Na extraordinária série de NOTÁVEIS REPORTAGENS COM CHICO XAVIER (ide), realizadas pelo
jornalista Clementino de Alencar para o jornal O GLOBO, o Espírito Emmanuel pronunciando-se
a respeito da Medicina, a certo ponto de suas considerações, disse: “- É
verdade que grande número de moléstias constitui enigmas dolorosos para a
ciência dos homens, não obstante o avanço dos compêndios. É que os micróbios
patogênicos se associam a elementos sutilíssimos de ordem espiritual”. Naturalmente, desapercebida pelos
representantes da Ciência, a informação foi aprofundada a partir de algumas das
observações feitas pelo Espírito que conhecemos como André Luiz nos livros que
transmitiu para nossa Dimensão pelo médium de Pedro Leopoldo. Uma delas na obra
OS MENSAGEIROS (feb,1944), no
capítulo quarenta onde descreve a chegada dele e Vicente acompanhando o
Instrutor Aniceto à cidade do Rio de Janeiro, praticamente na primeira missão
que desempenharia na Crosta depois de integrado aos servidores da Colônia Nosso
Lar. Revela que “suas possibilidades visuais
cresciam sensivelmente”, “reconhecendo de longe, o peso considerável do ar que
se agarrava à superfície, tendo a impressão de que nadavam em alta zona do mar
de oxigênio, vendo em baixo, em águas turvas, enorme quantidade de irmãos
nossos a se arrastarem pesadamente, metidos em escafandros muito densos, no
fundo lodoso do oceano”. Tendo a atenção despertada para certas manchas
escuras na via pública, ouviu Aniceto dizer: “- São nuvens de bactérias
variadas. Flutuam, quase sempre também em grupos compactos, obedecendo ao
princípio das afinidades. Reparem aqueles arabescos de sombra...-
indicando-nos certos edifícios e certas regiões da cidade -,...observem
os grandes núcleos pardacentos ou completamente obscuros!.. São zonas de
matéria mental inferior, matéria que é expelida incessantemente por certa
classe de pessoas. Se demorarmos em nossas investigações, veremos igualmente os
monstros que se arrastam nos passos das criaturas, atraídos por elas mesmas...
Tanto assalta o homem a nuvem de bactérias destruidoras da vida física, quanto
as formas caprichosas das sombras que ameaçam o equilíbrio mental”. Impressionado,
André Luiz indagou: “- Mas a matéria mental emitida pelo homem
inferior tem vida própria como o núcleo de corpúsculos microscópicos de que se
originam as enfermidades corporais?, obtendo como resposta: “- Como
não? Vocês, presentemente, não desconhecem que o homem terreno vive num
aparelho psicofísico. Não podemos considerar somente, no capítulo das
moléstias, a situação fisiológica propriamente dita, mas também o quadro
psíquico da personalidade encarnada. Ora, se temos a nuvem de bactérias
produzidas pelo corpo doente, temos a nuvem de larvas mentais produzidas
pela mente enferma, em identidade de circunstâncias. Desse modo, na esfera das
criaturas desprevenidas de recursos espirituais, tanto adoecem corpos, como
almas. No futuro, por esse mesmo motivo, a medicina da alma absorverá a
medicina do corpo”. No ano
seguinte, André descreve em MISSIONÁRIOS
DA LUZ (feb,1945) as experiências
acumuladas ao lado do Instrutor Alexandre no campo da mediunidade e da
reencarnação. Já no capítulo 3, conta que, numa reunião mediúnica, posta-se ao
lado de um rapaz que esperava de lápis em punho, mergulhado em fundo silêncio. Apoiado
pelo vigoroso auxílio magnético do Benfeitor, observa que no médium, os núcleos
glandulares emitiam pálidas irradiações, a epífise, principalmente,
semelhava-se a reduzida semente algo luminosa. Orientado pelo Instrutor,
atem-se ao aparelho genital, comentando: “- Fiquei estupefato. As glândulas geradoras
emitiam fraquíssima luminosidade, que parecia abafada por aluviões de corpúsculos
negros, a se caracterizarem por espantosa mobilidade. Começavam a
movimentação sob a bexiga urinária e vibravam ao longo de todo o cordão
espermático, formando colônias compactas, nas vesículas seminais, na próstata,
nas massas mucosas uretrais, invadiam os canais seminíferos e lutavam com as células
sexuais, aniquilando-as. As mais vigorosas daquelas feras microscópicas
situavam-se no epidídimo, onde absorviam, famélicas, os embriões delicados da
vida orgânica. Estava assombrado. Que significava aquele acervo de pequeninos
seres escuros? Pareciam imantados uns aos outros, na mesma faixa de destruição”.
Sem que dirigisse a palavra falada, à simples enunciação íntima da dúvida,
Alexandre explicou: “-São bacilos psíquicos da tortura
sexual, produzidos pela sede febril de prazeres inferiores. O dicionário
médico do mundo não os conhece e, na ausência de terminologia adequada aos seus
conhecimentos, chamemos-lhes larvas, simplesmente. Tem sido cultivados
por este companheiro, não só pela incontinência no domínio das emoções
próprias, através de experiências variadas, senão também pelo contato com
entidades grosseiras, que se afinam com as predileções dele, entidades que o
visitam com frequência, à maneira de imperceptíveis vampiros. O pobrezinho
ainda não pode compreender que o corpo físico é apenas leve sombra do corpo
perispiritual, não se capacitou de que a prudência, em matéria de sexo, é
equilíbrio da vida e, recebendo as nossas advertências sobre a temperança,
acredita ouvir remotas lições de aspecto dogmático, exclusivo, no exame da fé
religiosa. A pretexto de aceitar o império da razão pura, na esfera da lógica,
admite que o sexo nada tenha a ver com a espiritualidade, como se esta não
fosse a existência em si. Esquece-se que tudo é Espírito, manifestação divina e
energia eterna. O erro de nosso amigo é o de todos os religiosos que supõem a
alma absolutamente separada do corpo físico, quando todas as manifestações
psicofísicas se derivam da influenciação espiritual”. Ampliando-lhe
mais ainda o entendimento, Alexandre diz que “as doenças psíquicas são
muito mais deploráveis. A patogênese da alma está dividida em quadros
dolorosos. A cólera, a intemperança, os desvarios do sexo, as viciações de
vários matizes, formam criações inferiores que afetam profundamente a vida
íntima. Quase sempre o corpo doente assinala a mente enfermiça”. Questionado
sobre a possibilidade do contágio, respondeu que “nas moléstias da alma, como nas
enfermidades do corpo físico, antes da afecção existe o ambiente. As ações
produzem efeitos, os sentimentos geram criações, os pensamentos dão origem às
formas e consequências de infinitas expressões(...). Cada viciação particular
da personalidade produz as formas sombrias que lhe são consequentes, e estas,
como as plantas inferiores que se alastram no solo, por relaxamento do
responsável, são extensivas às regiões próximas, onde não prevalece o espírito
de vigilância e defesa”. Em outro momento de suas elucidações,
acrescenta que a “promiscuidade entre os encarnados indiferentes à Lei Divina e os
desencarnados que a ela tem sido indiferentes, é muito grande na crosta da
Terra(...). Aos infelizes que caíram em semelhante condição de parasitismo, as
larvas que você observou servem de alimento habitual. Semelhantes larvas são
portadoras de vigoroso magnetismo animal”. Afinal, como diria a próprio
André Luiz no LIBERTAÇÃO(feb), “o
pensamento é, sem dúvida, força criadora de nossa própria alma e, por isto
mesmo, é a continuação de nós mesmos. Através dele, atuamos no meio em que
vivemos e agimos, estabelecendo o padrão de nossa influência, no bem ou no mal”.
Compartilhamento de informações reveladoras disponibilizadas pelo Espiritismo ampliando nosso nivel cultural
faça sua pesquisa
terça-feira, 30 de outubro de 2012
sábado, 27 de outubro de 2012
As Revelações de Palissy
Homem de múltiplas habilidades, Bernard Palissy viveu oitenta anos com esse nome na França, entre 1510 e 1590. Considerado precursor da Hidrologia e da Paleontologia passou seus dois últimos anos preso pela sua condição de protestante convicto. Na reunião da noite de nove de março de 1858, Allan Kardec que, por manifestações anteriores já sabia que ele habitava a época o planeta Júpiter, o evoca objetivando obter mais informações sobre a vida no nosso vizinho do Sistema Solar. Considerando o argumento da Física Quântica sobre Universos Paralelos já abordado por nós outras vezes, bem como o conteúdo d' O LIVRO DOS ESPÍRITOS sobre a não existência do vazio absoluto, torna-se interessante conhecer esses detalhes. Na longa entrevista de oitenta e duas perguntas, reproduzida na REVISTA ESPÍRITA do mês seguinte, o Espírito revelou detalhes interessantes para nossas reflexões não só sobre si mesmo, mas, também do estado físico daquele globo e seus habitantes, dos animais lá existentes e do estado moral dos que lá vivem. Informa que depois da existência como Palissy, reencarnou novamente na Terra, na condição de uma mulher obscura, vivendo apenas trinta anos numa missão mais simples, sem a projeção da anterior. Questionado sobre as características físicas do Planeta, disse que a temperatura lá é suave, temperada, de forma constante; que ele é cercado de uma espécie de luz espiritual condizente com a essência dos seus habitantes; que há uma atmosfera formada de elementos diferentes dos da Terra, existindo água e mares; que a água é mais etérea que a nossa; que não há vulcões; que a matéria como a conhecemos quase não existe; que as plantas tem analogia com as nossas, sendo, porém, mais belas. Quanto a seus habitantes, diz que seus corpos tem a conformação dos daqui, sendo, porém, grandes e bem proporcionados, maiores que nossos maiores homens, refletindo mais precisamente sua condição evolutiva, apenas um invólucro dele, não uma prisão, podendo ser opacos, diáfanos ou translúcidos conforme seu destino; que os corpos lá envolvem o Espírito sem o ocultar, como um tênue véu lançado sobre uma estátua; que existe diferença de sexos por ser isso uma lei da matéria; que a alimentação é puramente vegetal, parte dela extraída das emanações do ambiente, sendo aspirada; que a duração média de uma existência equivaleria no nosso calendário a mais ou menos cinco séculos; que a infância não comprime a superioridade do homem nem a velhice a extingue; que os corpos não estão sujeitos às doenças como as nossas; que a vida está dividida entre ação e repouso; que suas principais ocupações são o encorajamento dos Espíritos que habitam os mundos inferiores o que é possibilitado pelo fato da densidade física dos seus corpos diferir dos nossos que nos mantem presos ao solo; que o tédio e o desgosto não existem lá já que, considera ele, o desgosto pela vida origina-se no desprezo do Ser por si mesmo; que a comunicação entre seus habitantes é feita pelo pensamento; que o conhecimento do futuro é possível, dependendo, contudo do grau de perfeição do Espírito, trazendo para os que o acessam menos inconvenientes para eles que para nós, sendo necessário até certo ponto para as missões de que se incumbem, nas quais não falham por se incluírem entre os Espíritos bons e, por fim, solicitado a nomear um dos habitantes de Júpiter que desempenhou uma grande missão na Terra, citou o que conhecemos e lembramos como São Luiz, por sinal, membro da equipe responsável pela formulação do Espiritismo. Sobre os animais, disse que embora seus corpos sejam mais materiais que os homens de lá, não são carnívoros, não se estraçalhando, estando também submetidos ao homem, aos quais todos são úteis; que todos os trabalhos materiais são executados pelos animais, ligados a uma família em particular num estado de submissão, nunca escravidão; que as aptidões dos animais se desenvolvem por si mesmas, tendo uma linguagem mais característica e precisa que os animais terrestres. Quando inquirido sobre o estado moral dos habitantes de Júpiter, informou que suas habitações também formam cidades; que os Espíritos são de várias graduações embora da mesma ordem (ver postagem OUSADIA?), sendo todos bons, superiores, formando diferentes povos unidos entre si pelos laços do amor, não existindo, por exemplo, as guerras; que os povos são governados por chefes definidos por seu grau superior de perfeição; que superioridade ou inferioridade lá é definida pela maior ou menor soma de conhecimentos e experiência, não existindo povos mais avançados que outros, havendo, porém diferentes graus; que se o povo mais adiantado da Terra fosse transportado para Júpiter ocuparia a posição que entre nós é ocupada pelos macacos; que os povos de lá se regem por leis, não existindo as penais por não haverem crimes; que não existem ricos e pobres, sendo todos irmãos e, se um possuísse mais que o outro, com este repartiria já que não seria feliz vendo seu irmão necessitado, a ninguém faltando o necessário, não existindo o supérfluo, havendo diferenças sociais embora determinadas pelo estado de perfeição de uns em relação aos outros conforme a Lei da Sociedade (ver O LIVRO DOS ESPÍRITOS), exercendo ao superiores uma espécie de autoridade sobre os mais atrasados, como um pai sobre os filhos; sendo as faculdades do homem desenvolvidos pela educação; não existindo várias religiões visto que todos professam o Bem adorando um só Deus, tendo por templo o próprio coração e, por culto, o Bem que se faz. Palissy através do então famoso autor teatral Victorien Sardou - diga-se de passagem, nada conhecia de desenho ou pintura, mas revelou-se médium ostensivo -, produziu onze gravuras mostrando detalhes curiosos das habitações e vegetação de Júpiter, uma das quais reproduzida na edição brasileira da REVISTA ESPÍRITA, de agosto de 1858. Kardec na referida edição desenvolve meticuloso comentário sobre os mesmos e sobre as respostas dadas na comunicação de março sintetizada por nós intitulado A PROPÓSITO DOS DESENHOS DE JÚPITER, acrescendo inúmeras particularidades pertinentes às mesmas, obtidas pelo médium desenhista. A ilustração citada, espelha a fachada da casa do Espírito que na Terra foi identificado pelo nome de Wolfang Amadeus Mozart, construída em cima de detalhes da simbologia conhecida como cifras e notas musicais. São onze páginas de instigantes informações.
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
A Contribuição de Humberto de Campos
“Há mais de um mês tive um sonho engraçado. Sonhei que uma pessoa me
apresentou Humberto de Campos, num lugar de céu muito azul e brilhante e no
chão havia uma espécie de vegetação que não me deixava ver a Terra. Não vi casa
alguma. O que me impressionou mais é que as pessoas que eu via estavam sob uma
árvore muito grande e tão branca que, quando o Sol batia nas suas frondes de
folhas muito delgadas, parecia uma árvore de cristal. Ele veio então ao meu
lado e me estendeu a mão com bondade, dizendo: - Você é o menino do PARNASO?
Disse-me mais coisas das quais não posso me recordar. Que
diz o amigo de tudo isto? Seria a minha imaginação? Não sei. Em todo caso,
mando estas páginas para o senhor ler”. Assim começou como contado por
Chico em carta a Manuel Quintão, a relação com Humberto de Campos que, por
sinal, se estenderia por várias décadas, resultando na produção de quinze
livros e dezenas de mensagens inseridas em obras de autores diversos. Acarretou
ainda para o pobre rapaz de Pedro Leopoldo (MG), momentos difíceis e
constrangedores em face do rumoroso processo judicial resumido na obra A PSICOGRAFIA PERANTE OS TRIBUNAIS, do
jurista Miguel Timponi, movido pela viúva do famoso escritor, contista e
cronista morto em dezembro de 1934, após insidiosa enfermidade denominada
Acromegalia. Passaria, desde então, a assinar sua produção literária como IRMÃO
X, detalhe que esconde particularidade interessante. Humberto até ficar doente,
destacou-se nos meios jornalísticos com o pseudônimo CONSELHEIRO XX atrás do
qual expunha as mazelas sociais da então capital da República, o Rio de Janeiro,
que concentrava costumes e
comportamentos libertários inspirados nas mudanças observadas em Paris e outros
grandes centros culturais. Burilado pelas dores morais,
desceu da condição de conselheiro para o irmão daqueles macerados pelo
sofrimento, que como ele, transitam por esse planeta de expiação e provas. Tendo iniciado sua tarefa com Chico Xavier no
dia 27 de março de 1935 em carta/mensagem em que descreve suas primeiras
impressões do Mundo Espiritual, desenvolve intensa atividade literária que lhe
permitiria prefaciar o primeiro livro em 25 de junho de 1937, CRÔNICAS DE ALÉM-TÚMULO (feb), apesar de algumas delas terem sido inseridas em PALAVRAS DO INFINITO (lake), mescladas
com fragmentos da série de reportagens produzidas pelo jornalista Clementino de
Alencar para o jornal O GLOBO, interessado justamente em entender o fenômeno
das primeiras crônicas póstumas de Humberto. Entre os trinta e cinco textos da
primeira obra, alguns antológicos: a entrevista com o Espírito de Judas
Iscariotes , em Jerusalem, esclarecendo a trágica decisão que precipitou a
prisão e condenação de Jesus e revelando a expiação com que, em meio à
traições, vendido e usurpado, resgatou a culpa do passado queimado na fogueira
inquisitorial no século XV, como Joana D’Arc, a celebre médium de Orleans, que
orientada pelos Espíritos São Miguel
Arcanjo e Santa Clara, conduziu os exércitos franceses na vitória sobre os
ingleses preservando – segundo revelou Chico Xavier – as matrizes genéticas dos
que viriam a renascer nos séculos vindouros para modificar o pensamento
cultural da acelerada mudança prevista para o Planeta; outro descrevendo o
despertar no Plano Espiritual do fisiologista Charles Richet, Nobel de
Medicina, criador da Metapsíquica; noutro relata uma entrevista com Tiradentes,
na mensagem escrita em 21 de abril de 1937, em que o mártir da Inconfidência afirma
não ter sido um herói e sim um Espirito em prova; e, entre varias curiosas, uma
referindo-se aos instantes finais de Bruno Richard Hauptmann, o carpinteiro do
Bronx, transformado pela polícia norte-americana como responsável pelo sequestro e morte do filho de Charles
Lindenbergh, o primeiro homem a cruzar sozinho o Oceano Atlântico num avião. No
livro seguinte, NOVAS MENSAGENS
(feb,1938), surpreende com analises curiosas como a do Carnaval no Rio de
Janeiro, a “morte” do Papa Pio XI; do grande General Erich Von Ludendorff,
importante figura na Alemanha da Primeira Guerra ou com
interessante mensagem onde descreve uma viagem feita em excursão ao Planeta
Marte. No mesmo ano, psicografou através de Chico, BRASIL,CORAÇÃO
DO MUNDO PÁTRIA DO EVANGELHO, revelando os ascendentes e destinação
espirituais de nosso país. No antepenúltimo livro organizado com seus
trabalhos, ESTANTE DA VIDA
(feb,1969), encontramos a descrição do encontro havido no cemitério Memoriam
Park, em Los Angeles (EUA) com a renomada atriz do cinema americano Marilyn
Monroe, desencarnada em 1962, do qual resultou interessante entrevista em que
ela fala de si mesma, das circunstâncias que assinalaram sua morte e, concorda
em falar sobre a emancipação feminina que estava em rota ascendente. A obra do
Espírito Humberto de Campos ofereceria ainda aos estudiosos dos ascendentes
espirituais dos dramas vivenciados em nossa Dimensão, páginas com a intitulada TALIDOMIDA – livro CONTOS DESTA E DOUTRA VIDA (feb,1964) -, onde faz uma correlação
entre milhares de casos de renascidos com má formação congênita a partir dos anos 50, a droga
desenvolvida e usada na formula de contraceptivos em desenvolvimento à época e
ações perpetradas pelos próprios envolvidos durantes as barbaridades cometidas
contra judeus nas áreas de confinamento em países invadidos pelos nazistas; ou
ainda, as origens da TRAGÉDIA NO CIRCO,
ocorrida na tarde de 17 de dezembro de 1961, na cidade de Niterói (RJ), em que
morreram queimados ou pisoteados mais de trezentas pessoas, adultos e crianças,
comprometidas com decisões e ações lamentáveis assumidas no ano de 177 D.C., na
cidade de Lyon, na França, no livro CARTAS
E CRÔNICAS (feb), em que, por sinal ele revela no capítulo KARDEC E NAPOLEÃO, detalhes de reunião
havida no Plano Espiritual na passagem do século dezoito para dezenove em que o
próprio Jesus apresentou à várias personalidades históricas presentes,
inclusive alguns reencarnados como Napoleão desdobrado pela hipnose do sono
físico, aquele em que se depositava a missão de viabilizar a base da TERCEIRA
REVELAÇÃO, oculto posteriormente no pseudônimo Allan Kardec. Para quem se
interessa por Jesus, precisa ser conhecido BOA
NOVA (feb,1940) riquíssimo documentário sobre fatos envolvendo o Mestre dos
Mestres. A contribuição de Humberto como se pode ver, não apenas confirma sua
sobrevivência como oferece substanciais elementos para reflexões, além, é
claro, de oferecer farto material para os apreciadores de uma boa leitura.
terça-feira, 23 de outubro de 2012
PERIGO!...
“O que se verificou foi a hipnose por parte de criaturas
desencarnadas que me seguiam e junto das quais não me furto às
responsabilidades do meu gesto infeliz. A minha vontade era uma alavanca de
Deus em minhas mãos(...). Ideias lamentáveis pareciam maribondos em meu
cérebro, sugerindo-me pusesse termo à existência de rapaz errante, em busca de
um emprego que não aparecia. Deixei-me invadir por aqueles pensamentos amargos,
quando me falaram de almoço. Antes que me retirasse do trabalho, alvejei o meu
próprio coração com um tiro certo”.(Wladimir Cezar Ranieri,25) /
“...me
via insuflada pelas inteligências sombrias...mão pesada que comandava os
meus dedos. Sentia-me possuída por uma vontade que não era minha vontade
e um constrangimento imbatível para a minha fraqueza com o que me hipnotizava,
mostrando-me o pessimismo de quem fracassara por dentro de si mesma”.( Claudia
Pinheiro Galasse, 18) / “Seu filho lhe pede perdão pelo que fez,
conquanto saiba que agiu sob a pressão de inimigos invisíveis que
golpearam a mente...eu fui um simples autômato para aquele ou aqueles que me
indicaram o suicídio como sendo o melhor a fazer. Tinha um monte de desculpas
dentro de mim”. (Dimas Luiz Zornetta, ) / “Ainda não sei que força me tomou
naquela quarta-feira. Tive a ideia de que uma ventania me abraçava e me atirava
fora pela janela. Certamente devia mobilizar minha vontade e impedir que o
absurdo daquele momento me enlouquecesse. Obedecia maquinalmente àquela voz
que me ordenava projetar-me no vácuo. Quis recuar, mudar o sentido da situação,
não consegui(...). O que sei é que agi na condição de uma rã que uma serpente
atraísse”. (Renata Zaccaro de Queiroz,18). Esses depoimentos
fazem parte de algumas das centenas de cartas de jovens, psicografadas pelo
médium Chico Xavier, ilustrando grave problema: o suicídio decorrente de
influências espirituais. Desemprego, decepções amorosas, cabeça
vazia são alguns fatores predisponentes à depressão que, por sua vez, abre
espaço para as sugestões mentais de entidades espirituais desequilibradas ou
mal intencionadas que arrastam suas vítimas para gestos extremos. O mundo não
tomou conhecimento seja pelo preconceito ou intolerância religiosa, mas desde
meados do século dezenove uma informação altamente reveladora – entre outras -,
encontra-se disponível alertando as criaturas humanas sobre os riscos a que vivem
permanentemente expostas. Inclui-se entre mais de 130 perguntas formuladas
sobre o tema INFLUÊNCIA OCULTA DOS ESPÍRITOS SOBRE OS NOSSOS PENSAMENTOS E
AÇÕES pelo educador francês conhecido como Allan Kardec aos Espíritos que o
auxiliaram a compor O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Numa delas, por sinal, a
459, a resposta é enfática: “-A influência dos
Espíritos sobre nossos pensamentos e ações é maior que supondes, porque muito
frequentemente são eles que vos conduzem”. Diante disso fica evidenciado
que podemos ser induzidos a atitudes e comportamentos diante dos quais até nos
surpreendemos. Evidente que não se trata de algo ostensivo, declarado. É sutil,
discreta, quase imperceptível, já que se mistura ao fluxo inestancável de
nossos pensamentos. Em sua incessante busca por respostas, Kardec reuniria
outras descobertas n’ O LIVRO DOS
MÉDIUNS, publicado quatro anos depois. Nele escreveu: “-Toda
pessoa que sente a influência dos Espíritos, em qualquer grau de intensidade, é
médium. Essa faculdade é inerente ao homem. Por isso mesmo não constitui
privilégio e são raras as pessoas que não a possuem pelo menos em estado
rudimentar”. Aprofundando-se no assunto, reproduziu no item 226 da
mesma obra afirmação de Instrutor Espiritual segundo a qual “a
faculdade propriamente dita é orgânica”. A fisiologia já sabia desde
antes de Galeno sobre a existência da diminuta glândula ‘batizada’ Pineal ou Epífise, incrustrada em nossa região cerebral, desconhecendo,
todavia, muito do que a Escola Mecanicista descobriria ao longo do Século
Vinte. Varias correntes de estudiosos
da Antiguidade - especialmente Orientais – atribuíam, porém, ela o papel de
conexão com as dimensões extrafísicas hoje consideradas pela Teoria das Supercordas.
René Descartes, o grande matemático e filósofo do século 17, afirmava ser a
Pineal, o local de atividade da alma. Para que formemos uma ideia do que se sabe
atualmente sobre a Pineal ou Epífise, alinhamos algumas de suas
características: 1- Localiza-se
no centro do cérebro humano; 2-
tamanho: equivale a um grão de arroz ou ervilha; 3- Pesa entre 100/180 miligramas; 4- Surge 30 a 36 dias de gestação a partir de duas pequenas massas
de células que se juntam; 5- Comum a
todos animais vertebrados; 6- Nos
répteis e aves, está próximo à pele, não precisando de interação com o olho; 7- Única parte sólida em todo o cérebro;
8- Glândula magneto-sensível; 9- comanda todas as glândulas endócrinas
que controla o sistema humoral; 10- controla todo sistema circadiano, ciclos de
sono e vigília, retarda processo de envelhecimento; 11- tem efeito estimulante sobre o sistema endócrino; 12- produz uma “farmacopeia” de químicos, psicoativos,
regulando todas as demais glândulas e as operações cerebrais; 13- um deles, a serotonina, que como se
sabe, tem grande influência no controle da atividade elétrica do cérebro, sendo
que as mulheres tem maiores níveis, tendo sua
produção inibida em função da luz, agindo no cérebro como indutora do
sono, no coração e sistema circulatório, reduzindo formação de coágulos. Entre 1994/96
ficou demonstrada a presença de cristais de magnetita no cérebro humano, mais
precisamente na Epífise e, em 2004 foi comprovado que ondas eletromagnéticas
transformam-se em estímulos neuroquímicos. Descobriu-se também que cristais de
apatita produzidos por sistemas biológicos vibram conforme ondas
eletromagnéticas captadas; que o corpo humano está cheio de materiais magnéticos
constituindo-se cada célula e átomo do corpo um pequeno dínamo magnético. Bem,
sabemos que pensamento é onda e ondas são fenômenos periódicos que transportam
energia, sem haver transporte de matéria. Aprendemos que a mente humana é fonte
de um campo – o campo mental e que o corpo humano flutua num mar de variados
campos magnéticos – da Terra, Lua, Sol e outras áreas da Galáxia. O médico Nubor Facure explica
que “a pineal é sensível às
irradiações eletromagnéticas, é um sintonizador dos fenômenos de comunicação
mental, numa mesma faixa de vibração”. Assim sendo, ela é uma estrutura cerebral capaz de captar ondas
eletromagnéticas do pensamento e decodificá-los para as demais partes do
cérebro e, portanto, do organismo. Exames
neurológicos (tomo/eletro) durante transe mostram que a atividade na epífise a
torna uma espécie de antena que capta estímulos da alma de outras pessoas, vivas
ou mortas, como se fosse um olho sensível à energia eletromagnética. O Espírito
André Luiz,
considera que “o pensamento do espírito, antes de chegar ao cérebro físico do médium, passa
pelo cérebro perispirítico, resultando
daí a característica do médium, de fazer ou não o que a entidade pretende(...)A
epífise capta o campo eletromagnético, impregnado de informações, sendo
interpretadas em áreas cerebrais” Prognostica que “é nela, na Epífise, que reside o
sentido novo dos homens”... Por tudo isso, fica evidenciado que
os depoimentos dos comunicantes com que abrimos esses comentários,
fundamentam-se em fatos reais.
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Não Devemos Adiar
“-Estou muito jovem ainda... -Sou velho
demais.... -Assumi compromissos de monta e não posso atender... -Minhas
atribulações são enormes... -Obrigações de família estão crescendo... .-Os
negócios não me permitem qualquer atividade espiritual... -Empenhei-me a
débitos que me afligem.... -Os filhos tomam tempo... -Problemas são muitos”...Desculpismo sempre foi porta de
escape dos que abandonam as próprias obrigações. Tantas são as evasivas e tão
veementes aparecem que os ouvintes mais argutos terminam convencidos de que se
encontram à frente de grandes sofredores ou de criaturas francamente incapazes,
passando até mesmo a sustentá-los na fuga. Quando o Espírito Emmanuel escreveu
através de Chico Xavier essas palavras comentando o versículo 18 do capítulo 14
do Evangelho de Lucas – “mas todos um a um começaram a escusar-se.
Disse-lhe o primeiro: comprei um terreno e preciso sair para ir vê-lo; rogo-te
me dês por escusado”.-, o orgulho, a superficialidade das relações
humanas e a pressão do tempo não eram tão determinantes do comportamento humano
quanto hoje. O propósito da reencarnação, contudo, continua o mesmo: promover a evolução do Ser. E, na mesma
mensagem o Instrutor Espiritual previne que desculpismo “não exonera a consciência do resgate
preciso” e “o que tenta legitimar as atitudes infelizes que adotam, comovendo a
quem ouve, acaba suportando em si mesmos as consequências das responsabilidades
a que se afeiçoa”.
Fundamentando-se no depoimento de centenas de Espíritos evocados na Sociedade
Parisiense de Estudos Espíritas, Allan Kardec compôs o Código Penal da Vida Futura, inserido no capítulo sete da
obra O CÉU E O INFERNO. Estudando os trinta e dois artigos que o compõem
aprendemos que arrependimento, expiação e reparação são fases a que
inevitavelmente nos submetemos no processo evolutivo que nos conduz na direção
da própria iluminação. Ampliando nosso entendimento sobre o funcionamento desse
mecanismo, Emmanuel na obra PENSAMENTO E
VIDA (feb,1958), explica que “quando fugimos ao dever, precipitamo-nos no
sentimento de culpa, do qual se origina o remorso, com múltiplas
manifestações, impondo-nos brechas de sombra aos tecidos sutis da alma. E o arrependimento,
incessantemente fortalecido pelos reflexos de nossa lembrança amarga,
transforma-se num abcesso mental, envenenando-nos, pouco a pouco, e expelindo,
em torno, a corrente miasmática de nossa vida íntima, intoxicando o hausto
espiritual de quem nos desfruta o convívio”. Para que entendamos
melhor, acrescenta que “à feição do imã, que possui campo magnético
específico, toda criatura traz consigo o halo ou aura de forças criativas ou
destrutivas que lhe marca a índole, no feixe de raios invisíveis que arroja de
si mesma. É por esse halo que estabelecemos as nossas ligações de natureza
invisível nos domínios da afinidade”. Salienta ainda que “operando
a onda mental em regime de circuito, por ela incorporamos, quando moralmente
desalentados, os princípios corrosivos que emanam de todas as Inteligências,
encarnadas ou desencarnadas, que se entrosem conosco no âmbito de nossa
atividade e influência”. Retomando o raciocínio inicial, esclarece: “-Operando
a onda mental em regime de circuito, por ela incorporamos, quando moralmente
desalentados, os princípios corrosivos que emanam de todas as Inteligências,
encarnadas ou desencarnadas, que se entrosem conosco no âmbito de nossa
atividade e influência. Projetando as energias dilacerantes de nosso próprio
desgosto, ante a culpa que adquirimos, quase sempre somos subitamente visitados
por silenciosa argumentação interior que nos converte o pesar, incialmente
alimentado contra nós mesmos, em mágoa e irritação contra os outros. É que os
reflexos de nossa defecção, a torvelinharem junto de nós, assimilam, de
imediato, as indisposições alheias, carreando para a acústica de nossa alma
todas as mensagens inarticuladas de revolta e desânimo, angústia e desespero
que vagueiam na atmosfera psíquica em que respiramos, metamorfoseando-nos em
autênticos rebelados sociais, famintos de insulamento ou de escândalo, nos
quais possamos dar pasto à imaginação virulada pelas mórbidas sensações de
nossas próprias culpas”. Revela que “é nesse estado negativo que,
martelados pelas vibrações de sentimentos e pensamentos doentios, atingimos o
desequilíbrio parcial ou total da harmonia orgânica, enredando corpo e alma nas
teias da enfermidade, com a mais complicada diagnose da patologia clássica. A
noção de culpa, com todo o séquito das perturbações que lhe são consequentes,
agirá com os seus reflexos incessantes sobre a região do corpo ou da alma que
corresponda ao tema do remorso de que sejamos portadores. Toda deserção do
dever a cumprir traz consigo o arrependimento que, alentado no Espírito,
se faz acompanhar de resultantes atrozes, exigindo, por vezes,
demoradas existências de reaprendizado e restauração”.
Previne que “cair na culpa demanda, por isso mesmo, humildade viva para o
reajustamento tão imediato quanto possível de nosso equilíbrio vibratório, se
não desejamos o ingresso inquietante na escola das longas reparações”.
O estudo das obras de André Luiz nos permite concluir sobre o sincronismo em
que trabalham os atributos do princípio inteligente convertido em Espírito a
partir da conquista do pensamento
contínuo – memória, inteligência, consciência, livre-arbítrio, vontade
-. Pelo mesmo Instrutor Espiritual, aprendemos no ENTRE A TERRA E O CÉU (feb) que “o sentimento de culpa é sempre
um colapso da consciência e, através dele, sombrias forças se insinuam”.
E na obra AÇÃO E REAÇÃO (feb): “-Perdemos
o carro fisiológico, mas prosseguimos atados ao pelourinho invisível de nossas
culpas; e a culpa(...), é sempre uma nesga de sombra eclipsando-nos a visão”.
O ideal, naturalmente, é não nos
acomodarmos,comprometendo-nos nos labirintos da culpa. Especialmente pela
omissão do que nos é possível ou solicitado fazer. O tempo é de mudanças
substanciais no Planeta em que vivemos e a avaliação do nosso aproveitamento
espiritual mais rigorosa. Procurando uma
orientação de Emmanuel, lembramos trecho do capítulo 11 do livro NÓS (ceu): “- A culpa, por enquanto, é um
fantasma interior que nos persegue em todos os ângulos do mundo, sob as mais
variadas formas. Recordemo-nos de que no estágio evolutivo em que nos achamos
ninguém existe sem débitos a resgatar. No entanto, não nos detenhamos na culpa.
Usemos a caridade recíproca e, com a liberdade relativa de que
dispomos, ser-nos-á então possível edificar com Jesus, o nosso iluminado amanhã”.
domingo, 14 de outubro de 2012
Ousadia?
“O Universo é ao mesmo tempo um mecanismo incomensurável, acionado por
um número incontável de inteligências, e um imenso governo no qual cada Ser
inteligente tem a sua parte de ação sob as vistas do Soberano Senhor, cuja
vontade única mantém por toda a parte a unidade. Sob o império dessa vasta
potência reguladora, tudo se move, tudo funciona em perfeita ordem”. O
comentário foi escrito por Allan Kardec no item quatro do capítulo dezoito do
livro A GÊNESE, publicado em 1868.
Júlio Verne já tinha revelado seu lado visionário em relação ao espaço
interplanetário escrevendo DA TERRA À
LUA (1865) e, somente em 1897, H.G. Wells sua fértil imaginação com GUERRA DOS MUNDOS. Desde então,
caminhamos muito na compreensão do conteúdo material do Cosmos. A Astronomia
passou a dispor de equipamentos cada vez mais sofisticados e eficientes; nasceu
a Astronáutica, viabilizou-se o Hubble capturando, por mais de uma década,
imagens extraordinárias das profundezas da mais impressionante obra atribuída
pelo Espiritismo à Inteligência Suprema do Universo. A proposta espírita,
contudo, bem antes oferecera através d’ O
LIVRO DOS ESPÍRITOS um conteúdo ousado. Nas questões 55 e 56, por exemplo,
os Instrutores Espirituais que transferiram para nossa dimensão inúmeras
revelações afirmaram com segurança que “todos os globos que circulam no espaço são
habitados, estando o homem da Terra longe de ser, como crê, o primeiro em inteligência,
bondade e perfeição”; que “a constituição dos diferentes globos não se
assemelham de modo algum” e que por esse fato, “os seres que os habitam tem
constituição diferente, como para nós os peixes são feitos para viverem na água
e os pássaros no ar”. Nas surpreendentes pesquisas realizadas na
Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, surgiram inesperadas informações. Na
manifestação espiritual do dia 13 de maio de 1859, por exemplo, Kardec
autorizado pelo dirigente espiritual das atividades daquele verdadeiro
laboratório onde se apuravam observações sobre a existência e vida no Mundo Invisível,
evoca o Espírito do cientista e explorador alemão Alexandre Von Humboldt.
Detalhe: Ele morrera para nossa Dimensão apenas sete dias antes, aos 90 anos.
Humboldt na encarnação concluída percorreu a América e a Ásia, fazendo
estudos filosófico-naturalísticos do Globo, em grande parte preservada na obra
COSMOS, abrindo novas vias ao estudo da Geografia, permitindo uma
sistematização e compreensão melhor da história da Terra e da evolução da vida,
sobretudo pelo fato de haver aplicado o método cartográfico ao estudo da
distribuição dos fenômenos geográficos. Entre as respostas dadas por ele na
extensa entrevista feita pelo pesquisador, conta “estar contente com o emprego da
existência terrena por ter cumprido, mais ou menos, o objetivo que se havia proposto;
que fora escolhido entre numerosos candidatos para viabilizá-lo; que a
existência que precedeu a esta se passou longe da Terra num mundo muito
diferente, superior; que tal mundo está muito próximo da Terra, de onde não se
pode vê-lo por não ser luminoso não refletindo a luz dos sóis que o rodeiam;
que a densidade desse mundo em relação ao nosso Globo é de um para cem; que as
informações obtidas na Sociedade eram verdadeiras; que em sua encarnação finda
não conheceu o Espiritismo, apenas o magnetismo; que o futuro do Espiritismo
entre as organizações científicas seria grandioso, embora o caminho penoso;
vindo um dia aceito em tais meios, embora isso fosse dispensável, sendo mais
importante firmar seus preceitos no coração dos infelizes que enchem o mundo
visto ser ele o balsamo que acalma os desesperos e dá esperança”. O
comentário sobre Júpiter prende-se a minuciosas informações obtidas em reuniões
havidas na SPEE, no ano de 1858, pelo Espírito Bernard Palissy, um pintor do
século XVI, repassadas em respostas à perguntas formuladas por Kardec, chegando
inclusive através do médium Vitorien Sardou desenhar várias gravuras
demonstrando detalhes – ver REVISTA
ESPÍRITA/agosto/1858 - da casa do célebre compositor clássico Mozart lá
residente, da vegetação característica do Planeta, entre outras. O volume de
dados obtidos em várias manifestações espirituais obtidas e analisadas por
Kardec dentro de critérios seguros permitiu a formulação de algumas hipóteses
que nos auxiliam a entender um pouco mais sobre o Universo em que vivemos. Uma
delas que os Mundos, grosso modo, dividem-se em Mundos Inferiores, Mundos Intermediários e Mundos Superiores. Caracterizam-se os primeiros, por uma existência toda material, as paixões reinando
absolutas com uma vida moral quase nula; os
segundos, pelo Bem e Mal mesclados, predominância de um ou outro segundo o
grau evolutivo dos habitantes; e os
terceiros, por uma vida toda espiritual. Segundo o estado evolutivo dos que
os habitam e sua destinação, classificam-se em Mundos Primitivos (primeiras encarnações dos Espíritos); Mundos de Expiações e Provas (predominância
do mal); Mundos de Regeneração
(servem de transição entre os Mundos de Expiação e os Mundos Felizes); Mundos Felizes (o Bem supera o Mal) e Mundos Superiores (habitado pelos
Espíritos Puros, onde o Bem reina absoluto). Kardec concluiu ser possível
traçar um perfil dos Espíritos, agrupando-os em três ordens, distribuídas em
dez classes. Dessa forma, a TERCEIRA
ORDEM compreende os ESPÍRITOS
IMPERFEITOS, agrupados em cinco classes: Décima Classe – Espíritos Impuros/ inclinados ao mal, fazendo dele
motivo de suas preocupações; Nona Classe
– Espíritos Levianos/ ignorantes, maliciosos, inconsequentes, zombeteiros; Oitava Classe – Espíritos
Pseudo-Sábios/ conhecimentos bastante amplos, crendo saber mais do que sabem; Sétima Classe – Espíritos Neutros/
Inclinam-se tanto para o Bem como para o Mal; Sexta Classe – Espíritos Batedores e Perturbadores/ Podem Pertencer
a todas as classes da Terceira Ordem. A
SEGUNDA ORDEM abrange os BONS
ESPÍRITOS, em quatro classes: Quinta
Classe – Espíritos Benevolentes/ Sua qualidade dominante é a bondade; Quarta Classe – Espíritos Sábios/ Se
distinguem pela extensão de seus conhecimentos; Terceira Classe – Espíritos de Sabedoria/ Caracterizam-se pelas
qualidades morais de natureza elevada; Segunda
Classe – Espíritos Superiores/ Reúnem a ciência, a sabedoria e a bondade. A PRIMEIRA ORDEM reúne os ESPÍRITOS PUROS numa única classe: Primeira Classe – aqueles que
percorreram todos os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da
matéria, gozando de inalterável felicidade. Diante disso, considerando que a
substância do perispirito – corpo que reveste o Espírito - não é a mesma em
todos os mundos, Kardec elabora uma distribuição pelos Planetas do nosso
sistema solar: Júpiter – apenas
Espíritos da Segunda Ordem (benevolentes, cultos, sábios, superiores), mais
adiantados física e moralmente, reinando, portanto, absoluto o Bem a Justiça; Urano e Netuno – Espíritos das
Primeiras Classes da Terceira Ordem (Pseudo-Sábios e Neutros) e grande maioria
da Segunda (predominância do Espírito sobre a Matéria e desejo do Bem); Lua e Vênus – Mais ou menos o mesmo
Grau, mais adiantados que Mercúrio e Saturno; Mercúrio e Saturno – Bons Espíritos em grande número, impõe uma
ordem social mais perfeita, relações menos egoístas e, consequentemente,
condições de existência mais feliz; Terra
– Espíritos das Terceira Ordem ( predominância da matéria sobre o Espírito,
propensão ao mal, ignorância, orgulho, egoísmo) e parte insignificante da Nona
Classe (Benevolentes e Cultos). Marte
– Inferior à Terra. Espíritos impuros da Nona Classe. De qualquer forma, com
tudo isso, avançamos no significado da afirmação atribuída a Jesus de que “há
muitas moradas na casa de Meu Pai”.
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
VOLQUIMAR
Os ponteiros do relógio aproximavam-se das nove horas da
manhã daquela sexta-feira, primeiro de setembro de 1974, quando o ritmo
frenético de um dos pontos de maior movimentação da região central da capital
paulista experimentou uma mudança radical. Isto porque de janelas situadas num
dos pontos mais altos de moderno edifício situado na confluência das avenidas
23 de Maio e 9 de Julho com o famoso Vale do Anhangabaú, irrompiam as primeiras
labaredas daquele que foi um dos maiores incêndios ocorridos na maior das
metrópoles da América Latina. O Edifício Joelma, com seus 26 andares, abrigava
em seu espaço interno inúmeras empresas, que, por sua vez, absorviam expressivo
número de funcionários. O expediente se iniciava, e a surpresa da ocorrência
resultou na morte de dezenas de pessoas, embora, felizmente, muitas vidas
tenham sido salvas por encontrarem-se abaixo do andar onde se iniciou o
sinistro. As que estavam nos andares acima, como que empurradas pelo fogaréu
e pela fumaça, subiam pelas escadas até o topo do prédio, na ideia que se
repetiria o mesmo processo de resgate do Edifício Andraus, dois anos antes, também na capital paulista, em que inúmeras pessoas foram salvas por
helicópteros. O Joelma, no entanto, não possuía Heliporto e a alta temperatura
emanada do incêndio impossibilitavam a aproximação dos veículos aéreos. No
alto, os que lá conseguiram chegar, corriam desorientados, fugindo das chamas
aterradoras e rolos de fumaça que a todos intoxicava. No desespero para
salvar-se, na confusão generalizada, corpos eram pisados ou, quais tochas
vivas, impiedosamente, carbonizados. Alguns, num misto de dor e desespero,
pularam da altura para estatelar-se no chão, perto do povo que, assustado,
acompanhava a tragédia, entre atônito e inerme. Oficialmente, 188 pessoas
morreram em consequência do incêndio e mais de 300 ficaram feridas com maior ou
menor gravidade. Dentre as vítimas fatais, duas ressurgiriam meses depois
através do médium Chico Xavier, já que, em momentos diferentes, familiares dos mesmos
se dirigiram a Uberaba (MG), na ânsia de obter algum tipo de informação ou
esclarecimento sobre a tragédia. Não
eram seguidores do Espiritismo, tendo crescido sob a orientação do Catolicismo,
ao qual seguiam dentro do convencionalismo da maioria. A primeira iniciativa
foi da mãe de Volquimar Carvalho dos Santos, desencarnada com apenas 21 anos.
Oriunda de Pirassununga (SP), onde se formara professora primária em 1969,
mudara-se pouco tempo depois com a mãe e dois irmãos para São Paulo, onde,
indicada pelo irmão, quatro meses antes, passara a trabalhar na mesma empresa
que ele, no vigésimo terceiro andar do edifício enquanto ele trabalhava nos
primeiros andares. Na véspera da sua morte, Volqui – como era chamada – faltara
no serviço para preparar a documentação necessária à matrícula na Universidade
de São Paulo, em cujos vestibulares havia sido aprovada para o curso de Letras.
Na maratona para encontrar o corpo da jovem que não se sabia ainda vitima fatal
do incêndio, sua mãe acompanhava as buscas no carro de um amigo que, solidário,
se propusera a auxiliá-los. A Capital improvisara inúmeros postos para receber
os corpos resgatados considerando-se a imprevisibilidade de uma ocorrência
daquele porte. Uma fenômeno incomum, porém, marcaria essa angustiante
peregrinação. A certo trecho, próximo ao IML, Volquimar, em Espírito, apareceu
no carro à mãe, sem que os outros dois passageiros a vissem dizendo a ela: “-Mãe,
o Álvaro já me achou e identificou o meu corpo”. Ante a negativa do
filho que tentava poupar a mãe até encontrar a melhor forma para comunicar-lhe
a triste notícia, o Espírito da filha acrescentou, sorrindo: “-Mamãe,
ele já me encontrou sim, e está ocultando a verdade da senhora”. Dona Walkyria apenas teve confirmada a certeza
do falecimento da filha num Pronto-Socorro, onde, de imediato lhe foram
ministrados sedativos. Conhecendo Chico apenas das apresentações dos programas PINGA-FOGO com ele realizados em julho
e dezembro de 1971, Dona Walkyria, informada pelo genro que ele estaria em
Araras(SP), no dia 10 de março de 1974, apenas 40 dias após a morte da filha,
era a primeira da fila para abraça-lo. Informando ao médium o motivo de ali
estar, foi aconselhada por ele aguardar o fim do evento de que participara para
conversarem, o que fez, ouvindo Chico falar-lhe da filha, identificando-a por
Volquimar – nome pouco comum -, sem nunca ter tido qualquer informação da moça.
Dois meses depois, em novo encontro, agora em Uberaba, Chico em conversa
informal, revela que o Espírito da filha contou-lhe que deixara em casa algo
que permitiria a comunicação mediúnica entre ele e a mãe, que por sinal, negou
a existência de qualquer coisa do tipo, o que se confirmaria depois com a
localização de uma cartolina com letras e números, com as palavras sim, não e
adeus, com pequeno cartão móvel acoplado. Mais dois meses passados e, em 13 de
julho, finalmente, ocorre a psicografia da primeira carta, com Volquimar
relatando sua versão pessoal da lamentável ocorrência. Recorda, a certo trecho: “- Como foi o inesperado? Muito difícil a revisão. Tudo aconteceu de
repente, como se devêssemos todos naquela manhã obedecer, de um modo só, a
ordem que vinha do mais Alto, a fim de que a gente trocasse de vida e corpo.
Quando recebi o impacto da notícia do fogo, o tumulto fora da sala não era
pequeno. O propósito de fazer com que o trabalho rendesse, habitualmente, nos
isolava dos ruídos interiores. E o tempo de preservação possível havia passado.
Atendi automaticamente ao impulso que nascia nos outros companheiros: descer à
pressa. E fizemos isso. Elevadores não mais podiam aguardar-nos. A força
elétrica sofrera a queda compreensível. Esforcei-me por atingi algum meio para
a descida, mas isso se fazia impraticável. Com alguns poucos que me podiam
ouvis, subimos apressadamente para os cimos do prédio. A esperança nos
helicópteros estava em nossa cabeça, mas era muito difícil abraçar tantos para
o regresso à rua com recursos tão poucos. Entendi tudo e orei. Orei como nunca,
lembrando toda a vida num momento só, porque os minutos de expectativa eram
para nós um prolongado instante de expectativa sempre menor. Tudo atravessei
com a prece no coração. E, posso dizer a você, mãezinha querida, que um brando
torpor me invadiu, pouco a pouco. O calor era demasiado para que fosse sentido
por nós, especialmente por mim(...) Os Amigos Espirituais, destacando-se meu
avo Álvaro, comigo durante todo o tempo, não me deixaram assinalar quaisquer
violência, naturais numa ocasião como aquela(..) Mais tarde, com algumas horas
de liberação do corpo, é que despertei ao seu lado”. A integra da
carta, entre outras, com outros detalhes que confirmam de forma indiscutível a
continuidade da vida, pode ser lida na obra SOMOS SEIS (geem).
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
Quem foi (7) - a primeira mensagem
“-Chico permanecia silencioso e cabisbaixo,
sentado à grande mesa, dando a impressão de que aquelas palavras o incomodavam,
ferindo sua humildade e simplicidade de espírito. Comovido, fitava aquele moço
simpático, o jovem médium daquele PARNASO que eu tanto amava... Sentia, na
indigência dos meus raciocínios sinceros e na ebulição silenciosa de
sentimentos desconhecidos, que laços misteriosos e indefiníveis me uniam, em
espírito, ao coração daquele servidor do Cristo, daquele moço que eu tanto
valorizava e amava no meu mundo interior de quietude e de
distância...Permanecia perplexo(...) Submergia-me em pensamentos e emoções de
vibração desconhecida, quando foi feita a oração inicial. Em seguida, o moço de
Minas Gerais começou a escrever. Escrever celeremente. Páginas e mais páginas
se sucediam sob o lápis ligeiro... Tudo aquilo era para mim um quadro
absolutamente insólito. Inédito, maravilhoso, admirável. Ainda me recordo de
que ouvi, com os olhos molhados de lágrimas, como tantos outros que não puderam
dominar as emoções daquela noite memorável, o magnífico soneto que o grande
poeta português João de Deus ofertou aos nossos corações através do lápis
prodigioso de Chico Xavier(...). Terminada a leitura de outra mensagem recebida
– de Emmanuel -, o presidente da abençoada sessão transmite carinhosas palavras
de agradecimento de Chico aos presentes e o confrade Luiz Barreto encerra, com
uma sentida oração, a noite memorável. Muitos se aproximam, então, da grande
mesa do Templo de Ismael. Todos queriam cumprimentar o moço – Chico estava com
25 anos -, de Pedro Leopoldo, que no dia seguinte retornaria ao lar humilde, na
terra mineira. Formaram-se filas dos que queriam despedir-se do jovem
médium(...). Chegou minha vez. Estendi-lhe a mão. Abracei-o, comovido, demorando-me
um instante a contemplar seus olhos tranquilos e luminosos. Recordo-me muito
bem de que não pude articular uma palavra sequer. Só havia júbilo e gratidão
dentro de minha alma, mas meus lábios não se abriram... Tinha os olhos
úmidos...O coração se me estremecia dentro do peito”. Assim, o então
jovem estudante de direito Clóvis Tavares, descreve no livro TRINTA ANOS COM CHICO XAVIER (ide), o
inesperado primeiro encontro com o velho amigo de outras Eras, na memorável
noite de 12 de junho de 1936, nas dependências do recinto dedicado às palestras
públicas na sede da Federação Espírita Brasileira, no Rio de Janeiro, então
capital da República. Aos 20 anos, Clóvis concluía seu curso jurídico e ainda
se recuperando da perda de sua noiva Nina Arueira, confortado pelas leituras do
PARNASO DE ALÉM TUMULO, habituara-se
a assistir à palestra das sextas-feiras na Federação. “-Quem calculasse uma
assistência de mil pessoas não teria errado”, recorda. Desde então, a amizade
se estreitou, com Clóvis visitando Chico, sempre que as atividades no magistério
como Professor de História e Direito Internacional Público permitiam, em Pedro Leopoldo, mantendo com o amigo regular troca de correspondências.
Clóvis fundou em 1935, em Campos (RJ), a Escola
Jesus Cristo – Instituição Espírita de Cultura e Caridade,
responsabilizando-se pela direção doutrinária da entidade. Colaborou com vários
periódicos espíritas, deixando na literatura importantes obras como VIDA DE ALLAN KARDEC PARA CRIANÇAS, AMOR E SABEDORIA DE EMMANUEL,
MEDIUNIDADE DOS SANTOS, além da citada acima, de onde destacamos parte de
seu depoimento. Clóvis teve vivencias marcantes com Chico, especialmente as
envolvendo seu primeiro filho Carlos Vitor, o Carlinhos, desencarnado em
fevereiro de 1973, aos 17 anos, tendo vivido a maior parte de sua vida na condição de tetraplégico,
desde que sofreu um acidente ao cair do carrinho de bebe. Cinco meses depois,
nas habituais visitas de julho, por ocasião das férias escolares, Carlinhos dá sua
primeira mensagem aos pais, em forma de versos com que exalta a importância da
família que o recebeu para sua curta existência recente em nossa dimensão.
Sessenta e cinco anos depois de ter reencarnado, vitimado por uma parada cardíaca,
em meio aos preparativos para um raio x, após um mal súbito, Clóvis desencarna
deixando para trás invejável folha de serviços prestados à causa da caridade
moral e material aos seus irmãos em Humanidade. Sete meses transcorridos, em
reunião na residência do amigo de tantas emoções, Clóvis psicografa por Chico a
primeira de suas mensagens aos familiares presentes. Extensa, dela destacaremos
alguns trechos evidenciando a continuidade da vida e detalhes de interesse
geral: “-Querida Hilda, o Senhor nos inspire e abençoe! É uma experiência nova.
Falar de uma vida para outra. Desejo esvaziar o coração, exteriorizando as
saudades que me povoam a alma convalescente, mas as expressões me fogem da lembrança.
Quero retomar a memória; no entanto, sinto-me na condição do cego devolvido à
luz, ainda hesitando entre a sombra e a claridade. Perdoem-me se falo assim,
mas não posso manifestar-me de outro modo. Rearticulo as estruturas de minhas
reminiscências do passado ainda presente, no hoje ligado ao ontem, e noto as
diferenças que se operam adentro de mim. Torno a ver você pálida e espantada, a
receber-me em seu colo, para que a minha cabeça repousasse. Refletia a
consternação do ambiente e procurei em seus olhos e nos olhos do Flavinho algum
esclarecimento que me habilitasse a compreensão para a realidade. Não
esperávamos que uma radiografia considerada simples pudesse estar próxima da
parada que me fibrilou o coração. Buscava em você e no Flávio algo que me
falasse ao coração, conquanto em silêncio, mas o corpo se via na condição de
máquina cujo motor esmorecera. Compreendi, na oração muda que consegui
formular, que o tempo me demitia da sua própria movimentação, entregando-me ao
tempo de outro nível(...). Meu sono foi rápido. Quando me vi em outro recinto,
notei que um rapaz me sustentava a cabeça, qual se lhe imitasse o carinho.
Quando reconheci que me achava nos braços forte de nosso Carlinhos, agora um
homem vigoroso, senti que reencontrara não o nosso filho que aprendemos a amar
tanto, e sim o aconchego da dedicação de um pai que houvesse retirado de sua
ternura de companheira para encaminhar-me com segurança. O pranto me sufocou a
garganta e não pude senão dizer: -Ah! Meu filho! Ele me colou mais
intensivamente ao peito viril, na ideia manifesta de fortalecer-me para a vida
nova e observei que em nossa Escola querida encontráramos um novo berço de paz
e amor(...). Querida Hildinha, sofro a nossa separação temporária, mas peço-lhe
coragem e fé imbatível na Divina Misericórdia. Saudades tê-las-emos sempre. Aí
chorava pelos que me precederam e aqui me aflijo pelos que ficaram. Creio que a
saudade é o metro do amor, determinando os valores da evolução, já assimilados
na vida de cada um de nós, e só pelo trabalho com a oração, venceremos”.
A mensagem repleta de outros detalhes merecedores de nossa reflexão, foi
preservada no livro CARAVANA DO AMOR
(ide).
domingo, 7 de outubro de 2012
Tentando Entender
Em famoso programa de televisão dos anos 70, Chico Xavier
confirmou a um de seus entrevistadores que, segundo o Orientador Espiritual
Emmanuel, “o Mundo Espiritual era dividido em muitos Planos e Sub-Planos.
A informação não apenas torna, de certo modo, mais concreta a resposta à
questão 35 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS – “o
vazio absoluto não existe, nada é vazio, estando ocupado por uma matéria que
nos escapa aos sentidos” , bem como, a 85 quando diz que “Mundo
Espiritual preexiste e sobrevive a tudo”, hoje, mais de século e meio
depois admitida por estudiosos da Física Quântica - a partir da Teoria das
Supercordas-, quando afirmam que, “mesmo que as dimensões do espaço sejam
imperceptíveis, são elas que determinam a realidade física em que vivemos”.
Anos depois da resposta do médium mineiro, ele mesmo haveria de induzir-nos a
mais amplas reflexões ao dizer que “as observações humanas, mesmo ampliada por
instrumentação de alta potência, apenas atingem a faixa de matéria em que nos
situamos no Plano Terrestre”. A lente humana é o olho humano ampliado.
Os que leram o livro OS MENSAGEIROS (feb,1944), devem se lembrar que o
Instrutor Espiritual Aniceto em certo diálogo mantido com André Luiz e Vicente,
ponderara: “-Há, porém André, outros mundos sutis, dentro dos mundos grosseiros,
maravilhosas esferas que se interpenetram. O olho humano sofre variadas
limitações e todas as lentes físicas reunidas não conseguiriam surpreender o
campo da alma, que exige o desenvolvimento das faculdades espirituais para
tornar-se perceptível(...). É da Lei, que não devemos ver senão o que possamos
observar com proveito”. Já nos anos 60, em entrevista publicada no ANUÁRIO ESPIRITA 1964(ide), o Espírito
André Luiz, ofereceria outros elementos merecedores de nossa atenção”. 1 - “-Será
lícito calcular a população de criaturas desencarnadas em idade racional, nos
círculos de trabalho, em torno da Terra, para mais de vinte bilhões,
observando-se que alta percentagem ainda se encontra nos estágios primários da
razão, sendo esse número passível de alterações constantes pelas correntes
migratórias de Espíritos em trânsito nas regiões do Planeta”. 2 - “-Qual
acontece na Crosta Planetária, as esferas de trabalho e evolução que rodeiam a
Terra estão muito longe de quaisquer perspectivas de saturação, em matéria de
povoamento”. 3 - “-Seja de modo coletivo ou individual, em
todos os tempos, Espíritos Superiores tem saído da Terra, no rumo de esferas
enobrecidas, compatíveis com a evolução que alcançaram. Quanto a companheiros
de evolução retardada, principalmente os que se fizeram necessitados de
corretivo doloroso por delitos conscientemente praticados, em muitos casos,
sofrem segregação em planos regenerativos”. 4 – “-Espíritos originários de outras
plagas costumam estagiar na Terra com frequência, de vez que muitos Espíritos
Superiores se reencarnam no planeta terrestre a fim de colaborarem na educação
da Humanidade e criaturas inferiores costumam nele sofrer curtos ou longos
períodos de exílio das elevadas comunidades a que pertencem, pela cultura e
pelo sentimento, porquanto, a queda moral de alguém tanto se verifica na Terra
quanto em outros domicílios do Universo”. 5 – “Os Espíritos, em seu
desenvolvimento evolutivo, ligam-se, necessariamente, a determinados orbes,
qual acontece com a pessoa que em determinada fase da experiência física se
vincula, transitoriamente, a certa raça ou família”. 6 – “-Na
imensidão dos espaços que separam dois ou mais corpos celestes vivem, também,
inteligências individuais, o que é perfeitamente compreensível; basta lembrar
os milhares de criaturas que atendem aos interesses de um país ou de outro nas
extensões do oceano”. 7 – “-Os processos de locomoção utilizados nas
migrações interplanetárias, no Plano Espiritual, são numerosos. A técnica não
se relaciona a moral. Os maiores criminosos do mundo podem viajar num jato sem
que isso ofenda os preceitos científicos”. 8 – “-O Umbral, expressando região
inferior da Espiritualidade, pelos vínculos que possui com a ignorância e com a
delinquência, começa em nós mesmos”. Questões importantes da realidade
espiritual de que fazemos parte, encontram-se implícitas nesses informes. Menos
a resposta sobre os Planos e Sub-Planos Espirituais. Hamilton Prado, cuja rica
experiência revelamos recentemente, com base em suas vivencias, escreveu na sua
obra NO LIMIAR DO MISTÉRIO DA
SOBREVIVÊNCIA: “- No Universo, para mim, os mundos se
escalonam em Planos Sucessivos, que se estratificam pela densidade, de tal
forma que os mais atrasados, mais impregnados de eflúvios materiais,
grosseiros, se acomodam mais baixo, enquanto os mais puros, mais delicados,
mais etéreos se superpõem aos primeiros sucessivamente. Quando dormem os corpos
ou estes se acham mortos ou inanimados por qualquer circunstância, os Espíritos
deslizam para o Plano que lhes é próprio, não só porque os atraem as afinidades
desse Plano, como também porque os repelem os Planos com que não se identificam
seus pensamentos, emoções e tendências. É como o gás que sobe até o limite da
sua densidade ou a substância mais densa que mergulha no líquido até o nível
que lhe compete, ainda de acordo com a mesma Lei. Assim, da superfície do
mundo, sobem para o espaço e se estratificam também para a Crosta adentro, os
Planos sucessivos pelos quais o Espírito passa quando desembaraçado do corpo,
até que, livre, em definitivo, pelo seu progresso, pela sua evolução moral, das
gangas materiais que o revestem e imantam a substância constitutiva do seu
corpo ao Plano que lhe é afim(...), possa, em definitivo, fugir das superfícies
dos mundos atrasados e alçar-se a regiões mais sutis, cheias de luz, onde se
inicia no estudo e compreensão metódicos da grande organização do Universo,
para que se sirva depois como guia seguro das multidões de almas que se prendem
ainda às regiões inferiores do Espaço”. Um eloquente exemplo –
acreditamos -, de como funciona esse mecanismo deduzido e explicitado neste
comentário, destacamos de farto documentário construído através de Chico
Xavier, a história resumida de um Espírito identificado apenas como Josefina,
constante do livro VOZES DO GRANDE ALÉM
(feb). Conta ela: “-Jovem ainda, abandonada grávida pelo homem que lhe traíra a confiança,
sem coragem de enfrentar a maternidade, entre o ódio e a desconfiança, soube
guardar seu segredo até o nascimento de criança, que asfixiou com as próprias
mãos, improvisando lhe o túmulo, vindo a desencarnar em seguida em consequência
da inestancável hemorragia de que se viu acometida. Sem noção de quanto tempo
se passara, desperta do torpor característico do processo de desencarne,
descobrindo-se dentro da urna funerária, percebendo-se disforme, notando o
sangue a fluir-lhe do baixo ventre. Reerguendo-se horrorizada, grita, aloucada,
pelo socorro de parentes, clama por auxílio, até que uma voz igualmente chorosa
lhe respondeu. Era outra mulher, que aos seus olhos trazia uma criança nos
braços ( imagem que, na verdade, era uma forma-pensamento plasmada pelo
remorso da também mãe delinquente que a transportava, desolada e infeliz),
visão que a fez começar a ouvir os gemidos do bebe assassinado. Gritando
estentoricamente, fugiram encontrando uma terceira mulher, não muito longe,
clamando por socorro. Mais alguns passos, uma quarta companheira e, pelas ruas
a fora, dentro da noite, na cidade dormente, outras mulheres em iguais
condições se juntaram a elas. Alucinadas, foram conduzidas por faunos desnudos
a uma casa de meretrício, onde permaneceram aprisionadas. Não sabe quanto tempo
depois, foi libertada do rebanho sinistro, sendo internada num manicômio, visto
que o inferno interior em que se manteve, a levou à alienação mental”.
A sintonia dessas entidades pela Lei da Afinidade reunidas pelo quadro mental
em que se mantinham aprisionadas pela culpa que carregavam, cremos, compunha um
Sub-Plano Espiritual, circunscrito num dos Planos maiores peculiares ao Planeta
em que vivemos.
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
O Três de Outubro
A data - a não ser para alguns - não tem maior significação.
Talvez no futuro venha a ter. Assinala, contudo o renascimento na Terra daquele
que deu formatação ao conteúdo de importante conjunto de revelações
espirituais. Precisamente aquelas que, para os que se reconhecem meio que perdidos
em meio a tantas contradições, frustações, revezes, dentro da vida, encontram
sentido e animo para leva-la a termo. Denizard Hypollite Léon Rivail seu nome.
Mais conhecido, porém, como Allan Kardec. Lyon, interior da França foi a
localidade em que ressurgiu em nossa dimensão em três de outubro de 1804. Conta
o cronista Humberto de Campos, o IRMÃO X, na mensagem Kardec e Napoleão, integrante
do livro CARTAS E CRÔNICAS (feb), que exatamente na primeira madrugada do Século
19, em algum lugar do espaço espiritual da latinidade, numa reunião congregando
vários Espíritos desencarnados alguns, outros encarnados desdobrados pela
hipnose do sono físico, comprometidos com a História da Humanidade, o próprio
Jesus teria apresentado aquele que seria integrado em nossa dimensão para
viabilizar o prenunciado no início da Era de Peixes a respeito do CONSOLADOR.
Como em toda transição, ver-se-ia diante de grandes obstáculos e desafios,
contudo a escolha recaíra sobre alguém capaz de não perder o foco de uma missão
capaz de ser cumprida por poucos. Renasceu, em sua formação intelectual e moral
esteve sob a proteção de outro Espírito missionário na área da educação,
fixando-se no início da vida adulta na efervescente Paris, de onde emanavam
influências que delineariam o comportamento social dos séculos vindouros. Aos
51 de idade, teve sua atenção atraída para os fenômenos que o empolgariam,
estabelecendo a conexão com os Luminares da Espiritualidade que o assessorariam
na consecução de sua obra mais importante. Sim, porque em suas linhas e
entrelinhas, angustiantes problemas humanos encontrariam sentido e lógica. Seus
experimentos ao longo de mais de uma década na Sociedade que comporia com colaboradores
rigorosamente avaliados e incorporados, resultaria em riquíssimo material de
pesquisa para os que não se satisfazem com conceitos, explicações ou respostas
fantasiosas e frágeis diante do raciocínio mais criterioso. Já na versão
primeira d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questões filosóficas secularmente mantidas sob
o véu do mistério e do misticismo encontraram respostas convincentes para a mentalidade
exigente de parte da nascente NOVA ERA. O que é Deus, os Espíritos influenciam
em nossos pensamentos e atos, o que é a morte, o que somos nós, de onde viemos,
para onde vamos, a felicidade reinará um dia na Terra, qual dos defeitos
consiste no maior entrave ao nosso progresso, entre mil e dezenove esclarecimentos,
muitos dos quais comentados dentro de uma linha de raciocínio irretocável.
Kardec não se contentava com pouco, aprofundando-se em suas perquirições, as
quais resultaram num conteúdo substancial, alimento capaz de saciar a fome ou a
sede de todo aquele que carece de referenciais para refletir sobre si e o que
lhe acontece ao redor. Como toda ideia revolucionária, até transformar-se de
domínio público, exige tempo. A multiplicidade de meios, porém, possibilitará
um aceleramento maior do que o que caracterizou a disseminação do pensamento de
Jesus que foi aprisionado numa estrutura mais humana que espiritual, que se
serviu da luminosa mensagem do Mestre dos Mestres para dominar, controlar, desvirtuando
e desfigurando, em nome do poder temporal, a mensagem que tinha como premissa
maior o Amor, no sentido altruísta e não egoísta. A Providência Divina,
compassiva, retoma o esforço oferecendo a muitos dos falidos e fracassados de
outrora, a oportunidade de se reabilitarem, trazendo-os à reencarnação. O
contato com o meio materialista, frio e calculista, arrasta, todavia, muitos
para os equívocos do passado, usando da pureza da Doutrina para exercer poder
sobre os desorientados e desesperançados dos nossos dias. Com isso, corre-se o
risco de conduzir-se outra vez a mensagem iluminadora da Espiritualidade na
direção errada. Como se disse nos estertores do século 20, o Espiritismo
continua sendo o grande desconhecido pelos seus próprios seguidores. Não se
conhece as obras da Codificação. Há muitos especialistas ignorantes do conteúdo
dos compêndios. Como médicos, engenheiros, profissionais que assumem perante a
sociedade e o meio em que atuam o papel de Mestres sem terem, ao menos lido, ou
se informado nos manuais de suas especialidades. Há até quem diga que Kardec
está superado. Algumas coisas, porém, não mudam. As necessidades humanas
continuam as mesmas de Civilizações apagadas na memória, sepultadas pela poeira
levantada pela esteira do tempo. Vivemos como afirmam alguns Instrutores
Espirituais num colégio interno, um grande educandário aonde, paulatinamente, vamos
conhecendo a nós mesmos e a grandiosidade do Universo de que fazemos parte. Individualmente
continuamos nos iludindo e enganando, supondo-nos imunes aos efeitos dos nossos
equívocos. Como se estivéssemos sob uma proteção semelhante à oferecida pelos “chefes”
de qualquer organização de nosso mundo aos seus servidores. O tribunal que nos
apontará as transgressões manifesta-se em nós mesmos. Sedia-se na intimidade de
nossa consciência, onde as Leis perfeitas que ordenam o abstrato e o concreto,
o relativo e o absoluto, aguardam nosso despertar para a
realidade Espiritual. Imediatistas, não enxergamos o depois. Só vemos o agora,
que, por sinal, já é passado quando acabamos de passar os olhos sobre essa
afirmação. Necessário fazermos um auto-retrato. As lentes, os mecanismos, os
dispositivos para que a própria imagem não seja um apenas um rascunho, esboço falso de nossa
realidade, exigem de nós a configuração e composição desse equipamento através dos
conhecimentos que sejamos capazes de alcançar e incorporar em nós mesmos através
do estudo, da leitura, da reflexão e, sobretudo da ação, da vivência, da prática,
os únicos elementos a remodelar a estrutura carente de renovação, de reforma,
que cada um de nós representa. Nada nasce do nada, como disse um dia Emmanuel a
Chico Xavier. O trabalho, a persistência, a determinação, são os ingredientes
dessa formula de que devemos nos valer. Como escreveu o Espírito Bezerra de Menezes: estudar,
conhecer,
sentir, viver Kardec.
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
Desdobramento Consciente - Uma Experiência Instigante
N’ O LIVRO DOS MÉDIUNS, o excelente e revelador manual de orientação sobre a mediunidade e suas múltiplas formas de manifestação, Allan Kardec tratou do fenômeno do desdobramento espiritual derivado do sono físico natural, no capítulo relacionado à bicorporeidade. Como também em relação a este tema, não foi na obra citada dada a última palavra, o futuro - que já é presente ou passado - revelou inúmeras outras situações, especialmente no final do século 20, merecedoras de mais aprofundados estudos, não só do ponto de vista qualitativo, mas também, quantitativo. É o caso dos desdobramentos conscientes. Embora tenha começado a circular no meio espírita com a palavra segura do Dr Waldo Vieira, que, na condição de médium prestara relevantes serviços à causa do Espiritismo ao lado de Chico Xavier entre os anos 58 e 67, isolando-se no silêncio até 1980 quando ressurgiu através do livro PROJEÇÕES DA CONSCIÊNCIA (lake), outro autor já havia oferecido ao conhecimento público suas interessantes experiências nesse campo. Trata-se do Dr. Hamilton Prado. Nascido em 27 de agosto de 1907, em Rio Claro, SP, Hamilton Prado era industrial, advogado e político. Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de São Paulo, atuou no comércio e na indústria e, mais tarde, também na política. Foi vice-presidente da Cervejaria Antártica Paulista e, em fins da década de 60, publicou dois livros com relatos de suas Experiências Fora do Corpo, desencarnando em trágico acidente no primeiro dia de 1972, aos 64 anos. Suas vivências começaram quando ainda era bem jovem, mas, somente aos 30 anos, com o acúmulo de experiências e observações, que percebeu a importância dessas experiências. Quando criança tinha sonhos e pesadelos como todas as outras crianças. Aos 20 anos quando já cursava a faculdade, teve a primeira experiência fora do corpo para valer. A grande facilidade com que ocorriam levou Prado a não registrar suas experiências pessoais. Isso só mudaria por volta 1942, aos 35 anos, quando passou a escrever detalhadamente sobre suas vivências com objetivo de produzir um livro. Prado seguia a Doutrina Espírita de forma que usava o termo desdobramento para designar as experiências fora do corpo. Até 1946, foi sendo compilado normalmente. Depois disso, até 1963, pouca coisa foi acrescentada, pois, os compromissos crescentes da vida comum e as preocupações exclusivamente materiais tomavam-lhe cada vez mais o tempo e a atenção. Nesse período, somente fez anotações ocasionais, publicando em 1967, NO LIMIAR DO MISTÉRIO DA SOBREVIVÊNCIA, e, em 1969, AINDA NO LIMIAR DO MISTÉRIO DA SOBREVIVÊNCIA. Dessas memórias, destacaremos alguns relatos. Sobre o início, conta: “- Já era rapaz quando começou a dar-se comigo um fato interessante, que me causava horror tremendo e cuja lembrança me dava, à noite, vontade de não deitar-me. Sempre de madrugada, debaixo da maior tranquilidade, sentia-me, às vezes, de repente, acordado, mas absolutamente incapaz de mexer-me. Em seguida um ruído fino e estridente, como de uma carretilha pequena a escorregar por um fio de aço, vindo do fundo da casa até alcançar meu quarto, passando pelo pé da cama, continuando pela sala de visitas, até se extinguir. Findo o movimento, readquiria os movimentos”. Tempos depois, “em meio a qualquer sonho, vinha-me a compreensão de o que via era efetivamente um sonho e, então, ou se desfaziam as imagens ou permaneciam e, quando sentia desejo de acordar, percebia tudo escurecer, enquanto uma forte ventania soprava sobre meus ouvidos, como se em grande velocidade fosse arremessado no espaço, acordando imediatamente depois, às vezes, resultando na minha ideia o conhecimento do local em que estivera, ou com o qual sonhara”. As reminiscências vão se sucedendo mostrando o lado instigante daquele que é dotado da espontaneidade nesse tipo de mediunidade. Narra em outro momento: “Em outra noite, em que me deitara cansado e meio adoentado, senti-me levado para uma espécie de laboratório e, em dado momento, vi em minhas mãos uma flor, cuja polpa intui que devia comer. Procurei mastiga-la e a senti desfazer-se enquanto um sabor suave e estimulante se me espalhava na boca. Como de outras vezes, procurei acordar, o que fiz, porém nada que se assemelhasse àquele sabor continuava sentindo. Apenas um enorme bem-estar geral, em contrário à indisposição com que me deitara”. Noutra ocasião, “vi-me, primeiramente, em uma extensa rua, em que se alinhavam portas, pelas quais entravam e saíam pessoas, de que a rua estava cheia. Tive a percepção de que todos buscavam, atrás daquelas portas, aquilo que na ida constitui um anseio: prazer. Porém, logo me senti levado daquele lugar pelo espaço afora, até atingir uma praça arborizada, em cujo extremo, dois edifícios enormes se levantavam. Um, de aparência sombria, era de construção artística, caprichada e dava a ideia de que seus compartimentos internos eram precedidos por um monumental vestíbulo, que de fora se percebia por causa de uma grande abóboda, que o recobria. Externamente, chegava-se à entrada desse vestíbulo por uma grande escadaria ladeada por dois robustos corrimãos de pedra lavrada, encimados, no lance inicial, por dois enormes leões de mármore. O outro edifício, de tamanho quase igual ao primeiro, era de construção singela e sua entrada era porta comum, de proporções aumentadas(...) Desejei penetrar nesse segundo edifício, porém, ao invés de endereçar-me à porta, senti-me conduzido para uma janela. À minha frente, abriu-se a janela e o que se apresentou me fez parar estarrecido e desejoso de não continuar: nevoento, pesado era o ambiente que se apresentava à minha frente e nele eu via, como se fosse num corredor, instalados em espécies de beliches superpostos, homens e mulheres, na maioria velhos, cujas fisionomias abatidas, enfermiças, expressavam todas, sem exceção, cinismo e depravação. O ambiente era enervante e me angustiou, motivo porque recuei ante a janela e fiz menção de afastar-me, o que me foi fácil. Alguém, que me acompanhava, explicou-me que eu vira um sanatório a que recolhiam os espíritos que se haviam extenuado no anseio de prazeres sexuais e paixões eventuais e que ali se retemperavam e eram corrigidos, para poderem iniciar novas peregrinações”. No final de seu depoimento, Hamilton Prado apresenta várias conclusões, fruto de suas reflexões sobre os fenômenos por ele vividos, dentre as quais destacamos parte da décima primeira: “-O progresso espiritual, no sentido de estar assegurada a cada qual sua ascenção de níveis subalternos, inferiores, de percepções grosseiras, para níveis de percepções sutis, belas, puras emoções e superior entendimento, não só está ao alcance de cada um, como só pode ser realizado por um esforço próprio, que modifique o íntimo da pessoa. Não são fatores externos decorrentes de preces ou promessas que influem”.
terça-feira, 2 de outubro de 2012
Refletindo Sobre as Lesões Afetivas
Foi em comentário do Espírito Emmanuel psicografado por
Chico Xavier que li pela primeira vez sobre lesão afetiva. Fator determinante de
muitos desajustes comportamentais, a lesão afetiva constitui-se num distúrbio da
emoção. Emoção, do ponto de vista espiritual representa didática e cartesianamente uma das partes em que se bifurca o instinto – uma inteligência rudimentar -,quando o princípio inteligente alcança a capacidade do pensamento
contínuo, iniciando a longa caminhada na direção da sua humanização, em busca da própria espiritualização. O Instrutor Espiritual, em várias ocasiões nos oferece
material para reflexões. O primeiro,
talvez, insira-se na resposta 173 da obra O
CONSOLADOR (feb), em que opinando sobre simpatia e antipatia – base da
afeição – diz: “-A simpatia ou a antipatia tem as suas raízes profundas no espírito, na
sutilíssima entrosagem dos fluidos peculiares a cada um”. Essa
explicação ajuda-nos a entender a resposta à questão 386 d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS”, onde questionados por Allan Kardec se dois
seres que se conheceram e amaram podem encontrar-se noutra existência corpórea
e se reconhecerem dizem que “reconhecerem-se, não, mas serem atraídos
um pelo outro, sim; e frequentemente as ligações íntimas, fundadas
numa afeição sincera, não provém de outra causa”. Tal atração pode-se
supor seja fluídica já que cada Espírito emite uma vibração peculiar ao seu
estado evolutivo, sintonizando com aqueles com que se afiniza. Em interessante
comentário de Chico ao jornalista Fernando Worm no livro A PONTE, considera que “é
atendendo aos vínculos do afeto que duas pessoas, atraídas pela
complementação magnética, normalmente se unem na comunhão sexual”.
Alerta contudo que “os Espíritos Orientadores esclarecem que devemos evitar a promiscuidade”(...).
“Não se deve usar um corpo usado por outrem, assim como não se mora em duas
casas concomitantemente. Conscientizemo-nos também que o problema da sedução
irresponsável, egoística, é muito grave, de vez que contraímos séria dívida com
a pessoa seduzida”. Esta conduta vai se refinando a medida em que se
avança na senda da evolução, explicando André Luiz em EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS (feb), que “quanto mais aperfeiçoado o grau
de aprimoramento da alma, mais reclamará espontaneamente de si própria a
necessária disciplina das energias do mundo afetivo”. Na obra NOSSO LAR (feb), aprendemos que o
casamento também é uma convenção existente no Mundo Espiritual segundo
explicações de Tobias a André Luiz, ocorrendo “pela combinação vibratória, pela
afinidade máxima ou completa”. Do ponto de vista dos reajustes
interpessoais impostos pelo egoísmo peculiar à maior parte dos Espíritos em
evolução na Terra, no E A VIDA CONTINUA (feb), o Instrutor Ribas,
diz que “somos mecanicamente impelidos
para pessoas e circunstâncias que se afinem conosco ou com os nossos problemas”.
Em mensagem constante do livro MOMENTOS
DE OURO (geem), justamente analisando o problema das lesões afetivas,
Emmanuel lembra que “todos nós, os Espíritos vinculados à
evolução da Terra, estamos altamente compromissados em matéria de amor e sexo,
e, em matéria de amor e sexo irresponsáveis, não podemos estranhar os estudos
respeitáveis nesse sentido, porque, um dia, todos seremos chamados a examinar semelhantes
realidades, especialmente as que se relacionem conosco, que podem efetivamente
ser muito amargas, mas que devem ser ditas”. Nesses tempos de tanta
falta de referências, recomenda: “-Se habitas um corpo masculino, conforme as
tarefas que te foram assinaladas, e encontraste essa ou aquela irmã que se te
afinou com o modo de ser, não lhe desarticules os sentimentos, a pretexto de
amá-la, se não está em condição de cumprir a palavra, no que tange a promessas
de amor. E se moras presentemente num corpo feminino, para o desempenho de
atividades determinadas, se surpreendeste esse ou aquele irmão que se
harmonizou com as tuas preferências, não lhe perturbes a sensibilidade sob a
desculpa de desejar-lhe a proteção, caso não estejas na posição de quem
desfruta a possibilidade de honorificar os próprios compromissos. Não comeces
um romance de carinho a dois, quando não possas e nem queiras manter-lhe a
continuidade”. Pondera que “ninguém no mundo pode medir a resistência de
um coração quando abandonado por outro e nem sabe a qualidade das reações que
virão daqueles que enlouquecem, na dor da afeição incompreendida, quando isso
acontece por nossa causa”. Assevera que “as Leis do Universo
esperar-nos-ão pelos milênios afora, mas terminarão por se inscreverem, a caracteres
de luz, em nossas próprias consciências. E essas Leis determinam amemos os
outros qual nos amamos”. Lembra no livro VIDA E SEXO (feb) que “em matéria de afetividade, no curso dos
séculos, vezes inúmeras disparamos na direção do narcisismo e, estirados na
volúpia do prazer estéril, espezinhamos sentimentos alheios, impelindo
criaturas estimáveis e nobres a processos de angústia e criminalidade, depois
de prendê-las a nós mesmos com o vínculo de promessas brilhantes, das quais nos
descartamos em movimentação imponderada”. Explica que “toda
vez que determinada pessoas convide outra à comunhão sexual ou aceita de alguém
um apelo neste sentido, em bases de afinidade e confiança, estabelece-se entre
ambas um circuito de forças, pelo qual a dupla se alimenta psiquicamente
de energias espirituais, em regime de reciprocidade. Quando um dos parceiros
foge ao compromisso assumido, sem razão justa, lesa o outro na sustentação do
equilíbrio emotivo, seja qual for o campo de circunstâncias em que esse
compromisso venha a ser efetuado. Criada a ruptura no sistema de permuta das
cargas magnéticas de manutenção, de alma para alma, o parceiro
prejudicado, se não dispõe de conhecimentos superiores na auto-defensiva, entra
em pânico, sem que se lhe possa prever o descontrole que, muitas vezes, raia na
delinquência. Tais resultados da imprudência e da invigilância repercutem no
agressor, que partilhará das consequências desencadeadas por ele próprio,
debitando-se-lhe ao caminho a sementeira partilhada de conflitos e frustrações
que carreará para o futuro”. Para finalizar, André Luiz no excelente SINAL VERDE (cec), diz que “toda
pessoa que lesa outra, nos compromissos do coração, está fatalmente lesando a
si própria”, visto que segundo a Lei que nos rege o destino,
receberemos, de retorno, tudo o que dermos aos outros”.
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