“-Por que não se é livre de pôr termo aos
próprios sofrimentos?”, propõe para reflexão Allan Kardec, em
comentário à resposta da questão 957 d’ O
LIVRO DOS ESPÍRITOS, comentando na sequência que “estava reservado ao Espiritismo
demonstrar, pelo exemplo dos que sucumbiram que o suicídio não é apenas uma
falta como uma infração a uma Lei Moral, consideração que pouco importa para
certos indivíduos, mas um ato estúpido, pois, que nada ganha quem o pratica.
Não é pela teoria que ele nos ensina isso, mas pelos próprios fatos que coloca
sob nossos olhos”. Aprofundando ainda mais o tema, Kardec explica que “a
afinidade que persiste entre o Espírito e o corpo produz, em alguns suicidas,
uma espécie de repercussão do estado do corpo sobre o Espírito, que assim
ressente, mau grado seu, os efeitos da decomposição, experimentando sensações
cheias de angústias e horror, estado que pode persistir tão longamente quanto
tivesse de durar a vida que foi interrompida”. Como, por sinal, pode-se
perceber nas postagens anteriores. Nas obras produzidas pelo Espírito André
Luiz, através de Chico Xavier, dentro da série conhecida como NOSSO LAR, encontramos vários casos
ilustrando a temática do suicídio, além de ponderações bastante esclarecedoras
de vários Instrutores Espirituais. Clarêncio, por exemplo, na obra ENTRE A TERRA E O CÉU (feb), diz que “o
suicídio acarreta vasto complexo de culpa. A fixação mental do remorso opera
inapreciáveis desequilíbrios no corpo espiritual. O mal como se instala nos
recessos da consciência que o arquiteta e concretiza(...). O pensamento que
desencadeia o mal encarcera-se nos resultados dele, por que sofre fatalmente os
choques de retorno, no veículo em que se manifesta”. Em outro momento,
considera que “a morte prematura, quando traduz indisciplina diante das leis
infinitamente compassivas que nos governam, constrange o Espírito que a provoca
a dilatada purgação na paisagem espiritual. Não podemos trair o tempo, e a
existência planificada subordina-se a determinada quota de tempo, que nos
compete esgotar em trabalho justo. Quando esses recursos não são
suficientemente aproveitados, arcamos com tremendos desequilíbrios na
organização que nos é própria (...). Em qualquer tempo, receberemos da vida, de
acordo com as nossas próprias obras”. No AÇÃO E REAÇÃO (feb),o
Ministro Sânzio comenta que “da justiça ninguém fugirá, mesmo porque a
nossa consciência, em acordando para a santidade da vida, aspira a resgatar
dignamente todos os débitos de que se onerou perante a Bondade de Deus(...).
Assim é que, se claudicamos nessa ou naquela experiência indispensável à
conquista da luz que o Supremo Senhor nos reserva, é necessário nos adaptemos à
justa recapitulação das experiências frustradas, utilizando os patrimônios do
tempo. Figuremos um homem acovardado diante da luta, perpetrando o suicídio aos
quarenta anos de idade no corpo físico. Esse homem penetra no mundo espiritual
sofrendo as consequências imediatas do gesto infeliz, gastando tempo mais ou
menos longo, segundo as atenuantes e agravantes de sua deserção, para recompor
as células do veículo perispirítico, e, logo que oportuno, quando torna a
merecer o prêmio de um corpo carnal na Esfera Humana, dentre as provas que
repetirá, naturalmente se inclui a extrema tentação ao suicídio na idade
precisa em que abandonou a posição de trabalho que lhe cabia”. Em
esclarecedora mensagem escrita por Emmanuel, a propósito da questão 957 citada
no início desses comentários, inserida no livro RELIGIÃO DOS ESPÍRITOS (feb), encontramos que “os resultados do suicídio não se
circunscrevem aos fenômenos de sofrimento íntimo, porque surgem os
desequilíbrios consequentes nas sinergias do corpo espiritual, com impositivos
de reajuste em existências próximas. É assim que após determinado tempo de
reeducação, nos círculos de trabalho fronteiriços da Terra, os suicidas são
habitualmente reinternados nos plano carnal, em regime de hospitalização na
cela física, que lhes reflete as penas e angústias na forma de enfermidades e
inibições(...). Adita a isso, que “segundo o tipo de suicídio, direto ou
indireto, surgem as distonias orgânicas derivadas, que correspondem a diversas
calamidades congênitas, inclusive a mutilação e o câncer, a surdez e a mudez, a
cegueira e a loucura, a representarem terapêutica providencial na cura da alma”.
Ilustra sua observação dizendo que “os que se envenenaram, conforme os tóxicos
de que se valeram, renascem trazendo as afecções valvulares, os achaques do
aparelho digestivo, as doenças do sangue e as disfunções endócrinas, tanto
quanto outros males de etiologia obscura; os que incendiaram a própria carne
amargam as agruras da ictiose ou do pênfigo; os que se asfixiaram, seja no
leito das águas ou nas correntes de gás, exibem processos mórbidos das vias respiratórias,
como no caso do enfisema ou dos cistos pulmonares; os que se enforcaram
carreiam consigo os dolorosos distúrbios do sistema nervoso, como sejam as
neoplasias diversas e a paralisia cerebral infantil; os que estilhaçaram o
crânio ou deitaram a própria cabeça sob rodas destruidoras, experimentam
desarmonias da mesma espécie, notadamente as que se relacionam com o
cretinismo, e os que se atiraram de grande altura reaparecem portando os
padecimentos da distrofia muscular progressiva ou da osteíte difusa”. Evidente
que a generalização como em qualquer caso em que o Espiritismo ou a mediunidade
tenham servido para ampliar-nos o entendimento, não é cabível. Mas grande
número de incompreensíveis doenças manifestadas ainda na fase embrionária ou
infantil podem se enquadrar nas associações expostas no texto do condutor das
tarefas mediúnicas de Chico Xavier. Quanto aos vínculos dos que recebem
Espíritos portando qualquer tipo de inibição física ou mental, o Instrutor
Ribas, na obra E A VIDA CONTINUA
(feb), explica sob a ótica da Lei de Ação e Reação, que “somos mecanicamente impelidos
para pessoas e circunstâncias que se afinem conosco ou com nossos problemas”,
de certa forma, sintetizando informação
do Instrutor Druso em AÇÃO E REAÇÃO (feb),
que disse “as entidades que necessitam de tais lutas expiatórias são encaminhadas
aos corações que se acumpliciaram com elas em delitos lamentáveis, no pretérito
distante ou recente ou, ainda, aos pais que faliram junto dos filhos, em outras
épocas, a fim de que aprendam na saudade cruel e na angústia inominável o
respeito e o devotamento, a honorabilidade e o carinho que todos devemos na
Terra ao instituto da família. A dor coletiva é o remédio que nos corrige as
falhas mútuas”.
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