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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Que Foi (5) - a primeira mensagem


Terminada a reunião, após a leitura de mensagens e receitas, Chico parou, virou-se, e disse, timidamente: - Dr Melo, o senhor vai me perdoar, mas houve uma confusão muito grande, que eu não pude compreender. Eu tenho aqui um soneto de Hermes Fontes, dirigido à sua viúva, que ele diz estar aqui presente, e ser aquela senhora”, apontando para aquela que ele, Chico, pensara ser sua esposa. Melo Teixeira, catedrático de Psiquiatria e Crítico Literário, chegara ao modesto Centro Espírita – vários bancos e toscos caixotes, sob um teto de palha e sobre um chão de tijolos, faceando grande mesa, coberta por toalha branca, trazendo o nome LUIZ GONZAGA -, em Pedro Leopoldo, procedente de Belo Horizonte, com duas senhoras e outro amigo, Alberto Deodato, poucos minutos antes do início da reunião programada para aquela noite. Apresentou-se ao médium sem fazer o mesmo com seus acompanhantes. Chico, como de costume, após dizer-se honrado pela visita ilustre, indicou os lugares para todos. O Dr Melo Teixeira tomou assento à esquerda de Chico; mostrando um lugar à direita para a esposa do médico; mais adiante, fulano e beltrano; cicrano, ainda à frente. Após o receituário, o médium grafou inúmeras mensagens, sob o desconfiado olhar do visitante, que se traía de surpreso, diante de tal velocidade. O papel era de padaria, havendo diversos lápis com ponta muito bem feita. Chico pegava um lápis...deixava-o; pegava outro...deixava-o...enquanto alguém ia virando as folhas já psicografadas. Cesar Burnier, testemunha e narrador do fato no livro LUZ BENDITA (ideal), organizado por Rubens Silvio Germinhasi, comenta que “tinha-se a impressão que uma pedra havia caído num imenso reservatório de água: as lágrimas jorraram dos olhos da infeliz senhora, comovendo a todos, e enchendo de espanto o recinto singelo e desataviado”. O Dr. Melo, atônito, quase desconcertado, olhou para todos os lados e disse: “- Deixe-me ver o soneto Chico”... Leu-o, primeiramente, em silêncio. À medida que o fazia, todos pressentiam em seu semblante indescritíveis emoções. A testa vincada, tinha lívido o rosto... Súbito, ele, que era um homem honesto e leal ao extremo, vira-se para o público, que era reduzido, e confessa, fortemente chocado: “ – Meus amigos... Se eu andasse atrás de uma prova definitiva, comprobatória mesmo do mediunismo, jamais a encontraria como a encontrei aqui, neste instante. Ela veio às minhas mãos, sem esforço algum. Eu não conhecia Chico Xavier; Chico Xavier não me conhecia, e muito menos sabia que a ilustre senhora que aqui se encontra é viúva do grande poeta Hermes Fontes(...). Neste soneto Hermes Fontes faz referências ao seu auto-extermínio, motivado por inúmeros problemas, envolvendo o desalento familiar. Preciso notar ainda: Eu conheço toda a obra de Hermes Fontes e a conheço muito bem. O estilo é cem porcento o do poeta inesquecível. Todas as características poéticas estão profundamente assinaladas na peça. Este soneto só poderia ter sido produzido pelo Espírito do nosso querido Hermes”. Alberto Deodato, o outro integrante do grupo visitante, na obra RECORDAÇÔES DE CHICO XAVIER (lake), escrito por Rafael Ranieri, dá seu testemunho: “- Eu era muito amigo do Hermes Fontes. Ele era feio, pequeno, cabeça enorme. Éramos amigos de muitos anos. Assisti o casamento dele. Era da minha terra. Éramos muito unidos. O Hermes sofreu demais com a  mulher. Ele não tomava atitude, até que um dia se suicidou. A mulher, com o suicídio, ficou desesperada, não sabia o que fazer. Sei que tempos depois me procurou acompanhada de alguém. Queria ver o Chico Xavier. Fui com ela e o outro amigo a Pedro Leopoldo. Chico recebeu uma mensagem, um poema do Hermes. Não sabia que ali estava a esposa dele que chegara do Rio de Janeiro. Eu fiquei assombrado. Ela caiu em prantos e saiu carregada, desmaiada do pequeno Centro. Voltou amparada por nós, lavada em lágrimas. Impressionante”!... A peça poética, contudo, após a leitura pública naquela noite, extraviou-se, tendo uma cópia sido resgatada décadas depois como conta Cesar Burnier: “- Um dia, em 1968, fui a uma sessão de materialização, que não se realizou, porque nossa querida médium, sofrendo a interferência espiritual na barca que atravessava a baia da Guanabara, dormiu a sono solto, atravessando de Niterói para o Rio inúmeras vezes. No entanto, levara comigo um pequeno gravador, já antigo, mas em bom funcionamento. No meio da conversa, estimada senhora, de chofre, me diz: ‘- Vi um soneto uma única vez, e, encantada com sua beleza, decorei-o, quando o Sr. Leopoldo Cirne para mim o leu, de imediato, como se tivesse tirado uma fotografia mental dos versos. E dele jamais me esqueci: até hoje o guardo”. Como estivéssemos em ambiente espírita, franco e interessado nas coisas do “outro mundo”, perguntei-lhe que soneto era aquele, afinal. Ela insistiu em não deixar seu nome ligado ao episódio, mas arrematou: ‘- O soneto era de Hermes Fontes. Ele foi recebido em Pedro Leopoldo, na presença do Dr Melo’... Interrompi-lhe, a voz: - Melo Teixeira?... Ela acrescentou: ‘- É um soneto dedicado à viúva do poeta’. Interrompi-lhe novamente dizendo: “- Minha filha, este soneto está desaparecido há anos. Ninguém lhe tem cópia. A última vez que o vi, há muito tempo, estava já puído, dentro da carteira do Dr. Melo Teixeira. Ele desencarnou e o soneto perdeu-se. Pelo amor de Deus, vamos até a copa. A senhora precisa recitar para mim este soneto. Vou gravá-lo”. E assim foi. O soneto surgiu, novamente. Evocando o desfecho daquele momento inesquecível que a Espiritualidade, habilmente preparara, cujos lances do episódio eram totalmente desconhecidos pelo Chico, revejamos na tela da memória, as palavras do Dr Melo Teixeira: “- Vou lê-lo, para cumprir um dever de honra, fazendo com que sua voz ecoasse, comovida, no pequeno recinto: ( Para X, que está na sala)  / “ Não condeno o teu dia de ventura, / Dessa ventura que eu antegozei / Em meus sonhos lindíssimos de rei / Que em prazeres as mágoas transfigura.  /   Eras a luz suave, terna e pura, / A encantadora estrela que eu amei, / Sonho divino, que idealizei / Em meu mundo de sombra e de amargura.    /    A teu lado busquei amparo e um ninho, / Tomando, ávido, a mão que me estendeste, / Num grande e abençoado afeto irmão.   /   E deixaste-me, só, no meu caminho.... / Mas há nest’alma, que não compreendeste,Uma fonte sublime de perdão”.


2 comentários:

  1. Pode-se dai tirar varias conclusões logicas: O veiculo que intermediou a mensagem é autêntico. As paixões, sentimentos e tendências do espirito sobrevivem à morte biológica. Os vínculos afetivos deixados na terra continuam os mesmos. O que chamamos de "morte" é apenas uma passagem a um outro plano; o retorno à nossa verdadeira pátria!

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  2. A estimada senhora que sabia o soneto era a inesquecível: ZILLAH DE MAGALHÀES CHAVES.

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