Estima a ONU que seis mil crianças morrem diariamente na Terra, a maioria por causas derivadas da precariedade do saneamento ambiental (falta de água, saneamento básico, fome). A esses sintomas nascidos na visão imediatista dos políticos, em sua maioria sem maiores comprometimentos com o povo pelo qual deveria trabalhar, deve-se acrescer, segundo autoridade espiritual o “infanticídio inconsciente e indireto largamente praticado no mundo, havendo mulheres cujo coração ainda se encontra em plena sombra, mais fêmeas que mães, obcecadas pela ideia do prazer e da posse”. Acrescenta que, “embora haja um programa estruturado na Espiritualidade para as nossas tarefas humanas, pertence-nos a condução dos próprios impulsos dentro delas. Em regra geral, multidões de criaturas cedo se afastam do veículo carnal, atendendo a serviços de socorro e sublimação, mas, em numerosas circunstâncias, a negligência e a irreflexão dos pais são responsáveis pelo fracasso dos filhinhos”. De um ângulo mais abrangente, Allan Kardec ouviu daqueles que o auxiliaram na elaboração d’ O LIVRO DOS ESPIRITOS, questão 199, que “a duração da vida de uma criança pode ser, para o seu Espírito, o complemento de uma vida interrompida antes do termo devido, e sua morte é frequentemente uma prova ou uma expiação para os pais”. A propósito, comentando sobre a dor de pais diante dessas perdas inesperadas, no livro AÇÃO E REAÇÃO, o Instrutor Druso, diz que “as entidades que necessitam de tais lutas expiatórias, são encaminhadas aos corações que se acumpliciaram com elas em delitos lamentáveis, no pretérito distante ou recente, ou, ainda, aos pais que faliram junto dos filhos, em outras épocas, a fim de que aprendam na saudade cruel e na angústia inominável o respeito e o devotamento, a honorabilidade e o carinho que todos devemos na Terra ao instituto da família”. O que acontece, porém com esses Espíritos, em sua maioria, praticamente expulsos da vida física recentemente iniciada? Responde-nos a autora do comentário anterior: “- Antigamente, na Terra, conforme a teologia clássica, supúnhamos que os inocentes, depois da morte, permaneciam recolhidos ao descanso do limbo, sem a glória do Céu e sem o tormento do inferno e, com as novas concepções do Espiritualismo, acreditávamos que o menino reencarnado retomasse, de imediato, a sua personalidade de adulto. Em muitas situações, é o que acontece quando o Espírito já alcançou elevada classe evolutiva”. (...) “Contudo, para a grande maioria das crianças que desencarnam, o caminho não é o mesmo. Por acharem-se relativamente longe do autogoverno, exigem tempo para se renovarem no justo desenvolvimento, período condicionado à ‘aplicação pessoal do aprendiz à aquisição de luz interior, através do próprio aperfeiçoamento moral’. Via Chico Xavier, não só o assunto ganhou conteúdo mais dilatado, como objetivo. Já em NOSSO LAR (feb,1943), encontramos referências a educandário para jovens e crianças. No ENTRE A TERRA E O CÉU (feb,1954), André Luiz ouve explicações de Blandina ( Irma de Castro, ou Meimei em sua última encarnação) sobre o Lar da Bênção, parte de vasto estabelecimento de assistência e educação, com capacidade para atender duas mil crianças, distribuídas em grande conjunto de lares abrigando até doze assistidos, quase todos destinados ao retorno à nossa Dimensão para a reintegração no aprendizado que lhes compete. Indagada, responde ela que possuem até mesmo os cursos primários de alfabetização, salientando que “a inércia opera a coagulação de nossas forças mentais, nos planos mais baixos da vida” e “a evolução, a competência, o aprimoramento e a sublimação resultam do trabalho incessante”. Um manancial de informações do ponto de vista quantitativo desprende-se das centenas de cartas psicografadas pelo médium nas reuniões públicas de Uberaba, entre os anos 70 e 90. Nelas, muitos elementos para reflexões. Numa das escritas por Moacyr Stella aos pais dos quais se separou aos 32 anos, em consequência de um câncer de cabeça, formado recentemente em Medicina, especialização em pediatria, conta que, ultrapassados os difíceis primeiros tempos após sua desencarnação, integrara-se ao serviço em um berçário, que o prendia a duzentos pequeninos, crianças desterradas do lar em que nasceram, que o chamavam de “tio”. “Pequeninos que procuram o papai e a mamãe, vasculhando pavilhão a pavilhão, “chovendo” perguntas sobre ele: - Tio Moacyr, quando meu pai virá buscar-me?; “-quero sair daqui sem esperar mais tempo... e voltar para os meus”; “-onde está Deus que me mandou buscar do colo de mamãe?”; “-eu não quero ficar, quero partir”; “- procure um carro que me leve de volta à casa em que nasci...o meu pai pagará qualquer despesa”., levando Moacyr a dizer à própria mãe: “- Que fazer, senão doar-lhes mais amor?”Há, todavia, interessante livro publicado em 1988, assinado por Cláudia Pinheiro Galasse, desencarnada, seis anos antes, aos 18 de idade. Conta Emmanuel que, “em janeiro de 1987, institui-se entre vinte, das dezenas de institutos educativos de certa região, um concurso para apresentação de um livro, em pequenas dimensões, tão simples quanto possível, para esclarecimento e reconforto dos familiares que choram a perda de crianças no mundo, especialmente os pais. Seria elaborado por professores vinculados às áreas do ensino, devendo contar com simplicidade o cotidiano das crianças desencarnadas, retratando lhes a Vida Espiritual, em traços rápidos. Cinco mentores examinaram os trabalhos de duzentos educadores que compareceram ao certame e, depois de meses, os resultados apontaram a contribuição de Claudia como vencedora”. Contando um pouco sobre ela, diz o Orientador Espiritual que após seu desencarne, em tratamento de recuperação, só em princípios de 1983, conseguiu equilibrar-se à custa de persistente esforço mental. Admitida em 1984, em um dos vários Institutos de apoio à infância no Além, promovida a professora em 1985, realizou notáveis diálogos e palestras, em 1986, destinados à elevação do nível mental dos envolvidos. No livro intitulado ESCOLA NO ALÉM (ideal,1988), Claudia revela dedicar-se com amigas durante o dia a uma espécie de creche onde as crianças são separadas por faixa etária ( no seu caso, de meses até dois anos), sendo substituídas à noite, por mães desencarnadas. Explica serem as crianças enviadas pela Direção Geral, com instruções e avisos referentes a cada uma, que as abrigadas onde trabalha em sua maioria são de São Paulo, que trabalha com mais de cem, aplicando-se programas educativos recebidos semanalmente de Departamento Superior. Disciplina, horários específicos, passeios e hora de recreio fazem parte dessas atividades. Afirma ainda, entre inúmeras informações, não existir nenhuma desamparada e que muitas mães, durante o repouso físico, são levadas a visitar os filhos já domiciliados no Plano Espiritual (ver postagem Sono e Sonhos - Uma Visão Original )
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