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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O Três de Outubro


A data - a não ser para alguns - não tem maior significação. Talvez no futuro venha a ter. Assinala, contudo o renascimento na Terra daquele que deu formatação ao conteúdo de importante conjunto de revelações espirituais. Precisamente aquelas que, para os que se reconhecem meio que perdidos em meio a tantas contradições, frustações, revezes, dentro da vida, encontram sentido e animo para leva-la a termo. Denizard Hypollite Léon Rivail seu nome. Mais conhecido, porém, como Allan Kardec. Lyon, interior da França foi a localidade em que ressurgiu em nossa dimensão em três de outubro de 1804. Conta o cronista Humberto de Campos, o IRMÃO X, na mensagem Kardec e Napoleão, integrante do livro CARTAS E CRÔNICAS (feb), que exatamente na primeira madrugada do Século 19, em algum lugar do espaço espiritual da latinidade, numa reunião congregando vários Espíritos desencarnados alguns, outros encarnados desdobrados pela hipnose do sono físico, comprometidos com a História da Humanidade, o próprio Jesus teria apresentado aquele que seria integrado em nossa dimensão para viabilizar o prenunciado no início da Era de Peixes a respeito do CONSOLADOR. Como em toda transição,  ver-se-ia diante de grandes obstáculos e desafios, contudo a escolha recaíra sobre alguém capaz de não perder o foco de uma missão capaz de ser cumprida por poucos. Renasceu, em sua formação intelectual e moral esteve sob a proteção de outro Espírito missionário na área da educação, fixando-se no início da vida adulta na efervescente Paris, de onde emanavam influências que delineariam o comportamento social dos séculos vindouros. Aos 51 de idade, teve sua atenção atraída para os fenômenos que o empolgariam, estabelecendo a conexão com os Luminares da Espiritualidade que o assessorariam na consecução de sua obra mais importante. Sim, porque em suas linhas e entrelinhas, angustiantes problemas humanos encontrariam sentido e lógica. Seus experimentos ao longo de mais de uma década na Sociedade que comporia com colaboradores rigorosamente avaliados e incorporados, resultaria em riquíssimo material de pesquisa para os que não se satisfazem com conceitos, explicações ou respostas fantasiosas e frágeis diante do raciocínio mais criterioso. Já na versão primeira d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questões filosóficas secularmente mantidas sob o véu do mistério e do misticismo encontraram respostas convincentes para a mentalidade exigente de parte da nascente NOVA ERA. O que é Deus, os Espíritos influenciam em nossos pensamentos e atos, o que é a morte, o que somos nós, de onde viemos, para onde vamos, a felicidade reinará um dia na Terra, qual dos defeitos consiste no maior entrave ao nosso progresso, entre mil e dezenove esclarecimentos, muitos dos quais comentados dentro de uma linha de raciocínio irretocável. Kardec não se contentava com pouco, aprofundando-se em suas perquirições, as quais resultaram num conteúdo substancial, alimento capaz de saciar a fome ou a sede de todo aquele que carece de referenciais para refletir sobre si e o que lhe acontece ao redor. Como toda ideia revolucionária, até transformar-se de domínio público, exige tempo. A multiplicidade de meios, porém, possibilitará um aceleramento maior do que o que caracterizou a disseminação do pensamento de Jesus que foi aprisionado numa estrutura mais humana que espiritual, que se serviu da luminosa mensagem do Mestre dos Mestres para dominar, controlar, desvirtuando e desfigurando, em nome do poder temporal, a mensagem que tinha como premissa maior o Amor, no sentido altruísta e não egoísta. A Providência Divina, compassiva, retoma o esforço oferecendo a muitos dos falidos e fracassados de outrora, a oportunidade de se reabilitarem, trazendo-os à reencarnação. O contato com o meio materialista, frio e calculista, arrasta, todavia, muitos para os equívocos do passado, usando da pureza da Doutrina para exercer poder sobre os desorientados e desesperançados dos nossos dias. Com isso, corre-se o risco de conduzir-se outra vez a mensagem iluminadora da Espiritualidade na direção errada. Como se disse nos estertores do século 20, o Espiritismo continua sendo o grande desconhecido pelos seus próprios seguidores. Não se conhece as obras da Codificação. Há muitos especialistas ignorantes do conteúdo dos compêndios. Como médicos, engenheiros, profissionais que assumem perante a sociedade e o meio em que atuam o papel de Mestres sem terem, ao menos lido, ou se informado nos manuais de suas especialidades. Há até quem diga que Kardec está superado. Algumas coisas, porém, não mudam. As necessidades humanas continuam as mesmas de Civilizações apagadas na memória, sepultadas pela poeira levantada pela esteira do tempo. Vivemos como afirmam alguns Instrutores Espirituais num colégio interno, um grande educandário aonde, paulatinamente, vamos conhecendo a nós mesmos e a grandiosidade do Universo de que fazemos parte. Individualmente continuamos nos iludindo e enganando, supondo-nos imunes aos efeitos dos nossos equívocos. Como se estivéssemos sob uma proteção semelhante à oferecida pelos “chefes” de qualquer organização de nosso mundo aos seus servidores. O tribunal que nos apontará as transgressões manifesta-se em nós mesmos. Sedia-se na intimidade de nossa consciência, onde as Leis perfeitas que ordenam o abstrato e o concreto, o relativo e o absoluto, aguardam nosso despertar para a realidade Espiritual. Imediatistas, não enxergamos o depois. Só vemos o agora, que, por sinal, já é passado quando acabamos de passar os olhos sobre essa afirmação. Necessário fazermos um auto-retrato. As lentes, os mecanismos, os dispositivos para que a própria imagem não seja um apenas um rascunho, esboço falso de nossa realidade, exigem de nós a configuração e composição desse equipamento através dos conhecimentos que sejamos capazes de alcançar e incorporar em nós mesmos através do estudo, da leitura, da reflexão e, sobretudo da ação, da vivência, da prática, os únicos elementos a remodelar a estrutura carente de renovação, de reforma, que cada um de nós representa. Nada nasce do nada, como disse um dia Emmanuel a Chico Xavier. O trabalho, a persistência, a determinação, são os ingredientes dessa formula de que devemos nos valer. Como escreveu o Espírito Bezerra de Menezes:   estudar, conhecer, sentir, viver Kardec.





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