Nas cartas de mais de quinhentos autores recebidas mediúnicamente por Chico Xavier, preservadas em mais de 60 livros, são reveladas informações muito interessantes e curiosas sobre a vida no chamado Plano Espiritual. Várias delas dizem respeito aos veículos ali existentes. Na da senhora Laura Maria Machado Pinto, por exemplo, relatando o trágico acidente ocorrido em 22 de julho de 1982, em que ela, duas filhas, uma amiga e o pai desta foram vítimas, ela diz: “-Gritos e lamentações surgiram, próximo de nós, no entanto, as ambulâncias que não conhecíamos nos recolheram com pressa”, acrescentando mais adiante: “- Ambas as máquinas socorristas que nos amparavam se colocaram em movimento”. Em outra, escrita por Ari Ribeiro Valadão, filho do então Governador do Estado de Goiás, quatro meses depois de sua morte, em 1981, aos 30 anos, após quase um mês de hospitalização e sofrimentos inenarráveis atravessados em estado de coma pelas profundas queimaduras resultantes da queda, explosão e incêndio do avião de pequeno porte em que viajava com um amigo e o piloto na direção do, hoje, Estado de Tocantins, ele conta: “- Adentrou o quarto do Hospital em que estava internado um amigo que, sem que pudesse resistir o guiou até um local em que encontrou um avião, misto de Bonanza e helicóptero com feição de uma grande borboleta, onde um senhor e uma senhora que admitiu fossem seus novos enfermeiros, o aguardavam (...). O desconhecido tomou a direção e saímos, na vertical, à maneira de um helicóptero, para mim desconhecido. Respirava a longos haustos, o ar muito leve e puro de cima (...). A máquina pousou suavemente no solo e reconheci o relvado (...). O Sol aparecera”. Celso Maeda empresário também desencarnado em acidente de avião, tema da postagem RESPONDA VOCÊ, deste BLOG, na carta que escreveu aos familiares através de Chico Xavier, rememorando a pronto atendimento após a dramática queda da aeronave, conta: “Em seguida, conduzidos nos braços dos queridos avós, não sei ainda por quais processos, fomos transportados por outro avião mais complexo até um abrigo hospitalar que nos recebeu com espírito de inesperada beneficência, onde estamos até hoje em reajustamento”. Tais revelações não são propriamente novidade, pois o médico conhecido como André Luiz, autor da série de livros conhecida como NOSSO LAR, ao ser conduzido para o primeiro passeio pela cidade espiritual de que se tornara habitante após sua passagem pela região purgatorial por ele chamada Umbral, desloca-se num veículo de transporte coletivo, chamado aerobus que o filme produzido sobre a obra recriou nas telas. Segundo sua descrição, tratava-se de um carro aéreo, com formato funicular, parecido - segundo imaginamos com as atuais composições dos metrôs das grandes cidades brasileiras. Suspenso do solo a uma altura de 5 metros, mais ou menos, circulava repleto de passageiros, recolhidos ou liberados descendo até o solo, à maneira de um elevador terrestre. Constituído de material flexível, tinha enorme cumprimento, parecendo ligado a fios invisíveis, em virtude do grande número de antenas no exterior de seu teto (...). Recinto confortavel, deslocava-se em velocidade tão alta que não era possível fixar detalhes das construções escalonadas no extenso percurso”. N’ OS MENSAGEIROS, no capítulo 19, o personagem Alfredo diz: “ -Poderão utilizar meu carro até a zona que se torna possível. Fornecerei condutor adestrado e ganharão muito tempo com a medida”. Referindo-se ao veículo no capítulo 33, André comenta: “Ser-me-ia muito difícil descrever a pequena máquina que mais se assemelhava a pequeno automóvel de asas a deslocar-se impulsionado por fluidos elétricos acumulados”, acrescentando mais adiante que “o aparelho nos conduziu por enormes distâncias, sempre no ar, mas conservando-se a reduzida altura do solo”. Em AÇÃO E REAÇÃO, menciona no capítulo 4: “Viajavam com simplicidade, sem carros de estilo, apenas conduzindo o material indispensável à locomoção no pesado ambiente das sombras”. No último trabalho transmitido por ele através de Chico Xavier, E A VIDA CONTINUA, André Luiz, no capítulo 7, reproduz explicações sobre a Colônia em torno da qual giram os relatos da trama, situada, segundo o médium ao norte da cidade da Santos, litoral paulista. Diz o Instrutor Espiritual: “- Estamos rodeados por vida citadina, muito intensa. Residências, escolas, instituições, templos, indústrias, veículos, entretenimentos públicos (...). Isso aqui é uma cidade relativamente grande”. No capítulo 13: “- Pela primeira vez, enxergaram nos céus máquinas voadoras que se dirigiam da cidade para o território sombrio, semelhantes a grandes borboletas silenciosas, refletindo o Sol que lhes punha à mostra asas”. No capítulo 18: “- O veículo pousou rente à Via Anchieta, no ponto em que a estrada se bifurca, descerrando caminho para São Bernardo”. No capítulo 21: “- A aflição de ambos se viram atenuadas com a vinda do carro voador, que se transportara da Via Anchieta à praia do Mar Casado, no Guarujá, onde se achavam, a fim de conduzi-los a São Paulo” e, mais à frente, “no dia seguinte, em condução regular da cidade espiritual para o mundo físico, os dois amigos atingiram São Paulo” e, no capítulo 26, “à noite, pequena carruagem voadora, em forma de estrela irisada, depunha Fantini e a companheira na cidade que lhes servia de residência”. Como se vê, a morte não opera transformações miraculosas na existência de cada um de nós. Resume-se apenas à mudança de nível vibratório ou de dimensão.
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quinta-feira, 30 de agosto de 2012
terça-feira, 28 de agosto de 2012
Chico Xavier, a Índia e a Reencarnação
“- Em 1933, eu já tinha o primeiro livro publicado. Numa noite, eu me senti fora do corpo e me levaram a um lugar que disseram ser no Himalaia. Havia a paisagem, um lago. Em torno dali, vinte Espíritos muito iluminados. Eu não cheguei a falar com eles, mas estive próximo. Deram-me então, como se fosse, um banho de forças. De suas cabeças, saia um facho de luz, que parecia, como se fosse, uma mensagem para o mundo. E o Espírito de Emmanuel nos disse que aquela mensagem, cada criatura que a recebia traduzia conforme o grau de cultura espiritual. Falaram também sobre as dificuldades que o Tibete enfrentaria. A região toda passaria por muitas transformações”. O depoimento faz parte do recém-lançado CHICO XAVIER – LUZ EM NOSSAS VIDAS (ceu), organizado por Nena Galves e pertence a Chico Xavier, tendo sido feito em encontro havido em São Paulo, reunindo ele e estudiosos, numa recepção ao professor e pesquisador Hemendra Nath Banerjee, catedrático da Universidade de Jaipur, na Índia, no ano de 1971. A autora, em cuja residência o momento histórico se gravou para todo o sempre, lembra que Chico relatou vários desdobramentos ocorridos com ele, descrevendo minuciosamente o local onde o evento inicialmente descrito se deu, maravilhando o cientista, pois conhecia o local - nunca visitado por Chico em corpo físico -, dizendo tratar-se de uma reunião fechada, à qual só tem acesso pessoas autorizadas, pertencentes a grupo de sábios hindus. Outras coisas interessantes resultaram da reunião. Chico disse que na cidade onde residia criava-se gado indiano, revelando que em meados do século 19, alguns criadores da região sentiam tanta atração pela Índia, que foram até lá buscar o gado. Os Espíritos disseram que isso se deu porque eles eram hindus reencarnados, acrescentando que na região uberabense, o Sol bate com o mesmo grau de calor que em algumas regiões da Índia. A conversa, como não poderia deixar de ser centrou-se também no tema reencarnação e Chico fez comentários interessantes. Disse que “a Espiritualidade acha as pesquisas sobre a reencarnação do maior alcance, pois, quando se positivar, vai alterar a psicologia, a psiquiatria, a analise.O mundo precisa da ideia da reencarnação. Os Espíritos estão juntos com todos os grupos que estudam o tema”. Sobre procedimentos medicamentosos utilizados fartamente nos tratamentos psiquiátricos, afirmou: “- Sinceramente não acreditamos que dopar alguém seja curar. Quando estudarem o problema da libido e as vinculações do ódio, as aversões congênitas, na base da reencarnação, a psiquiatria certamente irá mudar. Freud viu, vamos dizer, o problema sexual nos primeiros tempos do reencarnado, mas sem a reencarnação, nós não podemos resolver. Freud mudou algumas de suas concepções no decurso da vida, mas não tanto quanto era preciso”. Noutro trecho do diálogo entre os participantes, incluído na obra de Carlos A. Baccelli, CHICO XAVIER: MEDIUNIDADE E PAZ (Didier) Chico considerou “como seria importante estudar a reencarnação com a Lei de Causa e Efeito para que, sabendo que o fogo queima e traz dor, eu não pusesse a mão no fogo”. Ponderando sobre o caso citado por Banerjee, de uma criança acometida pela doença de Cushing – crianças normais em outras áreas que não tem o menor sentimento por quem quer que seja, inclusive seus pais -, Chico disse que “se uma pessoa nasce ausente da realidade objetiva, este alheamento foi produzido por um ato pelo próprio dono do corpo. Por exemplo: se eu der um tiro na minha cabeça, perturbo determinada estrutura do corpo espiritual, chegando ao Além, como uma pessoa retardada, estando fora da realidade lá. Volto para o renascimento, trazendo as consequências no cérebro. Se dei um tiro no coração, chego lá também com os fenômenos correlacionados com isso, mas, quando volto, estou também com o coração exposto por cardiopatia congênita natural. Se uma pessoa vem fora da realidade sem uma causa, então não haveria justiça na vida. Ela está como vítima precisando da mão de todo mundo. O corpo faz o papel de mata-borrão, como a tinta, o corpo absorve para que a gente possa se recuperar. A mesma coisa, por exemplo, se atiro no crâneo de um inimigo, chego no outro mundo, ele me perdoa, mas guardo a culpa, volto, também retardado, porque viciei os centros cerebrais, porque senão não há justiça(...). O melhor e o pior juiz para nós, somos nós mesmos. Jesus disse “que chegará o tempo em que ninguém precisará adorar a Deus, nem aqui nem ali, porque o Reino de Deus está dentro do homem”. Falando ainda dessa relação de Chico com a Índia, o Dr Romulo Joviano seu chefe na Fazenda Modelo, em Pedro Leopoldo, contou ao professor Clóvis Tavares, conforme relatado na obra TRINTA ANOS COM CHICO XAVIER (ide) que, certa vez, “em visita a uma parenta sua residente em Barbacena, MG, a escritora Maria Lacerda de Moura, assistindo uma reunião de estudos orientalistas, após esta ter escrito no quadro-negro algumas palavras em português, possivelmente um “mantra”, para meditação dos presentes, Chico recebe, através da psicofonia sonambúlica, uma mensagem em idioma hindu, havendo a entidade comunicante, conduzido o médium até o mesmo quadro-negro, traçando diversas expressões ininteligíveis para os presentes, posteriormente reconhecidas como mantras grafados em caracteres sânscritos”. Cezar Carneiro de Souza que durante vários anos conviveu com Chico em Uberaba, onde também residia, conta no livro VALIOSOS ENSINAMENTOS COM CHICO XAVIER (ide), que estando em Araguari, em abril de 1973, no dia seguinte ao recebimento do Titulo de Cidadão Honorário daquela cidade mineira, testemunhou breve diálogo entre Chico e o Martins Peralva, amigo ligado à União Espírita Mineira, no qual o conhecido autor de ESTUDANDO A MEDIUNIDADE(feb), informava haver lido o livro de autor oriental que lhe recomendara, discordando, contudo, de certo ponto que, no seu entendimento contradizia a Doutrina Espírita. Calmo e com a segurança de quem sabe o que fala, Chico respondeu para Peralva e os que acompanhavam a conversa: “-Olha, gente, vou dizer a vocês: existem revelações da Espiritualidade Superior que surgiram no Oriente e que, por enquanto, não podem ser transmitidas para o Ocidente. Não se assustem mas é isso mesmo”.
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
Unindo os Pontos na Busca do Conhecimento de Nós Mesmos
Estudando os comportamentos da criatura humana, na verdade estamos diante de efeitos resultantes das ações e reações do mesmo no relacionamento de si para consigo, para com a família e para com a sociedade. Sendo verdadeiro tal raciocínio, onde estaria a origem desse processo? Como se elaboraria? Apesar de compreendermos quanto estamos longe do entendimento pleno, até porque cada criatura se encontra num nível evolutivo, não existindo uma igual a outra – assim como as impressões digitais –, o Espiritismo nos oferece sinais importantes nessa busca. Um deles pelo respeitado filósofo Léon Denis na síntese: “o princípio inteligente dorme no mineral, sonha no vegetal, agita-se no animal e desperta no homem”. Milhões de anos são consumidos nessa caminhada que propicia o despertar da consciência, em etapas que vão ativando rudimentos da memória (fase mineral); sensibilidade (fase vegetal); instinto, “uma espécie de inteligência”, como explica O LIVRO DOS ESPIRITIOS (fase animal irracional); inteligência (animal racional, ou seja, o homem). Alcançando essa etapa, revela-nos O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, “no seu ponto de partida, o homem só tem instintos; mais avançado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado, tem sentimentos; e o amor é o requinte do sentimento”. Essa busca resulta da dinâmica sintetizada na inscrição aposta no tumulo – ironicamente o apologista da sobrevivência à morte - de Allan Kardec: “- Nascer, viver, morrer; renascer ainda; progredir sempre, tal é a Lei”. O meio utilizado pelo princípio inteligente convertido em Espírito, são o períspirito (ou corpo espiritual) e o corpo físico. O laboratório, os diferentes Planos existenciais: o Espiritual e o Material. Em meados do século 20, através do médium Chico Xavier, começaram a surgir os livros assinados pelo Espírito André Luiz que nos apresentam uma visão objetiva de uma colônia espiritual existente numa das múltiplas dimensões da realidade extrafísica. Para os que percorrem as páginas dos livros que começam com NOSSO LAR, uma verdadeira viajem em que se vai percebendo como o chamado Além guarda incrível semelhança com nossa realidade, bem como, a interação intensa entre seus habitantes e nós, induzindo-nos, muitas vezes, a atitudes que, depois de assumidas, acabam nos surpreendendo. Olhar atento sobre seus conteúdos possibilita abstrair informações capazes de nos permitir a formulação de um esquema que dá ideia de como o Espírito se mostra após sucessivas experiências no extraordinário laboratório da Criação. N’ OS MENSAGEIROS (feb), por exemplo, diz: “- A mente humana, ainda que indefinível pela conceituação limitada da Terra, é o centro de toda manifestação vital do Planeta”. No EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS (feb), outras duas informações para analisarmos: 1 – “- Os conceitos de mente e Espírito são equivalentes” e 2 – “O cérebro é o órgão de manifestação da mente em trânsito da animalidade primitiva para a espiritualidade humana”. Na mesma obra, encontramos outra revelação importante, por sinal já citada em outra postagem: “- O princípio inteligente gastou, desde o vírus e as bactérias das primeiras horas do protoplasma na Terra, mais ou menos 15 milhões de séculos, a fim de que pudesse como Ser pensante, embora em fase embrionária da razão, lançar as suas primeiras emissões do pensamento contínuo para os Espaços Cósmicos”. Perseguindo a meta do “conhece-te a si mesmo”, com André Luiz, entendemos que após o acesso à capacidade do pensamento contínuo, vários atributos embrionariamente ativados no Princípio Inteligente, ao longo das Eras, começam a se ampliar, não sequente, mas, concomitantemente, funcionando sincronicamente. O primeiro a MEMÓRIA, dito na obra dos conceitos anteriores: “- O continuísmo da ideia consciente, acende a luz da memória sobre o pedestal do automatismo”. Sobre esse atributo, no ENTRE A TERRA E O CÉU (feb), encontramos: 1)“- A memória é um disco vivo e milagroso. Fotografa as imagens de nossas ações e recolhe o som de quanto falamos e ouvimos. Por intermédio dela somos condenados ou absolvidos dentro de nós mesmos”; 2) “- A memória é um prodigiosos arquivo de imagens que, em se superpondo umas às outras, jamais se confundem” e 3) “- A memória pode ser comparada à placa sensível que, ao influxo da luz, guarda para sempre as imagens recolhidas pelo Espírito, no curso de seus inumeráveis aprendizados dentro da vida”. Chama a atenção a semelhança deste processo com o da gravação dos CDs, desenvolvida décadas depois da publicação do livro, com a evolução tecnológica de tudo que é digital. Outro atributo: INTELIGÊNCIA. Explica o Instrutor Espiritual que “- o reflexo precede o instinto, o instinto precede a atividade refletida que é a base da inteligência nos depósitos do conhecimento adquirido por recapitulação e transmissão incessantes nos milhares de milênios, em que o princípio espiritual atravessa lentamente os círculos elementares da natureza, qual vaso vivo, de forma em forma, até configurar-se no indivíduo humano”. “No círculo humano, a inteligência é seguida pela razão e a razão pela responsabilidade”. O próximo é a CONSCIÊNCIA como mostra André Luiz: “- Incorporando a responsabilidade, a consciência vibra desperta e, pela consciência desperta, os princípios de ação e reação, funcionam exatos, dentro do próprio Ser, assegurando-lhe a liberdade de escolha e impondo-lhe, mecanicamente, os resultados respectivos, tanto na Esfera Física, quanto no Mundo Espiritual”. Acrescenta ainda que “a consciência é um núcleo de forças em torno da qual gravitam os bens ou males gerados por ela mesma” e “trazemos na própria consciência o arquivo indelével de nossos atos”. Depois, a VONTADE, explicada como “força instintiva que, através do desenvolvimento da consciência e, portanto, da razão e do conhecimento, vai se convertendo de vontade inconsciente de poder em poder consciente da vontade da qual se valerá para a construção do seu destino de luz, por sua própria opção”. Por fim, o LIVRE-ARBÍTRIO, que como a Espiritualidade Superior explicou a Allan Kardec na questão 122 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, “se desenvolve a medida que o Espírito adquire consciência”, acrescentando na 843, “tendo a liberdade de pensar, o Espírito tem a de agir. Sem o livre-arbítrio, seria uma máquina”. No E A VIDA CONTINUA (feb), André Luiz nos repassa que “o livre-arbítrio, na esfera da consciência, permanece vivo e intocado, porquanto em quaisquer posições, a criatura encarnada é independente para escolher os próprios rumos, no entanto, as demais potências da alma, no período da encarnação, jazem orientadas na direção desse ou aquele trabalho, segundo os propósitos que tenha assumido ou que tenha sido constrangida a assumir”.
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Inesperada e Surpreendente Revelação
A madrugada avançava para os clarões da manhã de 25 de agosto de 1985, na cidade de Cuiaba, Mato Grosso, quando os amigos Fabio Mario Henry e Albano, resolveram deixar a balada em que se encontravam em casa noturna da capital mato-grossense para retornar a suas moradias. Ao saírem do recinto, contudo, foram seguidos por outro dos participantes da noitada, que, por algum mal entendido, vinha cobrar satisfações, detendo os rapazes, bastante alterado. Ante a reação de espanto de ambos e da discussão que se iniciou, o provocador sacou um revolver, desferindo vários disparos, um dos quais atingiu Fábio, enquanto Albano pôs-se a correr na tentativa de se proteger. A confusão atraiu várias pessoas que detiveram o agressor. O projetil recebido por Fábio, contudo, determinou sua morte física, apesar das frustradas tentativas de socorro mobilizadas. Perplexidade, revolta, dor, inconformação não envolveram apenas os pais e os três irmãos, mas todos os amigos de Fábio que cursava o quarto ano de Agronomia na Universidade Federal do Mato Grosso, cuja diretoria, pelo excelente desempenho nos estudos, conferiu-lhe simbolicamente o diploma do curso que estava a poucos meses de concluir. Família de convicções espíritas, doze dias após o ocorrido, seus pais estavam em Uberaba (MG), a procura de algum conforto, ouvindo do médium que as duas avós, materna e paterna, havia recebido Fábio na sua passagem para o Plano Espiritual, tendo-o sob seus cuidados no natural processo de recuperação e readaptação à vida de onde saíra vinte e três anos antes, notícia que lhes tranquilizou um pouco, amenizando a terrível sensação de perda. Outras visitas houve, resultando em pequenos recados, até que, dois dias antes de completar-se o primeiro ano de sua partida, na reunião da noite/madrugada de 23 de agosto de 1986, perante numeroso publico, Chico psicografou, entre outras, a carta de Fábio. Esclarecedora e confortadora, a mensagem devolvia-lhes a certeza de que o amado filho não morrera, apenas mudara de Dimensão existencial. Logo no começo, Fabio diz: “- Mãezinha Hortência, todas as nossas provações já passaram. Aquele projetil acidental que me arredou da vida física se transformou em bisturi de benemerência, que me devolveu a harmonia e saúde ao coração. Compareço aqui com o avô Pedro, o nosso Pietro”. Algumas pessoas podem estranhar a aparente naturalidade e rapidez com que Fábio superou sua compulsória transferência de Plano existencial. Chico explicava que tal reação pode ser entendida pelo fato dele não ser leigo nestas questões de sobrevivência, já que o tema espiritualidade sob a ótica do Espiritismo era objeto de conversas entre os familiares a que se vinculava. A referência ao familiar desencarnado cujo nome Chico desconhecia é outro dado interessante e recorrente em várias cartas por ele psicografadas, autenticando de certa forma a veracidade da manifestação mediúnica. Mais à frente, Fábio demonstra estar ciente da reação de seus irmãos e pais quanto à atitude do inseparável amigo Albano que fugiu do local em meio ao tiroteio, sem esboçar defesa ou prestar socorro a ele, como observamos neste trecho: “-Não permita que meus irmãos lhe julguem o comportamento com desacerto, porque o nosso prezado Albano não podia e nem devia permanecer no mesmo lugar em que caí para não mais levantar. Não hospede ressentimento em seu coração. Mãe, você foi sempre o perdão e o entendimento para nós, os seus filhos. Não se admita ressentida com um amigo que para mim foi sempre um irmão”. Chico Xavier costumava dizer que a Justiça Divina é infalível, buscando o infrator nos mais inesperados locais e momentos para que as sentenças lavradas por nós contra nós mesmos, sejam cumpridas. O caso de Fábio, por isso mesmo, não poderia ser exceção. Os momentos de alegria fruídos por ele e pelo amigo, na verdade, prenunciavam o término da expiação criada em existência anterior. Exatamente por isso a revolta, ante os irremediáveis e surpreendentes acontecimentos com os quais nos defrontamos nos caminhos da vida, não se justificam. Nada é por acaso. Mas, o mais surpreendente da carta de Fábio, viria a seguir. Após citar a vovó Rosina que também estava ao seu lado enquanto escrevia, revela: “- Posso dizer-lhe, com permissão dos nossos Mentores da minha vida nova, que o bisavô Evaristo que atirou sobre o próprio peito, suicidando-se na Itália, sou eu mesmo, que tive agora o coração aniquilado por um tiro acidental”. A inesperada informação resgatou entre os familiares e descendentes radicados no Brasil, o triste e lamentável episódio que marcou em 1920, a história pregressa da família quando as ancestrais ainda viviam na cidade de Lucca, no início do século 20. Lá, o bisavô paterno Evaristo Henry, nascido em 9 de fevereiro de 1871, engenheiro ferroviário, funcionário do governo italiano, suicidou em 8 de fevereiro de 1920, com um tiro no coração. Mais à frente, Fábio comenta o lado positivo do aparente infortúnio que o atingiu: “- Já conquistamos algum progresso segundo as Leis de Deus. Na posição do chamado Nono Evaristo, despedacei o meu peito com um projetil, no suicídio, e resgatei minha dívida fora das sombras da autodestruição, porque o tiro não partiu de mim contra mim mesmo e sim de um desconhecido, que fora das condições normais, já se encontrava embriagado naquela madrugada de 25 de agosto, desfechou um tiro contra mim, sem a intenção de acertar-me”. Como afirmava Chico, ocorrências como esta nos ajudam a entender a razão de tantas mortes aparentemente precoces: são Espíritos que deixaram de concluir o tempo previsto para programas que os fizeram reencarnar em existências passadas e voltam para viver exatamente o numero de anos que faltou para concluí-los”.
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
Quem Foi (4) - (a primeira mensagem)
“O grande poeta humorista visitou-nos em diversas ocasiões, em Pedro Leopoldo, e habitualmente profetizava que me daria notícias depois da morte. Quando o vi, pela derradeira vez, neste mundo, em 1945, estava abatido, fatigado... Informou-me que não se sentia longe da desencarnação e que eu lhe aguardasse em Espírito. Depois de desencarnado, lembrava-me habitualmente dele, em minhas orações”. O depoimento está em NO MUNDO DE CHICO XAVIER (ide) falando sobre Cornélio Pires, entidade Espiritual muito presente nas tarefas desenvolvidas pelo médium, sobretudo a partir dos anos 60, até seus derradeiros dias em nossa Dimensão. Trovas, quadras, versos, sonetos, foram traços marcantes dessa participação que resultou inclusive na publicação de livros cujo conteúdo reúne produções dele. Cornélio Pires, em sua existência encerrada em fevereiro de 1958 e iniciada 73 anos antes na cidade de Tietê (SP), foi um dos precursores das pesquisas e divulgação do folclore brasileiro, sobretudo nos Estados de São Paulo e parte de Minas Gerais. Embora poucos saibam é autor da letra de “Jorginho do Sertão”, a primeira moda caipira – hoje, música de raiz - gravada no Brasil, em outubro de 1929, pela Columbia. Publicou 23 livros, o primeiro dos quais em 1910. De modestas atividades no jornal “O Comércio de São Paulo”, após passar por vários outros veículos, foi revisor de “O Estado de São Paulo”, encerrando sua carreira n’ “O Pirralho”. A bondade foi o traço característico de sua individualidade, sublinhada com o desprendimento material. Alma simples, coração maior que o corpo, vivia sempre preocupado com a felicidade dos outros. Coração aberto, sempre pronto a servir a todos que dele se aproximassem. Impressionava pelo calor humano que inspirava. Nunca negou nada a ninguém. Seu jeito, sua fala mansa, sua fisionomia bonacheirona, revelavam bondade, irradiavam simpatia, infundiam confiança. Influenciado por uma tia protestante, leu os Evangelhos, e, mesmo não tendo lhes alcançado o espírito, ficou encantado com os ensinamentos de Jesus. Preso, porém, à ‘letra’, começou a encontrar contradições nas escrituras. Em suas andanças pelo interior apresentando seus shows de piadas, trovas e versos, fenômenos inusitados começaram a intriga-lo e desafiá-lo, até que, vencendo o preconceito, comprou algumas obras espíritas, entre as quais NO INVISÍVEL (feb), de Léon Denis. Um dia, superando o medo, pegou e abriu ao acaso um exemplar d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, lendo uma frase que o motivou a comprar e ler outras obras de Kardec e outros autores consagrados. Numa de suas passagens por Uberlândia (MG), teve a felicidade de conversar através de um médium com o Espírito Bezerra de Menezes que adivinhando-lhe dúvidas intimamente acalentadas, as dissipa com argumentos lógicos. Converteu-se, passando a divulgar a Doutrina Espírita onde quer que se apresentasse. Assim, em meio aos livros preservando a memória caipira de nosso país, anedotas, aventuras de Joaquim Bentinho - personagem roceiro por ele criado -, publica em 1944, COISAS D’OUTRO MUNDO e, em 1947, ONDE ESTÁ Ó MORTE? encerrando exclusivamente assuntos de Espiritismo. Naquilo que escreveu através de Chico, fica evidente a preocupação em demonstrar a realidade da reencarnação, e, em segundo plano, o continuísmo da vida após o túmulo, as sensações experimentadas pelos Espíritos, felizes ou menos felizes, após a travessia das barreiras da morte, quase sempre fazendo rir ou pensar”, como mostrado pelo médico Elias Barbosa, no estudo crítico que resultou na obra ‘O ESPÍRITO DE CORNÉLIO PIRES (feb,1965). Testemunhando interessante experiência vivida nos tempos em que era delegado de policia na cidade de Aguas da Prata (SP), o escritor espírita Rafael Ranieri conta em CHICO XAVIER E OS GRANDES GÊNIOS que, “certa vez, através do dono do hotel em que residia, inteirou-se que Cornélio Pires, então uma celebridade, proferiria naquela noite uma conferência na cidade. Pensou que seria no salão de cinema ali existente, contudo, lá chegando descobriu estar programado um filme. Informado pelo porteiro que a apresentação seria na praça em frente ao hotel, para lá se dirigiu, não vendo ninguém a não ser um homem – cara cheia, redonda, paletó e gravata -, lendo um jornal debaixo do poste central, por sinal, mal iluminado. Mais ninguém. Pois não era outro senão Cornélio Pires. Puxando conversa, se apresentando, soube que ali estava em transito, vindo Minas, seguindo para a capital paulista no dia seguinte. Pediu licença, meio sem graça, afastou-se, comentando com soldado que o acompanhava, achar difícil haver conferência sem público nenhum. “O tal orador deve ser doido!”, pensou consigo mesmo. De repente, passou distraidamente um caboclo pelo Cornélio. Mais à frente, parecendo surpreendido, deu pela coisa e voltou alegre. “-Oh, seu Cornélio! O senhor aqui? Há quanto tempo não via o senhor, disse, abrindo um grande sorriso de satisfação. Trocaram algumas palavras e Cornélio falou-lhe: “-Lembra-se daquela?”, começando a contar para o caipira uma piada muito antiga. No entanto, nos lábios do Cornélio Pires a piada ganhava nova expressão, vestia-se de colorido e de graça e o caipira ria a não mais poder. Também rimos, meio sem jeito, ficando a observá-lo de longe. Logo apareceu o guarda-chaves da Estação de trem e dizendo, “-Soube agora que o senhor estava aqui e vim”. Pouco a pouco, o grupo foi aumentando e o Cornélio ia contando suas histórias, suas anedotas, fazendo suas graças, de modo que às oito horas, horário marcado para a conferência, já havia uma enorme multidão na pequena praça. Assombrado, pasmo, vi que aquele homem que chegara de repente, não anunciara conferência alguma, limitando-se a ir para o meio da rua ler jornal, já podia iniciar sua palestra porque, com um sorriso nos lábios e algumas piadas, organizara em pouco tempo o mais simpático auditório do mundo. Nunca havíamos visto nada igual. Aquele era Cornélio Pires”. Concluindo o relato com que iniciamos esta postagem, Chico Xavier acrescenta: “- Anos passaram, até que numa reunião pública na cidade de Sacramento (MG), no Lar de Eurípides, ele surgiu diante de mim e escreveu o primeiro dos seus sonetos mediúnicos por meu intermédio: DESPEDIDA DE VITAL / Lua cheia...Na choça a que se apega, / Morre Vital, velhinho, olhando o morro... / Por prece, escuta a arenga do cachorro, / Ganindo nas touceiras da macega. / Pobre amigo!...Agoniza sem socorro, / Chora lembrando o milho na moega.../ Oitenta anos de lágrimas carrega / Na carcaça jogada ao chão sem forro. / Suando, enxerga um moço na soleira. / -“Eu sou leproso...” – avisa em voz rasteira, / Mas diz o moço, envolto em luz dourada: / -“Vital, eu sou Jesus! Venha comigo!...” / E o velho sai das chagas de mendigo / Para um carro de estrelas da alvorada.
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
A Lei Que Funciona, Corrigindo Injustiças
O livre-arbítrio, atributo que se amplia à medida que o Espírito adquire consciência de si mesmo, continua lançando na esteira do tempo, felicidade ou infortúnio. Exceção, naturalmente dos que, por terem exagerado na aplicação dessa prerrogativa, ressurgem nas diferentes dimensões compreendidas pela vida na Terra, ostentando limitações físicas ou mentais. E, como acentua Allan Kardec, no passivo da individualidade, da família, da sociedade, nas suas diferentes formas de manifestação - grupos raciais, países, Humanidade planetária - a raiz dos fatores causais interpretados como dor, sofrimento, provação. Temos uma visão de curto prazo, desconsiderando, por conveniente desconhecimento, o antes ou o depois. Um século de nosso tempo, como objetivamente responderam a Kardec na questão 738 d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, é um relâmpago na Eternidade. Casualmente assisti recentemente um documentário exibido pela TV SESC intitulado “Tocantins Afogado” (está no Youtube), produzido em 2005, mostrando o impacto das inúmeras usinas hidrelétricas construídas ao longo do importante Rio do Centro-Oeste, especialmente o descaso dos responsáveis pela contratação das diversas obras em relação aos habitantes das regiões alagadas. Independentemente das possíveis elocubrações que possamos fazer considerando os princípios da Lei de Causa e Efeito que coloca o infrator sempre diante da necessária expiação considerando abusos cometidos nas múltiplas encarnações que experimentamos na rota da evolução espiritual, o fato é que o poder e seu abuso continuam a gerar infortúnio onde se manifestam. As Leis vigentes em nossa Dimensão podem até ser bem formuladas; sua aplicação, contudo, nem tanto. Diversos interesses – geralmente econômicos - se interpõem à sua execução. A Lei que regula nosso retorno a essa realidade transitória, porém, funciona, exata e inexoravelmente. De forma coerente, perfeitamente ajustada à variável tempo. Isso é o que depreendemos dos dois exemplos localizados na obra construída através de Chico Xavier. O primeiro é um daqueles casos que só o conhecimento das informações disseminadas pelo Espiritismo pode ajudar a entender, considerando que nos grandes acontecimentos enfrentados em nossas vidas, ocultam-se necessárias experiências reparatórias originadas em ações assumidas nas vidas remotas ou recentes. Envolve um jovem, Claudio Rogério Alves Nascimento, desencarnado aos 22 anos de uma forma inusitada, no dia 15 de fevereiro de 1980. Filho de importante empresário do ramo da mineração oriundo do Acre, o rapaz atuava na empresa paterna. No dia em que sua vida em nossa dimensão se interrompeu, em retornando de atividades externas, se deteve por instantes na sala do cunhado que também trabalhava na empresa, colocando sua valise sobre móvel ali existente. Distraído no dialogo que se estabeleceu, não percebeu que a mesma deslizou, caindo no chão. O impacto do choque fez com que revolver nela guardada disparasse acidentalmente o tiro fatal que decretou sua morte. A referida arma, na verdade velha garrucha, havia comprado ante a sensação de insegurança disseminada pelos órgãos de comunicação diariamente. Nem sabia usá-la, tampouco a havia manuseado. A prova de que Claudio continuava a viver além da morte ocorreu noventa dias após a triste ocorrência, onde perante numeroso público, seus pais ouviram Chico Xavier ler, entre outras psicografias, a carta escrita pelo querido filho. Detalhes surpreendentes e inesperados nela se encontravam convencendo os desesperados pais de sua autoria. Claudio se manifestaria novamente em vinte e sete de setembro, em maio do ano seguinte, enfim, em várias ocasiões que possibilitaram à sua mãe organizar o livro VIAGEM SEM ADEUS, testemunhando sua dolorosa experiência para, quem sabe, despertar esperança em pessoas que passaram por semelhante prova. Na segunda mensagem, Claudio conta ter sido levado pelo avô Luiz e a avó Maria Eugênia, a rever a região onde seus familiares viveram antes de se fixar na capital paulista. Lá, emocionado encontrou velho amigo da família, o Monsenhor Dom Júlio Maria Mattioli, sacerdote que honrou sua missão na Terra, exercendo seu ministério focado na população sofrida do antigo território brasileiro. Claudio diz: “- Chorei muito ao receber a bênção do nosso venerável Dom Júlio, o Monsenhor da Caridade, que ainda prossegue, viajando em espírito, em canoas orientadas por Amigos Espirituais, abençoando e levantando o ânimo dos índios maltratados e, por vezes, batidos até os últimos sofrimentos. Pois aquele maravilhoso líder da compaixão humana, aconchega os índios desencarnados ao próprio coração, encaminha-os para os estabelecimentos socorristas junto das águas”. Na continuidade, repassa a inusitada revelação: “Nos disse – Dom Júlio -, com respeitoso amor, que nossos irmãos expulsos da terra que amaram e retiveram durante séculos, sem encontrarem socorro ou atendimento da parte de nossa gente cristianizada, renascerão, todos eles, na descendência daqueles mesmos conquistadores do chão, em que clamavam por Deus, a fim de recuperarem de novo na condição de filhos e netos dos chamados pioneiros do progresso nas regiões do Acre e do Amazonas, então beneficiados pelo próprio auxílio dos adversários de hoje, que lhes serão pais ou avós e lhes entregarão, enriquecidas de cultura e de ações industriosas, as propriedades que por direito humano, lhes pertenciam até agora e das quais estão sendo despojados desapiedadamente”. O segundo exemplo nasce no final da década de 40, quando um aparente acidente com arma de fogo numa caçada na região da Serra do Mar, próximo à cidade de São Paulo, interrompe a relação entre três amigos: Ernesto, Amâncio e Desidério, este vitima fatal de tiro desferido contra um animal que perseguiam. Na verdade, a bala certeira, partira da espingarda de Amâncio, embora ele e Ernesto tivessem disparado ao mesmo tempo. Por trás da fatalidade, contudo, interesses diferentes ocultavam-se nas intenções dos dois atiradores: Ernesto tentava livrar-se de rival que, suspeitava, despertara o afeto de sua esposa Elisa; enquanto Amâncio desejava livrar-se do marido de Brígida, por quem se sentia irresistivelmente atraído. A investigação levada a efeito concluiu ter sido a morte acidental. A vítima desembaraçada dos laços que o prendiam ao corpo físico, instalou-se na casa do casal Ernesto/Elisa, imantando-se a esta que o percebia por discretas percepções mediúnicas, afastando-se do marido que desconfiava ter algo a ver com a morte do ex-amigo. Amâncio conquistou o afeto da viúva com quem se casou, cuidando ambos de encaminhar a filha de Desidério para colégio interno, de onde saia somente nas férias escolares. Os anos rolaram sobre os anos, e, Amâncio, o homicida, de posse dos bens de Desidério, embora ateu, mas profundamente caritativo e humano, dilatou-os com administração judiciosa e profícua, fez-se esteio econômico para mais de duzentos espíritos reencarnados, de forma direta e seus descendentes, indiretamente. Dez anos antes de desencarnar, atendendo a desejo manifestado por Brígida, concorda em adotar o filho de miserável moradora de propriedade rural vizinha da que possuiam, abatida por insidiosa tuberculose, sem grandes possibilidades de sobreviver ao parto. A criança a reencarnar naquele pobre lar, pelas articulações da Espiritualidade, não era outra senão o Espírito de Desidério, o rival abatido décadas antes, que, dessa forma teria restituído seu patrimônio, por sinal ampliado. Nesse processo levantado e revelado por André Luiz na obra E A VIDA CONTINUA (feb), a última por ele transmitida pelo inesquecível Chico Xavier, reafirmam-se os meios pelos quais age a Justiça Divina para reparar prejuízos e injustiças, geralmente ignorados em nossa Dimensão.
sábado, 18 de agosto de 2012
Prece Funciona?
“-Fui induzida a contemplar o que podemos chamar de aura da Terra. Meu guia exclamou: - Busca ver como a Humanidade se une pelo pensamento aos Planos Invisíveis. O teu golpe de vista abrangeu a paisagem, procure agora os detalhes. Fixando atentamente o quadro, notei que filamentos estranhos, em posição vertical, se entrelaçavam nas vastidões sem se confundirem. Não havia dois iguais e suas cores variavam do escuro ao claro mais brilhante. Alguns se apagavam, outros se acendiam em extraordinária sucessão e todos eram possuídos de movimento natural, sem uniformidade em suas particularidades. ‘-Esses filamentos – disse com bondade -, são os pensamentos emitidos pelas personalidades encarnadas; são reflexos cheios de vida, através dos quais podemos avaliar os cérebros que os transmitem. Aos poucos conhecerás quais são os da concupiscência, da maldade, da pureza, do amor ao próximo. Esses raros que aí vês, e que se caracterizam pela sua alvura fulgurante, são os emitidos pela virtude e quando nos colocamos em imediata relação com uma dessas manifestações, que nos chegam dos Espíritos da Terra, o contato direto se verifica entre nós e a individualidade que nos interessa’. Aguçada minha curiosidade, quis entrar em relação com um pensamento luminoso que me seduzia, abandonando todos os outros, que nos circundavam, para só fixar a atenção sobre ele. Afigurou-se-me que os demais desapareciam, enquanto me envolvia nas irradiações simpáticas daquele traço de luz clara e brilhante. Ouvi comovedora prece, vendo igualmente uma figura de mulher ajoelhada e banhada em pranto. Num átimo de tempo, por intermédio de extraordinária interfluência de pensamentos, pude saber qual a razão das suas lágrimas, das suas preocupações e como eram amargos seus sofrimentos. Sensibilizada, instintivamente enviei-lhe pensamentos consoladores, pronunciando palavras de fé e esperança. Como se houvera pressentido, via-a meditar por instante com o olhar cheio de estranho brilho, levantando-se reconfortada para enfrentar a luta, sentindo grande alívio”. O curioso depoimento pertence ao Espírito Maria João de Deus que possibilitou a reencarnação a Chico Xavier, na condição de mãe, e que, em 1935, atendendo-lhe pedido começou a escrever CARTAS DE UMA MORTA (lake), concluído no ano seguinte. Pesquisando a prece, Allan Kardec, entrevistando os Espíritos que o auxiliaram a viabilizar a obra O LIVRO DOS ESPÍRITOS, obteve, entre outras, a informação na questão 662 que “pela prece aquele que ora, atrai os bons Espíritos que se associam ao Bem que deseja fazer”, comentando que “possuímos em nós mesmos, pelo pensamento e a vontade, um poder de ação que se estende muito além dos limites de nossa esfera corpórea”. Desenvolvendo, anos depois, mais amplos raciocínios sobre a ação da prece no capítulo vinte e sete d’ O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Kardec escreveu que “a prece é uma invocação: por ela nos pomos em relação mental com o Ser a que nos dirigimos(...). As dirigidas a Deus são ouvidas pelo Espíritos encarregados da execução dos seus desígnios(...). O Espiritismo nos faz compreender a ação da prece, ao explicar a forma de transmissão do pensamento (...). Para se compreender o que ocorre nesse caso, é necessário imaginar todos os seres, encarnados e desencarnados, mergulhados no Fluido Universal que preenche o espaço, assim como na Terra estamos envolvidos pela atmosfera. Esse fluido é impulsionado pela vontade, pois é o veículo do pensamento, como o ar é o veículo do som, com a diferença de que as vibrações do ar são circunscritas, enquanto as do Fluido Universal se ampliam ao Infinito. Quando, pois, o pensamento se dirige para algum Ser, na Terra ou no Espaço, de encarnado para desencarnado, ou vice-versa, uma corrente fluídica se estabelece de um a outro, transmitindo o pensamento, como o ar transmite o som. A energia da corrente está na razão direta da energia do pensamento e da vontade. É assim que “a prece é ouvida pelos Espíritos, onde quer que eles se encontrem, que os Espíritos se comunicam entre si, que nos transmitem suas inspirações, e que as relações se estabelecem à distância entre os próprios encarnados”. Abordando o poder da prece diz que “está no pensamento, e não depende nem das palavras, nem do lugar, nem do momento em que é feita, podendo-se orar em qualquer lugar e a qualquer hora, a sós ou em conjunto”. Afirma que a “prece em comum tem ação mais poderosa, quando todos os que a fazem se associam de coração num mesmo pensamento e tem a mesma finalidade, porque então é como se muitos clamassem juntos e em uníssono”. Nas “reportagens” escritas através de Chico Xavier pelo Espírito conhecido como André Luiz, encontramos inúmeros ensinos a propósito da prece. Em NOSSO LAR (feb), por exemplo, quando ele vai conhecer na Colônia, a zona sob a supervisão do Ministério do Auxílio, toma conhecimento que ali, além de outras tarefas, “ouvem-se rogativas e selecionam-se preces”. Já no ENTRE A TERRA E O CÉU (feb), o Ministro Clarêncio afirma que a “prece, qualquer que ela seja, é ação provocando reação. Conforme sua natureza, paira na região em que foi emitida ou eleva-se mais, ou menos, recebendo a resposta imediata ou remota, segundo a finalidade a que se destina(...). Cada prece, tanto quanto cada emissão de força, se caracteriza por determinado potencial de frequência e todos estamos cercados por Inteligências capazes de sintonizar com nosso apelo, à maneira de estações receptoras”. André aprende existir a oração refratada, ou seja, aquela cujo impulso luminoso teve sua direção desviada, passando a outro objetivo”. Descobre existirem gráficos registrando tal emissão, captada no Templo do Socorro, existente na Colônia a nós apresentada por ele. Tal prece fora formulada por adolescente órfã, 15 anos, rogando auxílio à mãe desencarnada, supondo que ela se encontrasse junto a Deus, quando na verdade, inconformada e atormentada, ela se mantinha na invisibilidade do próprio lar que deixara compulsoriamente pelo fenômeno da morte física. Mais à frente, ouve que “a oração é o meio mais seguro para obter-se a influência espiritual que se faz através do pensamento, no canal da intuição”, sendo ainda “o remédio eficaz de nossas moléstias íntimas”, abrindo um caminho de reajuste para o que ora. A entidade cujo depoimento abriu esta postagem, no livro que escreveu, falando sobre suas atividades, revela trabalhar em distrito espiritual em que “sua especialidade é examinar as preces de encarnados, acudindo às casas de oração ou a qualquer lugar onde há um Espírito que pede e que sofre. As rogativas de cada um são anotadas e examinadas, procurando-se estabelecer a natureza da prece, seus méritos e deméritos, sua elevação ou inferioridade para poder-se determinar os socorros necessários. Até orações das crianças são tomadas em consideração: qualquer pedido, qualquer súplica, tem sua anotação particular”.
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
Pensamento - As Descobertas de André Luiz
Médico, desencarnado em meados da década de 30 do século XX, levou consigo apenas os conhecimentos vigentes à época da visão mecanicista da ciência, que entendia o pensamento como uma excrecência do funcionamento do cérebro. Após seu resgate das regiões sombrias do que ele chama Umbral, internado em enfermaria da Colônia NOSSO LAR, vai descobrindo – ou reencontrando - um mundo totalmente novo. A anamnese, os resultados da avaliação sobre seu estado, o tratamento, a recuperação, a integração na família que o acolhe, a busca de trabalho, sua admissão nos serviços de assistência a recém-chegados da nossa Dimensão, enfim, tudo surpreendente não só para alguém com sua formação acadêmica, mas para qualquer um que conclui sua passagem pelo plano mais material. Uma das mais reveladoras refere-se ao pensamento. Não apenas observando seus efeitos como sua realidade objetiva interferindo na vida de relação entre os seres humanos. Logo após sua integração no posto de trabalho onde foi alocado, depara-se com um doente altamente perturbado como consequência da “alta carga de pensamentos sombrios, emitidos por parentes encarnados, aos quais se mantinha preso”. Esse aspecto, por sinal, é recorrente nas centenas de cartas psicografadas pelo médium Chico Xavier, ao longo de três décadas - 70/90 -, nas concorridas reuniões públicas em que se fazia presente. Muitos dos que as escreviam, rogavam aos familiares mais aceitação e equilíbrio, visto as dificuldades que os que partiram encontravam para se reequilibrar ante a brusca e inesperada mudança imposta pelas Leis da Vida, perturbados e abalados pelas mentalizações dos que ficaram inconformados na retaguarda. André aprende que “o pensamento, em vibrações sutis, alcança o alvo, por mais distante esteja”. A permuta de sentimento/pensamentos desarmonizados causa ruína e sofrimento às almas, segundo lhe informam. Num comentário da Ministra Veneranda, aprende que “o pensamento é base das relações espirituais dos seres entre si”, apesar de sermos milhões de almas dentro do Universo, algo insubmissos ainda às Leis Universais, vivendo ainda nos caprichosos “mundos inferiores” do nosso “eu”. Avançando em seus aprendizados, no convívio com o Instrutor Espiritual Alexandre que nos apresenta em MISSIONÁRIOS DA LUZ (feb), descobre as ‘doenças psíquicas’ - muito mais deploráveis que as físicas – resultantes da nossa incessante atividade mental. Tal patogênese se divide em quadros dolorosos, nascidos nas criações inferiores – cólera, intemperança, desvarios do sexo, viciações de vários matizes – que afetam profundamente a vida íntima. Esses golpes de vibrações inferiores se refletem imediatamente no corpo físico. Pensamentos/sentimentos negativos oferecem campo a perigosos germens psíquicos na esfera da alma. A certo momento de revelador diálogo, Alexandre lhe diz: “- As ações produzem efeitos, os sentimentos geram criações, os pensamentos dão origem a formas e consequências de infinitas expressões (...). Cada viciação particular da personalidade produz as formas sombrias que lhe são consequentes, e estas, como as plantas inferiores que se alastram no solo, por relaxamento do responsável, são extensivas às regiões próximas, onde não prevalece o espírito de vigilância e defesa (...). E, como acontece com as enfermidades do corpo, o contágio é fato consumado”. Ainda com o Benfeitor, descobre que o “pensamento elevado santifica a atmosfera em torno e possui propriedades elétricas que o homem comum está longe de imaginar”; que “preocupações descabidas, angústia desnecessária, criações mentais que se transformam em verdadeiras torturas, geram desequilíbrio interior intenso, podendo resultar em graves avarias cerebrais – como AVCs -, para os que já possuem perturbações circulatórias”. Acompanhando o Instrutor Áulus em NOS DOMINIOS DA MEDIUNIDADE (feb), se inteira que todos “arrojamos de nós a energia atuante do próprio pensamento, estabelecendo, em torno de nossa individualidade, o ambiente psíquico que nos é particular”; que “nossa mente é um núcleo de forças inteligentes, gerando plasma sutil que, a exteriorizar-se incessantemente de nós, oferece recursos de objetividade às figuras de nossa imaginação, sob o comando de nossos próprios desígnios”; que “todos os seres vivos respiram na onda de psiquismo dinâmico que lhes é peculiar, dentro das dimensões que lhes são características ou na frequência que lhes é própria”; que “na Terra trazemos conosco os sinais de nossos pensamentos, de atividades e obras, sendo a consciência um núcleo de forças, em torno do qual gravitam os bens e os males gerados por ela mesma”; “que toda percepção é mental”; que “onde há pensamento, há correntes mentais e onde há correntes mentais existe associação. E toda associação é interdependência e influenciação recíproca”; que “o pensamento exterioriza-se e projeta-se formando imagens e sugestões que arremessa sobre os objetivos que se propõe atingir”; que “a influenciação dos encarnados entre si é habitualmente muito maior que se imagina”; que “o pensamento espalha nossas emanações em toda parte a que se projeta, deixando vestígios espirituais, onde arremessamos os raios de nossa mente, assim como o animal deixa no próprio rastro o odor que lhe é característico, tornando-se, por esse motivo, facilmente abordável pela sensibilidade olfativa do cão”. No contato com o Assistente Silas que conhecemos na obra AÇÃO E REAÇÃO (feb), cientifica-se que “o pensamento, força viva e atuante cuja velocidade supera a da luz, emitido por nós, volta inevitavelmente a nós mesmos, compelindo-nos a viver, de maneira espontânea, em sua onda de formas criadoras, fixando-se-nos no Espírito quando alimentadas pelo combustível de nosso desejo ou de nossa atenção; que “toda mente é dínamo gerador de força criativa produzindo o pensamento que atua à feição de onda, projetada com velocidade muito superior à da luz”. Embora o manancial de informações repassadas pelo espírito André Luiz, através do médium Chico Xavier, siga inestancável em suas obras, destacamos do MECANISMOS DA MEDIUNIDADE (feb), uma bastante curiosa para nossas reflexões: “- A leitura de certa página, a consulta a esse ou àquele livro, determinada conversação, ou o interesse voltado para esse ou aquele assunto, nos colocam em correlação espontânea com as Inteligências encarnadas ou desencarnadas que com eles se harmonizem, por intermédio das cargas mentais que acumulamos e emitimos, na forma de quadros ou centelhas em série, com que aliciamos para o nosso convívio mental os que se entregam a ideações análogas às nossas”.
terça-feira, 14 de agosto de 2012
Efeitos do Pensamento Segundo o Espiritismo
Na postagem anterior, vimos como ao longo do século XX, não apenas surgiram importantes elementos para comprovar a realidade da ação do pensamento em nossas vidas, como experimentos em reconhecidos centros de pesquisa do mundo através da sujeição de pessoas a testes rigorosos ou instrumental revolucionários, comprovaram essa verdade. Sem os recursos sofisticados citados, todavia, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, Allan Kardec apurou dados não apenas surpreendentes como merecedores de reflexão, notadamente no que se refere aos efeitos do pensamento. Concluiu o pesquisador que as irradiações ou emanações resultantes do pensamento não apenas circulam por um campo fluídico imponderável e invisível - atmosfera fluídica da Terra -, como também estão impregnados e revestidos por uma variação fluídica peculiar a cada individualidade. Assim como nossa impressão digital, dado que, apesar dos bilhões de seres compreendidos pela Humanidade, não se repete, independentemente da raça, etnia, povo. Chama tal fluido perispiritico, tão imponderável como a luz, a eletricidade ou o calor, sendo percebido apenas pelos efeitos que revela. Embora ainda hoje somente visível por pessoas dotadas de percepções mediúnicas mais pronunciadas, no estado de emissão, o pensamento se apresenta sob a forma de feixes luminosos, muito semelhantes à luz elétrica difundida no vácuo. A propósito, o pesquisador Ernesto Bozzano, em seu livro PENSAMENTO E VONTADE (feb), transcreve interessante depoimento de dois celebres médiuns videntes – Annie Besant e Charles Leadbeater -, em que dizem que “um pensamento implicando uma aspiração pessoal de quem o formulou, volteia, ao derredor do seu criador, pronto sempre a reagir benéfica ou maleficamente, cada vez que o sinta em condições passivas”. Afirmam que “alguns assumem forma, representando graficamente os sentimentos que os originaram. A usura, a ambição, a avidez, produzem formas retorcidas, como que dispostas a apreender o cobiçado objeto. O pensamento preocupado com a resolução de um problema, produz filamentos espirais. Os sentimentos endereçados a outrem, sejam de ódio ou de afeição, originam “formas-pensamento” semelhantes aos projéteis. A cólera, por exemplo, assemelha-se ao ziguezague do raio, o medo provoca jatos de substância pardacenta, quais salpicos de lama”. Kardec revela ainda que o fluído característico de cada pensamento, naturalmente, denota matizes diversos, conforme os indivíduos que o emitem; ora vermelho fraco, ora azulado ou acinzentado, qual ligeira bruma. Geralmente, espalha sobre os corpos circunjacentes uma coloração amarelada, mais ou menos forte. Considera que a qualidade desse efeito está relacionada com o motivo e o estado evolutivo do emissor. Afirma não existirem obstáculos para esse fluído que penetra e atravessa todos, existindo apenas uma força capaz de ampliar ou restringir sua ação: a vontade. Por sinal, seu mais poderoso princípio. Pela vontade, dirigem-se lhe os eflúvios através do espaço, saturam-se dele alguns objetos, ou faz-se que ele se retire dos lugares onde superabunda. Aprofundando suas análises, Kardec diz que nós mesmos, na essência, como Espíritos, somos a individualização do fluido do qual tudo que há na Criação deriva: o Fluido Cósmico Universal. Assim, cada Ser adquire propriedades características, que distinguem uns dos outros. Nem mesmo a morte apaga esses caracteres de individualização. Cada um de nós tem, pois, fluido próprio, que nos envolve e acompanha como a atmosfera acompanha cada Planeta, sendo muito variável a extensão da irradiação dessas atmosferas individuais. Em repouso, essa irradiação fica circunscrita. Atuando a vontade, pode alcançar distâncias infinitas. A vontade como que dilata o fluido, como o calor os gases. As diferentes atmosferas individuais se entrecruzam e misturam, sem jamais se confundirem, exatamente como as ondas sonoras se conservam distintas, a despeito da imensidade de sons que simultaneamente abalam o ar. Cada indivíduo é centro de uma onda fluídica, cuja extensão se acha em relação com a força da vontade, do mesmo modo que cada ponto vibrante é centro de uma onda sonora. Das qualidades peculiares a cada fluido, resulta a atração ou repulsão entre eles, as simpatias ou antipatias sem causas determinantes. Na área de abrangência da atmosfera de um indivíduo, a impressão agradável ou não que sentimos. Entre pessoas cujos sentimentos não partilhamos, os fluidos característicos nos provocam sensação desagradável. Havendo comunhão de objetivos e intenções, experimentamos a harmonia. Acentua que “ninguém pode imaginar a quantas influências estamos assim submetidos à nossa revelia”. Acrescenta Kardec que “em nos movimentando, cada um de nós leva consigo sua atmosfera fluídica como o caracol leva sua concha, sendo que esse fluido deixa vestígios de sua passagem”. Tratando das influências recíprocas, lembra que, em todas as coisas, duas forças iguais se neutralizam e a fraqueza cede à força. Não sendo todos dotados da mesma energia fluídica, entende-se por que nuns, esse fluido é quase irresistível, enquanto em outros é nulo, sendo algumas pessoas muito sensíveis à sua ação, enquanto outras, refratárias. Nada a ver com força ou fraqueza física, corporal. Comentando sobre a ação que o homem exerce sobre as coisas, assim como sobre as pessoas que o cercam, Kardec observa que, a experiência demonstra que se pode atuar sobre o espírito dos homens, à revelia deles. Um pensamento elevado, fortemente vibrado, pode conforme sua força, influenciar de perto ou de longe pessoas que nenhuma ideia fazem da maneira por que ela lhes chega, do mesmo modo que muitas vezes aquele que o emite não faz ideia do efeito produzido pela sua emissão. É esse um jogo constante das inteligências humanas e da ação reciproca de umas sobre as outras. Acresça-se a isso a das inteligências dos desencarnados e imaginai o poder incalculável dessa força composta de tantas forças reunidas. Se se pudesse suspeitar do imenso mecanismo que o pensamento aciona e os efeitos que ele produz de um indivíduo para outro, de um grupo de seres a outro grupo, e, afinal, da ação universal dos pensamentos das criaturas umas sobre as outras, o homem ficaria assombrado. Sentir-se ia aniquilado diante dessa infinidade de pormenores, diante dessas inúmeras redes ligadas entre si por uma potente vontade e atuando harmonicamente para alcançar um único objetivo: o progresso universal. Entendendo a transmissão do pensamento, apreciará em todo seu valor a lei da solidariedade, ponderando que não há um pensamento, seja criminoso, seja virtuoso ou de outro gênero, que não tenha ação real sobre o conjunto de pensamentos humanos e sobre cada um deles. Se o egoísmo o levava a desconhecer as consequências para outrem, de um pensamento perverso, pessoalmente seu, por esse mesmo egoísmo ele se verá induzido a ter bons pensamentos, para elevar o nível moral da generalidade das criaturas, atentando nas consequências que sobre si mesmo produziria um mau pensamento de outrem. Concluindo suas apreciações sobre o pensamento, Kardec indaga: que serão senão consequência da transmissão do pensamento, esses choques misteriosos que nos advertem da alegria ou do sofrimento de um ente caro, que se acha longe de nós? Não é a um fenômeno do mesmo gênero que devemos os sentimentos de simpatia ou de repulsão que nos arrastam para certos Espíritos e nos afastam de outros?
domingo, 12 de agosto de 2012
Pensamento e Vida
“-Penso, logo existo”, escreveu o grande pensador francês Rene Descartes. Allan Kardec, entre suas pesquisas e conclusões, afirmava que o pensamento irradia-se do emissor ou circula em seu campo perispiritual impregnado de fluidos gerados a partir dos sentimentos exteriorizados pelo Ser. Quase um século depois, através do médium Chico Xavier, o Espírito André Luiz, no livro NOSSO LAR (feb), registrou que “o pensamento é força viva, em toda parte”, repassando inúmeras informações sobre esse fascinante tema. Nas últimas décadas do século XX, experiências desenvolvidas em vários centros de pesquisa, revelaram que o pensamento é realmente uma força viva e atuante. Nos anos 70, por exemplo, causou assombro em vários países, o fenômeno Uri Geller, o qual descobriu-se capaz de entortar metais, parar ou fazer funcionar relógios, entre outros objetos de metal apenas com o poder de sua mente. Fez inúmeras aparições em programas de televisão ao redor do mundo provocando inclusive o aparecimento de outras pessoas adultas e crianças dotadas do mesmo poder. Causou polêmicas, discussão como sempre ocorre quando nos vemos diante de coisas que não conseguimos entender ou explicar. Isso, porém, não é novidade nem tampouco algo inédito que comprova os prodígios de nossa atividade mental. Nos anos 40, por exemplo, o próprio Stalim, máximo mandatário russo, determinou prendessem e levassem à sua presença um homem chamado Wolf Messing, o qual tornara- se conhecido por produzir efeitos extraordinários com a força o seu pensamento. Celebrizou-se por demonstrar publicamente seu talento de invadir o pensamento das pessoas, adivinhar os mesmos ou leva-las a adotar comportamentos determinados por ele. O ditador russo, o submeteu a vários testes e Messing confirmou ser realmente capaz. Tentando explicar o que com ele ocorria, dizia que “os pensamentos das pessoas chegavam-lhe em forma de imagens. Geralmente via imagens visuais de uma ação ou de um lugar específicos”. O ponto de partida era colocar-se num estado de relaxamento, experimentando a partir daí uma concentração de sensações e de força. Conseguia então captar, praticamente qualquer pensamento. Embora não fosse indispensável, revelou que se tocasse no emissor do pensamento, separava o pensamento do barulho geral. Se seus olhos estivessem vendados, tudo ficava mais fácil para ele. Esteve também diante de ilustres personalidades da época e da história como Einstein, Freud, Ganghi, confirmando ante eles a captação de suas ordens mentais, com as quais procuraram experimentá-lo. Países como a Russia, Tchecoslováquia, Polônia, Bulgária, por sinal, submeteram várias outras pessoas às pesquisas que confirmaram que o nosso pensamento é força capaz de operar prodígios na chamada realidade concreta e objetiva. Nelya Mikailova tinha o poder de ordenar mentalmente a pães, fósforos, cigarros ou maçãs que pulassem de uma mesa . Fazia a agulha de uma bússola rodopiar em alta velocidade, num primeiro momento; a própria bússola num segundo e, tudo ao redor num terceiro.Barbara Ivanova e Federova, foram submetidas a inúmeros testes por cientistas famosos como Nicolai Vasiliev, os quais incluíram quesitos como distância, transe hipnótico, dispositivos especiais, invulneráveis à ondas eletromagnéticas ,de raio X ,entre outros . A onda mental emitida pelas duas ao longo de dois anos, mostrou-se acima dos limites imaginados pelo homem. Conclusão: o pensamento é realmente transmitido a grandes distâncias (640 quilômetros confirmados experimentalmente) e capaz de produzir efeitos no ponto mentalizado. O mais incrível é que o objetivo dos centros de pesquisa daqueles países era comprovar e encontrar uma aplicação desses poderes com fins militares já que à época vivia-se a chamada guerra fria que punha de lados opostos duas grandes potências, a capitalista e a comunista. As comprovações sobre os prodígios do pensamento, contudo, não se detiveram na observação e experimentação da capacidade das inúmeras pessoas testadas em laboratórios dos chamados países da Cortina de Ferro. No início dos anos 50, numa remota cidade da Rússia, começavam a ser divulgados os resultados da descoberta de uma casal de nome Kyrliam que havia desenvolvido um equipamento capaz de juntar uma câmara fotográfica com um gerador de alta-frequência, capaz de produzir entre 75 e 200 mil oscilações elétricas por segundo, obtendo fotografias que revelaram existir um campo de energia ao redor do objeto focalizado. Uma folha arrancada de uma árvore, por exemplo, mostrava miríades de pontos luminosos, invisíveis a olho nu. Quando Semion Kyrliam submeteu sua mão ao teste, um mundo fantástico, nunca visto, desvelou-se. Parecia um céu estrelado. Sobre um fundo azul e ouro o que estava acontecendo na mão lembrava um espetáculo de fogos de artifício. Clarões multicoloridos se acendiam, seguido de centelhas, cintilações, relâmpagos. Algumas luzes brilhavam, outras fulguravam e depois apagavam. Outras luziam a intervalos. Em certas partes da mão havia detalhes escuros. Resplendores serpenteavam ao longo de labirintos que faiscavam. As centelhas que pulsavam não se movimentavam ao acaso. Inúmeros objetos, sob diferentes condições foram experimentados pelo casal Kyrliam. E, os resultados continuavam instigantes. Desenvolveram outros métodos, usando microscópios e, no caso de coisas vivas, observaram que os sinais do estado interior do organismo refletiam no brilho, opacidade e cor dos clarões. No caso do Ser humano, as atividades vitais internas se escreviam nesses hieróglifos de luz. Doença, emoção, estado de espírito, pensamentos, cansaço, tudo isso provoca uma impressão característica no padrão de energia que parece circular continuamente pelo corpo físico. Vinte e cinco anos foram dedicados pelo casal a inúmeras experiências, simulações, compartilhadas com vários pesquisadores de várias áreas, do conhecimento que propuseram testes, observaram resultados, concluindo que “o prosseguimento dos estudos era indispensável. A fotografia de alta frequência apresenta indubitável interesse científico”. Autoridades no campo da Medicina vislumbravam que a “fotografia kirliana podia ser empregada no diagnóstico precoce de moléstias, sobretudo o câncer”. Tudo, porém, esbarrou na burocracia do Estado, que, por fim, acabou falindo com o sistema minado pela corrupção dos seus gestores. A fotografia kyrliam encontrou alguns entusiastas em outros países, um dos quais o Brasil que, primeiro com o engenheiro Hernani Guimarães Andrade depois com Newton Milhomens construíram suas máquinas, alcançando interessantes resultados com suas pesquisas e observações. Uma das mais interessantes, liga o pensamento à bioluminescência que circunda os corpos humanos. Gerando e alimentando pensamentos negativos como raiva, ódio, mágoa, ciúme, inveja, despeito, entre outros, a coloração desse campo de energia atinge tonalidades densas e escuras. Vibrando pensamentos de amor, solidariedade, fraternidade, caridade, humildade, as colorações irradiam tonalidades tênues, suaves, observando-se a expansão desse campo. Tudo em velocidade muito além da nossa capacidade de percepção, a não ser com instrumental específico. Como se vê, o pensamento, focalizado sob as luzes que o Espiritismo projeta sobre o assunto, agora que muitas confirmações existem, precisa ser melhor estudado
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
Doença Mental e a Lei de Causa e Efeito
Quando foi publicado A LOUCURA SOB NOVO PRISMA (feb), o médico Adolfo Bezerra de Menezes lançou as bases para uma visão mais ampla a respeito do problema da saúde mental. Incapaz de entender ou resolver com os conhecimentos médicos seus e de colegas, o transtorno manifestado em um de seus filhos, perplexo e surpreso testemunhou a manifestação de uma personalidade revoltada e vingativa em reunião para a qual fora convidado por amigos de profissão, que o acusava, juntamente com o filho pelas suas desventuras em existência anterior. Confuso, católico praticante que era - nos tempos de grande intolerância dessa escola religiosa -, acatou a sugestão para ler O LIVRO DOS ESPÍRITOS com que foi presenteado ao final do memorável encontro, começando a fazê-lo já no bonde utilizado para o retorno à sua casa. No livro que escreveria em 1870 – estava com 49 anos – refletindo seus conhecimentos médicos ampliados pelos que o Espiritismo lhe apresentara, enumera três pontos como fundamentais para a compreensão dos distúrbios mentais: 1- que o pensamento é pura função da alma ou espírito e, portanto, que suas perturbações, em tese, não dependem de lesão no cérebro; 2- que a loucura, perfeitamente caracterizada, pode-se dar e dá-se, mesmo em larga escala, sem a mínima lesão cerebral; 3- que a loucura pode ser também resultante da ação fluídica de Espíritos inimigos sobre a alma ou Espírito encarnado num corpo. Desencarnado em 1900, reintegrado ao Mundo Espiritual, passou a atuar junto a vários médiuns – inclusive, anos depois, Chico Xavier -, ação ampliada por todo século XX, para uma legião de colaboradores que foi sendo formada e que, ao longo do tempo, produziu efeitos extraordinários na área social e espiritual, no Brasil e, em outras partes da Terra. Uma das primeiras a corresponder às influências do Benfeitor Espiritual, foi uma jovem à época com apenas 20 anos, que, buscando refazer-se de problemas gerados pela exuberante mediunidade não conhecida e desenvolvida, a partir de orientações de Eurípides Barsanulfo, integra-se ao Centro Espírita de Uberaba, participa da fundação e atividades do Pronto Socorro Bezerra de Menezes e aos esforços que culminaram na inauguração do Sanatório Espírita de Uberaba, em 31 de dezembro de 1934, cuja direção clínica seria assumida pelo uberabense recém-formado em Medicina, Inácio Ferreira. Certamente refletindo orientações da Espiritualidade, iniciam experiências acrescendo aos incipientes tratamentos terapêuticos e fármacos, a terapia espiritual, descortinando realidades surpreendentes a determinar as várias patologias observadas entre os internos daquele estabelecimento. Empolgado e corajosamente, Inácio Ferreira resolve documentar em livro, dividido em dois volumes, parte dessas experiências, publicando em 1946, o que pretendia fosse o início de registros confirmando a presença do componente obsessivo nos quadros de perturbação mental. Na dedicatória do primeiro volume, escreveu: “À Dona Maria Modesto Cravo, através de cuja mediunidade qual poderosa objetiva de um microscópio, nos foi possível olhar, embora furtivamente, o mundo invisível, onde se vive a verdadeira vida – AVIDA ESPIRITUAL”... O “NOVOS RUMOS DA MEDICINA”, contudo, esbarrou na incompreensão, na intolerância destiladas em críticas que o levaram a interromper seu projeto, que, nos anos 80, após ter alguns dos casos expostos no trabalho reproduzidos nas páginas da revista espírita INFORMAÇÃO, voltou a ser reeditado pela Federação Espírita da São Paulo. Pela qualidade e confiabilidade dos exemplos por ele selecionados que documentam sua pesquisa, fornecendo indiscutíveis evidências sobre a origem de desequilíbrios enraizarem-se no passado remoto de suas vítimas, destacamos alguns, mantendo o critério utilizado em postagens anteriores. CASO 1 – EFEITO - Mulher, casada, quatro filhos, internada por psicose e perturbação ovariana. Comportamento aversivo em relação ao pai, cuja presença não tolerava apesar do mesmo se mostrar um velho bondoso, tratando-a sempre com carinho. Em plena convalescença, ante visita autorizada do genitor, reagiu com fisionomia transtornada pela repulsa e pelo desprezo, palavras incisivas, rindo-se da reação de dor moral demonstrada nas lágrimas vertidas pelo pai. CAUSA - Experiências compartilhadas 120 anos antes, em vila portuguesa chamada Pedra Grande. Ela, à época estava encarnada num corpo masculino, negociante de vinhos, casado com filhos, exorbitava nas aventuras sexuais, engravidando a filha de comerciante com quem mantinha relações comerciais, levando-a ao suicídio. Seu sogro, sabendo do ocorrido, influente, obrigou-o a se separar da filha, expulsando-o de casa, para onde não mais retornou. Seu pai atual, o sogro de outrora; o marido, o noivo da moça que seduzira; essa, por sua vez, reencarnou-se, agora como uma das suas filhas. CASO 2 – EFEITO – Moça, 25 anos, organismo debilitado por desequilíbrio do metabolismo basal e desequilíbrio mental; atenção sem fixação; não respondendo a interrogações feitas, fazendo-o somente após muita insistência de maneira extravagante; assaltada por tremor generalizado. Antes da manifestação da doença, demonstrava alegria exuberante, carinhosa, bondosa, grande presença de espírito. Desde pequena demonstrou grande pendor para a dança, cantos, imensamente ligada a tudo que se referisse a cinema, teatro, artistas. CAUSA – Reações ampliadas em sua mente, pela proximidade de um Espírito que, em vida anterior, solteiro, vinculado à família de origem, escritor e compositor reconhecido, a ela se ligou após se conhecerem em casa noturna em que ela trabalhava como profissional do sexo. Não correspondido em sua afeição, refugiou-se progressivamente nos entorpecentes até alcançar a morte. CASO 3 – EFEITO – Rapaz, sem vícios, trabalhador, ativo; mergulhou na depressão, abandonando afazeres, isolando-se, e, embora nada reclamando, nem falando sobre doença ou sofrimentos que o abatiam progressivamente, tornou-se violento, gritando e falando muito, contido através de imobilização por vários dias. CAUSA – Atuação de dois Espíritos obsessores - um mandante e outro executante -, por ações assumidas em vida anterior em que senhor de escravos, maltratava-os, mostrando-se um tirano com os pobres negros que o serviam, fazendo-os trabalhar sem camisa e com o corpo untado de óleo ou mel de abelhas, a fim de que insetos os molestassem bastante. O mandante de hoje, uma das vítimas, sofrera muito e, por isso, procurava desforrar-se, querendo inutiliza-lo a custa de torturas e sofrimentos.
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
Afogados
O fim de semana prometia ser de muita alegria para o casal Angélica e Alberto Fortunato e seus três filhos adolescentes José, Osmar e Jair, pois, por algumas horas, se afastariam da ainda não tão agitada capital paulista para a Fazenda Bela Vista, arrendada por um amigo e ex-vizinho japonês, na cidade de Mogi das Cruzes. O momento tornava-se mais especial porque Jair, o mais novo dos rapazes aniversariava naquele quatro de dezembro de 1961. O que era para ser apenas felicidade, porém, converteu-se em aflitivos, dolorosos e traumatizantes momentos. Isto porque, enquanto os casais se entretinham em conversas na sede da propriedade, os três jovens acompanhados pelo filho pequeno do anfitrião, se deslocaram para a piscina situada ao lado para brincar. Jair, o aniversariante, em meio às brincadeiras caiu na água, principiando a se afogar, pois não sabia nadar. Logo, seus dois irmãos, mergulharam para salvá-lo, debatendo-se desesperadamente, e, apesar da tentativa do garotinho japonês em ajuda-los com uma vara de bambu, os três acabaram morrendo. O choque emocional para as duas famílias foi violento, pela transformação do encontro festivo em terrível tragédia. Vinte e um anos se passaram, os desafortunados pais voltaram a morar em Ibitinga, interior de São Paulo, de onde saíram um dia para tentar a vida na cidade grande e, no dia 19 de fevereiro de 1982, estavam presentes à reunião do Grupo Espírita da Prece, em Uberaba (MG), na tentativa de, quem sabe, acalmar a profunda dor que não mais deixaram de sentir, desde aquele triste dia em Mogi. Horas antes, mantiveram rápido diálogo com Chico Xavier, ocasião em que, para surpresa e alegria de ambos, o médium visualizou ao lado deles, três entidades espirituais: Maria Justina, avó do senhor Alberto; Angélica, avó da senhora Angelina e, um senhor japonês, identificado como o anfitrião naquele fatídico dia. Vale comentar que, após o acidente, as duas famílias não mais tiveram contato, apesar da compreensão mútua do ocorrido. Mais tarde, os Fortunato souberam que o amigo que os hospedava, faleceu um ano após a fatalidade com os rapazes, ignorando, portanto, que tivesse sofrido tanto, não resistindo às consequências daquele impacto emocional. Sua presença espiritual no encontro de Uberaba, detectada por Chico, foi muito confortadora para eles. Na fase da reunião noturna consagrada à psicografia, José, o filho mais velho, escreveu pelo médium, elucidativa carta, contendo incríveis revelações das causas profundas do acidente coletivo que colocou os três irmãos no caminho da libertação de culpas trazidas do passado. Em relação ao derradeiros instantes que construíram a fatalidade, José explica: “- Nada posso detalhar quanto ao fim do corpo de que nos desvencilhamos, como quem se vê na contingência de trocar a veste estragada e de reajuste impossível. O sono compulsivo que nos empolgou foi algo inexplicável de que voltamos à forma da consciência, dias após o estranho desenlace”. A propósito do irresistível sono, Allan Kardec tratou no extraordinário O CÉU E O INFERNO – ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo, no capítulo referente ao PASSAMENTO. Revela ser etapa natural no início do processo de desligamento corpo espiritual / corpo físico. Trata-se, muitas vezes, de medida providencial a proteger o que desencarna, já que morrer e desencarnar é coisa diferente. Morrer consiste na interrupção da atividade dos órgãos vitais. Desencarnar implica no desligamento de todos os pontos que ligam ambos os corpos, consumindo, segundo Emmanuel, pelo menos 50 horas. O referido sono como que anestesia a consciência para que não se experimente os desconfortos, por exemplo, do acelerado processo de decomposição, iniciado logo após a cessação das atividades cerebrais. Seguindo em sua narrativa, José conta: “– Estávamos os três alarmados e infelizes no hospital a que fomos transportados, quando duas senhoras se destacaram dos serviços de enfermagem para nos endereçarem a palavra”. A referência a “hospitais” onde despertam os que se desligaram de nossa Dimensão é recorrente em inúmeras cartas psicografadas, confirmando a informação de que o chamado Mundo Espiritual é, em tudo, semelhante ao Mundo Material, onde nos achamos. Na verdade, o Material é que uma réplica imperfeita do Espiritual. Recordando o momento difícil, José diz: “- No fundo, queríamos apenas regressar a casa e retornar ao cotidiano, porque aquele debate com as águas fora de nós, naquele despertar parecia uma brincadeira de mau gosto, na qual supúnhamos haver desmaiado. As duas senhoras se declararam nossas avós Maria Justina e Angélica, e nos informaram, com naturalidade e sem qualquer inflexão de voz agressiva, que havíamos voltado ao Lar, ao Grande Lar de nossa família Espiritual. Os irmãos e eu choramos, como não podia deixar de acontecer”. Comenta na sequência, que foram levados várias vezes a visitar os pais e, entre outras, a mais surpreendente e espantosa das revelações: “- Dois anos passados, fomos visitados por um amigo de nossa família que se deu a conhecer por Miguel Pereira Landim, respeitado e admirado por nossos familiares da Espiritualidade. Nossa avó Maria Justina nos permitiu endereçar-lhe perguntas e todos indagamos da causa do sucedido em nossa ida a Mogi das Cruzes. Ele sorriu e marcou o dia em que nos facultaria o conhecimento do acontecido em suas causas primordiais. Na ocasião prevista, conduziu-nos os três à Matriz do Senhor Bom Jesus, em Ibitinga. Entramos curiosos e inquietos. A Igreja estava repleta de militares desencarnados. Muitos traziam as medalhas conquistadas, outros ostentavam bandeiras. Em meu coração passou a surgir a recordação que eu não estava conseguindo esconder. De repente, vi-me na farda de que não me lembrava, junto de irmãos igualmente transformados em homens de guerra e o nosso olhar se voltou inexplicavelmente para as cenas que se nos desenrolaram diante dos olhos. Envergonho-me de confessar, mas a consciência não me permite recuos. Vi-me com os dois irmãos numa batalha naval, na Guerra do Paraguai, quando, na condição de brasileiros, lutamos com os irmãos de República vizinha. Afundamos criaturas sem nenhuma ligação com as ordens belicistas nas águas do grande rio, criaturas que, em vão, nos pediam misericórdia e vida. Replicávamos que em guerra, tudo resulta em guerra...Trazendo-nos à realidade, o Chefe Landim apontou para uma antiga imagem de Jesus, do Senhor Bom Jesus, e falou em voz alta que aquela figura do Cristo viera do Forte de Itapura com destino à nossa cidade e que, perante Jesus, havíamos os três resgatado uma dívida que nos atormentava, desde muito tempo(...). O que choramos, num misto de alegria e sofrimento, não sabemos contar”...
segunda-feira, 6 de agosto de 2012
Quem Foi (3)? ( a primeira mensagem)
Certo que a natureza não dá saltos, mas para quem já, aos 27 anos tinha acabado de se tornar viúvo com quatro filhos pequenos, ouvir o diagnóstico que estava com lepra e destinado ao isolamento numa das Colônias existentes no Brasil dos anos 30, era motivo mais que suficiente para não crer em Deus. Pois foi essa a reação de Jésus Gonçalves. Não fosse por um jovem pesquisador e escritor, Eduardo Carvalho Monteiro, talvez nem soubéssemos de sua existência, terminada em 1947, aos 45 anos. Integrando um grupo que, em nome da caridade, iniciou trabalho de assistência no Hospital-Colônia de Pirapitingui, nas imediações de Itu (SP), Eduardo impressionou-se ao encontrar um marco da presença de Jésus naquela instituição, a Sociedade Espírita Santo Agostinho, por ele idealizada e fundada, dois anos antes de morrer. Próximo de Chico Xavier, tomou conhecimento também que Jésus – poeta que tivera seus trabalhos publicados na obra FLORES DE OUTONO (lake) -, desde sua morte, havia psicografado vários poemas e trovas através dele, distribuídos em inúmeros livros do médium. Idealista empolgado, Eduardo partiu para minuciosa pesquisa que resultou em 1980, na obra A ESTRAORDINÁRIA VIDA DE JÉSUS GONÇALVES (correio fraterno) e, 1998, no JÉSUS GONÇALVES, O POETA DAS CHAGAS REDENTORAS (eme). No primeiro, demonstrando grande inspiração, Eduardo encadeia fatos históricos e revelações espirituais, mostrando que o desventurado Jésus de hoje, percorria, na verdade, o caminho de sua libertação de grandes equívocos do passado, onde, ostentando o poder, transformou a própria ambição no tormento de milhares de pessoas, não apenas numa, mas, por várias encarnações. Intui ainda o porquê da homenagem a Santo Agostinho na atribuição do nome à Sociedade Espírita que fundou na Colônia. Na verdade, atavicamente, extravasava memórias profundas do marcante encontro em que, na personalidade Alarico, bárbaro conquistador dos primeiros séculos da Era Cristã, tendo sitiado Roma no dia 24 de agosto de 410, nega-se a atender apelo feito, por Agostinho, Bispo de Hipona, para que se apiedasse da população da outrora poderosa sede do Império Romano, comandando invasão que resultou em milhares de mortes. Ele, incorporando a ilusória arrogância; o pedinte, a humildade. A cena e o contraste do diálogo gravaram-se indelevelmente em seu Ser, refluindo na existência atual. Em belíssima síntese poética, Jésus fez através de Chico, um retrospecto de sua escalada na transitória glória do mundo e do êxito alcançado na difícil jornada cumprida no século 20. A Eduardo, Chico identificou os diferentes momentos resumidos pelo talentoso poeta, confirmando que depois da encarnação como Alarico, renasce no mesmo século como Alarico II, oitavo rei dos visigodos, sucedendo ao pai Eurico, perdendo a vida física no ano 507. A próxima encarnação, que se conhece dele, passa-se na França, em meados do segundo milênio da Era Cristã, na personalidade de Armand Jean du Plessis Richelieu, mais conhecido como Cardeal Richelieu, historicamente, por longos dezoito anos, um dos mais notáveis estadistas do regime monárquico francês, odiado e temido por todas as camadas sociais, durante o reinado de Luiz XIII. Renascendo na pequenina Borebi, em 12 de julho de 1902, perde a mãe aos cinco anos, muda-se aos 14 anos, com seus tutores para Agudos, emprega-se aos 16, como beneficiador de café e algodão; aos 17, transfere-se para Bauru; aos 19, casa-se pela primeira vez; aos 27, perde a esposa para a tuberculose, descobrindo-se, em seguida, portador da lepra. Dois anos depois, casa-se pela segunda vez e, aos 31 de idade, em face da evolução da doença, interna-se no Asilo Colônia Aymorés, vendo um de seus filhos também internado pela manifestação da mesma moléstia. Pouco depois, é transferido para o Hospital de Pirapitingui, acompanhado pela segunda esposa, por sinal não portadora de lepra. Quase seis anos depois, um câncer de útero rouba-lhe a companheira, testemunhando no velório, uma manifestação de seu Espírito, mencionando fatos somente do conhecimento do casal. É o suficiente para iniciar sua conversão que resultaria em dezembro de 1945, na fundação, por inciativa sua, da Sociedade Espírita Santo Agostinho, já citada. Em fevereiro de 1947, no dia 16, por volta das onze da manhã, retorna ao Mundo Espiritual. O médium Chico Xavier não o conheceu pessoalmente, a não ser por correspondência, em que afirmou, muitas vezes, que, “ao partir da Terra, pretendia ir vê-lo em Espírito”. Na última carta recebida, havia uma foto, na qual aparecia com algumas alterações na face e numa das pernas. Semanas passaram sem novas notícias - conforme relatado na obra NO MUNDO DE CHICO XAVIER (ide) -, até que “numa noite do mês de março de 1947, chegaram a Pedro Leopoldo, Francisco de Paula Cardoso, de Santa Cruz do Rio Pardo (SP) e o Doutor Raul Soares, de São Manoel (SP). Era uma terça-feira, dia que não tínhamos tarefa no Centro Espírita Luiz Gonzaga. Junto aos amigos, fomos à sede do grupo, a fim de orarmos juntos. Sentei-me entre os dois, o Doutor Raul fez a prece e, daí a minutos, Emmanuel comunicava-se conosco. Terminada a manifestação, me achando em profunda concentração mental, vi a porta de entrada iluminar-se de suave clarão. Um homem-espírito apareceu aos meus olhos, mas em condições admiráveis. Além da aura de brilho pálido que o circundava, trazia luz não ofuscante, mas clara e bela, a envolver-lhe certa parte do rosto e da cabeça, ao mesmo tempo em que uma das pernas surgia vestida igualmente de luz. Profunda simpatia me ligou o coração à entidade que nos buscava, assim de improviso, e indaguei, mentalmente, se eu podia saber de quem se tratava. O visitante aproximou-se mais de mim, dizendo: “- Chico, eu sou Jésus Gonçalves! Cumpro a minha promessa... Vim ver você!” As lágrimas me subiram do coração aos olhos. Percebi que o inolvidável amigo mostrava mais intensa luz nas regiões em que a moléstia mais o supliciara no corpo físico, e quis dizer-lhe algo de minha admiração e alegria. Entretanto, não pude articular palavra alguma, nem mesmo em pensamento. Ele, porém, continuou: “- Se possível, Chico, quero escrever por você, dar minhas notícias aos irmãos que deixei à distância e agradecer a Deus as dádivas que tenho recebido”. A custo, perguntei, ainda mentalmente, o que pretendia escrever, querendo, de minha parte, falar alguma coisa, porque ignorava que ele houvesse desencarnado e não conseguia esconder meu jubiloso espanto. Ele abraçou-me. Em seguida, colocando-se no meio da pequena sala recitou um poema que eu ouvia, mas não guardava na memória. Ao terminar, pareceu-me mais belo, mais brilhante. Notando a preocupação dos irmãos encarnados presentes ante o pranto que não conseguia conter, indaguei se tinham notícias da morte do companheiro, que, confirmando seu desconhecimento, sugeriram que tomasse o lápis e Jésus debruçando-se sobre meu braço, escreveu em lágrimas os versos que recitara para mim, momentos antes: “- PALAVRAS DO COMPANHEIRO (aos meus irmãos de Pirapitingui) – Irmãos, cheguei contente ao Novo Dia / E ainda em pleno assombro de estrangeiro, / Jubiloso, saltei de meu veleiro / No porto da Verdade e da Harmonia. / Bendizei, com Jesus, a dor sombria / Na romagem de pranto e cativeiro,/ Nele achareis o Doce Companheiro / Para as rudes tormentas da agonia... / Não desdenheis a chaga que depura, / Nossas horas de amarga desventura / São dádivas da Lei que nos governa!... / As escuras feridas torturantes / São adornos nas vestes deslumbrantes / Que envergamos ao sol da Vida Eterna ! / Ave, maravilhosa madrugada / Que desdobras a luz no céu aberto / Além das trevas, longe do deserto / Onde a esperança geme incontentada! / Salve, resplandecente e excelsa estrada / Sobre o mundo brumoso , estranho e incerto / Que acolhe, em paz, o espírito liberto / Na vastidão da abóboda estrelada / Oh! Meu Jesus, que fiz na noite densa, / Por merecer tamanha recompensa / Se confundido e fraco me demoro?! / Recebe, ante a visão do Espaço Eleito, / A alegria que vaza de meu peito / Nas venturosas lágrimas que choro....”
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