerne à literatura, os escritores de má fé, que estimam o veneno psicológico, são conduzidos imediatamente para as zonas obscuras do Umbral. A Infraestrutura Religiosa se desdobra em atividades filosóficas e doutrinárias, apesar da dificuldade de estabelecer uma linha de demarcação entre elas.  Essas Atividades Filosófico-Doutrinárias seguem de perto padrões do estilo da Filosofia Oriental, onde se valoriza a ação mental, nas linhas de um pensamento positivo, como força espiritual realizadora. Entre os temas mais afins, podemos referir: a volta ao plano do recomeço como objetivo retificativo; o dever; o trabalho; os que não cooperam não recebem cooperação; o maior sustentáculo da criatura é o amor; almas gêmeas; a riqueza fácil; a riqueza mal havida; o dinheiro fácil; os valores do tempo; os laços da alma prosseguem através do infinito; todos encontramos no caminho os frutos do bem ou do mal que semeamos; o amor renúncia; a reencarnação compulsória; a gloria imensa de ser útil; entre outros.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Infraestrutura e Gestão de Uma Cidade Espiritual

Em seu livro CRIAÇÃO IMPERFEITA (ed.record), o físico, professor e escritor brasileiro Marcelo Gleiser, radicado nos Estados Unidos da América do Norte, cita conclusão da Física Quântica abstraída de suas Teorias confirmatórias da existência dos Universos Paralelos – das Cordas, das Supercordas, da Membrana -, segundo a qual “mesmo que as dimensões do espaço sejam imperceptíveis, são elas que determinam a realidade física em que vivemos”. Vivemos, portanto, numa realidade virtual. Começa a ficar clara, a afirmação de Jesus registrada no Evangelho de João, “há muitas moradas na casa de meu Pai” (cap 24:1). Confirma-se a resposta à questão 85 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS revelando que o “mundo espiritual preexiste e sobrevive ao mundo material”. Prova-se o conteúdo da questão 36 da mesma obra esclarecendo que “o vazio absoluto não existe em parte alguma do espaço universal, nada é vazio, sendo o que nos parece vazio ocupado por uma matéria que escapa aos nossos sentidos e instrumentos”, Pelo menos por hora, pois, a avassaladora evolução tecnológica chegará, com certeza, futuramente, ao desenvolvimento de recursos capazes de captar facilmente imagens dessas realidades que pensávamos virtuais, hoje tateadas pela Transcomunicação Instrumental. Séculos antes do Espiritismo, o gênio sueco Emmanuel Swedenborg, acessara uma das múltiplas dimensões que circundam a Terra, conforme descreveu em seus livros. Décadas antes de André Luiz apresentar-nos NOSSO LAR, o pastor presbiteriano inglês George Vale Owen, trouxe para nossa realidade, os depoimentos de sua mãe desencarnada e de algumas outras personalidades representativas de outras esferas, nas mensagens publicadas por conceituado jornal da Inglaterra, posteriormente compiladas no livro A VIDA ALÉM DO VÉU. Através de Chico Xavier, porém fomos levados a conhecer reveladores aspectos de uma cidade espiritual, conduzidos pelo Espírito que se ocultou no pseudônimo André Luiz. Situada, segundo o médium, ao norte da cidade do Rio de Janeiro, nas regiões, para nós da Terra, invisíveis, chamada Nosso Lar, fundada no século 16, por portugueses desencarnados nesta região do Brasil, no princípio, mantinha todas as moradias, ligadas aos núcleos da evolução terrestre, constituindo-se um departamento do Umbral, sabida faixa que envolve o Planeta, “zona obscura, que começa na Crosta terrestre, concentrando tudo que não tem utilidade para a vida superior (...) paisagem, quando não totalmente escura, banhada de luz alvacenta, como que amortalhada em neblina espessa, que os raios do Sol aquecem de muito longe”. No início dos anos 80, o economista Nei da Silva Pinheiro, atuante servidor no movimento espírita do Rio Grande do Sul, abstraiu da obra inicial da série construída por André Luiz, instigante leitura - com base em sua especialidade -, dos aspectos da infraestrutura e gestão da cidade Nosso Lar. Facilitando nossa compreensão e racionalizando sua exposição, montou um esquema expositivo dividido em três partes: Histórico, Estrutura Geográfica / Urbana e Estrutura Organizacional, esta subdividida em três enfoques: político, civil e religioso. No Histórico, do qual falamos há pouco,  esclarece ainda o autor espiritual que sua finalidade, visa fundamentalmente, a libertação espiritual pela educação, aprendizado e trabalho, um estágio em nossa caminhada para o Alto, destinado a todos”. Quanto à sua Estrutura Geográfica/Urbana, destaca trecho do Capítulo 7, onde André comenta: “- Deleitava-me, agora contemplando os horizontes vastos, debruçado às janelas espaçosas. Impressionava-me, sobretudo, os aspectos da natureza. Quase tudo, melhorada cópia da Terra. Cores mais harmônicas, substâncias mais delicadas. Forrava-se o solo de vegetação. Grandes árvores, pomares fartos e jardins deliciosos. Desenhavam-se montes coroados de luz, em continuidade à planície onde a Colônia repousava.(...) À pequena distância, alteavam-se graciosos edifícios. Alinhavam-se a espaços regulares, exibindo formas diversas. Nenhum sem flores à entrada. Destacavam-se ainda, algumas casinhas encantadoras, cercadas de muros de heras, onde rosas diferentes desabrochavam, aqui e ali, adornando o verde de cambiantes variados. Aves de plumagem policromas cruzavam os ares, e, de quando em quando, pousavam agrupadas nas torres muito alvas, a se erguerem retilíneas lembrando lírios gigantescos, rumo ao céu. Surpreendido,   identificava animais domésticos, entre árvores frondosas”. No capítulo 8, sobre a Estrutura Urbana, descreve: “- Impressionou-me o espetáculo das ruas. Vastas avenidas, enfeitadas de árvores frondosas. Ar puro, atmosfera de profunda tranquilidade espiritual”. Analisando os três ângulos  da Estrutura Organizacional, o economista explica: “- A infraestrutura Política é integrada pelo que poderíamos chamar de órgãos diretivos ( atividades meio) e executivos (atividades fins), responsáveis pela Alta Administração, o Governo da Colônia; a infraestrutura Civil se subdivide em atividades de ordem: Social, Econômica, Cultural, Educacional, Científica e Artística: a infraestrutura Religiosa se desdobra em atividades Filosófico- Doutrinárias”. Destaca o pesquisador que, “os problemas administrativos propriamente e os problemas espirituais não são atividades estanques ou dissociadas como se verifica na Terra, sobrelevando em importância os espirituais sobre os administrativos, considerando que a administração, organicamente entendida, é uma atividade meio, e a vivência espiritual é uma atividade fim, de importância fundamental”. A direção da Colônia cabe a uma Governadoria coadjuvada por seis Ministériosda Regeneração, do Auxílio, da Comunicação, do Esclarecimento, da Elevação e da União Divina -, orientados, cada um, por doze Ministros, num total de setenta e dois, que compõe o estafe direto do Governador, trabalhando em irrepreensível coordenação e sintonia. Destaca André que “nenhuma condição de destaque é concedida a título de favor”, a Lei do Mérito a determina. Colaborando nos trabalhos administrativos da Governadoria, servem três mil funcionários. A chamada iniciativa privada como conhecida na nossa dimensão, não existe, mas sim, uma organização de Estado, exercendo a ação administrativa, com ordem, hierarquia e competência, através de uma infraestrutura organizacional que compreende – escolas, universidades, templos (não igrejas dogmáticas), hospitais , câmaras de retificações, gabinetes transformatórios, repartições públicas, serviços de água, de comunicação, de transporte, fábricas, habitações, prédios públicos, áreas de lazer, logradouros, vias públicas, praças, jardins, bosques, rios, prados, espaço rural com seu componente agrícola e zoológico. A Lei do trabalho é rigorosamente cumprido e vivido como fator propulsivo nesse contexto. A semana de trabalho é de 48 horas no mínimo, podendo atingir, conforme as circunstâncias, até 72 horas, representando uma jornada de 8 a 12 horas, na hipótese da semana de 6 dias, com um para descanso e lazer, num total de 7 dias, como na Terra. A jornada de 12 horas ocorre apenas nos casos especiais, como, por exemplo, nos serviços sacrificiais, cuja remuneração é duplicada e até triplicada. Toda família trabalha, exceto os convalescentes. Não querer trabalhar é considerado enfermidade. O trabalho é visto como remédio certeiro às enfermidades da alma e elemento propulsor nos caminhos da evolução. O estudo apresentado no ANUÁRIO ESPÌRITA 82 (ide), avança na direção de outras interessantíssimas minudências, sobre as quais voltaremos a tratar em futura postagem.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Crianças no Plano Espiritual

            Estima a ONU que seis mil crianças morrem diariamente na Terra, a maioria por causas derivadas da precariedade do saneamento ambiental (falta de água, saneamento básico, fome). A esses sintomas nascidos na visão imediatista dos políticos, em sua maioria sem maiores comprometimentos com o povo pelo qual deveria trabalhar, deve-se acrescer, segundo autoridade espiritual o “infanticídio inconsciente e indireto largamente praticado no mundo, havendo mulheres cujo coração ainda se encontra em plena sombra, mais fêmeas que mães, obcecadas pela ideia do prazer e da posse”. Acrescenta que, “embora haja um programa estruturado na Espiritualidade para as nossas tarefas humanas, pertence-nos a condução dos próprios impulsos dentro delas. Em regra geral, multidões de criaturas cedo se afastam do veículo carnal, atendendo a serviços de socorro e sublimação, mas, em numerosas circunstâncias, a negligência e a irreflexão dos pais são responsáveis pelo fracasso dos filhinhos”. De um ângulo mais abrangente, Allan Kardec ouviu daqueles que o auxiliaram na elaboração d’ O LIVRO DOS ESPIRITOS, questão 199, que “a duração da vida de uma criança pode ser, para o seu Espírito, o complemento de uma vida interrompida antes do termo devido, e sua morte é frequentemente uma prova ou uma expiação para os pais”. A propósito, comentando sobre a dor de pais diante dessas perdas inesperadas, no livro AÇÃO E REAÇÃO, o Instrutor Druso, diz que “as entidades que necessitam de tais lutas expiatórias, são encaminhadas aos corações que se acumpliciaram com elas em delitos lamentáveis, no pretérito distante ou recente, ou, ainda, aos pais que faliram junto dos filhos, em outras épocas, a fim de que aprendam na saudade cruel e na angústia inominável o respeito e o devotamento, a honorabilidade e o carinho que todos devemos na Terra ao instituto da família”. O que acontece, porém com esses Espíritos, em sua maioria, praticamente expulsos da vida física recentemente iniciada? Responde-nos a autora do comentário anterior: “- Antigamente, na Terra, conforme a teologia clássica,  supúnhamos que os inocentes, depois da morte, permaneciam recolhidos ao descanso do limbo, sem a glória do Céu e sem o tormento do inferno e, com as novas concepções do Espiritualismo, acreditávamos que o menino reencarnado retomasse, de imediato, a sua personalidade de adulto. Em muitas situações, é o que acontece quando o Espírito já alcançou elevada classe evolutiva”. (...) “Contudo, para a grande maioria das crianças que desencarnam, o caminho não é o mesmo. Por acharem-se relativamente longe do autogoverno, exigem tempo para se renovarem no justo desenvolvimento, período condicionado à ‘aplicação pessoal do aprendiz à aquisição de luz interior, através do próprio aperfeiçoamento moral’. Via Chico Xavier, não só o assunto ganhou conteúdo mais dilatado, como objetivo. Já em NOSSO LAR (feb,1943), encontramos referências a educandário para jovens e crianças. No ENTRE A TERRA E O CÉU (feb,1954), André Luiz ouve explicações de Blandina ( Irma de Castro, ou Meimei em sua última encarnação) sobre o Lar da Bênção,  parte de vasto estabelecimento de assistência e educação, com capacidade para atender  duas mil crianças, distribuídas em grande conjunto de lares abrigando até doze assistidos, quase todos destinados ao retorno à nossa Dimensão para a reintegração no aprendizado que lhes compete. Indagada, responde ela que possuem até mesmo os cursos primários de alfabetização, salientando que “a inércia opera a coagulação de nossas forças mentais, nos planos mais baixos da vida” e “a evolução, a competência, o aprimoramento e a sublimação resultam do trabalho incessante”. Um manancial de informações do ponto de vista quantitativo desprende-se das centenas de cartas psicografadas pelo médium nas reuniões públicas de Uberaba, entre os anos 70 e 90. Nelas, muitos elementos para reflexões. Numa das escritas por Moacyr Stella aos pais dos quais se separou aos 32 anos, em consequência de um câncer de cabeça, formado recentemente em Medicina, especialização em pediatria, conta que, ultrapassados os difíceis primeiros tempos após sua desencarnação, integrara-se ao serviço em um berçário, que o prendia a duzentos pequeninos, crianças desterradas do lar em que nasceram, que o chamavam de “tio. “Pequeninos que procuram o papai e a mamãe, vasculhando pavilhão a pavilhão, “chovendo” perguntas sobre ele: - Tio Moacyr, quando meu pai virá buscar-me?; “-quero sair daqui sem esperar mais tempo... e voltar para os meus”; “-onde está Deus que me mandou buscar do colo de mamãe?”; “-eu não quero ficar, quero partir”; “- procure um carro que me leve de volta à casa em que nasci...o meu pai pagará qualquer despesa”., levando Moacyr a dizer à própria mãe: “- Que fazer, senão doar-lhes mais amor?”Há, todavia, interessante livro publicado em 1988, assinado por Cláudia Pinheiro Galasse, desencarnada, seis anos antes, aos 18 de idade. Conta Emmanuel que, “em janeiro de 1987, institui-se entre vinte, das dezenas de institutos educativos de certa região, um concurso para   apresentação de um livro,  em pequenas dimensões, tão simples quanto possível, para esclarecimento e reconforto dos familiares que choram a perda de crianças no mundo, especialmente os pais. Seria elaborado por professores vinculados às áreas do ensino, devendo contar com simplicidade o cotidiano das crianças desencarnadas, retratando lhes a Vida Espiritual, em traços rápidos. Cinco mentores examinaram os trabalhos de duzentos educadores que compareceram ao certame e, depois de meses, os resultados apontaram a contribuição de Claudia como vencedora”. Contando um pouco sobre ela, diz o Orientador Espiritual que após seu desencarne, em tratamento de recuperação, só em princípios de 1983, conseguiu equilibrar-se à custa de persistente esforço mental. Admitida em 1984, em um dos vários Institutos de apoio à infância no Além, promovida a professora em 1985,  realizou notáveis diálogos e palestras, em 1986, destinados à elevação do nível mental dos envolvidos. No livro intitulado ESCOLA NO ALÉM (ideal,1988), Claudia revela dedicar-se com amigas durante o dia a uma espécie de creche onde as crianças são separadas por faixa etária ( no seu caso, de meses até dois anos), sendo substituídas à noite, por mães desencarnadas. Explica serem as crianças enviadas pela Direção Geral, com instruções e avisos referentes a cada uma, que as abrigadas onde trabalha em sua maioria são de São Paulo, que trabalha com mais de cem, aplicando-se programas educativos recebidos semanalmente de Departamento Superior. Disciplina, horários específicos, passeios e hora de recreio fazem parte dessas atividades. Afirma ainda, entre inúmeras informações, não existir nenhuma desamparada e que muitas mães, durante o repouso físico, são levadas a visitar os filhos já domiciliados no Plano Espiritual (ver postagem  Sono e Sonhos - Uma Visão Original )   

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Veto do Destino

Aproximava-se do fim o ano de 1982. A maratona dos candidatos às eleições legislativas e para governança estadual do Brasil era intensa, pois, as campanhas entravam na reta final. Depois de uma sexta-feira marcada por vários encontros políticos pelo interior do Paraná, o jovem parlamentar Heitor de Alencar Furtado, juntamente com um assessor que o acompanhava, após abastecerem o veículo em que viajavam num posto na cidade de Mandaguari, atendeu à sugestão do acompanhante, para que ali mesmo, estacionassem, procurando descansar, dormindo um pouco. A madrugada do dia 22 de outubro avançava e, a certa altura, uma viatura policial abordou-os, e Heitor, despertando, talvez, num movimento brusco, levou um dos soldados da patrulha a disparar um tiro que o atingiu fatalmente. A notícia teve ampla repercussão, provocando comoção em todo País, colocando em evidência e discussão, o despreparo policial. O inesperado da perda, a violência, a perplexidade e a dor, levaram, quarenta dias depois, a mãe, Miriam, advogada e professora, e o pai, José Alencar Furtado, deputado federal cassado, quando líder da oposição na Câmara, a se juntarem ao grande número de pessoas presentes numa das reuniões do Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, Minas Gerais, muitos ansiosos e esperançosos por notícias de entes queridos dos quais se separaram pelo inesperado fenômeno da morte. Seus esforços foram compensados ao ouvir, entre outras psicografadas por Chico Xavier, naquela noite/madrugada, a emocionada e reveladora carta de Heitor. Hábil com as palavras, o político desencarnado aos 30 anos, diz no início de seu texto: “- Estamos na situação que, em verdade, não prevíamos. No plano físico a inteligência não se entrega a qualquer cuidado diante das ideias da morte. E é uma pena que não se tenha por aí alguma ponta de esclarecimento sobre o assunto tão grave, quão inevitável. As religiões  nos deixaram quase sozinhos. Não fomos nós que as largamos desprevenidos e é muito difícil para o homem integrado nos seus próprios ideais refletir sobre os problemas da morte. Não posso queixar-me quando a complicação é de tantos. Aprendi, com meu pai, que ninguém nasce no mundo com o privilégio de uma estrela na testa”. O comentário/desabafo reveste-se de profundas verdades. As religiões, de maneira geral, demasiadamente preocupadas com as questões temporais, distanciaram-se das espirituais. No tocante à morte e seus desdobramentos, por sinal, não tem nada a dizer a não ser palavras vazias e evasivas, presas a dogmas e fantasias milenares. Heitor, prossegue: “- Deixemos as divagações e vamos ao que nos interessa objetivamente. A sexta-feira fora de muita atividade e a estafa provisória nos apanhou em caminho. Tão fatigado me via, que nosso Fábio me aconselhou o repouso rápido. Não resisti ao apelo. Desligamos o motor e, com naturalidade como se estivéssemos em nossa própria casa, curtimos a pausa, que nos apareceu necessária e oportuna. Acredito que o amigo velava, enquanto o sono me anestesiava a mente e os nervos cansados. Sinceramente, não conseguiria imaginar que alguém nos tomasse por malfeitores potenciais. Entretanto, de lado, conterrâneos ou amigos nossos espreitavam o carro parado com dois homens que não conhecíamos de imediato. O que se seguiu sabem todos. Os homens armados chegaram com vozes altas. Acordei surpreendido e notei, mais com a intuição do que com a lógica, que os recém-chegados eram pessoas inofensivas, tão inofensivas que um deles tocou a arma sem saber manejá-la. O projétil me alcançou sem meio termo e, embora o tumulto que se estabeleceu, guardei a convicção de que o tiro não fora intencional. O olhar ansioso daquele companheiro a desejar socorrer-me, sem qualquer possibilidade para isso, não me enganava”. Esse trecho da carta influenciou a decisão final do julgamento havido em 26 de setembro de 1984, no Fórum de Mandaguari, onde tramitou o processo contra o soldado responsável pelo tiro, já que a mensagem foi incluída como prova documental pela defesa. Reconhecida como autêntica pelo pai da vítima fê-lo desistir da assistência de acusação, resultando na condenação por homicídio simples, com pena reduzida por ser o réu primário. Detalhando suas percepções do dramático momento, Heitor escreveu: “- Refletimos, pais dedicados e amigos, em nossa querida Evelyn, mas isso foi por um instante rápido. A cabeça pendeu sem força para equilibrar-se nos ombros e os raciocínios se misturaram numa estranha gama de sofrimento e esperança, até que o sono me envolveu de todo. Pai, é preciso muita força, para que a gente se veja assim sem ideias para o controle próprio. Escutava os gritos e as reclamações em derredor, mas tudo se distanciou de mim e fiquei só  com a minha sonolência a me mergulhar na inconsciência total. Sonhei que me carregavam para sítio diferente da paisagem de Paranavaí, no entanto estava inabilitado a formular perguntas. “-Seria aquilo a morte?” indagava a mim mesmo. Entretanto, o tempo não me proporcionou qualquer ensejo a novas perquirições e dormi profundamente até que despertei sob as atenções de um amigo que me seguia os movimentos. Depois do assombro natural, vim a saber que estava diante do vovô Heitor, nada mais que isso. E isso era o bastante, para que me certificasse quanto ao transplante real de que fora vítima, não alimentei qualquer dúvida. Era um morto-vivo naquele ambiente novo e devia ser um vivo morto no conceito da família e dos amigos”. Esses aspectos evocados por Heitor reafirmam informações disseminadas pelo Espiritismo sobre etapas naturais e comuns que marcam o processo decorrente da morte: o sono ou torpor irresistível, o despertar diante de personagens ligados à nossa ancestralidade, e, sempre, embora quase nunca lembrada, a recapitulação das informações gravadas pela memória ao longo da existência que se finda, comparada pelo pesquisador do assunto Hermínio Correia de Miranda, ao “rebobinar de uma fita VHS”, contendo esses dados e imagens.  A carta incluída no livro A VIDA TRIUNFA (fe), continua reunindo outras informações importantes que atestam-lhe a veracidade, dentre as quais destacamos dois trechos para nossa reflexão: “- Não fomos habituados ao choro ou fraqueza e muito menos ao temor; busquei entrar em nível de entendimento como meu avô e a realidade se me fixou na cabeça: havia perdido a viagem, não colhera os votos que imaginava semear. Recebera o veto do destino e isso não devia me arrefecer o ânimo”. E, em outro momento: “Ouço aqui muitas preleções sobre princípios de causas remotas com efeito presente, mas, por enquanto, penso que ali estávamos sob uma força inexorável do destino”.         

sábado, 21 de julho de 2012

Quem Foi(2)? ( a primeira mensagem)

  Em entrevista publicada quando das comemorações dos 40 anos de exercício continuado da mediunidade, Chico Xavier contou a Elias Barbosa na obra NO MUNDO DE CHICO XAVIER (ide), que desde a primeira mensagem psicografada, no dia 8 de julho de 1927, passou a ser assediado por inúmeros Espíritos que queriam escrever por seu intermédio. Em qualquer lugar, fosse o que estivesse fazendo. As acertadas orientações recebidas, contudo, fizeram que essa ansiedade das entidades desencarnadas fosse canalizada para as reuniões do Centro Espírita Luiz Gonzaga. Coincidia com as três normas apresentadas no primeiro encontro que teve com o orientador espiritual Emmanuel, quatro anos depois, em 1931, para que conseguisse alcançar os objetivos pretendidos, ou seja, a produção de trinta livros: disciplina, disciplina, disciplina. Na época, a poesia era um gênero muito apreciado e, a maioria dos manifestantes se servia dessa forma para se expressar. Os autores, todavia, não se identificavam. Saber-se-ia depois, Augusto dos Anjos, Olavo Bilac, Castro Alves, Guerra Junqueiro, entre outros, serviram para apurar a sensibilidade mediúnica do jovem de apenas 17 anos, instrução interrompida ao final do antigo primário, repetente do quarto ano, afastado do estudo, em parte, pelas necessidades econômicas da família e outra, para escapar da internação em hospital psiquiátrico, já que seu pai tencionava fazê-lo, diante de sua insistência em falar com os que ninguém via e escutar os que só ele ouvia. A beleza das produções, porém, tocavam fundo  a alma dos que as liam. Lembrando esse tempo, Chico disse: “- Meu irmão José Cândido Xavier e alguns amigos de Pedro Leopoldo, como, por exemplo, Ataliba Ribeiro Vianna, achavam que as páginas deviam ser publicadas com meu nome, já que não traziam assinatura e essas publicações começaram no jornal espírita AURORA, do Rio de Janeiro, dirigido nessa época, por Ignácio Bittencourt, a quem Ataliba escreveu perguntando se havia algum inconveniente em lançar as citadas páginas com meu nome. Ignácio Bittencourt respondeu que não, desde que as produções escritas por minhas mãos não trouxessem assinatura. Ninguém poderia afirmar se eram minhas ou não e que ele as publicaria, não por meu nome, mas pelas ideias espíritas que continham. Aí começaram  a enviar essas produções para diversos setores, obedecendo ao entusiasmo pelos trabalhos nascentes da Doutrina Espírita, em nossa terra. Algumas publicações não espíritas  também estamparam inúmeros trabalhos entre 1927 e 1931, quando do aparecimento de Emmanuel. O JORNAL DAS MOÇAS, o Suplemento Literário de O JORNAL  e o ALMANAQUE DE LEMBRANÇAS, de Portugal, foram alguns”. Dessa fase, uma produção ficou inesquecível em sua memória. Conta ele: “- Recordo-me de um soneto intitulado NOSSA SENHORA DA AMARGURA, que foi publicado pelo ALMANAQUE DE LEMBRANÇAS, de Lisboa, na edição de 1931. Eu estava em oração, certa noite, quando se aproximou de mim, o espírito de uma jovem, irradiando intensa luz. Pediu papel e lápis e escreveu o soneto a que me referi. Chorou tanto ao escrevê-lo que eu também comecei a chorar de emoção, sem saber, naqueles momentos, se meus olhos eram os dela ou se os olhos dela eram os meus. Mais tarde, soube, por nosso caro Emmanuel, que se tratava de Auta de Souza, poetiza do Rio Grande do Norte, desencarnada em 1901. O soneto foi enviado a Portugal por meu irmão José, em meu nome, a página foi publicada, tendo eu recebido de Lisboa uma carta de um dos colaboradores da formação do citado ALMANAQUE, com muitos elogios ao trabalho que não me pertencia”. Desde esse dia, ao longo dos próximos anos, ela se serviria de Chico para extravasar sua capacidade, totalizando quase uma centena de trabalhos, compilados, em 1976, num livro que receberia como título seu nome AUTA DE SOUZA, organizado por dois grandes admiradores: Stig Roland Ibsen e Clóvis Tavares. Este, incumbiu-se de recuperar dados biográficos de Auta. Segundo apurou, ela nasceu em Macaíba, pequena cidade do Rio Grande do Norte, em 12 de setembro de 1876. Era a quarta de uma família de cinco irmãos. Antes de completar três anos, já era órfã de mãe e, aos cinco de pai. Assumem a responsabilidade da criação dos cinco pequenos, os avós maternos que os levam para morar com eles em Recife, tornando-se ela, alvo das atenções da avó Dindinha – Dona Silvina de Paula Rodrigues. Aos sete anos, já sabia ler e escrever, lendo para as crianças pobres, para humildes mulheres do povo ou velhos escravos, as páginas simples e ingênuas da História de Carlos Magno, brochura que corria os sertões, escrita ao gosto popular da época. Aos dez anos, uma tragédia abala novamente seu espírito. Uma noite inesquecível - de 15 de fevereiro de 1887-,  seu irmão Irineu subia ao andar superior do casarão onde moravam, levando uma lamparina de querosene, quando, segundo se supõe, o vento canalizado em chaminé próxima, provocou a explosão do candeeiro, envolvendo o rapazola em chamas. Grita apavorado, desce a escada, foge para o interior do terreno onde se localizava a moradia, mas quanto mais foge, mais as labaredas o cingem. Cai, sem forças, resistindo ainda dezoito horas de dor. Antes dos doze anos, é matriculada no Colégio de São Vicente de Paulo, no bairro da Estância, onde recebe carinhosa acolhida por parte das religiosas francesas que o dirigiam, lhe ofertando primorosa educação. Aos 14 de idade, em 1890, manifestam-se os primeiros sinais da enfermidade que iria consumir seu frágil organismo: a tuberculose. A avó, depois de leva-la a vários médicos da capital pernambucana, resolve voltar com os netos para a terra norte-rio-grandense. Auta escreve, relaciona-se mais e mais com seus conterrâneos de Macaíba, ensina às crianças as primeiras noções de religião, mas a enfermidade avança... É preciso, entretanto, buscar o interior, ansiando melhoras em clima seco... E começam as peregrinações, cansativas e tristes, sempre sob o amparo da avozinha Dindinha. Seus versos são agrupados num livro intitulado HORTO, que apenas sessenta dias após sua publicação, em 20 de junho de 1900, já encontrava-se esgotado. A enfermidade, contudo, prossegue seu assédio e, em fevereiro do ano seguinte, já de volta a Natal, na madrugada do dia 7, desprende-se de seu corpo enfermo e cansado, para afirmar sua sobrevivência através do jovem Chico Xavier, trinta e um anos depois, naquela que seria a primeira dentre dezenas de manifestações psicográficas suas, intitulada NOSSA SENHORA DA AMARGURA: “- Mãe das Dores, Senhora da Amargura,  /  Eu vos contemplo o peito lacerado  /  Pelas mágoas do filho muito amado, / Nas estradas da vida ingrata e dura.      / Existe em vosso olhar tanta ternura, / Tanto afeto e amor divinizado, / Que do vosso semblante torturado  /  Irradia-se a luz formosa e pura;       / Luz que ilumina a senda mais trevosa,   / Excelsa luz, sublime e esplendorosa / Que clareia e conduz, ampara e guia.        / Senhora, vossas lágrimas tão belas / Assemelham-se a fúlgidas estrelas: / Gotas de luz nas trevas da agonia.


quinta-feira, 19 de julho de 2012

Opção Religiosa Ajuda No Momento da Morte?

“Acordei num barco engalanado de flores, seguido de outras embarcações, nas quais muitos irmãos entoavam hinos que me eram estranhos. Hinos em que o amor por Iemanjá era a tônica de todas as palavras. Os amigos que me seguiam falavam de libertação e vitória. Muito a pouco e pouco, me conscientizei e passei da euforia ao pranto de saudade, porque a memória despertava para a vida na retaguarda (...). Os barcos se abeiravam de certa praia encantadoramente enfeitada de verde nas plantas bravas que a guarneciam. Quando o barco que me conduzia ancorou suavemente, uma entidade de grande porte se dirigiu a mim com paternal bondade e me convidou a pisar na terra firme. Ali estavam o meu pai, Manoel, e nossa mãezinha, Amélia. Os abraços que nos assinalavam as lágrimas de alegria pareciam sem fim. Era muita saudade acumulada no coração. Ali, passei ao convívio de meus pais, e os meus guardiões retornaram ao mar alto”. O depoimento foi feito pelo Espírito da conhecida artista Clara Nunes, em carta escrita à irmã Maria, através de Chico Xavier, em 15 de setembro de 1984, quase dezoito meses da sua desencarnação, depois de 28 dias em coma resultante de reação à componente de anestésico recebido em pequena cirurgia a que se submetia. Clara, segundo biógrafos,     aderiu à Umbanda após turnê realizada à África, cantando música brasileira e pesquisando culturas regionais daquele continente. Outras psicografias do médium mineiro fornecem elementos correlatos. Numa delas - a segunda carta enviada aos familiares, oito meses após sua morte física -, Roberto Muszkat, desencarnado com pouco mais de 19 anos, acometido por reação alérgica súbita e extremamente grave ao aplicar um tópico nasal antes de se deitar, na noite de 19 de março de 1979, a certo trecho da mesma, diz: “- Vim a saber  então que me achava em Erets Israel, ou Terra do Renascimento, cuja beleza é indescritível. Ali, naquela província do Espaço Terrestre, se erguia uma outra cidade luminosa dos Profetas. Os que choraram no mundo, os que sofreram torturas, os que foram martirizados e queimados, perseguidos e abatidos por amor à Vitória do Eterno e Único Criador da Vida operavam repousando ou descansavam trabalhando pela edificação da Humanidade Nova. Com estes apontamentos não quero dizer que estava, tanto quanto prossigo, numa cidade privilegiada, porque outras nações as possuem nas esferas que cercam o Planeta”. Primogênito de família seguidora do Judaísmo, cujas tradições faziam o jovem vibrar, serviu-se de Chico para testemunhar diversas vezes aos entes queridos sua sobrevivência em outra Dimensão, como contado no livro QUANDO SE PRETENDE FALAR DA VIDA (geem). Em outro caso, o Espírito Bezerra de Menezes, por duas vezes, informou a família seguidora do Budismo, que seu filho Tiaminho desencarnado aos 5 anos de idade, por atropelamento em 25 de janeiro de 1980, na Rodovia Guarujá-Bertioga, “fora entregue em seu reajuste de forças espirituais, a representantes do missionário Sinnet, Benfeitor e Instrutor da imensa família Budista”, detalhe reafirmado no segundo bilhete, no qual diz aos pais, que “o filhinho de ambos, está sob a proteção do Reverendo Sinnet, grande missionário do Bem, na revelação Budista”. Na quarta carta escrita aos pais, pouco mais de dois anos após o acidente, confirma que foi “amparado por irmãos budistas que o auxiliaram a retomar a memória da vida passada mais recente”, o que explica o surpreendente teor da quinta mensagem, em que, investido na personalidade  da referida encarnação, relata as raízes do infortúnio experimentado por todos na atual. Solicitado a explicar o fato pelo organizador do livro RESGATE E AMOR (geem), onde se encontra a íntegra desta história, Chico Xavier respondeu: “- Não podemos nos esquecer que Tiaminho foi inicialmente recolhido por Mentores Budistas, altamente especializados em auxiliar aos seus tutelados na possível regressão da memória, decerto para efeito de segurança e eficiência no trabalho que seria chamado a desenvolver”. Os depoimentos coincidem com revelações do CARTAS DE UMA MORTA (Lake,1935), em que o Espírito Maria João de Deus, mãe de Chico na recente existência, conta: “-Os saxões, os latinos, os árabes, os orientais, os africanos, formam aqui grandes falanges, à parte, e em locais diferentes uns dos outros. Nos núcleos de suas atividades, conservam os costumes que os caracterizavam e é profundamente interessante observarmos de perto como essas Colônias Espirituais diferem umas das outras. (...) É desse modo que tenho visto aqui muitas extravagâncias de costumes. Por exemplo, na Primeira Esfera, mais apegada a Terra e às suas ilusões, muitas organizações existem à maneira do Planeta. São inúmeras as congregações de Espíritos que se dedicam à salvaguarda de seus ideais religiosos sobre o Orbe terráqueo. A Igreja Romana, por exemplo, tem aí organizações, conventos, irmandades, que defendem seus erros e, assim, de facção em facção, podereis compreender a imensidade de nossa luta. Nas Colônias de antigos remanescentes da África, vim conhecer costumes esquisitos, como bailados estranhos, ao som de músicas bizarras que me deram a impressão de fandangos, tão da preferência dos escravos no Brasil. (...) A nossa existência é a continuidade da vida material com todas as suas características”. No livro intitulado FALANDO A TERRA (feb,1951), há um texto de Abel Gomes comentando que “a cerimônia dos funerais e o convencionalismo do velório dificultam, sobremaneira, a nossa cruzada de libertação mental. (...) Imprimem tamanhas características de terror na alma recém desencarnada, que somente alguns poucos espíritos treinados no conhecimento superior conseguem evitar as deprimentes crises de medo que, em muitos casos, perduram por longo tempo”. Chico Xavier, por sua vez, conta: - “Certa vez, visitando o cemitério de Uberaba, notei a presença de um Espírito que, rente ao seu próprio túmulo, chorava, arrependido. Fora rico comerciante na cidade e cometera suicídio. Fazia muito tempo que estava ali, preso aos despojos, se lamentando, não mostrando a menor disposição íntima de abandonar o local; aquilo era uma autopunição”. Noutra ocasião, testemunhou a recusa de outro Espírito, repelindo auxílio, pois, como dizia, estava aguardando o “Dia do Juízo Final”. Comentando na obra INESQUECÍVEL CHICO XAVIER (geem), a posição dos desencarnados que não foram más pessoas, nem se interessaram pelo conhecimento das coisas espirituais, explicou: “- Oitenta por cento, voltam-se para a retaguarda sem condições de ascenderem aos Planos Elevados. Apenas vinte por cento gravitam para os Planos mais altos. A maioria fica vinculada aos familiares e amigos. Egressas do Plano Físico, sentem-se numa viagem sem mapa, direção ou bússula”.  Sobre as religiões, acrescentou que “é preciso que as criaturas tenham a semente, o germe da crença por dentro. Porque aquelas que em nada creem e praticam o mal, ao desencarnar, tornam-se verdadeiros robôs. Perdem a memória no Além, (...) podendo ser dominadas por entidades malfazejas, ficando à mercê delas”.    




terça-feira, 17 de julho de 2012

Emmanuel Faz Interessantes Revelações Sobre a Saúde

Embora poucos saibam, o Orientador Espiritual Emmanuel, através de Chico Xavier, deixou importantes contribuições para nossas reflexões e conhecimentos no tocante à questão da saúde nos três níveis em que precisa ser considerada: física, mental e espiritual. Uma das primeiras foi através de resposta dada ao repórter Clementino de Alencar, do jornal O Globo, nas NOTÁVEIS REPORTAGENS COM CHICO XAVIER (ide,1935). Pronunciando-se a respeito da Medicina, a certo ponto de suas considerações, disse: “- É verdade que grande número de moléstias constitui enigmas dolorosos para a ciência dos homens, não obstante o avanço dos compêndios. É que os micróbios patogênicos se associam a elementos sutilíssimos de ordem espiritual. Um problema, grandioso demais pela sua transcendência, afronta os conhecimentos científicos – o das provações individuais, necessárias ao aprimoramento psíquico de cada um. Daí se infere a vantagem que adviria, para os processos medicinais se a terapêutica espiritual estivesse sempre unida a quaisquer sistemas de cura. As enfermidades obedecem, geralmente, às enfermidades da alma; os tratamentos que a esta fossem aplicados o seriam em identidade de circunstâncias ao veículo das suas manifestações”. Sobre prevenção, falou:“-Todos os homens deveriam ser fiéis observadores dos tratamentos preventivos, principalmente no tocante às questões da higiene, exercícios físicos, ginástica respiratória,  abusos da alimentação, dos desvios morais. A observância dos preceitos necessários seria eminentemente benéfica, portadora das melhores condições para a saúde do indivíduo e da coletividade”. Anos depois, n’ O CONSOLADOR (feb,1940), definiria saúde como sendo “a perfeita harmonia da alma”, acrescentando que “para sua obtenção, muitas vezes, há necessidade da contribuição preciosa das moléstias e deficiências transitórias da Terra”. Explicou ainda que “o corpo doente reflete o panorama interior do Espírito enfermo”, sendo “a patogenia um conjunto de inferioridades do aparelho psíquico”. Pondera que “é  na alma que reside a fonte primária de todos os recursos medicamentosos definitivos. A assistência farmacêutica do mundo não pode remover as causas transcendentes do caráter mórbido dos indivíduos. O remédio eficaz está na ação do próprio espírito enfermiço”. Considera que “as injeções e os comprimidos suprimem a dor; todavia, o mal ressurgirá mais tarde nas células do corpo”, revelando existirem “enfermidades d’alma, tão persistentes, que podem reclamar estações sucessivas, com a mesma intensidade nos processos regeneradores”. Considera que “a reencarnação, em si mesma, nas circunstâncias do mundo envelhecido nos abusos, já representa uma estação de tratamento e cura”. Salienta que “o homem deve mobilizar todos os recursos ao seu alcance, em favor do seu equilíbrio orgânico”. Prevê que quando o homem espiritual dominar o homem físico, os elementos medicamentosos da Terra estarão transformados na excelência dos recursos psíquicos”. Quanto às doenças incuráveis como câncer, lepra, etc..., pondera: “-Antes de qualquer consideração, devemos examinar a lei das provações e a necessidade de sua execução plena”. Sobre a possibilidade de intervenções do Plano Espiritual, explica que seus representantes não podem quebrar o ritmo das leis do esforço próprio, como a direção de uma escola não pode decifrar os problemas relativos à evolução de seus discípulos”. Salienta, contudo, que as entidades amigas podem diminuir a intensidade da dor nas doenças incuráveis, bem como afastá-la completamente, se esse benefício puder ser levado a efeito no quadro das provas individuais, sob os desígnios do Plano Superior”. A propósito do receituário obtido através da mediunidade, reafirma que “cooperará para as melhoras de um enfermo e, se possível, restabelecerá sua saúde física, mas não poderá modificar a lei das provações ou os desígnios dos Planos Superiores”. Em 1958, na síntese de curso ministrado por ele a Espíritos candidatos a reencarnação, reproduzida na obra PENSAMENTO E VIDA (feb), explica que “os processos de elaboração da vida mental guardam positiva influenciação sobre todas as doenças”, e, “embora as dificilmente curáveis cataloguem-se na tabela das provações necessárias, os sintomas patológicos na experiência comum, em maioria esmagadora, decorrem dos reflexos infelizes da mente sobre o veículo físico, operando desajustes nos implementos que o compõem. (...)“Toda emoção violenta sobre o corpo é semelhante a martelada forte sobre a engrenagem de máquina sensível e toda aflição amimalhada é como ferrugem destruidora, prejudicando-lhe o funcionamento”. No RELIGIÃO DOS ESPÍRITOS (feb,1960), escreveu que durante a reencarnação, a criatura, elege, para si mesma, grande parte das doenças que se lhe incorporam às preocupações, alertando que a rendição às sugestões do mal, cria em nós não apenas condições favoráveis à instalação de determinadas moléstias no cosmo orgânico, mas também ligações fluídicas aptas a funcionarem como pontos de apoio para as influências perniciosas interessadas em vampirizar-nos a vida”. Excessos à mesa de alimentos inadequados, uso de entorpecentes, alcoolismo mesmo brando, abusos sexuais, aborto, estabelecem síndromes abdominais, úlceras gastrintestinais, afecções hepáticas, dispepsias crônicas, pancreatites, desordens renais, irritações do cólon, desastres circulatórios, moléstias neoplásicas, neurastenia, traumatismo do cérebro, enfermidades degenerativas do sistema nervoso, enquanto na crítica inveterada, na inveja, no ciúme, no despeito, na aflição, viciamos o pensamento, atraindo o pensamento viciado das inteligências menos felizes”. No mesmo livro,  faz interessantes vinculações entre doenças atuais e a forma escolhida por suicidas de outras vidas para tentar fugir dos problemas que os atormentavam: envenenamento, conforme a substância usada, geram afecções valvulares, moléstias do aparelho digestivo, doenças do sangue, disfunções endócrinas; asfixia por afogamento ou correntes de gás, processos das vias respiratórias como enfisema ou cistos pulmonares; enforcamento, distúrbios do sistema nervoso como neoplasias ou paralisia cerebral infantil"; enfim, segundo o tipo de suicídio, direto ou indireto, surgem as distonias orgânicas derivadas, a representarem terapêutica providencial na cura da alma. Respondendo a questões sobre causas espirituais das doenças no LEIS DE AMOR (feesp;1963), confirma que “a grande maioria das doenças tem sua causa profunda na estrutura semi-material do corpo espiritual – o períspirito -, o corpo básico, constituído de matéria sutil, sobre o qual se organiza o corpo de carne”. Em mensagem reproduzida em AMOR E SABEDORIA DE EMMANUEL (cec), estabelece curiosa classificação considerando a função espiritual das doenças: inibições trazidas do berço, moléstias-amparo; dermatoses recidivantes, moléstias-proteção; mutilações congênitas, moléstias-refúgio; incômodos imprevistos, moléstias-socorro; males de longo curso, moléstias-abrigo”. Por fim, a resposta que muitos querem saber: pessoas enfermas permanecem enfermas após o desencarne? Esclarece Emmanuel, no livro PLANTÃO DE RESPOSTAS (ceu): “- Quando contrariamos as Leis Universais, inscritas em nossa consciência e que se baseiam no Evangelho, adquirimos débitos que se refletem na vestimenta do Espírito, isto é, o períspirito. A estadia na carne propicia que o períspirito transmita ao corpo físico esses reflexos negativos, o que implica em uma depuração do Ser. Porém, quando a pessoa vivencia esse processo com mentalidade negativista, de revolta, de pessimismo, sem procurar a renovação diária para o Bem, sem procurar beneficiar aos demais, ela impede esse processo de depuração. (...) Nesses casos, a enfermidade não propiciou significativa renovação íntima diante da vida, do padrão moral desse Espírito. Ele não soube passar pelo sofrimento. Como não houve mudança, depois da morte ele continuará plasmando no períspirito o que cultivou em sua mente durante a vida, permanecendo enfermo. Com os Espíritos que, independente das circunstâncias, vivenciam o Evangelho, o processo é completamente diferente”.

domingo, 15 de julho de 2012

Chico Xavier e as Mensagens em Outros Idiomas

 ...“E começaram a falar noutras línguas” e “... ajuntou-se uma multidão, e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua”. O grego Luchianos, que depois de sua conversão passou a chamar-se Lucas - sua vida foi  maravilhosamente retratada pela grande escritora inglesa Taylor Caldwell ( segundo Chico, sua mãe naquela existência o que explica a beleza de seu trabalho), na obra MÉDICO DE HOMENS E DE ALMAS -, incluiu no documentário ATO DOS APÓSTOLOS, logo no capítulo dois, versículos quatro e seis, a descrição do surpreendente fenômeno sugerido pelas palavras usadas acima para explicar as cenas testemunhadas pelos que lhe relataram o fato. Séculos depois, Allan Kardec, desenvolvendo uma classificação inicial da variedade dos médiuns escreventes, no excelente compêndio intitulado O LIVRO DOS MÉDIUNS, chamou de médium poliglota, “o que tem a faculdade de falar ou escrever em línguas que não conhece”, acrescentando, contudo, serem “muito raros”. Décadas depois, Charles Richet, dentro da escola Metapsíquica, por ele fundada, voltaria a tratar do assunto, adotando para essa faculdade mediúnica o termo xenoglossia, a qual mereceria do pesquisador italiano Ernesto Bozzano, um livro com esse título, tratando especificamente do assunto. Uma dentre as hipóteses alinhadas na referida compilação é que o fenômeno só seria possível pela existência, no inconsciente da individualidade de registros arquivados em encarnações em que se serviu desse idioma para se expressar e comunicar na região, raça ou pátria em que renascera. Chico Xavier, entre as múltiplas formas em que sua mediunidade foi utilizada para a recepção de mensagem, está a em outros idiomas. Vários, em sua longa jornada a serviço dos Espíritos. Sabe-se que Chico não teve formação além do antigo primário, tendo repetido duas vezes a quarta série, avaliado por seu examinador na época, Doutor Christiano Ottoni, como “inteligência muito lúcida, superior à normal, excelente memória, grande poder de assimilação e presença de espírito, embora a instrução em nível baixo, em relação àquelas faculdades”. O primeiro a fazer referências a esse tipo de mensagem foi o repórter Clementino de Alencar, enviado especial do jornal O Globo, para investigar Chico Xavier, a origem dos escritos pós-morte do escritor Humberto de Campos e dos vários poetas do PARNASO DE ALEM TÚMULO. Surpreso com o que encontrou, um jovem humilde, pobre, cultura incipiente, permaneceu em Pedro Leopoldo, MG, por dois meses testando o objeto de sua pesquisa, obtendo da Espiritualidade inúmeras demonstrações de sua ação junto ao médium. Um dos fatos que o surpreendeu foram relatos que davam conta da recepção por ele de mensagens em inglês e italiano, cujo aprendizado, à época, somente acessível nos grandes centros. E Chico, pelos rudes labores e carga de trabalho remunerado na venda do “seu” Zé Felizardo, não lhe permitiriam tais “luxos”. Numa de suas matérias, de doze de maio de 1935 – Chico contava 25 anos de idade -, Alencar faz referências a algumas dirigidas em inglês ao doutor Romulo Joviano, que se tornaria seu chefe na Fazenda Modelo. Formara-se ele em Zootecnia pela Universidade de Edimburgo, na Escócia, sendo seu autor Alexander Seggie, que lhe fora colega de estudos e amigo íntimo durante os anos de formação, tendo desencarnado na França, durante a Primeira Guerra Mundial. Nas referidas páginas, Alexander, cuja existência o jovem médium ignorava, dava mostras de sua elevada nobreza de alma e cultura filosófica, já que se tornara professor de Filosofia Platônica e Kantiana. Ignorava ainda que o amigo, num trocadilho, chamava o brasileiro “Jove” (Jupiter, em inglês), alusão ao sobrenome Joviano. Ainda no texto enviado ao diário carioca, o repórter reproduz mensagem recebida na reunião de 23 de novembro de 1933, assinada por Emmanuel, que, embora destinada a todos, era, de certo modo dirigida ao Doutor Rômulo, presente e com interessante peculiaridade: foi escrita com as letras enfileiradas ao inverso. Ao reescrevê-la no sentido correto, o destinatário, profundo conhecedor do inglês, identificou um erro na colocação de um artigo e um pronome. Resolve, em inglês, interpelar Emmanuel, recebendo dele extensa resposta no mesmo idioma, entre outras coisas desculpando-se pelos erros cometidos, dizendo-se, apenas um aluno inábil e não um mestre na utilização da língua. Alencar inclui ainda uma mensagem em italiano, recebida no mesmo mês de fevereiro de 1933, grafada da mesma maneira curiosa que a precedente. Objetivando fazer um derradeiro teste para saber se por trás daquele jovem ingênuo havia realmente algo mais, quando informado por Emmanuel sobre o fim as experiências dos ultimos dois meses, o jornalista formulou quatro perguntas em inglês, a última das quais mentalmente, recebendo a resposta desta em 18 linhas também em inglês, obtendo mais uma evidência sensacional como publicado n'O Globo de 4 de junho de 1935. Mais ou menos na mesma época, o médium psicografaria mensagem em inglês ao Consul da Inglaterra, em Belo Horizonte, Minas Gerais, Senhor Harold Walter. Anos depois, presente à solenidade levada a efeito no Teatro Municipal de São Paulo, Chico psicografaria perante numeroso público, entre outras, uma mensagem/ saudação de Emmanuel aos presentes, em inglês e escrita de trás para frente, a chamada especular, somente possível de ser lida diante de um espelho.  Testemunha de muitos desses momentos, o doutor Rômulo Joviano, contou ao amigo Clóvis Tavares, conforme relatado em TRINTA ANOS COM CHICO XAVIER (ide), que, por força do trabalho, “em visita, certa vez, a uma fazenda do Doutor Louis Ensch, engenheiro luxemburguês, fundador da Usina de Monlevade da Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, em Monlevade, MG, Chico recebeu mensagens, endereçadas ao mesmo, em idioma luxemburguês. Maravilhado, o destinatário declarou que as páginas foram escritas no melhor estilo da língua nacional de sua pátria, o Grão Ducado de Luxemburgo, e tão belas que somente luxemburgueses cultos poderiam com tal apuro articulá-las”. Noutra ocasião, em visita a uma parenta sua residente em Barbacena, MG, a escritora Maria Lacerda de Moura, assistindo uma reunião de estudos orientalistas, após esta ter escrito no quadro-negro algumas palavras em português, possivelmente um “mantra”, para meditação dos presentes, “Chico recebe, através da psicofonia sonambúlica, uma mensagem em idioma hindu, havendo a entidade comunicante, conduzido o médium até o mesmo quadro-negro, traçando diversas expressões ininteligíveis para os presentes, posteriormente reconhecidas como mantras grafados em caracteres sânscritos”. O próprio professor Clovis Tavares, além de estar presente no memorável encontro de Chico Xavier/ Pietro Ubaldi, em 17 de agosto de 1951, quando o Espírito Francisco de Assis escreveu mensagem ao escritor italiano, recebeu orientação de entidade amiga em espanhol e, outra vez, delicado poemeto na mesma língua.  Inúmeras mensagens particulares foram recebidas ao longo dos anos, em vários idiomas, que o médium também ignorava completamente: alemão, italiano, árabe e grego. Perderam-se, no entanto, pelo seu caráter estritamente íntimo.  Por fim, um dos últimos exemplos dessa mediunidade em Chico Xavier, foi registrado nas mensagens psicografadas pelo jovem Roberto Muskat, desencarnado aos 19 anos, em que faz inúmeras citações em hebraico, somente traduzidas com o concurso de prestimosos rabinos, em face do desconhecimento das mesmas, por parte de seus pais. 

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Sem Fronteiras, Sem Distâncias, Sem Barreiras

A conhecida vila litorânea de Cascais, a meia hora de Lisboa, capital portuguesa, ficou abalada quando se difundiu nos noticiários do dia 15 de fevereiro de 1985, a notícia da morte por acidente com arma de fogo do jovem Carlos Teles Sobral Junior, um dos filhos do casal Yolanda e Carlos Teles Sobral. Aeronauta a serviço de importante companhia aérea, seu pai trabalhava há vários anos na rota Portugal /Brasil /Portugal, o que acabou por fazer que sua filha Mônica fixasse residência na cidade do Rio de Janeiro, o que, por sinal, mantinha na ocasião, sua mãe a seu lado. Seu pai encontrava-se cumprindo folga de sua escala de trabalho, contudo, quando se verificou a tragédia, havia saído de casa para resolver alguns negócios. A perplexidade ante o impacto da ocorrência converteu-se em desespero e dor diante do inexplicável fato. Junior, 25 anos, estudante, trabalhava em loja de artigos musicais montada pelo pai para que ele se mantivesse ocupado. Nada justificava por isso um possível suicídio, nem a existência de qualquer tipo de armamento entre os pertences do filho. “Por quê?”, perguntavam-se, familiares e conhecidos.  Dolorosos dias tornaram-se semanas quando ouviram falar sobre Chico Xavier e, desesperados, deslocaram-se para Uberaba, Minas Gerais. No Grupo Espírita da Prece, na primeira parte das reuniões públicas, dedicada às consultas respondidas, psicograficamente, a partir da anotação em folha de papel fornecida, do nome e idade do que buscava algum tipo de orientação, para seu espanto, receberam o seguinte recado: “- Jesus nos abençoe. Notícias solicitadas serão recebidas oportunamente. Confiemos no amparo de Jesus, hoje e sempre”.  Esperançosos, retornaram no dia 18 de maio e, entre outras, ouviram o médium ler, ao final das páginas recebidas naquela noite/madrugada, a ansiada, esclarecedora e confortadora carta do amado filho. Logo no início da missiva, Junior revela dois detalhes somente do conhecimento dos familiares, dizendo “... o papai Carlos julgou prudente que me demorasse em Portugal, até que pudéssemos decidir detalhes de nosso reencontro, que ainda não sabíamos se no Rio ou em Lisboa”, e, mais adiante “trabalhei como pude na pequena loja de música que papai Carlos muito generosamente levantou em meu benefício”. Tais detalhes, por razões óbvias, bem como, pelos ligeiros contatos com o médium, não tinham sido objetos de suas conversas. Mais adiante, expõe um aspecto de sua personalidade e comportamento, absolutamente desconhecido pelos entes mais próximos: “-Os dias transcorriam sem novidades, mas creio que, por lembrar de meu temperamento folgazão, uma piada, uma brincadeira ou um passeio qualquer constituíam o meu melhor alimento espiritual. Em minhas travessuras de rapaz, que deveria ajustar-se aos princípios renovadores cabíveis em minha própria idade, em minhas travessuras, repito, a meu ver, não fui amigo de um que se habituara a passar rente a nossa moradia, suscitando-me o desejo de experimentar lhe a paciência com os meus pensamentos de rapaz acriançado que eu era. Se tivesse conhecimento de sua passagem, ao lado de nossas portas, alegrava-me em vê-lo atarantado com os sustos que lhe impunha, especialmente em jatos de água a descerem do alto sobre o pobre passante. Certa vez em que ele era seguido de uma criança, esculpi a figura de uma serpente em papelão pintado a caráter, controlando o animal imaginário com uma corda quase invisível para ele. Em dado momento, coloquei a estranha figura rente a ele e tamanha foi a sua reação, ao ver que a criança se tomara de terror, que o amigo, vitima de minhas brincadeira de mau gosto, me chamou às contas e prometeu cobrar-me aquela grande série de emoções descontroladas a que lhe submetia o ânimo enfermiço”. Certamente tais detalhes surpreenderam aos familiares, que ignoravam tais atitudes do filho, por sinal, incompreensíveis em uma pessoa de 25 anos. Prosseguindo, Junior desvenda o mistério que nem a polícia conseguiu esclarecer: “– Pois, o inconcebível aconteceu. Ele esperou que o pai se ausentasse de casa e, percebendo-me a sós, penetrou o recanto e, ao encontrar-me, despejou o projétil que me estirou no piso do quarto... Estava sob a impressão de meu injustificável espanto, quando, incapaz de mover-me, ainda o vi colocar em minha mão esquerda a arma que somente funcionaria, a rigor, em minha destra, largada à imobilidade da desencarnação. Não consegui chamar por socorro porque a hemorragia fulminante me subtraiu todas as possibilidades de movimento e, caindo no estado comatoso em que me vi, ainda lhe consegui observar a cautela com que se retirara de nossa casa, naturalmente receando qualquer punição aberta. Quem foi? Não sei. E creio que não devo saber, por que seria doloroso para eu agravar de tribulações em que nos vimos todos, de um momento para o outro. Não vi o pai quando fui encontrado inerte. Minha visão física parecia anulada...”. O registro passado através de Chico Xavier contem minucias reais demais para ser apenas fruto da imaginação do médium. Junior prossegue: “- Uma senhora, que se me revelou na condição de minha bisavó Maria Pereira Nunes, às pressas, me retirou do quadro de minha provação. Em seus braços fortes e acolhedores consegui o sono que necessitava e, desde então, despertando transformado em meus sentimentos mais íntimos, refleti sobre a ocorrência que a polícia afinal não desvendaria”. A questão perícia que qualificou a ocorrência apenas como um acidente com arma de fogo mostra a superficialidade com que foi conduzida, pois o detalhe da posição do revolver na mão esquerda quando Junior era destro, deixou de ser observado, até porque, como ele mesmo pondera a força na mão pouco utilizada, talvez não fosse suficiente para deflagrar o tiro fatal. Mais à frente, o rapaz acrescenta: “- E não sou eu quem vos vá pedir repressões para alguém que eu próprio excitara com atitudes infelizes. Por isso mesmo, peço-vos encerrar esse capítulo de minha existência curta, no qual, ao que me parece, aprendi a fixar-me no respeito aos meus semelhantes”. Mais adiante, Junior pede aos pais: “- Se puderes crer em mim, ficar-vos-ei muito grato, mas se não puderes, rogo não acioneis o mecanismo policial para descoberta do irmão que já se encontra suficiente em si mesmo”. A mensagem integralmente reproduzida no livro A VIDA TRIUNFA (fe), documenta mais uma das provas da sobrevivência além da morte do corpo físico.


quinta-feira, 12 de julho de 2012

Algumas Revelações de Emmanuel


Desde que se fez visível pela primeira vez a Chico Xavier, numa tarde de domingo de 1931, nas cercanias de Pedro Leopoldo (MG), o Espírito Emmanuel, assumiu, de forma ostensiva, a orientação das atividades mediúnicas do médium. Começava a se cumprir a tarefa assumida por ambos no Plano Espiritual de trabalharem na produção de livros objetivando a divulgação do Espiritismo. Foram décadas de convivência quase diária, exceção, segundo Chico, durante a Segunda Guerra, pouco antes da França ser invadida, quando o Benfeitor se ausentou durante dois anos, a pedido de Estevão ( do livro PAULO E ESTEVÃO), para auxiliar alguns amigos dele que viviam na Grécia,  sendo substituído por uma entidade de nome Nathanael. Uma análise da produção conhecida como primeira etapa - 30 livros -, revela que desde o prefácio de PARNASO DE ALÉM TUMULO, há um espaço de quatro anos até o lançamento de CARTAS DE UMA MORTA, assinado pelo Espírito Maria João de Deus, mãe de Chico na recente encarnação, narrando acontecimentos vivenciados por ela desde seu retorno ao Mundo Espiritual (1915). Ainda em 1935, Chico, como homem e médium, seria objeto das observações de Clementino de Alencar, repórter enviado pelo jornal O Globo, do Rio de Janeiro, o que resultou numa série de matérias, felizmente, resgatadas e preservadas no livro NOTÁVEIS REPORTAGENS SOBRE CHICO XAVIER (ide), em que o Orientador Espiritual forneceu importantes esclarecimentos sobre diversos temas, expondo surpreendentes pontos de vista, certamente possíveis pelo ângulo de avaliação: o Plano Espiritual. Somente a partir de 1937, Emmanuel começa sua produção pessoal. Primeiro, com o crítico EMMANUEL (feb), que quase não foi publicado. Na sequência, em 1938, o excelente A CAMINHO DA LUZ (feb), revelando detalhes sobre a história da Terra, seu surgimento no Sistema Solar e, parte de suas Civilizações. Em 1939, começa a escrever sobre sua fieira de encarnações com HÁ DOIS MIL ANOS, seguido, no mesmo ano, por 50 ANOS DEPOIS e, mais tarde, RENÚNCIA (1942) e AVE CRISTO (1953). Entre estes, em 1940, organiza O CONSOLADOR, compreendendo 411 perguntas e respostas formuladas a partir de sugestão de amigo do Plano Espiritual aos participantes das reuniões de estudo do Grupo Espírita Luiz Gonzaga para que propusessem a Emmanuel questionamentos, objetivando ampliar-se sua esfera de conhecimentos. Em 1941, transmitiu PAULO E ESTEVÃO, narrando lances da historia do Apóstolo dos Gentios. Detalhe curioso, em meio à transmissão do livro, seria revelado em mensagem de 16/3/1941, obtida através da ‘prancheta’, em que Emmanuel diz que “a biografia de Paulo trouxe muitas lembranças amáveis e preciosas de antigos companheiros de lutas”, de modo que, “se fosse registrar todos os pedidos de amigos do grande apóstolo, o livro custaria a chegar ao término”. Eram “negociantes de Colossos, proprietários de Laudiceia, antigos trabalhadores de Tessalonica, figuras de toda a Ásia, antigos filhos do cativeiro e do patriciado de Roma, trazendo subsídios para iluminar o quadro em que viveu o inesquecível Apóstolo, tornando impraticável o aproveitamento de todos”. Ainda nesse ano, próximo ao seu fim, Chico foi comunicado pelo  Orientador que “algumas autoridades espirituais estavam desejosas de algo lançar na nossa dimensão, com objetivos de despertamento, trazendo páginas que  dessem a conhecer aspectos da vida que nos espera do ‘outro lado’, passando a ver, nos próximos dois anos, onde se concentrasse o Espírito, que depois se revelou como André Luiz”. Em comentário contido em mensagem psicografada em 26/1/ 1944, o Espírito Arthur Joviano, falando sobre a então nascente série NOSSO LAR, diz que “esse esforço foi muito estudado antes da organização que se alcança agora. Precisava-se de um nome impessoal , sem vinculação a grupos preestabelecidos, que pudesse trazer semelhantes observações de caráter universalista. E, felizmente, atinge-se, presentemente, o objetivo”. No ano de 1952, entre os quatro trabalhos publicados, encontrava-se ROTEIRO, no qual Emmanuel discorrendo sobre a Terra, revela que “mais de 20 bilhões de almas conscientes, desencarnadas, sem nos reportarmos aos bilhões de inteligências sub-humanas (ver postagem OS ESPIRITOS NA NATUREZA) que são aproveitadas nos múltiplos serviços do progresso planetário, cercam o domicílio terrestre, demorando-se noutras faixas de evolução”. Anos depois, na edição de janeiro de 1956 da revista ALIANÇA PARA O TERCEIRO MILÊNIO, o Instrutor Espiritual, entre outras informações, diz que “a Terra, em sua constituição física, propriamente considerada, possui grandes repousos e atividades, em período determinados. Cada período de atividade e cada período de repouso da matéria planetária, pode ser calculado em 260 mil anos. Atravessado o período de repouso da matéria terrestre, a vida se reorganiza, enxameando de novo nos vários departamentos do Planeta, novos caminhos para a evolução das almas. Os Grandes Instrutores da Humanidade, nos Planos Superiores, consideram que, desses 260 mil anos, 60 a 64 mil, são empregados na reorganização dos pródomos da vida organizada. Logo em seguida, surge o desenvolvimento das grandes raças que, como grandes quadros enfeixam assuntos e serviços que dizem respeito à evolução do Espírito domiciliado na Terra. Depois desses 60/64 mil anos de reorganização de nossa casa Planetária, temos sempre grandes transformações, de 28 em 28 mil anos. De modo que, depois do período de atividade que estamos atravessando, depois do período de 64 mil anos, tivemos duas grandes raças na Terra, cujos traços se perderam, pelo primitivismo delas mesmo. Logo em seguida, podemos considerar a grande raça Lemuriana, como portadora de uma inteligência mais avançada, como detentora de valores mais altos, nos domínios do Espírito. Em seguida à raça Lemuriana, possuímos o grande período da raça Atlante, em outros 28 mil anos de grande trabalho, no qual a inteligência do mundo se elevou de modo considerável”. Confirma que “as últimas ilhas que guardavam os remanescentes da Civilização Atlante, submergiram, mais ou menos, 9 a 10 mil anos antes da Grécia de Sócrates”, acrescentando ‘acharmo-nos nos últimos períodos da grande raça Atlantica, raça essa que podemos considerar como grande ciclo de serviço, chamados de mil modos diferentes, em cada ano terrestre de nossa permanência na Crosta da Terra, ou fora dela, ao aperfeiçoamento espiritual, objetivo de nossas lutas, de nossos problemas, de nossas grandes questões, na esfera de relações uns para os outros”. Dentre as milhares de revelações, particulares e de interesse coletivo, feitas em décadas de trabalho com Chico Xavier, há uma, publicada no livro PLANTÃO DE RESPOSTAS (ceu), prefaciado por ele em setembro de 1994, merecedora de nossas reflexões: “A Terra será um mundo regenerado por volta de 2057. Cabe, a cada um, longa e árdua tarefa de ascensão. Trabalho e amor ao próximo com Jesus, este o caminho”.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Quem Foi? (a primeira mensagem)

Ao longo das décadas de 70, 80 e 90, datas comemorativas como Dia das Mães e Natal, foram marcadas pela publicação de inspiradoras mensagens psicografadas por Chico Xavier, realçadas por belíssimo material gráfico. A iniciativa pertenceu a várias editoras nascidas em torno de livros compostos por textos de diversos Espíritos psicografados pelo médium mineiro. Uma das entidades que mais se repetiu, pela sensibilidade extravasada em seus trabalhos, foi a poetiza conhecida como Maria Dolores. A maior parte dos que se encantavam com suas produções, no entanto, não sabia que seu nome verdadeiro, na recente encarnação, foi Maria de Carvalho Leite. Renasceu em Bonfim da Bahia, estado da Bahia, em dez de setembro de 1900, parte de uma família constituída de cinco filhos, três homens e duas mulheres, entre as quais ela. Inteligência rara, diplomou-se professora aos 16 anos, tendo, de acordo com os padrões da época, formação em piano, pintura, costura e culinária. Personalidade forte, católica por tradição, casou-se com o médico Odilon Machado, de quem se desquitaria, posteriormente, sem experimentar a maternidade biológica, vivencia em que não se realizaria nesta existência. Em 1939, fixa-se na cidade de Itabuna, onde conhece o imigrante italiano Carlos Camine Larocca, proprietário do Café Baiano e de uma tipografia denominada A Época, tendo se tornado preso político após a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, para lutar contra a Itália. No período de permanência nessa cidade, eclode sua mediunidade, tornando-se meio para que seu guia espiritual, Doutor Antonio Carlos Lopes, aconselhasse doentes que o buscavam, orientando-lhes o remédio para seus males. Impossibilitada de ser mãe, adota a menina Nilza Yara, em 1936. Prossegue com ações pessoais em favor dos desvalidos, distribuindo em datas festivas como o Dia das Mães e Natal, alimentos e gêneros alimentícios. Inicia, por essa época, correspondência com Chico Xavier, a quem visitaria, algumas vezes, nos anos seguintes, em Pedro Leopoldo, “brincando” com o médium que, se lhe fosse possível, tomaria sua mão para escrever, quando não mais estivesse no Plano Físico. Lembrando a passagem, Chico revelou em entrevista, preservada por Elias Barbosa, no livro NO MUNDO DE CHICO XAVIER (ide), que “riam ambos do fato, quando o assunto vinha de novo, à baila, nas suas conversações”, acrescentando que “por mais reafirmasse a promessa, nunca admitiu que isso viesse a acontecer, porquanto, era ela, entre ambos, uma senhora relativamente moça, desfrutando boa saúde”. Em 1947, muda-se para Salvador, instalando-se na Cidade Baixa, passando, a lecionar no Ginásio Carneiro Ribeiro. Entre outras atividades, escreve, por quase treze anos, nos jornais Diário de Notícias e o Imparcial, do qual, por sinal, tornou-se redatora chefe da Pagina Feminina, ocultando-se no pseudônimo Maria Dolores. Suas opiniões e ações em favor dos direitos humanos e do sofrimento dos infelizes lhe valeram o adjetivo de “comunista”, resultando também em várias intimações para se explicar perante autoridades públicas. Quando do avassalador crescimento do movimento da Legião da Boa Vontade, iniciado por Alziro Zarur (a partir de orientação espiritual de Emmanuel, através de Chico Xavier), lança-se de corpo e alma à sua representação na Bahia. Amiga do jovem Divaldo Pereira Franco, por ocasião da fundação da Mansão do Caminho,  ofereceu as cinco primeiras mesas e  cadeiras para o refeitório. Recordando-se dela, Divaldo a descreve como uma personalidade jovial, alegre e otimista, citando que, quando da visita de Pietro Ubaldi à Bahia, pela primeira vez, em 1951, o hospedou em sua casa, onde por sinal, ele o conheceu, já que fazia parte da Comissão Organizada para recepciona-lo. Maria Dolores fundou no bairro em que morava, o grupo Mensageiras do Bem, liderando os mesmos trabalhos assistenciais em favor dos desvalidos, desenvolvidos, pessoalmente, por onde passara. Adota, ao longo dos anos, outras meninas, assumindo o papel de mãe e orientadora, a última das quais, um mês antes de sua desencarnação. Dentre os inúmeros poemas que escreveu e, manteve guardados, temendo críticas por considera-los “passadistas” demais, selecionou alguns e organizou o livro CIRANDA DA VIDA, único publicado enquanto encarnada, para que a renda auferida com sua venda revertesse em favor de suas ações sociais. Incansável, pouco antes de completar 59 anos, foi acometida por uma pneumonia que lhe impôs a morte física, em 27 de agosto de 1959, apesar dos esforços de amigos que a internaram no Hospital Português, já que o marido encontrava-se na Itália. Quase cinco anos depois, no dia 29 de março de 1964, seu Espírito se fez visível a Chico Xavier, provocando-lhe intensa emoção, a ponto de não conseguir conter as lágrimas, por vê-la tão claramente diante de si, bela e remoçada. A partir daí, o desejo expresso anos antes se materializou, pois, a mediunidade de Chico serviu para que comunicasse ao mundo suas impressões em forma de poemas de rara beleza estética, lírica e espiritual. Além das páginas incluídas em compilações feitas para inúmeros livros pelo orientador Emmanuel, outros foram editados somente com suas produções como ALMA E VIDA, CAMINHOS DO AMOR, A VIDA CONTA(ceu); CORAÇÃO E VIDA E MARIA DOLORES (Ideal) e, o primeiro ANTOLOGIA DA ESPIRITUALIDADE(feb), onde encontra-se a primeira produção pelo médium Chico Xavier, psicografada no dia do seu reencontro, onde, além de  uma autocrítica, Maria Dolores oferece excelente material para reflexões. O título, ANSEIO DE AMOR, onde ela conta: “- Quando me vi, depois da morte, / Em sublime transporte / E reclamei contra a fogueira / Que me havia calcinado a vida inteira / Pela sede de amor... /  Quando aleguei que fora, em toda a estrada, / Folha ao vento, Andorinha esmagada / Sob o trator do sofrimento... /  Quando exaltei a minha dor, / Mágoa de quem amara sempre em vão, / Farta de incompreensão... /  Alguém chegou junto de mim / E disse assim: /   - Maria Dolores, / Você, que vem do mundo / E se diz / Tão cansada e infeliz, / Que notícias me dá do vale fundo / De provação, / Onde a criatura de tanto padecer / Não consegue saber / Se sofre ou não?Você, que diz trazer o seio morto, / Que é que me pode falar / Dos meninos sem pão e sem conforto, / Das mulheres sem lar, / Dos enfermos sozinho / Que a febre e a fome esmagam nos caminhos, / Sem sequer um lençol ou a bênção de uma prece, / Dando graças a Deus quando a morte aparece?!... /  Você, Maria Dolores, / Que afirma haver amado tanto / E que deve ter visto / O sacrifício e o pranto / De quem clama pelo Cristo, / Suplicando o carinho que não tem, / Que é que me pode contar daquelas outras dores, / Daquelas outras aflições / Dos que choram trancados em manicômios e prisões, / Buscando amor, pedindo amor, / Exaustos de tristeza e de amargura, / Como feras na grade, / Morrendo de secura, / De solidão, de angústia e de saudade?!... / ................................. / Bem querer!.... Bem querer!.... / Ai de mim, que nada pude responder! / Que tortura, meu Deus, a verdade no Além!... / Calei-me, envergonhada... / Eu apenas quisera ser amada, / Não amara a ninguém...”