Em seu livro CRIAÇÃO IMPERFEITA (ed.record), o físico, professor e escritor brasileiro Marcelo Gleiser, radicado nos Estados Unidos da América do Norte, cita conclusão da Física Quântica abstraída de suas Teorias confirmatórias da existência dos Universos Paralelos – das Cordas, das Supercordas, da Membrana -, segundo a qual “mesmo que as dimensões do espaço sejam imperceptíveis, são elas que determinam a realidade física em que vivemos”. Vivemos, portanto, numa realidade virtual. Começa a ficar clara, a afirmação de Jesus registrada no Evangelho de João, “há muitas moradas na casa de meu Pai” (cap 24:1). Confirma-se a resposta à questão 85 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS revelando que o “mundo espiritual preexiste e sobrevive ao mundo material”. Prova-se o conteúdo da questão 36 da mesma obra esclarecendo que “o vazio absoluto não existe em parte alguma do espaço universal, nada é vazio, sendo o que nos parece vazio ocupado por uma matéria que escapa aos nossos sentidos e instrumentos”, Pelo menos por hora, pois, a avassaladora evolução tecnológica chegará, com certeza, futuramente, ao desenvolvimento de recursos capazes de captar facilmente imagens dessas realidades que pensávamos virtuais, hoje tateadas pela Transcomunicação Instrumental. Séculos antes do Espiritismo, o gênio sueco Emmanuel Swedenborg, acessara uma das múltiplas dimensões que circundam a Terra, conforme descreveu em seus livros. Décadas antes de André Luiz apresentar-nos NOSSO LAR, o pastor presbiteriano inglês George Vale Owen, trouxe para nossa realidade, os depoimentos de sua mãe desencarnada e de algumas outras personalidades representativas de outras esferas, nas mensagens publicadas por conceituado jornal da Inglaterra, posteriormente compiladas no livro A VIDA ALÉM DO VÉU. Através de Chico Xavier, porém fomos levados a conhecer reveladores aspectos de uma cidade espiritual, conduzidos pelo Espírito que se ocultou no pseudônimo André Luiz. Situada, segundo o médium, ao norte da cidade do Rio de Janeiro, nas regiões, para nós da Terra, invisíveis, chamada Nosso Lar, fundada no século 16, por portugueses desencarnados nesta região do Brasil, no princípio, mantinha todas as moradias, ligadas aos núcleos da evolução terrestre, constituindo-se um departamento do Umbral, sabida faixa que envolve o Planeta, “zona obscura, que começa na Crosta terrestre, concentrando tudo que não tem utilidade para a vida superior (...) paisagem, quando não totalmente escura, banhada de luz alvacenta, como que amortalhada em neblina espessa, que os raios do Sol aquecem de muito longe”. No início dos anos 80, o economista Nei da Silva Pinheiro, atuante servidor no movimento espírita do Rio Grande do Sul, abstraiu da obra inicial da série construída por André Luiz, instigante leitura - com base em sua especialidade -, dos aspectos da infraestrutura e gestão da cidade Nosso Lar. Facilitando nossa compreensão e racionalizando sua exposição, montou um esquema expositivo dividido em três partes: Histórico, Estrutura Geográfica / Urbana e Estrutura Organizacional, esta subdividida em três enfoques: político, civil e religioso. No Histórico, do qual falamos há pouco, esclarece ainda o autor espiritual que sua finalidade, visa fundamentalmente, a libertação espiritual pela educação, aprendizado e trabalho, um estágio em nossa caminhada para o Alto, destinado a todos”. Quanto à sua Estrutura Geográfica/Urbana, destaca trecho do Capítulo 7, onde André comenta: “- Deleitava-me, agora contemplando os horizontes vastos, debruçado às janelas espaçosas. Impressionava-me, sobretudo, os aspectos da natureza. Quase tudo, melhorada cópia da Terra. Cores mais harmônicas, substâncias mais delicadas. Forrava-se o solo de vegetação. Grandes árvores, pomares fartos e jardins deliciosos. Desenhavam-se montes coroados de luz, em continuidade à planície onde a Colônia repousava.(...) À pequena distância, alteavam-se graciosos edifícios. Alinhavam-se a espaços regulares, exibindo formas diversas. Nenhum sem flores à entrada. Destacavam-se ainda, algumas casinhas encantadoras, cercadas de muros de heras, onde rosas diferentes desabrochavam, aqui e ali, adornando o verde de cambiantes variados. Aves de plumagem policromas cruzavam os ares, e, de quando em quando, pousavam agrupadas nas torres muito alvas, a se erguerem retilíneas lembrando lírios gigantescos, rumo ao céu. Surpreendido, identificava animais domésticos, entre árvores frondosas”. No capítulo 8, sobre a Estrutura Urbana, descreve: “- Impressionou-me o espetáculo das ruas. Vastas avenidas, enfeitadas de árvores frondosas. Ar puro, atmosfera de profunda tranquilidade espiritual”. Analisando os três ângulos da Estrutura Organizacional, o economista explica: “- A infraestrutura Política é integrada pelo que poderíamos chamar de órgãos diretivos ( atividades meio) e executivos (atividades fins), responsáveis pela Alta Administração, o Governo da Colônia; a infraestrutura Civil se subdivide em atividades de ordem: Social, Econômica, Cultural, Educacional, Científica e Artística: a infraestrutura Religiosa se desdobra em atividades Filosófico- Doutrinárias”. Destaca o pesquisador que, “os problemas administrativos propriamente e os problemas espirituais não são atividades estanques ou dissociadas como se verifica na Terra, sobrelevando em importância os espirituais sobre os administrativos, considerando que a administração, organicamente entendida, é uma atividade meio, e a vivência espiritual é uma atividade fim, de importância fundamental”. A direção da Colônia cabe a uma Governadoria coadjuvada por seis Ministérios – da Regeneração, do Auxílio, da Comunicação, do Esclarecimento, da Elevação e da União Divina -, orientados, cada um, por doze Ministros, num total de setenta e dois, que compõe o estafe direto do Governador, trabalhando em irrepreensível coordenação e sintonia. Destaca André que “nenhuma condição de destaque é concedida a título de favor”, a Lei do Mérito a determina. Colaborando nos trabalhos administrativos da Governadoria, servem três mil funcionários. A chamada iniciativa privada como conhecida na nossa dimensão, não existe, mas sim, uma organização de Estado, exercendo a ação administrativa, com ordem, hierarquia e competência, através de uma infraestrutura organizacional que compreende – escolas, universidades, templos (não igrejas dogmáticas), hospitais , câmaras de retificações, gabinetes transformatórios, repartições públicas, serviços de água, de comunicação, de transporte, fábricas, habitações, prédios públicos, áreas de lazer, logradouros, vias públicas, praças, jardins, bosques, rios, prados, espaço rural com seu componente agrícola e zoológico. A Lei do trabalho é rigorosamente cumprido e vivido como fator propulsivo nesse contexto. A semana de trabalho é de 48 horas no mínimo, podendo atingir, conforme as circunstâncias, até 72 horas, representando uma jornada de 8 a 12 horas, na hipótese da semana de 6 dias, com um para descanso e lazer, num total de 7 dias, como na Terra. A jornada de 12 horas ocorre apenas nos casos especiais, como, por exemplo, nos serviços sacrificiais, cuja remuneração é duplicada e até triplicada. Toda família trabalha, exceto os convalescentes. Não querer trabalhar é considerado enfermidade. O trabalho é visto como remédio certeiro às enfermidades da alma e elemento propulsor nos caminhos da evolução. O estudo apresentado no ANUÁRIO ESPÌRITA 82 (ide), avança na direção de outras interessantíssimas minudências, sobre as quais voltaremos a tratar em futura postagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário