“Há mais de um mês tive um sonho engraçado. Sonhei que uma pessoa me
apresentou Humberto de Campos, num lugar de céu muito azul e brilhante e no
chão havia uma espécie de vegetação que não me deixava ver a Terra. Não vi casa
alguma. O que me impressionou mais é que as pessoas que eu via estavam sob uma
árvore muito grande e tão branca que, quando o Sol batia nas suas frondes de
folhas muito delgadas, parecia uma árvore de cristal. Ele veio então ao meu
lado e me estendeu a mão com bondade, dizendo: - Você é o menino do PARNASO?
Disse-me mais coisas das quais não posso me recordar. Que
diz o amigo de tudo isto? Seria a minha imaginação? Não sei. Em todo caso,
mando estas páginas para o senhor ler”. Assim começou como contado por
Chico em carta a Manuel Quintão, a relação com Humberto de Campos que, por
sinal, se estenderia por várias décadas, resultando na produção de quinze
livros e dezenas de mensagens inseridas em obras de autores diversos. Acarretou
ainda para o pobre rapaz de Pedro Leopoldo (MG), momentos difíceis e
constrangedores em face do rumoroso processo judicial resumido na obra A PSICOGRAFIA PERANTE OS TRIBUNAIS, do
jurista Miguel Timponi, movido pela viúva do famoso escritor, contista e
cronista morto em dezembro de 1934, após insidiosa enfermidade denominada
Acromegalia. Passaria, desde então, a assinar sua produção literária como IRMÃO
X, detalhe que esconde particularidade interessante. Humberto até ficar doente,
destacou-se nos meios jornalísticos com o pseudônimo CONSELHEIRO XX atrás do
qual expunha as mazelas sociais da então capital da República, o Rio de Janeiro,
que concentrava costumes e
comportamentos libertários inspirados nas mudanças observadas em Paris e outros
grandes centros culturais. Burilado pelas dores morais,
desceu da condição de conselheiro para o irmão daqueles macerados pelo
sofrimento, que como ele, transitam por esse planeta de expiação e provas. Tendo iniciado sua tarefa com Chico Xavier no
dia 27 de março de 1935 em carta/mensagem em que descreve suas primeiras
impressões do Mundo Espiritual, desenvolve intensa atividade literária que lhe
permitiria prefaciar o primeiro livro em 25 de junho de 1937, CRÔNICAS DE ALÉM-TÚMULO (feb), apesar de algumas delas terem sido inseridas em PALAVRAS DO INFINITO (lake), mescladas
com fragmentos da série de reportagens produzidas pelo jornalista Clementino de
Alencar para o jornal O GLOBO, interessado justamente em entender o fenômeno
das primeiras crônicas póstumas de Humberto. Entre os trinta e cinco textos da
primeira obra, alguns antológicos: a entrevista com o Espírito de Judas
Iscariotes , em Jerusalem, esclarecendo a trágica decisão que precipitou a
prisão e condenação de Jesus e revelando a expiação com que, em meio à
traições, vendido e usurpado, resgatou a culpa do passado queimado na fogueira
inquisitorial no século XV, como Joana D’Arc, a celebre médium de Orleans, que
orientada pelos Espíritos São Miguel
Arcanjo e Santa Clara, conduziu os exércitos franceses na vitória sobre os
ingleses preservando – segundo revelou Chico Xavier – as matrizes genéticas dos
que viriam a renascer nos séculos vindouros para modificar o pensamento
cultural da acelerada mudança prevista para o Planeta; outro descrevendo o
despertar no Plano Espiritual do fisiologista Charles Richet, Nobel de
Medicina, criador da Metapsíquica; noutro relata uma entrevista com Tiradentes,
na mensagem escrita em 21 de abril de 1937, em que o mártir da Inconfidência afirma
não ter sido um herói e sim um Espirito em prova; e, entre varias curiosas, uma
referindo-se aos instantes finais de Bruno Richard Hauptmann, o carpinteiro do
Bronx, transformado pela polícia norte-americana como responsável pelo sequestro e morte do filho de Charles
Lindenbergh, o primeiro homem a cruzar sozinho o Oceano Atlântico num avião. No
livro seguinte, NOVAS MENSAGENS
(feb,1938), surpreende com analises curiosas como a do Carnaval no Rio de
Janeiro, a “morte” do Papa Pio XI; do grande General Erich Von Ludendorff,
importante figura na Alemanha da Primeira Guerra ou com
interessante mensagem onde descreve uma viagem feita em excursão ao Planeta
Marte. No mesmo ano, psicografou através de Chico, BRASIL,CORAÇÃO
DO MUNDO PÁTRIA DO EVANGELHO, revelando os ascendentes e destinação
espirituais de nosso país. No antepenúltimo livro organizado com seus
trabalhos, ESTANTE DA VIDA
(feb,1969), encontramos a descrição do encontro havido no cemitério Memoriam
Park, em Los Angeles (EUA) com a renomada atriz do cinema americano Marilyn
Monroe, desencarnada em 1962, do qual resultou interessante entrevista em que
ela fala de si mesma, das circunstâncias que assinalaram sua morte e, concorda
em falar sobre a emancipação feminina que estava em rota ascendente. A obra do
Espírito Humberto de Campos ofereceria ainda aos estudiosos dos ascendentes
espirituais dos dramas vivenciados em nossa Dimensão, páginas com a intitulada TALIDOMIDA – livro CONTOS DESTA E DOUTRA VIDA (feb,1964) -, onde faz uma correlação
entre milhares de casos de renascidos com má formação congênita a partir dos anos 50, a droga
desenvolvida e usada na formula de contraceptivos em desenvolvimento à época e
ações perpetradas pelos próprios envolvidos durantes as barbaridades cometidas
contra judeus nas áreas de confinamento em países invadidos pelos nazistas; ou
ainda, as origens da TRAGÉDIA NO CIRCO,
ocorrida na tarde de 17 de dezembro de 1961, na cidade de Niterói (RJ), em que
morreram queimados ou pisoteados mais de trezentas pessoas, adultos e crianças,
comprometidas com decisões e ações lamentáveis assumidas no ano de 177 D.C., na
cidade de Lyon, na França, no livro CARTAS
E CRÔNICAS (feb), em que, por sinal ele revela no capítulo KARDEC E NAPOLEÃO, detalhes de reunião
havida no Plano Espiritual na passagem do século dezoito para dezenove em que o
próprio Jesus apresentou à várias personalidades históricas presentes,
inclusive alguns reencarnados como Napoleão desdobrado pela hipnose do sono
físico, aquele em que se depositava a missão de viabilizar a base da TERCEIRA
REVELAÇÃO, oculto posteriormente no pseudônimo Allan Kardec. Para quem se
interessa por Jesus, precisa ser conhecido BOA
NOVA (feb,1940) riquíssimo documentário sobre fatos envolvendo o Mestre dos
Mestres. A contribuição de Humberto como se pode ver, não apenas confirma sua
sobrevivência como oferece substanciais elementos para reflexões, além, é
claro, de oferecer farto material para os apreciadores de uma boa leitura.
Estou fazendo um trabalho sobre Humberto de Campos e seu texto me ajudou muito. Fico agradecida por ter tido a "sorte" de encontrá-lo. Obrigada, Luiz Armando
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