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terça-feira, 30 de outubro de 2012

O Que Ninguém Imagina


Na extraordinária série de NOTÁVEIS REPORTAGENS COM CHICO XAVIER (ide), realizadas pelo jornalista Clementino de Alencar para o jornal O GLOBO, o Espírito Emmanuel pronunciando-se a respeito da Medicina, a certo ponto de suas considerações, disse: “- É verdade que grande número de moléstias constitui enigmas dolorosos para a ciência dos homens, não obstante o avanço dos compêndios. É que os micróbios patogênicos se associam a elementos sutilíssimos de ordem espiritual.   Naturalmente, desapercebida pelos representantes da Ciência, a informação foi aprofundada a partir de algumas das observações feitas pelo Espírito que conhecemos como André Luiz nos livros que transmitiu para nossa Dimensão pelo médium de Pedro Leopoldo. Uma delas na obra OS MENSAGEIROS (feb,1944), no capítulo quarenta onde descreve a chegada dele e Vicente acompanhando o Instrutor Aniceto à cidade do Rio de Janeiro, praticamente na primeira missão que desempenharia na Crosta depois de integrado aos servidores da Colônia Nosso Lar.  Revela que “suas possibilidades visuais cresciam sensivelmente”, “reconhecendo de longe, o peso considerável do ar que se agarrava à superfície, tendo a impressão de que nadavam em alta zona do mar de oxigênio, vendo em baixo, em águas turvas, enorme quantidade de irmãos nossos a se arrastarem pesadamente, metidos em escafandros muito densos, no fundo lodoso do oceano”. Tendo a atenção despertada para certas manchas escuras na via pública, ouviu Aniceto dizer: “- São nuvens de bactérias variadas. Flutuam, quase sempre também em grupos compactos, obedecendo ao princípio das afinidades. Reparem aqueles arabescos de sombra...- indicando-nos certos edifícios e certas regiões da cidade -,...observem os grandes núcleos pardacentos ou completamente obscuros!.. São zonas de matéria mental inferior, matéria que é expelida incessantemente por certa classe de pessoas. Se demorarmos em nossas investigações, veremos igualmente os monstros que se arrastam nos passos das criaturas, atraídos por elas mesmas... Tanto assalta o homem a nuvem de bactérias destruidoras da vida física, quanto as formas caprichosas das sombras que ameaçam o equilíbrio mental”. Impressionado, André Luiz indagou: “- Mas a matéria mental emitida pelo homem inferior tem vida própria como o núcleo de corpúsculos microscópicos de que se originam as enfermidades corporais?, obtendo como resposta: “- Como não? Vocês, presentemente, não desconhecem que o homem terreno vive num aparelho psicofísico. Não podemos considerar somente, no capítulo das moléstias, a situação fisiológica propriamente dita, mas também o quadro psíquico da personalidade encarnada. Ora, se temos a nuvem de bactérias produzidas pelo corpo doente, temos a nuvem de larvas mentais produzidas pela mente enferma, em identidade de circunstâncias. Desse modo, na esfera das criaturas desprevenidas de recursos espirituais, tanto adoecem corpos, como almas. No futuro, por esse mesmo motivo, a medicina da alma absorverá a medicina do corpo”.  No ano seguinte, André descreve em MISSIONÁRIOS DA LUZ (feb,1945) as experiências acumuladas ao lado do Instrutor Alexandre no campo da mediunidade e da reencarnação. Já no capítulo 3, conta que, numa reunião mediúnica, posta-se ao lado de um rapaz que esperava de lápis em punho, mergulhado em fundo silêncio. Apoiado pelo vigoroso auxílio magnético do Benfeitor, observa que no médium, os núcleos glandulares emitiam pálidas irradiações, a epífise, principalmente, semelhava-se a reduzida semente algo luminosa. Orientado pelo Instrutor, atem-se ao aparelho genital, comentando: “- Fiquei estupefato. As glândulas geradoras emitiam fraquíssima luminosidade, que parecia abafada por aluviões de corpúsculos negros, a se caracterizarem por espantosa mobilidade. Começavam a movimentação sob a bexiga urinária e vibravam ao longo de todo o cordão espermático, formando colônias compactas, nas vesículas seminais, na próstata, nas massas mucosas uretrais, invadiam os canais seminíferos e lutavam com as células sexuais, aniquilando-as. As mais vigorosas daquelas feras microscópicas situavam-se no epidídimo, onde absorviam, famélicas, os embriões delicados da vida orgânica. Estava assombrado. Que significava aquele acervo de pequeninos seres escuros? Pareciam imantados uns aos outros, na mesma faixa de destruição”. Sem que dirigisse a palavra falada, à simples enunciação íntima da dúvida, Alexandre explicou: “-São bacilos psíquicos da tortura sexual, produzidos pela sede febril de prazeres inferiores. O dicionário médico do mundo não os conhece e, na ausência de terminologia adequada aos seus conhecimentos, chamemos-lhes larvas, simplesmente. Tem sido cultivados por este companheiro, não só pela incontinência no domínio das emoções próprias, através de experiências variadas, senão também pelo contato com entidades grosseiras, que se afinam com as predileções dele, entidades que o visitam com frequência, à maneira de imperceptíveis vampiros. O pobrezinho ainda não pode compreender que o corpo físico é apenas leve sombra do corpo perispiritual, não se capacitou de que a prudência, em matéria de sexo, é equilíbrio da vida e, recebendo as nossas advertências sobre a temperança, acredita ouvir remotas lições de aspecto dogmático, exclusivo, no exame da fé religiosa. A pretexto de aceitar o império da razão pura, na esfera da lógica, admite que o sexo nada tenha a ver com a espiritualidade, como se esta não fosse a existência em si. Esquece-se que tudo é Espírito, manifestação divina e energia eterna. O erro de nosso amigo é o de todos os religiosos que supõem a alma absolutamente separada do corpo físico, quando todas as manifestações psicofísicas se derivam da influenciação espiritual”. Ampliando-lhe mais ainda o entendimento, Alexandre diz que “as doenças psíquicas são muito mais deploráveis. A patogênese da alma está dividida em quadros dolorosos. A cólera, a intemperança, os desvarios do sexo, as viciações de vários matizes, formam criações inferiores que afetam profundamente a vida íntima. Quase sempre o corpo doente assinala a mente enfermiça”. Questionado sobre a possibilidade do contágio, respondeu que “nas moléstias da alma, como nas enfermidades do corpo físico, antes da afecção existe o ambiente. As ações produzem efeitos, os sentimentos geram criações, os pensamentos dão origem às formas e consequências de infinitas expressões(...). Cada viciação particular da personalidade produz as formas sombrias que lhe são consequentes, e estas, como as plantas inferiores que se alastram no solo, por relaxamento do responsável, são extensivas às regiões próximas, onde não prevalece o espírito de vigilância e defesa”. Em outro momento de suas elucidações, acrescenta que a “promiscuidade entre os encarnados indiferentes à Lei Divina e os desencarnados que a ela tem sido indiferentes, é muito grande na crosta da Terra(...). Aos infelizes que caíram em semelhante condição de parasitismo, as larvas que você observou servem de alimento habitual. Semelhantes larvas são portadoras de vigoroso magnetismo animal”. Afinal, como diria a próprio André Luiz no LIBERTAÇÃO(feb), “o pensamento é, sem dúvida, força criadora de nossa própria alma e, por isto mesmo, é a continuação de nós mesmos. Através dele, atuamos no meio em que vivemos e agimos, estabelecendo o padrão de nossa influência, no bem ou no mal”.

sábado, 27 de outubro de 2012

As Revelações de Palissy



Homem de múltiplas habilidades, Bernard Palissy viveu oitenta anos com esse nome na França, entre 1510 e 1590. Considerado precursor da Hidrologia e da Paleontologia passou seus dois últimos anos preso pela sua condição de protestante convicto. Na reunião da noite de nove de março de 1858, Allan Kardec que, por manifestações anteriores já sabia que ele habitava a época o planeta Júpiter, o evoca objetivando obter mais informações sobre a vida no nosso vizinho do Sistema Solar. Considerando o argumento da Física Quântica sobre Universos Paralelos já abordado por nós outras vezes, bem como o conteúdo d' O LIVRO DOS ESPÍRITOS sobre a não existência do  vazio absoluto, torna-se interessante conhecer esses detalhes. Na longa entrevista de oitenta e duas perguntas, reproduzida na REVISTA ESPÍRITA do mês seguinte, o Espírito revelou detalhes interessantes para nossas reflexões não só sobre si mesmo, mas, também do estado físico daquele globo e seus habitantes, dos animais lá existentes e do estado moral dos que lá vivem. Informa que depois da existência como Palissy, reencarnou novamente na Terra, na condição de uma mulher obscura, vivendo apenas trinta anos numa missão mais simples, sem a projeção da anterior. Questionado sobre as características físicas do Planeta, disse que a temperatura lá é suave, temperada, de forma constante; que ele é cercado de uma espécie de luz espiritual condizente com a essência dos seus habitantes; que há uma atmosfera formada de elementos diferentes dos da Terra, existindo água e mares; que a água é mais etérea que a nossa; que não há vulcões; que a matéria como a conhecemos quase não existe; que as plantas tem analogia com as nossas, sendo, porém, mais belas. Quanto a seus habitantes, diz que seus corpos tem a conformação dos daqui, sendo, porém, grandes e bem proporcionados, maiores que nossos maiores homens, refletindo mais precisamente sua condição evolutiva, apenas um invólucro dele, não uma prisão, podendo ser opacos, diáfanos ou translúcidos conforme seu destino; que os corpos lá envolvem o Espírito sem o ocultar, como um tênue véu lançado sobre uma estátua; que existe diferença de sexos por ser isso uma lei da matéria; que a alimentação é puramente vegetal, parte dela extraída das emanações do ambiente, sendo aspirada; que a duração média de uma existência equivaleria no nosso calendário a mais ou menos cinco séculos; que a infância não comprime a superioridade do homem nem a velhice a extingue; que os corpos não estão sujeitos às doenças como as nossas; que a vida está dividida entre ação e repouso; que suas principais ocupações são o encorajamento dos Espíritos que habitam os mundos inferiores o que é possibilitado pelo fato da densidade física dos seus corpos diferir dos nossos que nos mantem presos ao solo; que o tédio e o desgosto não existem lá já que, considera ele, o desgosto pela vida origina-se no desprezo do Ser por si mesmo; que a comunicação entre seus habitantes é feita pelo pensamento; que o conhecimento do futuro é possível, dependendo, contudo do grau de perfeição do Espírito, trazendo para os que o acessam menos inconvenientes para eles que para nós, sendo necessário até certo ponto para as missões de que se incumbem, nas quais não falham por se incluírem entre os Espíritos bons e, por fim, solicitado a nomear um dos habitantes de Júpiter que desempenhou uma grande missão na Terra, citou o que conhecemos e lembramos como São Luiz, por sinal, membro da equipe responsável pela formulação do Espiritismo. Sobre os animais, disse que embora seus corpos sejam mais materiais que os homens de lá, não são carnívoros, não se estraçalhando, estando também submetidos ao homem, aos quais todos são úteis; que todos os trabalhos materiais são executados pelos animais, ligados a uma família em particular num estado de submissão, nunca escravidão; que as aptidões dos animais se desenvolvem por si mesmas, tendo uma linguagem mais característica e precisa que os animais terrestres. Quando inquirido sobre o estado moral dos habitantes de Júpiter, informou que suas habitações também formam cidades; que os Espíritos são de várias graduações embora da mesma ordem (ver postagem OUSADIA?), sendo todos bons, superiores, formando diferentes povos unidos entre si pelos laços do amor, não existindo, por exemplo, as guerras; que os povos são governados por chefes definidos por seu grau superior de perfeição; que superioridade ou inferioridade lá é definida pela maior ou menor soma de conhecimentos e experiência, não existindo povos mais avançados que outros, havendo, porém diferentes graus; que se o povo mais adiantado da Terra fosse transportado para Júpiter ocuparia a posição que entre nós é ocupada pelos macacos; que os povos de lá se regem por leis, não existindo as penais por não haverem crimes; que não existem ricos e pobres, sendo todos irmãos e, se um possuísse mais que o outro, com este repartiria já que não seria feliz vendo seu irmão necessitado, a ninguém faltando o necessário, não existindo o supérfluo, havendo diferenças sociais embora determinadas pelo estado de perfeição de uns em relação aos outros conforme a Lei da Sociedade (ver O LIVRO DOS ESPÍRITOS), exercendo ao superiores uma espécie de autoridade sobre os mais atrasados, como um pai sobre os filhos; sendo as faculdades do homem desenvolvidos pela educação; não existindo várias religiões visto que todos professam o Bem  adorando um só Deus, tendo por templo o próprio coração e, por culto, o Bem que se faz. Palissy através do então famoso autor teatral Victorien Sardou - diga-se de passagem, nada conhecia de desenho ou pintura, mas revelou-se médium ostensivo -, produziu onze gravuras mostrando detalhes curiosos das habitações e vegetação de Júpiter, uma das quais reproduzida na edição brasileira da REVISTA ESPÍRITA, de agosto de 1858. Kardec na referida edição desenvolve meticuloso comentário sobre os mesmos e sobre as respostas dadas na comunicação de março sintetizada por nós intitulado A PROPÓSITO DOS DESENHOS DE JÚPITER, acrescendo inúmeras particularidades pertinentes às mesmas, obtidas pelo médium desenhista. A ilustração citada, espelha a fachada da casa do Espírito que na Terra foi identificado pelo nome de Wolfang Amadeus Mozart, construída em cima de detalhes da simbologia conhecida como cifras e notas musicais. São onze páginas de instigantes informações.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A Contribuição de Humberto de Campos


“Há mais de um mês tive um sonho engraçado. Sonhei que uma pessoa me apresentou Humberto de Campos, num lugar de céu muito azul e brilhante e no chão havia uma espécie de vegetação que não me deixava ver a Terra. Não vi casa alguma. O que me impressionou mais é que as pessoas que eu via estavam sob uma árvore muito grande e tão branca que, quando o Sol batia nas suas frondes de folhas muito delgadas, parecia uma árvore de cristal. Ele veio então ao meu lado e me estendeu a mão com bondade, dizendo: - Você é o menino do PARNASO? Disse-me mais coisas das quais não posso me recordar. Que diz o amigo de tudo isto? Seria a minha imaginação? Não sei. Em todo caso, mando estas páginas para o senhor ler”. Assim começou como contado por Chico em carta a Manuel Quintão, a relação com Humberto de Campos que, por sinal, se estenderia por várias décadas, resultando na produção de quinze livros e dezenas de mensagens inseridas em obras de autores diversos. Acarretou ainda para o pobre rapaz de Pedro Leopoldo (MG), momentos difíceis e constrangedores em face do rumoroso processo judicial resumido na obra A PSICOGRAFIA PERANTE OS TRIBUNAIS, do jurista Miguel Timponi, movido pela viúva do famoso escritor, contista e cronista morto em dezembro de 1934, após insidiosa enfermidade denominada Acromegalia. Passaria, desde então, a assinar sua produção literária como IRMÃO X, detalhe que esconde particularidade interessante. Humberto até ficar doente, destacou-se nos meios jornalísticos com o pseudônimo CONSELHEIRO XX atrás do qual expunha as mazelas sociais da então capital da República, o Rio de Janeiro, que concentrava  costumes e comportamentos libertários inspirados nas mudanças observadas em Paris e outros grandes centros culturais. Burilado pelas dores   morais, desceu da condição de conselheiro para o irmão daqueles macerados pelo sofrimento, que como ele, transitam por esse planeta de expiação e provas.  Tendo iniciado sua tarefa com Chico Xavier no dia 27 de março de 1935 em carta/mensagem em que descreve suas primeiras impressões do Mundo Espiritual, desenvolve intensa atividade literária que lhe permitiria prefaciar o primeiro livro em 25 de junho de 1937, CRÔNICAS DE ALÉM-TÚMULO (feb), apesar de algumas delas terem sido inseridas em PALAVRAS DO INFINITO (lake), mescladas com fragmentos da série de reportagens produzidas pelo jornalista Clementino de Alencar para o jornal O GLOBO, interessado justamente em entender o fenômeno das primeiras crônicas póstumas de Humberto. Entre os trinta e cinco textos da primeira obra, alguns antológicos: a entrevista com o Espírito de Judas Iscariotes , em Jerusalem, esclarecendo a trágica decisão que precipitou a prisão e condenação de Jesus e revelando a expiação com que, em meio à traições, vendido e usurpado, resgatou a culpa do passado queimado na fogueira inquisitorial no século XV, como Joana D’Arc, a celebre médium de Orleans, que orientada pelos Espíritos  São Miguel Arcanjo e Santa Clara, conduziu os exércitos franceses na vitória sobre os ingleses preservando – segundo revelou Chico Xavier – as matrizes genéticas dos que viriam a renascer nos séculos vindouros para modificar o pensamento cultural da acelerada mudança prevista para o Planeta; outro descrevendo o despertar no Plano Espiritual do fisiologista Charles Richet, Nobel de Medicina, criador da Metapsíquica; noutro relata uma entrevista com Tiradentes, na mensagem escrita em 21 de abril de 1937, em que o mártir da Inconfidência afirma não ter sido um herói e sim um Espirito em prova; e, entre varias curiosas, uma referindo-se aos instantes finais de Bruno Richard Hauptmann, o carpinteiro do Bronx, transformado pela polícia norte-americana como responsável pelo  sequestro e morte do filho de Charles Lindenbergh, o primeiro homem a cruzar sozinho o Oceano Atlântico num avião. No livro seguinte, NOVAS MENSAGENS (feb,1938), surpreende com analises curiosas como a do Carnaval no Rio de Janeiro, a “morte” do Papa Pio XI; do grande General Erich Von Ludendorff, importante figura na Alemanha da Primeira Guerra ou com interessante mensagem onde descreve uma viagem feita em excursão ao Planeta Marte. No mesmo ano, psicografou  através de Chico, BRASIL,CORAÇÃO DO MUNDO PÁTRIA DO EVANGELHO, revelando os ascendentes e destinação espirituais de nosso país. No antepenúltimo livro organizado com seus trabalhos, ESTANTE DA VIDA (feb,1969), encontramos a descrição do encontro havido no cemitério Memoriam Park, em Los Angeles (EUA) com a renomada atriz do cinema americano Marilyn Monroe, desencarnada em 1962, do qual resultou interessante entrevista em que ela fala de si mesma, das circunstâncias que assinalaram sua morte e, concorda em falar sobre a emancipação feminina que estava em rota ascendente. A obra do Espírito Humberto de Campos ofereceria ainda aos estudiosos dos ascendentes espirituais dos dramas vivenciados em nossa Dimensão, páginas com a intitulada TALIDOMIDA – livro CONTOS DESTA E DOUTRA VIDA (feb,1964) -, onde faz uma correlação entre milhares de casos de renascidos com má formação congênita a partir dos anos 50, a droga desenvolvida e usada na formula de contraceptivos em desenvolvimento à época e ações perpetradas pelos próprios envolvidos durantes as barbaridades cometidas contra judeus nas áreas de confinamento em países invadidos pelos nazistas; ou ainda, as origens da TRAGÉDIA NO CIRCO, ocorrida na tarde de 17 de dezembro de 1961, na cidade de Niterói (RJ), em que morreram queimados ou pisoteados mais de trezentas pessoas, adultos e crianças, comprometidas com decisões e ações lamentáveis assumidas no ano de 177 D.C., na cidade de Lyon, na França, no livro CARTAS E CRÔNICAS (feb), em que, por sinal ele revela no capítulo KARDEC E NAPOLEÃO, detalhes de reunião havida no Plano Espiritual na passagem do século dezoito para dezenove em que o próprio Jesus apresentou à várias personalidades históricas presentes, inclusive alguns reencarnados como Napoleão desdobrado pela hipnose do sono físico, aquele em que se depositava a missão de viabilizar a base da TERCEIRA REVELAÇÃO, oculto posteriormente no pseudônimo Allan Kardec. Para quem se interessa por Jesus, precisa ser conhecido BOA NOVA (feb,1940) riquíssimo documentário sobre fatos envolvendo o Mestre dos Mestres. A contribuição de Humberto como se pode ver, não apenas confirma sua sobrevivência como oferece substanciais elementos para reflexões, além, é claro, de oferecer farto material para os apreciadores de uma boa leitura.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

PERIGO!...



O que se verificou foi a hipnose por parte de criaturas desencarnadas que me seguiam e junto das quais não me furto às responsabilidades do meu gesto infeliz. A minha vontade era uma alavanca de Deus em minhas mãos(...). Ideias lamentáveis pareciam maribondos em meu cérebro, sugerindo-me pusesse termo à existência de rapaz errante, em busca de um emprego que não aparecia. Deixei-me invadir por aqueles pensamentos amargos, quando me falaram de almoço. Antes que me retirasse do trabalho, alvejei o meu próprio coração com um tiro certo”.(Wladimir Cezar Ranieri,25) / “...me via insuflada pelas inteligências sombrias...mão pesada que comandava os meus dedos. Sentia-me possuída por uma vontade que não era minha vontade e um constrangimento imbatível para a minha fraqueza com o que me hipnotizava, mostrando-me o pessimismo de quem fracassara por dentro de si mesma”.( Claudia Pinheiro Galasse, 18) / “Seu filho lhe pede perdão pelo que fez, conquanto saiba que agiu sob a pressão de inimigos invisíveis que golpearam a mente...eu fui um simples autômato para aquele ou aqueles que me indicaram o suicídio como sendo o melhor a fazer. Tinha um monte de desculpas dentro de mim”. (Dimas Luiz Zornetta, ) / “Ainda não sei que força me tomou naquela quarta-feira. Tive a ideia de que uma ventania me abraçava e me atirava fora pela janela. Certamente devia mobilizar minha vontade e impedir que o absurdo daquele momento me enlouquecesse. Obedecia maquinalmente àquela voz que me ordenava projetar-me no vácuo. Quis recuar, mudar o sentido da situação, não consegui(...). O que sei é que agi na condição de uma rã que uma serpente atraísse”. (Renata Zaccaro de Queiroz,18). Esses depoimentos fazem parte de algumas das centenas de cartas de jovens, psicografadas pelo médium Chico Xavier, ilustrando grave problema: o suicídio decorrente de influências espirituais. Desemprego, decepções amorosas, cabeça vazia são alguns fatores predisponentes à depressão que, por sua vez, abre espaço para as sugestões mentais de entidades espirituais desequilibradas ou mal intencionadas que arrastam suas vítimas para gestos extremos. O mundo não tomou conhecimento seja pelo preconceito ou intolerância religiosa, mas desde meados do século dezenove uma informação altamente reveladora – entre outras -, encontra-se disponível alertando as criaturas humanas sobre os riscos a que vivem permanentemente expostas. Inclui-se entre mais de 130 perguntas formuladas sobre o tema INFLUÊNCIA OCULTA DOS ESPÍRITOS SOBRE OS NOSSOS PENSAMENTOS E AÇÕES pelo educador francês conhecido como Allan Kardec aos Espíritos que o auxiliaram a compor O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Numa delas, por sinal, a 459, a resposta é enfática: “-A influência    dos Espíritos sobre nossos pensamentos e ações é maior que supondes, porque muito frequentemente são eles que vos conduzem”. Diante disso fica evidenciado que podemos ser induzidos a atitudes e comportamentos diante dos quais até nos surpreendemos. Evidente que não se trata de algo ostensivo, declarado. É sutil, discreta, quase imperceptível, já que se mistura ao fluxo inestancável de nossos pensamentos. Em sua incessante busca por respostas, Kardec reuniria outras descobertas n’ O LIVRO DOS MÉDIUNS, publicado quatro anos depois. Nele escreveu: “-Toda pessoa que sente a influência dos Espíritos, em qualquer grau de intensidade, é médium. Essa faculdade é inerente ao homem. Por isso mesmo não constitui privilégio e são raras as pessoas que não a possuem pelo menos em estado rudimentar”. Aprofundando-se no assunto, reproduziu no item 226 da mesma obra afirmação de Instrutor Espiritual segundo a qual “a faculdade propriamente dita é orgânica”. A fisiologia já sabia desde antes de Galeno sobre a existência da diminuta glândula ‘batizada’ Pineal ou Epífise, incrustrada em nossa região cerebral, desconhecendo, todavia, muito do que a Escola Mecanicista descobriria ao longo do Século Vinte.     Varias correntes de estudiosos da Antiguidade - especialmente Orientais – atribuíam, porém, ela o papel de conexão com as dimensões extrafísicas hoje consideradas pela Teoria das Supercordas. René Descartes, o grande matemático e filósofo do século 17, afirmava ser a Pineal, o local de atividade da alma. Para que formemos uma ideia do que se sabe atualmente sobre a Pineal ou Epífise, alinhamos algumas de suas características: 1- Localiza-se no centro do cérebro humano; 2- tamanho: equivale a um grão de arroz ou ervilha; 3- Pesa entre 100/180 miligramas; 4- Surge 30 a 36 dias de gestação a partir de duas pequenas massas de células que se juntam; 5- Comum a todos animais vertebrados; 6- Nos répteis e aves, está próximo à pele, não precisando de interação com o olho; 7- Única parte sólida em todo o cérebro; 8- Glândula magneto-sensível; 9- comanda todas as glândulas endócrinas que controla o sistema humoral; 10-  controla todo sistema circadiano, ciclos de sono e vigília, retarda processo de envelhecimento; 11- tem efeito estimulante sobre o sistema endócrino; 12-  produz uma “farmacopeia” de químicos, psicoativos, regulando todas as demais glândulas e as operações cerebrais; 13- um deles, a serotonina, que como se sabe, tem grande influência no controle da atividade elétrica do cérebro, sendo que as mulheres tem maiores níveis, tendo sua  produção inibida em função da luz, agindo no cérebro como indutora do sono, no coração e sistema circulatório, reduzindo formação de coágulos. Entre 1994/96 ficou demonstrada a presença de cristais de magnetita no cérebro humano, mais precisamente na Epífise e, em 2004 foi comprovado que ondas eletromagnéticas transformam-se em estímulos neuroquímicos. Descobriu-se também que cristais de apatita produzidos por sistemas biológicos vibram conforme ondas eletromagnéticas captadas; que o corpo humano está cheio de materiais magnéticos constituindo-se cada célula e átomo do corpo um pequeno dínamo magnético. Bem, sabemos que pensamento é onda e ondas são fenômenos periódicos que transportam energia, sem haver transporte de matéria. Aprendemos que a mente humana é fonte de um campo – o campo mental e que o corpo humano flutua num mar de variados campos magnéticos – da Terra, Lua, Sol e outras áreas da Galáxia. O médico Nubor Facure explica que “a pineal é sensível às irradiações eletromagnéticas, é um sintonizador dos fenômenos de comunicação mental, numa mesma faixa de vibração”. Assim sendo, ela é uma estrutura cerebral capaz de captar ondas eletromagnéticas do pensamento e decodificá-los para as demais partes do cérebro e, portanto, do organismo. Exames neurológicos (tomo/eletro) durante transe mostram que a atividade na epífise a torna uma espécie de antena que capta estímulos da alma de outras pessoas, vivas ou mortas, como se fosse um olho sensível à energia eletromagnética. O Espírito André Luiz,  considera queo pensamento do espírito, antes de chegar ao cérebro físico do médium, passa pelo cérebro perispirítico, resultando daí a característica do médium, de fazer ou não o que a entidade pretende(...)A epífise capta o campo eletromagnético, impregnado de informações, sendo interpretadas em áreas cerebraisPrognostica que “é nela, na Epífise, que reside o sentido novo dos homens”... Por tudo isso, fica evidenciado que os depoimentos dos comunicantes com que abrimos esses comentários, fundamentam-se em fatos reais.











  

    

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Não Devemos Adiar


“-Estou muito jovem ainda... -Sou velho demais.... -Assumi compromissos de monta e não posso atender... -Minhas atribulações são enormes... -Obrigações de família estão crescendo... .-Os negócios não me permitem qualquer atividade espiritual... -Empenhei-me a débitos que me afligem.... -Os filhos tomam tempo... -Problemas são muitos”...Desculpismo sempre foi porta de escape dos que abandonam as próprias obrigações. Tantas são as evasivas e tão veementes aparecem que os ouvintes mais argutos terminam convencidos de que se encontram à frente de grandes sofredores ou de criaturas francamente incapazes, passando até mesmo a sustentá-los na fuga. Quando o Espírito Emmanuel escreveu através de Chico Xavier essas palavras comentando o versículo 18 do capítulo 14 do Evangelho de Lucas – “mas todos um a um começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: comprei um terreno e preciso sair para ir vê-lo; rogo-te me dês por escusado”.-, o orgulho, a superficialidade das relações humanas e a pressão do tempo não eram tão determinantes do comportamento humano quanto hoje. O propósito da reencarnação, contudo, continua o mesmo: promover a evolução do Ser. E, na mesma mensagem o Instrutor Espiritual previne que desculpismo “não exonera a consciência do resgate preciso” e “o que tenta legitimar as atitudes infelizes que adotam, comovendo a quem ouve, acaba suportando em si mesmos as consequências das responsabilidades a que se afeiçoa”.  Fundamentando-se no depoimento de centenas de Espíritos evocados na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, Allan Kardec compôs o Código Penal da Vida Futura, inserido no capítulo sete da obra O CÉU E O INFERNO. Estudando os trinta e dois artigos que o compõem aprendemos que arrependimento, expiação e reparação são fases a que inevitavelmente nos submetemos no processo evolutivo que nos conduz na direção da própria iluminação. Ampliando nosso entendimento sobre o funcionamento desse mecanismo, Emmanuel na obra PENSAMENTO E VIDA (feb,1958), explica que “quando fugimos ao dever, precipitamo-nos no sentimento de culpa, do qual se origina o remorso, com múltiplas manifestações, impondo-nos brechas de sombra aos tecidos sutis da alma. E o arrependimento, incessantemente fortalecido pelos reflexos de nossa lembrança amarga, transforma-se num abcesso mental, envenenando-nos, pouco a pouco, e expelindo, em torno, a corrente miasmática de nossa vida íntima, intoxicando o hausto espiritual de quem nos desfruta o convívio”. Para que entendamos melhor, acrescenta que “à feição do imã, que possui campo magnético específico, toda criatura traz consigo o halo ou aura de forças criativas ou destrutivas que lhe marca a índole, no feixe de raios invisíveis que arroja de si mesma. É por esse halo que estabelecemos as nossas ligações de natureza invisível nos domínios da afinidade”. Salienta ainda que “operando a onda mental em regime de circuito, por ela incorporamos, quando moralmente desalentados, os princípios corrosivos que emanam de todas as Inteligências, encarnadas ou desencarnadas, que se entrosem conosco no âmbito de nossa atividade e influência”. Retomando o raciocínio inicial, esclarece: “-Operando a onda mental em regime de circuito, por ela incorporamos, quando moralmente desalentados, os princípios corrosivos que emanam de todas as Inteligências, encarnadas ou desencarnadas, que se entrosem conosco no âmbito de nossa atividade e influência. Projetando as energias dilacerantes de nosso próprio desgosto, ante a culpa que adquirimos, quase sempre somos subitamente visitados por silenciosa argumentação interior que nos converte o pesar, incialmente alimentado contra nós mesmos, em mágoa e irritação contra os outros. É que os reflexos de nossa defecção, a torvelinharem junto de nós, assimilam, de imediato, as indisposições alheias, carreando para a acústica de nossa alma todas as mensagens inarticuladas de revolta e desânimo, angústia e desespero que vagueiam na atmosfera psíquica em que respiramos, metamorfoseando-nos em autênticos rebelados sociais, famintos de insulamento ou de escândalo, nos quais possamos dar pasto à imaginação virulada pelas mórbidas sensações de nossas próprias culpas”. Revela que “é nesse estado negativo que, martelados pelas vibrações de sentimentos e pensamentos doentios, atingimos o desequilíbrio parcial ou total da harmonia orgânica, enredando corpo e alma nas teias da enfermidade, com a mais complicada diagnose da patologia clássica. A noção de culpa, com todo o séquito das perturbações que lhe são consequentes, agirá com os seus reflexos incessantes sobre a região do corpo ou da alma que corresponda ao tema do remorso de que sejamos portadores. Toda deserção do dever a cumprir traz consigo o arrependimento que, alentado no Espírito, se faz acompanhar de resultantes atrozes, exigindo, por vezes, demoradas existências de reaprendizado e restauração”. Previne que “cair na culpa demanda, por isso mesmo, humildade viva para o reajustamento tão imediato quanto possível de nosso equilíbrio vibratório, se não desejamos o ingresso inquietante na escola das longas reparações”. O estudo das obras de André Luiz nos permite concluir sobre o sincronismo em que trabalham os atributos do princípio inteligente convertido em Espírito a partir da conquista do pensamento contínuomemória, inteligência, consciência, livre-arbítrio, vontade -. Pelo mesmo Instrutor Espiritual, aprendemos no ENTRE A TERRA E O CÉU (feb) que “o sentimento de culpa é sempre um colapso da consciência e, através dele, sombrias forças se insinuam”. E na obra AÇÃO E REAÇÃO (feb): “-Perdemos o carro fisiológico, mas prosseguimos atados ao pelourinho invisível de nossas culpas; e a culpa(...), é sempre uma nesga de sombra eclipsando-nos a visão”.  O ideal, naturalmente, é não nos acomodarmos,comprometendo-nos nos labirintos da culpa. Especialmente pela omissão do que nos é possível ou solicitado fazer. O tempo é de mudanças substanciais no Planeta em que vivemos e a avaliação do nosso aproveitamento espiritual mais rigorosa. Procurando  uma orientação de Emmanuel, lembramos trecho do capítulo 11 do livro NÓS (ceu): “- A culpa, por enquanto, é um fantasma interior que nos persegue em todos os ângulos do mundo, sob as mais variadas formas. Recordemo-nos de que no estágio evolutivo em que nos achamos ninguém existe sem débitos a resgatar. No entanto, não nos detenhamos na culpa. Usemos a caridade recíproca e, com a liberdade relativa de que dispomos, ser-nos-á então possível edificar com Jesus, o nosso iluminado amanhã”. 

domingo, 14 de outubro de 2012

Ousadia?



“O Universo é ao mesmo tempo um mecanismo incomensurável, acionado por um número incontável de inteligências, e um imenso governo no qual cada Ser inteligente tem a sua parte de ação sob as vistas do Soberano Senhor, cuja vontade única mantém por toda a parte a unidade. Sob o império dessa vasta potência reguladora, tudo se move, tudo funciona em perfeita ordem”. O comentário foi escrito por Allan Kardec no item quatro do capítulo dezoito do livro A GÊNESE, publicado em 1868. Júlio Verne já tinha revelado seu lado visionário em relação ao espaço interplanetário escrevendo DA TERRA À LUA (1865) e, somente em 1897, H.G. Wells sua fértil imaginação com GUERRA DOS MUNDOS. Desde então, caminhamos muito na compreensão do conteúdo material do Cosmos. A Astronomia passou a dispor de equipamentos cada vez mais sofisticados e eficientes; nasceu a Astronáutica, viabilizou-se o Hubble capturando, por mais de uma década, imagens extraordinárias das profundezas da mais impressionante obra atribuída pelo Espiritismo à Inteligência Suprema do Universo. A proposta espírita, contudo, bem antes oferecera através d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS um conteúdo ousado. Nas questões 55 e 56, por exemplo, os Instrutores Espirituais que transferiram para nossa dimensão    inúmeras revelações afirmaram com segurança que “todos os globos que circulam no espaço são habitados, estando o homem da Terra longe de ser, como crê, o primeiro em inteligência, bondade e perfeição”; que “a constituição dos diferentes globos não se assemelham de modo algum” e que por esse fato, “os seres que os habitam tem constituição diferente, como para nós os peixes são feitos para viverem na água e os pássaros no ar”. Nas surpreendentes pesquisas realizadas na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, surgiram inesperadas informações. Na manifestação espiritual do dia 13 de maio de 1859, por exemplo, Kardec autorizado pelo dirigente espiritual das atividades daquele verdadeiro laboratório onde se apuravam observações sobre a existência e vida no Mundo Invisível, evoca o Espírito do cientista e explorador alemão Alexandre Von Humboldt. Detalhe: Ele morrera para nossa Dimensão apenas sete dias antes, aos 90 anos. Humboldt na encarnação concluída percorreu a América e a Ásia, fazendo estudos filosófico-naturalísticos do Globo, em grande parte preservada na obra COSMOS, abrindo novas vias ao estudo da Geografia, permitindo uma sistematização e compreensão melhor da história da Terra e da evolução da vida, sobretudo pelo fato de haver aplicado o método cartográfico ao estudo da distribuição dos fenômenos geográficos. Entre as respostas dadas por ele na extensa entrevista feita pelo pesquisador, conta “estar contente com o emprego da existência terrena por ter cumprido, mais ou menos, o objetivo que se havia proposto; que fora escolhido entre numerosos candidatos para viabilizá-lo; que a existência que precedeu a esta se passou longe da Terra num mundo muito diferente, superior; que tal mundo está muito próximo da Terra, de onde não se pode vê-lo por não ser luminoso não refletindo a luz dos sóis que o rodeiam; que a densidade desse mundo em relação ao nosso Globo é de um para cem; que as informações obtidas na Sociedade eram verdadeiras; que em sua encarnação finda não conheceu o Espiritismo, apenas o magnetismo; que o futuro do Espiritismo entre as organizações científicas seria grandioso, embora o caminho penoso; vindo um dia aceito em tais meios, embora isso fosse dispensável, sendo mais importante firmar seus preceitos no coração dos infelizes que enchem o mundo visto ser ele o balsamo que acalma os desesperos e dá esperança”. O comentário sobre Júpiter prende-se a minuciosas informações obtidas em reuniões havidas na SPEE, no ano de 1858, pelo Espírito Bernard Palissy, um pintor do século XVI, repassadas em respostas à perguntas formuladas por Kardec, chegando inclusive através do médium Vitorien Sardou desenhar várias gravuras demonstrando detalhes – ver REVISTA ESPÍRITA/agosto/1858 - da casa do célebre compositor clássico Mozart lá residente, da vegetação característica do Planeta, entre outras. O volume de dados obtidos em várias manifestações espirituais obtidas e analisadas por Kardec dentro de critérios seguros permitiu a formulação de algumas hipóteses que nos auxiliam a entender um pouco mais sobre o Universo em que vivemos. Uma delas que os Mundos, grosso modo, dividem-se em Mundos Inferiores, Mundos Intermediários e Mundos Superiores. Caracterizam-se os primeiros, por uma existência toda material, as paixões reinando absolutas com uma vida moral quase nula; os segundos, pelo Bem e Mal mesclados, predominância de um ou outro segundo o grau evolutivo dos habitantes; e os terceiros, por uma vida toda espiritual. Segundo o estado evolutivo dos que os habitam e sua destinação, classificam-se em Mundos Primitivos (primeiras encarnações dos Espíritos); Mundos de Expiações e Provas (predominância do mal); Mundos de Regeneração (servem de transição entre os Mundos de Expiação e os Mundos Felizes); Mundos Felizes (o Bem supera o Mal) e Mundos Superiores (habitado pelos Espíritos Puros, onde o Bem reina absoluto). Kardec concluiu ser possível traçar um perfil dos Espíritos, agrupando-os em três ordens, distribuídas em dez classes. Dessa forma, a TERCEIRA ORDEM compreende os ESPÍRITOS IMPERFEITOS, agrupados em cinco classes: Décima Classe – Espíritos Impuros/ inclinados ao mal, fazendo dele motivo de suas preocupações; Nona Classe – Espíritos Levianos/ ignorantes, maliciosos, inconsequentes, zombeteiros; Oitava Classe – Espíritos Pseudo-Sábios/ conhecimentos bastante amplos, crendo saber mais do que sabem; Sétima Classe – Espíritos Neutros/ Inclinam-se tanto para o Bem como para o Mal; Sexta Classe – Espíritos Batedores e Perturbadores/ Podem Pertencer a todas as classes da Terceira Ordem. A SEGUNDA ORDEM abrange os BONS ESPÍRITOS, em quatro classes: Quinta Classe – Espíritos Benevolentes/ Sua qualidade dominante é a bondade; Quarta Classe – Espíritos Sábios/ Se distinguem pela extensão de seus conhecimentos; Terceira Classe – Espíritos de Sabedoria/ Caracterizam-se pelas qualidades morais de natureza elevada; Segunda Classe – Espíritos Superiores/ Reúnem a ciência, a sabedoria e a bondade. A PRIMEIRA ORDEM reúne os ESPÍRITOS PUROS numa única classe: Primeira Classe – aqueles que percorreram todos os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria, gozando de inalterável felicidade. Diante disso, considerando que a substância do perispirito – corpo que reveste o Espírito - não é a mesma em todos os mundos, Kardec elabora uma distribuição pelos Planetas do nosso sistema solar: Júpiter – apenas Espíritos da Segunda Ordem (benevolentes, cultos, sábios, superiores), mais adiantados física e moralmente, reinando, portanto, absoluto o Bem a Justiça; Urano e Netuno – Espíritos das Primeiras Classes da Terceira Ordem (Pseudo-Sábios e Neutros) e grande maioria da Segunda (predominância do Espírito sobre a Matéria e desejo do Bem); Lua e Vênus – Mais ou menos o mesmo Grau, mais adiantados que Mercúrio e Saturno; Mercúrio e Saturno – Bons Espíritos em grande número, impõe uma ordem social mais perfeita, relações menos egoístas e, consequentemente, condições de existência mais feliz; Terra – Espíritos das Terceira Ordem ( predominância da matéria sobre o Espírito, propensão ao mal, ignorância, orgulho, egoísmo) e parte insignificante da Nona Classe (Benevolentes e Cultos). Marte – Inferior à Terra. Espíritos impuros da Nona Classe. De qualquer forma, com tudo isso, avançamos no significado da afirmação atribuída a Jesus de que “há muitas moradas na casa de Meu Pai”.  

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

VOLQUIMAR



Os ponteiros do relógio aproximavam-se das nove horas da manhã daquela sexta-feira, primeiro de setembro de 1974, quando o ritmo frenético de um dos pontos de maior movimentação da região central da capital paulista experimentou uma mudança radical. Isto porque de janelas situadas num dos pontos mais altos de moderno edifício situado na confluência das avenidas 23 de Maio e 9 de Julho com o famoso Vale do Anhangabaú, irrompiam as primeiras labaredas daquele que foi um dos maiores incêndios ocorridos na maior das metrópoles da América Latina. O Edifício Joelma, com seus 26 andares, abrigava em seu espaço interno inúmeras empresas, que, por sua vez, absorviam expressivo número de funcionários. O expediente se iniciava, e a surpresa da ocorrência resultou na morte de dezenas de pessoas, embora, felizmente, muitas vidas tenham sido salvas por encontrarem-se abaixo do andar onde se iniciou o sinistro. As que  estavam nos andares acima, como que empurradas pelo fogaréu e pela fumaça, subiam pelas escadas até o topo do prédio, na ideia que se repetiria o mesmo processo de resgate do Edifício Andraus, dois anos antes, também na capital paulista, em que inúmeras pessoas foram salvas por helicópteros. O Joelma, no entanto, não possuía Heliporto e a alta temperatura emanada do incêndio impossibilitavam a aproximação dos veículos aéreos. No alto, os que lá conseguiram chegar, corriam desorientados, fugindo das chamas aterradoras e rolos de fumaça que a todos intoxicava. No desespero para salvar-se, na confusão generalizada, corpos eram pisados ou, quais tochas vivas, impiedosamente, carbonizados. Alguns, num misto de dor e desespero, pularam da altura para estatelar-se no chão, perto do povo que, assustado, acompanhava a tragédia, entre atônito e inerme. Oficialmente, 188 pessoas morreram em consequência do incêndio e mais de 300 ficaram feridas com maior ou menor gravidade. Dentre as vítimas fatais, duas ressurgiriam meses depois através do médium Chico Xavier, já que, em momentos diferentes, familiares dos mesmos se dirigiram a Uberaba (MG), na ânsia de obter algum tipo de informação ou esclarecimento sobre a tragédia.  Não eram seguidores do Espiritismo, tendo crescido sob a orientação do Catolicismo, ao qual seguiam dentro do convencionalismo da maioria. A primeira iniciativa foi da mãe de Volquimar Carvalho dos Santos, desencarnada com apenas 21 anos. Oriunda de Pirassununga (SP), onde se formara professora primária em 1969, mudara-se pouco tempo depois com a mãe e dois irmãos para São Paulo, onde, indicada pelo irmão, quatro meses antes, passara a trabalhar na mesma empresa que ele, no vigésimo terceiro andar do edifício enquanto ele trabalhava nos primeiros andares. Na véspera da sua morte, Volqui – como era chamada – faltara no serviço para preparar a documentação necessária à matrícula na Universidade de São Paulo, em cujos vestibulares havia sido aprovada para o curso de Letras. Na maratona para encontrar o corpo da jovem que não se sabia ainda vitima fatal do incêndio, sua mãe acompanhava as buscas no carro de um amigo que, solidário, se propusera a auxiliá-los. A Capital improvisara inúmeros postos para receber os corpos resgatados considerando-se a imprevisibilidade de uma ocorrência daquele porte. Uma fenômeno incomum, porém, marcaria essa angustiante peregrinação. A certo trecho, próximo ao IML, Volquimar, em Espírito, apareceu no carro à mãe, sem que os outros dois passageiros a vissem dizendo a ela: “-Mãe, o Álvaro já me achou e identificou o meu corpo”. Ante a negativa do filho que tentava poupar a mãe até encontrar a melhor forma para comunicar-lhe a triste notícia, o Espírito da filha acrescentou, sorrindo: “-Mamãe, ele já me encontrou sim, e está ocultando a verdade da senhora”.  Dona Walkyria apenas teve confirmada a certeza do falecimento da filha num Pronto-Socorro, onde, de imediato lhe foram ministrados sedativos. Conhecendo Chico apenas das apresentações dos programas PINGA-FOGO com ele realizados em julho e dezembro de 1971, Dona Walkyria, informada pelo genro que ele estaria em Araras(SP), no dia 10 de março de 1974, apenas 40 dias após a morte da filha, era a primeira da fila para abraça-lo. Informando ao médium o motivo de ali estar, foi aconselhada por ele aguardar o fim do evento de que participara para conversarem, o que fez, ouvindo Chico falar-lhe da filha, identificando-a por Volquimar – nome pouco comum -, sem nunca ter tido qualquer informação da moça. Dois meses depois, em novo encontro, agora em Uberaba, Chico em conversa informal, revela que o Espírito da filha contou-lhe que deixara em casa algo que permitiria a comunicação mediúnica entre ele e a mãe, que por sinal, negou a existência de qualquer coisa do tipo, o que se confirmaria depois com a localização de uma cartolina com letras e números, com as palavras sim, não e adeus, com pequeno cartão móvel acoplado. Mais dois meses passados e, em 13 de julho, finalmente, ocorre a psicografia da primeira carta, com Volquimar relatando sua versão pessoal da lamentável ocorrência. Recorda, a certo trecho: “- Como foi o inesperado? Muito difícil a revisão. Tudo aconteceu de repente, como se devêssemos todos naquela manhã obedecer, de um modo só, a ordem que vinha do mais Alto, a fim de que a gente trocasse de vida e corpo. Quando recebi o impacto da notícia do fogo, o tumulto fora da sala não era pequeno. O propósito de fazer com que o trabalho rendesse, habitualmente, nos isolava dos ruídos interiores. E o tempo de preservação possível havia passado. Atendi automaticamente ao impulso que nascia nos outros companheiros: descer à pressa. E fizemos isso. Elevadores não mais podiam aguardar-nos. A força elétrica sofrera a queda compreensível. Esforcei-me por atingi algum meio para a descida, mas isso se fazia impraticável. Com alguns poucos que me podiam ouvis, subimos apressadamente para os cimos do prédio. A esperança nos helicópteros estava em nossa cabeça, mas era muito difícil abraçar tantos para o regresso à rua com recursos tão poucos. Entendi tudo e orei. Orei como nunca, lembrando toda a vida num momento só, porque os minutos de expectativa eram para nós um prolongado instante de expectativa sempre menor. Tudo atravessei com a prece no coração. E, posso dizer a você, mãezinha querida, que um brando torpor me invadiu, pouco a pouco. O calor era demasiado para que fosse sentido por nós, especialmente por mim(...) Os Amigos Espirituais, destacando-se meu avo Álvaro, comigo durante todo o tempo, não me deixaram assinalar quaisquer violência, naturais numa ocasião como aquela(..) Mais tarde, com algumas horas de liberação do corpo, é que despertei ao seu lado”. A integra da carta, entre outras, com outros detalhes que confirmam de forma indiscutível a continuidade da vida, pode ser lida na obra SOMOS SEIS (geem). 

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Quem foi (7) - a primeira mensagem


“-Chico permanecia silencioso e cabisbaixo, sentado à grande mesa, dando a impressão de que aquelas palavras o incomodavam, ferindo sua humildade e simplicidade de espírito. Comovido, fitava aquele moço simpático, o jovem médium daquele PARNASO que eu tanto amava... Sentia, na indigência dos meus raciocínios sinceros e na ebulição silenciosa de sentimentos desconhecidos, que laços misteriosos e indefiníveis me uniam, em espírito, ao coração daquele servidor do Cristo, daquele moço que eu tanto valorizava e amava no meu mundo interior de quietude e de distância...Permanecia perplexo(...) Submergia-me em pensamentos e emoções de vibração desconhecida, quando foi feita a oração inicial. Em seguida, o moço de Minas Gerais começou a escrever. Escrever celeremente. Páginas e mais páginas se sucediam sob o lápis ligeiro... Tudo aquilo era para mim um quadro absolutamente insólito. Inédito, maravilhoso, admirável. Ainda me recordo de que ouvi, com os olhos molhados de lágrimas, como tantos outros que não puderam dominar as emoções daquela noite memorável, o magnífico soneto que o grande poeta português João de Deus ofertou aos nossos corações através do lápis prodigioso de Chico Xavier(...). Terminada a leitura de outra mensagem recebida – de Emmanuel -, o presidente da abençoada sessão transmite carinhosas palavras de agradecimento de Chico aos presentes e o confrade Luiz Barreto encerra, com uma sentida oração, a noite memorável. Muitos se aproximam, então, da grande mesa do Templo de Ismael. Todos queriam cumprimentar o moço – Chico estava com 25 anos -, de Pedro Leopoldo, que no dia seguinte retornaria ao lar humilde, na terra mineira. Formaram-se filas dos que queriam despedir-se do jovem médium(...). Chegou minha vez. Estendi-lhe a mão. Abracei-o, comovido, demorando-me um instante a contemplar seus olhos tranquilos e luminosos. Recordo-me muito bem de que não pude articular uma palavra sequer. Só havia júbilo e gratidão dentro de minha alma, mas meus lábios não se abriram... Tinha os olhos úmidos...O coração se me estremecia dentro do peito”. Assim, o então jovem estudante de direito Clóvis Tavares, descreve no livro TRINTA ANOS COM CHICO XAVIER (ide), o inesperado primeiro encontro com o velho amigo de outras Eras, na memorável noite de 12 de junho de 1936, nas dependências do recinto dedicado às palestras públicas na sede da Federação Espírita Brasileira, no Rio de Janeiro, então capital da República. Aos 20 anos, Clóvis concluía seu curso jurídico e ainda se recuperando da perda de sua noiva Nina Arueira, confortado pelas leituras do PARNASO DE ALÉM TUMULO, habituara-se a assistir à palestra das sextas-feiras na Federação. “-Quem calculasse uma assistência de mil pessoas não teria errado”, recorda. Desde então, a amizade se estreitou, com Clóvis visitando Chico, sempre que as atividades no magistério como Professor de História e Direito Internacional Público permitiam, em Pedro Leopoldo, mantendo com o amigo regular troca de correspondências. Clóvis fundou em 1935, em Campos (RJ), a Escola Jesus Cristo – Instituição Espírita de Cultura e Caridade, responsabilizando-se pela direção doutrinária da entidade. Colaborou com vários periódicos espíritas, deixando na literatura importantes obras como VIDA DE ALLAN KARDEC PARA CRIANÇAS, AMOR E SABEDORIA DE EMMANUEL, MEDIUNIDADE DOS SANTOS, além da citada acima, de onde destacamos parte de seu depoimento. Clóvis teve vivencias marcantes com Chico, especialmente as envolvendo seu primeiro filho Carlos Vitor, o Carlinhos, desencarnado em fevereiro de 1973, aos 17 anos, tendo vivido a maior parte de sua vida na condição de tetraplégico, desde que sofreu um acidente ao cair do carrinho de bebe. Cinco meses depois, nas habituais visitas de julho, por ocasião das férias escolares, Carlinhos dá sua primeira mensagem aos pais, em forma de versos com que exalta a importância da família que o recebeu para sua curta existência recente em nossa dimensão. Sessenta e cinco anos depois de ter reencarnado, vitimado por uma parada cardíaca, em meio aos preparativos para um raio x, após um mal súbito, Clóvis desencarna deixando para trás invejável folha de serviços prestados à causa da caridade moral e material aos seus irmãos em Humanidade. Sete meses transcorridos, em reunião na residência do amigo de tantas emoções, Clóvis psicografa por Chico a primeira de suas mensagens aos familiares presentes. Extensa, dela destacaremos alguns trechos evidenciando a continuidade da vida e detalhes de interesse geral: “-Querida Hilda, o Senhor nos inspire e abençoe! É uma experiência nova. Falar de uma vida para outra. Desejo esvaziar o coração, exteriorizando as saudades que me povoam a alma convalescente, mas as expressões me fogem da lembrança. Quero retomar a memória; no entanto, sinto-me na condição do cego devolvido à luz, ainda hesitando entre a sombra e a claridade. Perdoem-me se falo assim, mas não posso manifestar-me de outro modo. Rearticulo as estruturas de minhas reminiscências do passado ainda presente, no hoje ligado ao ontem, e noto as diferenças que se operam adentro de mim. Torno a ver você pálida e espantada, a receber-me em seu colo, para que a minha cabeça repousasse. Refletia a consternação do ambiente e procurei em seus olhos e nos olhos do Flavinho algum esclarecimento que me habilitasse a compreensão para a realidade. Não esperávamos que uma radiografia considerada simples pudesse estar próxima da parada que me fibrilou o coração. Buscava em você e no Flávio algo que me falasse ao coração, conquanto em silêncio, mas o corpo se via na condição de máquina cujo motor esmorecera. Compreendi, na oração muda que consegui formular, que o tempo me demitia da sua própria movimentação, entregando-me ao tempo de outro nível(...). Meu sono foi rápido. Quando me vi em outro recinto, notei que um rapaz me sustentava a cabeça, qual se lhe imitasse o carinho. Quando reconheci que me achava nos braços forte de nosso Carlinhos, agora um homem vigoroso, senti que reencontrara não o nosso filho que aprendemos a amar tanto, e sim o aconchego da dedicação de um pai que houvesse retirado de sua ternura de companheira para encaminhar-me com segurança. O pranto me sufocou a garganta e não pude senão dizer: -Ah! Meu filho! Ele me colou mais intensivamente ao peito viril, na ideia manifesta de fortalecer-me para a vida nova e observei que em nossa Escola querida encontráramos um novo berço de paz e amor(...). Querida Hildinha, sofro a nossa separação temporária, mas peço-lhe coragem e fé imbatível na Divina Misericórdia. Saudades tê-las-emos sempre. Aí chorava pelos que me precederam e aqui me aflijo pelos que ficaram. Creio que a saudade é o metro do amor, determinando os valores da evolução, já assimilados na vida de cada um de nós, e só pelo trabalho com a oração, venceremos”. A mensagem repleta de outros detalhes merecedores de nossa reflexão, foi preservada no livro CARAVANA DO AMOR (ide).

domingo, 7 de outubro de 2012

Tentando Entender



Em famoso programa de televisão dos anos 70, Chico Xavier confirmou a um de seus entrevistadores que, segundo o Orientador Espiritual Emmanuel, “o Mundo Espiritual era dividido em muitos Planos e Sub-Planos. A informação não apenas torna, de certo modo, mais concreta a resposta à questão 35 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS – “o vazio absoluto não existe, nada é vazio, estando ocupado por uma matéria que nos escapa aos sentidos” , bem como, a 85 quando diz que “Mundo Espiritual preexiste e sobrevive a tudo”, hoje, mais de século e meio depois admitida por estudiosos da Física Quântica - a partir da Teoria das Supercordas-, quando afirmam que, “mesmo que as dimensões do espaço sejam imperceptíveis, são elas que determinam a realidade física em que vivemos”. Anos depois da resposta do médium mineiro, ele mesmo haveria de induzir-nos a mais amplas reflexões ao dizer que “as observações humanas, mesmo ampliada por instrumentação de alta potência, apenas atingem a faixa de matéria em que nos situamos no Plano Terrestre”. A lente humana é o olho humano ampliado. Os que leram o livro OS MENSAGEIROS (feb,1944), devem se lembrar que o Instrutor Espiritual Aniceto em certo diálogo mantido com André Luiz e Vicente, ponderara: “-Há, porém André, outros mundos sutis, dentro dos mundos grosseiros, maravilhosas esferas que se interpenetram. O olho humano sofre variadas limitações e todas as lentes físicas reunidas não conseguiriam surpreender o campo da alma, que exige o desenvolvimento das faculdades espirituais para tornar-se perceptível(...). É da Lei, que não devemos ver senão o que possamos observar com proveito”. Já nos anos 60, em entrevista publicada no ANUÁRIO ESPIRITA 1964(ide), o Espírito André Luiz, ofereceria outros elementos merecedores de nossa atenção”. 1 - “-Será lícito calcular a população de criaturas desencarnadas em idade racional, nos círculos de trabalho, em torno da Terra, para mais de vinte bilhões, observando-se que alta percentagem ainda se encontra nos estágios primários da razão, sendo esse número passível de alterações constantes pelas correntes migratórias de Espíritos em trânsito nas regiões do Planeta”. 2 - “-Qual acontece na Crosta Planetária, as esferas de trabalho e evolução que rodeiam a Terra estão muito longe de quaisquer perspectivas de saturação, em matéria de povoamento”. 3 - “-Seja de modo coletivo ou individual, em todos os tempos, Espíritos Superiores tem saído da Terra, no rumo de esferas enobrecidas, compatíveis com a evolução que alcançaram. Quanto a companheiros de evolução retardada, principalmente os que se fizeram necessitados de corretivo doloroso por delitos conscientemente praticados, em muitos casos, sofrem segregação em planos regenerativos”. 4 – “-Espíritos originários de outras plagas costumam estagiar na Terra com frequência, de vez que muitos Espíritos Superiores se reencarnam no planeta terrestre a fim de colaborarem na educação da Humanidade e criaturas inferiores costumam nele sofrer curtos ou longos períodos de exílio das elevadas comunidades a que pertencem, pela cultura e pelo sentimento, porquanto, a queda moral de alguém tanto se verifica na Terra quanto em outros domicílios do Universo”. 5 – “Os Espíritos, em seu desenvolvimento evolutivo, ligam-se, necessariamente, a determinados orbes, qual acontece com a pessoa que em determinada fase da experiência física se vincula, transitoriamente, a certa raça ou família”. 6 – “-Na imensidão dos espaços que separam dois ou mais corpos celestes vivem, também, inteligências individuais, o que é perfeitamente compreensível; basta lembrar os milhares de criaturas que atendem aos interesses de um país ou de outro nas extensões do oceano”. 7 – “-Os processos de locomoção utilizados nas migrações interplanetárias, no Plano Espiritual, são numerosos. A técnica não se relaciona a moral. Os maiores criminosos do mundo podem viajar num jato sem que isso ofenda os preceitos científicos”. 8 – “-O Umbral, expressando região inferior da Espiritualidade, pelos vínculos que possui com a ignorância e com a delinquência, começa em nós mesmos”. Questões importantes da realidade espiritual de que fazemos parte, encontram-se implícitas nesses informes. Menos a resposta sobre os Planos e Sub-Planos Espirituais. Hamilton Prado, cuja rica experiência revelamos recentemente, com base em suas vivencias, escreveu na sua obra NO LIMIAR DO MISTÉRIO DA SOBREVIVÊNCIA: “- No Universo, para mim, os mundos se escalonam em Planos Sucessivos, que se estratificam pela densidade, de tal forma que os mais atrasados, mais impregnados de eflúvios materiais, grosseiros, se acomodam mais baixo, enquanto os mais puros, mais delicados, mais etéreos se superpõem aos primeiros sucessivamente. Quando dormem os corpos ou estes se acham mortos ou inanimados por qualquer circunstância, os Espíritos deslizam para o Plano que lhes é próprio, não só porque os atraem as afinidades desse Plano, como também porque os repelem os Planos com que não se identificam seus pensamentos, emoções e tendências. É como o gás que sobe até o limite da sua densidade ou a substância mais densa que mergulha no líquido até o nível que lhe compete, ainda de acordo com a mesma Lei. Assim, da superfície do mundo, sobem para o espaço e se estratificam também para a Crosta adentro, os Planos sucessivos pelos quais o Espírito passa quando desembaraçado do corpo, até que, livre, em definitivo, pelo seu progresso, pela sua evolução moral, das gangas materiais que o revestem e imantam a substância constitutiva do seu corpo ao Plano que lhe é afim(...), possa, em definitivo, fugir das superfícies dos mundos atrasados e alçar-se a regiões mais sutis, cheias de luz, onde se inicia no estudo e compreensão metódicos da grande organização do Universo, para que se sirva depois como guia seguro das multidões de almas que se prendem ainda às regiões inferiores do Espaço”. Um eloquente exemplo – acreditamos -, de como funciona esse mecanismo deduzido e explicitado neste comentário, destacamos de farto documentário construído através de Chico Xavier, a história resumida de um Espírito identificado apenas como Josefina, constante do livro VOZES DO GRANDE ALÉM (feb). Conta ela: “-Jovem ainda, abandonada grávida pelo homem que lhe traíra a confiança, sem coragem de enfrentar a maternidade, entre o ódio e a desconfiança, soube guardar seu segredo até o nascimento de criança, que asfixiou com as próprias mãos, improvisando lhe o túmulo, vindo a desencarnar em seguida em consequência da inestancável hemorragia de que se viu acometida. Sem noção de quanto tempo se passara, desperta do torpor característico do processo de desencarne, descobrindo-se dentro da urna funerária, percebendo-se disforme, notando o sangue a fluir-lhe do baixo ventre. Reerguendo-se horrorizada, grita, aloucada, pelo socorro de parentes, clama por auxílio, até que uma voz igualmente chorosa lhe respondeu. Era outra mulher, que aos seus olhos trazia uma criança nos braços ( imagem que, na verdade, era uma forma-pensamento plasmada pelo remorso da também mãe delinquente que a transportava, desolada e infeliz), visão que a fez começar a ouvir os gemidos do bebe assassinado. Gritando estentoricamente, fugiram encontrando uma terceira mulher, não muito longe, clamando por socorro. Mais alguns passos, uma quarta companheira e, pelas ruas a fora, dentro da noite, na cidade dormente, outras mulheres em iguais condições se juntaram a elas. Alucinadas, foram conduzidas por faunos desnudos a uma casa de meretrício, onde permaneceram aprisionadas. Não sabe quanto tempo depois, foi libertada do rebanho sinistro, sendo internada num manicômio, visto que o inferno interior em que se manteve, a levou à alienação mental”. A sintonia dessas entidades pela Lei da Afinidade reunidas pelo quadro mental em que se mantinham aprisionadas pela culpa que carregavam, cremos, compunha um Sub-Plano Espiritual, circunscrito num dos Planos maiores peculiares ao Planeta em que vivemos.    







sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O Três de Outubro


A data - a não ser para alguns - não tem maior significação. Talvez no futuro venha a ter. Assinala, contudo o renascimento na Terra daquele que deu formatação ao conteúdo de importante conjunto de revelações espirituais. Precisamente aquelas que, para os que se reconhecem meio que perdidos em meio a tantas contradições, frustações, revezes, dentro da vida, encontram sentido e animo para leva-la a termo. Denizard Hypollite Léon Rivail seu nome. Mais conhecido, porém, como Allan Kardec. Lyon, interior da França foi a localidade em que ressurgiu em nossa dimensão em três de outubro de 1804. Conta o cronista Humberto de Campos, o IRMÃO X, na mensagem Kardec e Napoleão, integrante do livro CARTAS E CRÔNICAS (feb), que exatamente na primeira madrugada do Século 19, em algum lugar do espaço espiritual da latinidade, numa reunião congregando vários Espíritos desencarnados alguns, outros encarnados desdobrados pela hipnose do sono físico, comprometidos com a História da Humanidade, o próprio Jesus teria apresentado aquele que seria integrado em nossa dimensão para viabilizar o prenunciado no início da Era de Peixes a respeito do CONSOLADOR. Como em toda transição,  ver-se-ia diante de grandes obstáculos e desafios, contudo a escolha recaíra sobre alguém capaz de não perder o foco de uma missão capaz de ser cumprida por poucos. Renasceu, em sua formação intelectual e moral esteve sob a proteção de outro Espírito missionário na área da educação, fixando-se no início da vida adulta na efervescente Paris, de onde emanavam influências que delineariam o comportamento social dos séculos vindouros. Aos 51 de idade, teve sua atenção atraída para os fenômenos que o empolgariam, estabelecendo a conexão com os Luminares da Espiritualidade que o assessorariam na consecução de sua obra mais importante. Sim, porque em suas linhas e entrelinhas, angustiantes problemas humanos encontrariam sentido e lógica. Seus experimentos ao longo de mais de uma década na Sociedade que comporia com colaboradores rigorosamente avaliados e incorporados, resultaria em riquíssimo material de pesquisa para os que não se satisfazem com conceitos, explicações ou respostas fantasiosas e frágeis diante do raciocínio mais criterioso. Já na versão primeira d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questões filosóficas secularmente mantidas sob o véu do mistério e do misticismo encontraram respostas convincentes para a mentalidade exigente de parte da nascente NOVA ERA. O que é Deus, os Espíritos influenciam em nossos pensamentos e atos, o que é a morte, o que somos nós, de onde viemos, para onde vamos, a felicidade reinará um dia na Terra, qual dos defeitos consiste no maior entrave ao nosso progresso, entre mil e dezenove esclarecimentos, muitos dos quais comentados dentro de uma linha de raciocínio irretocável. Kardec não se contentava com pouco, aprofundando-se em suas perquirições, as quais resultaram num conteúdo substancial, alimento capaz de saciar a fome ou a sede de todo aquele que carece de referenciais para refletir sobre si e o que lhe acontece ao redor. Como toda ideia revolucionária, até transformar-se de domínio público, exige tempo. A multiplicidade de meios, porém, possibilitará um aceleramento maior do que o que caracterizou a disseminação do pensamento de Jesus que foi aprisionado numa estrutura mais humana que espiritual, que se serviu da luminosa mensagem do Mestre dos Mestres para dominar, controlar, desvirtuando e desfigurando, em nome do poder temporal, a mensagem que tinha como premissa maior o Amor, no sentido altruísta e não egoísta. A Providência Divina, compassiva, retoma o esforço oferecendo a muitos dos falidos e fracassados de outrora, a oportunidade de se reabilitarem, trazendo-os à reencarnação. O contato com o meio materialista, frio e calculista, arrasta, todavia, muitos para os equívocos do passado, usando da pureza da Doutrina para exercer poder sobre os desorientados e desesperançados dos nossos dias. Com isso, corre-se o risco de conduzir-se outra vez a mensagem iluminadora da Espiritualidade na direção errada. Como se disse nos estertores do século 20, o Espiritismo continua sendo o grande desconhecido pelos seus próprios seguidores. Não se conhece as obras da Codificação. Há muitos especialistas ignorantes do conteúdo dos compêndios. Como médicos, engenheiros, profissionais que assumem perante a sociedade e o meio em que atuam o papel de Mestres sem terem, ao menos lido, ou se informado nos manuais de suas especialidades. Há até quem diga que Kardec está superado. Algumas coisas, porém, não mudam. As necessidades humanas continuam as mesmas de Civilizações apagadas na memória, sepultadas pela poeira levantada pela esteira do tempo. Vivemos como afirmam alguns Instrutores Espirituais num colégio interno, um grande educandário aonde, paulatinamente, vamos conhecendo a nós mesmos e a grandiosidade do Universo de que fazemos parte. Individualmente continuamos nos iludindo e enganando, supondo-nos imunes aos efeitos dos nossos equívocos. Como se estivéssemos sob uma proteção semelhante à oferecida pelos “chefes” de qualquer organização de nosso mundo aos seus servidores. O tribunal que nos apontará as transgressões manifesta-se em nós mesmos. Sedia-se na intimidade de nossa consciência, onde as Leis perfeitas que ordenam o abstrato e o concreto, o relativo e o absoluto, aguardam nosso despertar para a realidade Espiritual. Imediatistas, não enxergamos o depois. Só vemos o agora, que, por sinal, já é passado quando acabamos de passar os olhos sobre essa afirmação. Necessário fazermos um auto-retrato. As lentes, os mecanismos, os dispositivos para que a própria imagem não seja um apenas um rascunho, esboço falso de nossa realidade, exigem de nós a configuração e composição desse equipamento através dos conhecimentos que sejamos capazes de alcançar e incorporar em nós mesmos através do estudo, da leitura, da reflexão e, sobretudo da ação, da vivência, da prática, os únicos elementos a remodelar a estrutura carente de renovação, de reforma, que cada um de nós representa. Nada nasce do nada, como disse um dia Emmanuel a Chico Xavier. O trabalho, a persistência, a determinação, são os ingredientes dessa formula de que devemos nos valer. Como escreveu o Espírito Bezerra de Menezes:   estudar, conhecer, sentir, viver Kardec.





quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Desdobramento Consciente - Uma Experiência Instigante






N’ O LIVRO DOS MÉDIUNS, o excelente e revelador manual de orientação sobre a mediunidade e suas múltiplas formas de manifestação, Allan Kardec tratou do fenômeno do desdobramento espiritual derivado do sono físico natural, no capítulo relacionado à bicorporeidade. Como também em relação a este tema, não foi na obra citada dada a última palavra, o futuro - que já é presente ou passado - revelou inúmeras outras situações, especialmente no final do século 20, merecedoras de mais aprofundados estudos, não só do ponto de vista qualitativo, mas também, quantitativo. É o caso dos desdobramentos conscientes. Embora tenha começado a circular no meio espírita com a palavra segura do Dr Waldo Vieira, que, na condição de médium prestara relevantes serviços à causa do Espiritismo ao lado de Chico Xavier entre os anos 58 e 67, isolando-se no silêncio até 1980 quando ressurgiu através do livro PROJEÇÕES DA CONSCIÊNCIA (lake), outro autor já havia oferecido ao conhecimento público suas interessantes experiências nesse campo. Trata-se do Dr. Hamilton Prado. Nascido em 27 de agosto de 1907, em  Rio Claro, SP, Hamilton Prado era industrial, advogado e político. Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de São Paulo, atuou no comércio e na indústria e, mais tarde, também na política. Foi vice-presidente da Cervejaria Antártica Paulista e, em fins da década de 60, publicou dois livros com relatos de suas Experiências Fora do Corpo, desencarnando em trágico acidente no primeiro dia de 1972, aos 64 anos. Suas vivências começaram quando ainda era bem jovem, mas,  somente aos 30 anos, com o acúmulo de experiências e observações, que percebeu a importância dessas experiências.  Quando criança tinha sonhos e pesadelos como todas as outras crianças. Aos 20 anos quando já cursava a faculdade, teve a primeira experiência fora do corpo para valer. A grande facilidade com que ocorriam levou Prado a não registrar suas experiências pessoais. Isso só mudaria por volta 1942, aos 35 anos, quando passou a escrever detalhadamente sobre suas vivências com objetivo de produzir um livro. Prado seguia a Doutrina Espírita de forma que usava o termo desdobramento para designar as experiências fora do corpo. Até 1946, foi sendo compilado normalmente. Depois disso, até 1963, pouca coisa foi acrescentada, pois, os compromissos crescentes da vida comum e as preocupações exclusivamente materiais tomavam-lhe cada vez mais o tempo e a atenção. Nesse período, somente fez anotações ocasionais, publicando em 1967, NO LIMIAR DO MISTÉRIO DA SOBREVIVÊNCIA, e, em 1969, AINDA NO LIMIAR DO MISTÉRIO DA SOBREVIVÊNCIA. Dessas memórias, destacaremos alguns relatos. Sobre o início, conta: “- Já era rapaz quando começou a dar-se comigo um fato interessante, que me causava horror tremendo e cuja lembrança me dava, à noite, vontade de não deitar-me. Sempre de madrugada, debaixo da maior tranquilidade, sentia-me, às vezes, de repente, acordado, mas absolutamente incapaz de mexer-me. Em seguida um ruído fino e estridente, como de uma carretilha pequena a escorregar por um fio de aço, vindo do fundo da casa até alcançar meu quarto, passando pelo pé da cama, continuando pela sala de visitas, até se extinguir. Findo o movimento, readquiria os movimentos”. Tempos depois, “em meio a qualquer sonho, vinha-me a compreensão de o que via era efetivamente um sonho e, então, ou se desfaziam as imagens ou permaneciam e, quando sentia desejo de acordar, percebia tudo escurecer, enquanto uma forte ventania soprava sobre meus ouvidos, como se em grande velocidade fosse arremessado no espaço, acordando imediatamente depois, às vezes, resultando na minha ideia o conhecimento do local em que estivera, ou com o qual sonhara”. As reminiscências vão se sucedendo mostrando o lado instigante daquele que é dotado da espontaneidade nesse tipo de mediunidade. Narra em outro momento: “Em outra noite, em que me deitara cansado e meio adoentado, senti-me levado para uma espécie de laboratório e, em dado momento, vi em minhas mãos uma flor, cuja polpa intui que devia comer. Procurei mastiga-la e a senti desfazer-se enquanto um sabor suave e estimulante se me espalhava na boca. Como de outras vezes, procurei acordar, o que fiz, porém nada que se assemelhasse àquele sabor continuava sentindo. Apenas um enorme bem-estar geral, em contrário à indisposição com que me deitara”. Noutra ocasião, “vi-me, primeiramente, em uma extensa rua, em que se alinhavam portas, pelas quais entravam e saíam pessoas, de que a rua estava cheia. Tive a percepção de que todos buscavam, atrás daquelas portas, aquilo que na ida constitui um anseio: prazer. Porém, logo me senti levado daquele lugar pelo espaço afora, até atingir uma praça arborizada, em cujo extremo, dois edifícios enormes se levantavam. Um, de aparência sombria, era de construção artística, caprichada e dava a ideia de que seus compartimentos internos eram precedidos por um monumental vestíbulo, que de fora se percebia por causa de uma grande abóboda, que o recobria. Externamente, chegava-se à entrada desse vestíbulo por uma grande escadaria ladeada por dois robustos corrimãos de pedra lavrada, encimados, no lance inicial, por dois enormes leões de mármore. O outro edifício, de tamanho quase igual ao primeiro, era de construção singela e sua entrada era porta comum, de proporções aumentadas(...) Desejei penetrar nesse segundo edifício, porém, ao invés de endereçar-me à porta, senti-me conduzido para uma janela. À minha frente, abriu-se a janela e o que se apresentou me fez parar estarrecido e desejoso de não continuar: nevoento, pesado era o ambiente que se apresentava à minha frente e nele eu via, como se fosse num corredor, instalados em espécies de beliches superpostos, homens e mulheres, na maioria velhos, cujas fisionomias abatidas, enfermiças, expressavam todas, sem exceção, cinismo e depravação. O ambiente era enervante e me angustiou, motivo porque recuei ante a janela e fiz menção de afastar-me, o que me foi fácil. Alguém, que me acompanhava, explicou-me que eu vira um sanatório a que recolhiam os espíritos que se haviam extenuado no anseio de prazeres sexuais e paixões eventuais e que ali se retemperavam e eram corrigidos, para poderem iniciar novas peregrinações”. No final de seu depoimento, Hamilton Prado apresenta várias conclusões, fruto de suas reflexões sobre os fenômenos por ele vividos, dentre as quais destacamos parte da décima primeira: “-O progresso espiritual, no sentido de estar assegurada a cada qual sua ascenção de níveis subalternos, inferiores, de percepções grosseiras, para níveis de percepções sutis, belas, puras emoções e superior entendimento, não só está ao alcance de cada um, como só pode ser realizado por um esforço próprio, que modifique o íntimo da pessoa. Não são fatores externos decorrentes de preces ou promessas que influem”.
  

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Refletindo Sobre as Lesões Afetivas



Foi em comentário do Espírito Emmanuel psicografado por Chico Xavier que li pela primeira vez sobre lesão afetiva. Fator determinante de muitos desajustes comportamentais, a lesão afetiva constitui-se num distúrbio da emoção. Emoção, do ponto de vista espiritual representa didática e cartesianamente uma das partes em que se bifurca  o instinto – uma inteligência rudimentar -,quando o princípio inteligente alcança a capacidade do pensamento contínuo, iniciando a longa caminhada na direção da sua humanização, em busca da própria espiritualização. O Instrutor Espiritual, em várias ocasiões nos oferece material para reflexões.  O primeiro, talvez, insira-se na resposta 173 da obra O CONSOLADOR (feb), em que opinando sobre simpatia e antipatia – base da afeição – diz: “-A simpatia ou a antipatia tem as suas raízes profundas no espírito, na sutilíssima entrosagem dos fluidos peculiares a cada um”. Essa explicação ajuda-nos a entender a resposta à questão 386 d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS”, onde questionados por Allan Kardec se dois seres que se conheceram e amaram podem encontrar-se noutra existência corpórea e se reconhecerem dizem que “reconhecerem-se, não, mas serem atraídos um pelo outro, sim; e frequentemente as ligações íntimas, fundadas numa afeição sincera, não provém de outra causa”. Tal atração pode-se supor seja fluídica já que cada Espírito emite uma vibração peculiar ao seu estado evolutivo, sintonizando com aqueles com que se afiniza. Em interessante comentário de Chico ao jornalista Fernando Worm no livro A PONTE, considera que “é atendendo aos vínculos do afeto que duas pessoas, atraídas pela complementação magnética, normalmente se unem na comunhão sexual”. Alerta contudo que “os Espíritos Orientadores esclarecem que devemos evitar a promiscuidade”(...). “Não se deve usar um corpo usado por outrem, assim como não se mora em duas casas concomitantemente. Conscientizemo-nos também que o problema da sedução irresponsável, egoística, é muito grave, de vez que contraímos séria dívida com a pessoa seduzida”. Esta conduta vai se refinando a medida em que se avança na senda da evolução, explicando André Luiz em EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS (feb), que “quanto mais aperfeiçoado o grau de aprimoramento da alma, mais reclamará espontaneamente de si própria a necessária disciplina das energias do mundo afetivo”. Na obra NOSSO LAR (feb), aprendemos que o casamento também é uma convenção existente no Mundo Espiritual segundo explicações de Tobias a André Luiz,  ocorrendo “pela combinação vibratória, pela afinidade máxima ou completa”. Do ponto de vista dos reajustes interpessoais impostos pelo egoísmo peculiar à maior parte dos Espíritos em evolução na Terra, no E A VIDA CONTINUA (feb), o Instrutor Ribas, diz que “somos mecanicamente impelidos para pessoas e circunstâncias que se afinem conosco ou com os nossos problemas”. Em mensagem constante do livro MOMENTOS DE OURO (geem), justamente analisando o problema das lesões afetivas, Emmanuel lembra que “todos nós, os Espíritos vinculados à evolução da Terra, estamos altamente compromissados em matéria de amor e sexo, e, em matéria de amor e sexo irresponsáveis, não podemos estranhar os estudos respeitáveis nesse sentido, porque, um dia, todos seremos chamados a examinar semelhantes realidades, especialmente as que se relacionem conosco, que podem efetivamente ser muito amargas, mas que devem ser ditas”. Nesses tempos de tanta falta de referências, recomenda: “-Se habitas um corpo masculino, conforme as tarefas que te foram assinaladas, e encontraste essa ou aquela irmã que se te afinou com o modo de ser, não lhe desarticules os sentimentos, a pretexto de amá-la, se não está em condição de cumprir a palavra, no que tange a promessas de amor. E se moras presentemente num corpo feminino, para o desempenho de atividades determinadas, se surpreendeste esse ou aquele irmão que se harmonizou com as tuas preferências, não lhe perturbes a sensibilidade sob a desculpa de desejar-lhe a proteção, caso não estejas na posição de quem desfruta a possibilidade de honorificar os próprios compromissos. Não comeces um romance de carinho a dois, quando não possas e nem queiras manter-lhe a continuidade”. Pondera que “ninguém no mundo pode medir a resistência de um coração quando abandonado por outro e nem sabe a qualidade das reações que virão daqueles que enlouquecem, na dor da afeição incompreendida, quando isso acontece por nossa causa”. Assevera que “as Leis do Universo esperar-nos-ão pelos milênios afora, mas terminarão por se inscreverem, a caracteres de luz, em nossas próprias consciências. E essas Leis determinam amemos os outros qual nos amamos”. Lembra no livro VIDA E SEXO (feb) que “em matéria de afetividade, no curso dos séculos, vezes inúmeras disparamos na direção do narcisismo e, estirados na volúpia do prazer estéril, espezinhamos sentimentos alheios, impelindo criaturas estimáveis e nobres a processos de angústia e criminalidade, depois de prendê-las a nós mesmos com o vínculo de promessas brilhantes, das quais nos descartamos em movimentação imponderada”. Explica que “toda vez que determinada pessoas convide outra à comunhão sexual ou aceita de alguém um apelo neste sentido, em bases de afinidade e confiança, estabelece-se entre ambas um circuito de forças, pelo qual a dupla se alimenta psiquicamente de energias espirituais, em regime de reciprocidade. Quando um dos parceiros foge ao compromisso assumido, sem razão justa, lesa o outro na sustentação do equilíbrio emotivo, seja qual for o campo de circunstâncias em que esse compromisso venha a ser efetuado. Criada a ruptura no sistema de permuta das cargas magnéticas de manutenção, de alma para alma, o parceiro prejudicado, se não dispõe de conhecimentos superiores na auto-defensiva, entra em pânico, sem que se lhe possa prever o descontrole que, muitas vezes, raia na delinquência. Tais resultados da imprudência e da invigilância repercutem no agressor, que partilhará das consequências desencadeadas por ele próprio, debitando-se-lhe ao caminho a sementeira partilhada de conflitos e frustrações que carreará para o futuro”. Para finalizar, André Luiz no excelente SINAL VERDE (cec), diz que “toda pessoa que lesa outra, nos compromissos do coração, está fatalmente lesando a si própria”, visto que segundo a Lei que nos rege o destino, receberemos, de retorno, tudo o que dermos aos outros”.