Em resposta à questão a ele endereçada no livro O CONSOLADOR (feb), o Orientador Espiritual Emmanuel, através de Chico Xavier, opinou que “de todos os desvios da vida humana o suicídio é talvez, o maior deles pela sua característica de falso heroísmo, de negação absoluta da Lei de Amor e de suprema rebeldia à vontade de Deus, cuja justiça nunca se fez sentir, junto dos homens, sem a luz da Misericórdia”. Complementando a mesma pergunta sobre quais as impressões dos que desencarnam por suicídio, disse que “a primeira decepção que os aguarda é a realidade da vida que não se extingue com as transições da morte do corpo físico, vida essa agravada por tormentos pavorosos, em virtude de sua decisão tocada de suprema rebeldia”. E, embora muitos possam considerar as imagens fortes demais, acrescenta que “suicidas há que continuam experimentando os padecimentos físicos da última hora terrestre, em seu corpo somático, indefinidamente. Anos a fio, sentem as impressões terríveis do tóxico que lhe aniquilou as energias, a perfuração do cérebro pelo corpo estranho partido da arma usada no gesto supremo, o peso das rodas pesadas sob as quais se atirou na ânsia de desertar da vida, a passagem das aguas silenciosas e tristes sobre os seus despojos, onde procuraram o olvido criminoso de suas tarefas no mundo e, comumente, a pior emoção do suicida é a de acompanhar, minuto a minuto, o processo da decomposição do corpo abandonado no seio da terra, verminado e apodrecido”. Um curioso depoimento que pode ser enquadrado nas situações evocadas por Emmanuel, faz parte dos relatos incluídos no livro VOZES DO GRANDE ALÉM (feb), composto de transcrições de manifestações psicofônicas através de Chico Xavier, entre os anos 52/56, no Centro Espírita Luiz Gonzaga, em Pedro Leopoldo (MG). Foi feito por uma entidade ali tratada nas reuniões de desobsessão. Seu nome Luis Alves. Como ele mesmo explicou, tendo reencarnado para cumprir determinada tarefa no socorro aos doentes, sob o signo da solidão individual, para que mais eficiente se tornasse seu concurso a benefício dos outros, em chegando aos trinta anos de idade, vendo-se pobre e sozinho, apesar dos múltiplos trabalhos de enfermagem que lhe angariavam larga soma de afetos, entregou-se, acovardado, ao desespero e, com um tiro no coração, aniquilou seu corpo. Desde esse instante, recorda, começou para ele uma odisseia singular, reconhecendo-se muito mais vivo que antes, continuando ligado à própria carcaça inerte. Não dispondo de parentes ou amigos que lhe solicitassem os despojos, foram entregues a uma escola de Medicina, sentindo-se a eles chumbado, passando seu corpo a servir em demonstrações anatômicas. Completamente como que “anestesiado”, ignorava dores físicas, não obstante cortado de mil modos; contudo, se tentava afastar-se da múmia que passara a ser sua sombra, terrível sofrimento, a expressar-se por inigualável angústia, lhe constrangia o peito, compelindo-o a voltar. Confessa que ninguém na Terra, enquanto no corpo denso, pode calcular o martírio de um Espírito desencarnado, indefinidamente jungido aos próprios restos. Sua aflição parecia não ter fim. Chorava, gritava, reclamava. Com o transcurso do tempo, desgastou-se-lhe a vestimenta de carne nas atividades de cobaia, mas, ainda assim, professores e médicos afeiçoaram-se-lhe ao esqueleto, que diziam original e bem posto, e prosseguiu em seu cárcere oculto por vinte e seis anos – provavelmente o tempo que lhe faltava para concluir a experiência reencarnatória -, até que situação “aparentemente” casual iniciou sua liberação.Evidente que há casos e casos, assim como não existem duas impressões digitais ou DNAs iguais. Como os mostrados na postagem anterior que revelam atenuantes a abrandar o sofrimento há pouco descrito e, por nós, imaginado. Ainda do extraordinário acervo construído através do médium Chico Xavier nas reuniões públicas em que serviu mais intensivamente para que centenas de familiares pudessem restabelecer o contato com entes queridos desaparecidos pelas imposições da morte, destacamos alguns trechos de cartas de jovens desligados de nossa Dimensão pela equivocada decisão do suicídio. Antes, porém, reproduzimos pedido de um dos depoentes apresentados a seguir: “Ensinem que o suicídio é um despenhadeiro nas trevas e digam a quantos sofram no mundo que a dor é bendita e que a vida se aperfeiçoa por ela, em nome de Deus”. CASO 1 – Milton Higino de Oliveira: “- A dor se aliviava com a aflição em meu cérebro, mas não consegui ver mais nada...Despertar foi um sofrimento muito mais agudo...Os filetes de sangue que me desciam da ferida feita por mim mesmo, tinham a vida de meu próprio arrependimento, estampado na memória. Muito a custo, percebi entre os que me tratavam, na casa de socorro em que me supunha vivo em meu corpo físico, tanto como antes da triste ocorrência, a presença de vovó Hipólita e do meu avô Manuel, que me cercavam de atenções”. CASO 2 – José Teodoro Caldeira: “- Desde o dia 16 de março, entrei num martírio sem saber que tempo estou. Escuto apenas a explosão... Terrível suicídio, dura lição, horrível prova... Ninguém morre. Pensei erradamente. Rebelei-me, mãezinha, até contra...Deus, rebelando-me contra a vida, e pago muito caro a decisão de criança irrefletida. Meu pai Ademar e vovó Iracema são aqui meus novos pais”. CASO 3 - Lúcia Ferreira: “- A princípio, me vi numa nuvem, com a garganta em fogo, e uma dor que não parecia não ter fim. Chorei muito, mais do que choro hoje, até que me vi no regaço de uma senhora que me disse ser a vovó Ana. Ela me ensinou a orar de novo, porque a dor não me deixava trabalhar com a memória. Amparou-me e como que me limpou os olhos para que eu enxergasse a luz do dia Fui internada num hospital-escola”. CASO 4 – Fernanda Luiza Batista dos Santos: “- Ninguém conseguirá imaginar o sofrimento da infeliz menina que fui por minha própria conta! Tenho o coração doente e a cabeça ainda bastante desorientada. Não tenho palavras para descrever o meu arrependimento...Não estou desvalida, porque a Infinita Bondade de Deus não nos abandona. Apenas ignoro como conseguirei rearticular o meu organismo, agora dilapidado”. CASO 5 – Francisco Adonias Nogueira Filho: “- A verdade é que a vida não me deixou e sofri o indescritível para aprender a veneração que me cabia dedicar ao corpo que Deus me dera, através de meus pais...Eu caí numa tremenda escuridão. O que se passou, não tenho vocábulos para contar. Quanto tempo me arrastei naquelas sombras densas, arrependido e infeliz, não sei dizer. Chorei mais ainda, ao verificar que alguém acertara comigo naquela imensidão de escuro em que me debatia. A voz me pediu paciência e oração e me afirmou que era das vovós Evangelina e Tertinha a me buscarem. Desde então, fui hospitalizado para tratamento; no entanto, reconheço que a minha coluna se desajustou”. CASO 6 – Dimas Luiz Zornetta: “- Mãezinha, seu filho lhe pede perdão pelo que fez, conquanto saiba que agiu sob a pressão de inimigos invisíveis que me golpearam a mente...Eu fui um simples autômato para aquele ou aqueles que me indicaram o suicídio como sendo o melhor a fazer. Tinha um monte de desculpas dentro de mim. Sei que não tenho desculpas e que devo assumir os meus próprios atos, mas a senhora não imagina como sofro... Me vi sozinho num pesadelo em que tentava debalde retomar o meu corpo sem vida, e nesse pesadelo estive muitas semanas, até que escutei vozes amigas a me convidarem para segui-las na direção de socorro de urgência. Eu estava cego e deixei-me conduzir para tratamento, nesse tratamento estou eu”.
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