Um encontro casual após um esbarrão no final da tarde de 22
de outubro de 1946, numa das principais avenidas de Belo Horizonte, resultou
numa amizade e convivência quase diária pelos próximos doze anos, até que as
circunstancias obrigassem Chico Xavier a mudar-se para Uberaba, no Triângulo
Mineiro. Assim explica Arnaldo Rocha sua ligação com o médium mineiro, que já
na primeira oportunidade, surpreendeu o ateu e materialista Arnaldo, ainda abalado
com a morte da querida esposa 21 dias antes. Após as apresentações, Chico, sem
nunca tê-lo visto nesta existência, comenta sobre a beleza da jovem falecida,
pedindo para ver a foto guardada no bolso traseiro de sua calça. A jovem
chamara-se na existência recem terminada, Irma de Castro, apelidada Meimei,
forma carinhosa com que o apaixonado esposo a tratava. Saber-se-ia mais tarde
que remotas ligações uniam os três personagens, que ao longo de várias encarnações
se encontraram nesta dimensão, assumindo compromissos que justificavam a
reaproximação. Arnaldo, convertido ao Espiritismo, procurou recuperar-se da
difícil perda, desdobrando-se em várias atividades doutrinárias, além de tornar-se
ativo participante das desenvolvidas por Chico no Centro Espírita
Luiz Gonzaga em sua cidade natal, privando da intimidade da família
Xavier, por mais de uma década. No início dos anos 50, Chico assoberbado pelo
grande número de necessitados que o cercavam insistiu na importância de
reativar de forma regular os trabalhos de desobsessão a que se consagrara até a
morte de seu irmão José Xavier, em 1939. Assim , em 31 de julho de 1952,
começava a funcionar o Grupo Meimei, sob a coordenação em nosso Plano de
Arnaldo, apesar de não se reconhecer com o preparo necessário. Mergulhou numa
confusão mental, como escreveria no livro MANDATO
DE AMOR (uem), derivada do entristecimento pela “vivência e participação em situações
tão infelizes”. Ocorreu-lhe a ideia de, através de Chico, pedir ao
orientador espiritual Emmanuel, fornecesse maiores esclarecimentos sobre a
obsessão. Instantes depois, o médium disse-lhe: “- Nosso Benfeitor pede para
inteirar-lhe que no momento acha-se ocupado em determinados setores de serviço,
que o impedem de atender-nos, como seria de eu desejo. Mas solicitará a um
amigo a cooperação fraterna de sua experiência nesse mister”. Semanas, depois, nos instantes finais das
reuniões do Grupo Meimei, após modificações significativas na fisionomia de
Chico, apresentou-se o Espírito do Dr. Francisco Menezes Dias da Cruz. Era a
noite de 15 de julho de 1954, e o médico desencarnado, explicou estar atendendo
às solicitações de Emmanuel, desdobrando desde então um ciclo de sete
explanações sobre o assunto solicitado. Na primeira intitulada ALERGIA E OBSESSÃO, estabelece interessante
proposição afirmando que “a obsessão é um processo alérgico,
interessando o equilíbrio da mente”. Didaticamente explica: “- Recordemos
que as radiações mentais, que podemos classificar por agentes “R”, na maioria
das vezes se apresentam, na base de formação da substância “H”, desempenhando importante
papel em quase todas as perturbações neuropsíquicas e usando o cérebro como
órgão de choque. Todos os nossos pensamentos definidos por vibrações, palavras
ou atos, arrojam de nós raios específicos. Assim sendo, é indispensável cuidar
de nossas próprias atitudes, na autodefesa e no amparo aos semelhantes”.
Na abordagem seguinte, PARASITOSE MENTAL,
aprecia o vampirismo, figurando-o como sendo inquietante fenômeno de parasitose
mental. Considera que “pelo imã do pensamento doentio e descontrolado,
o homem provoca sobre si a contaminação fluídica de entidades em desequilíbrio,
capazes de conduzí-lo à escabiose e à ulceração, à dispsomania e à loucura, à
cirrose e aos tumores benignos ou malignos de variada procedência, tanto quanto
aos vícios que corroem a vida moral, e, através do próprio pensamento
desgovernado, pode fabricar para si mesmo as mais graves eclosões de alienação
mental, como sejam as psicoses de angústia e ódio, vaidade e orgulho, usura e
delinquência, desânimo e egocentrismo, impondo ao veículo orgânico processos
patogênicos indefiníveis, que lhe favorecem a derrocada ou a morte”. Na
terceira manifestação, tratou do DOMÍNIO
MAGNÉTICO, serve-se do hipnotismo, comparando o estado de sujeição da
vontade hipnotizado ao do obsediado. Diz que “o processo se assemelha ao
utilizado pelos desencarnados de condição inferior, consciente ou inconscientemente,
na cultura do vampirismo. Justapõem-se à aura das criaturas que lhes
oferecem passividade e, sugando-lhes as energias, senhoreiam-lhes as zonas
motoras e sensórias, inclusive os centros cerebrais, em que o espírito conserva
as suas conquistas de linguagem e sensibilidade, memória e percepção,
dominando-as à maneira do artista que controla as teclas de um piano, criando
assim, no instrumento corpóreo dos obsessos as doenças-fantasmas de todos os
tipos que, em se alongando no tempo, operam a degenerescência dos tecidos
orgânicos, estabelecendo o império de moléstias reais, que persistem até a
morte”. Seguindo, o Dr. Dias da Cruz, comentou a FIXAÇÃO MENTAL, dizendo
que “as
reações contínuas, hauridas pelos nervos da organização sensorial, determinando
a compulsória movimentação do cérebro, associadas aos múltiplos serviços da
alimentação, da higiene e da preservação orgânica, estabelecem todo um conjunto
vibratório de emoções e sensações sobre as cordas sensíveis da memória, valendo
por impactos diretos da luta evolutiva no espírito em desenvolvimento,
obrigando-o a exteriorizar-se para a conquista da experiência”. Na
visita seguinte, o assunto foi A
TERAPEUTICA DA PRECE, em que ele considera que “no tratamento da obsessão, é
necessário salientá-la como elemento valioso na introdução à cura”.
Revela que “a técnica das Inteligências que nos exploram o patrimônio
mento-psíquico baseia-se, de maneira invariável, na comunhão telepática, pela
qual implantam naqueles que lhes acedem ao domínio as criações mentais
perturbadoras, capazes de lhes assegurar o continuísmo da vampirização”.
As duas últimas abordagens seriam dedicados à AUTOFLAGELAÇÃO, em que lembra que “toda
violência praticada por nós, contra os outros, significa dilaceração em nós
mesmos”. Concluindo, o comentário dedicou-se à OBSESSÃO OCULTA, salientando o “impositivo de nossa vigilância em todos os
estados passivos de nossa alma, porque, através da meditação e do sono, nos
identificamos, muita vez de modo imperceptível, com os pensamentos que nos são
sugeridos pelas inteligências desencarnadas ou não, que se afinam conosco e, se
não nos guardamos na fortaleza das obrigações retamente cumpridas, caímos sem dificuldade
nas malhas da obsessão oculta”. Os textos que podem ser lidos,
estudados e meditados na íntegra nas páginas de dois monumentos literários - INSTRUÇÕES PSICOFÔNICAS e VOZES DO GRANDE ALÉM (feb), servem de
base para pesquisas mais aprofundadas do grave e comum problema da obsessão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário