A data - a não ser para alguns - não tem maior significação.
Talvez no futuro venha a ter. Assinala, contudo o renascimento na Terra daquele
que deu formatação ao conteúdo de importante conjunto de revelações
espirituais. Precisamente aquelas que, para os que se reconhecem meio que perdidos
em meio a tantas contradições, frustações, revezes, dentro da vida, encontram
sentido e animo para leva-la a termo. Denizard Hypollite Léon Rivail seu nome.
Mais conhecido, porém, como Allan Kardec. Lyon, interior da França foi a
localidade em que ressurgiu em nossa dimensão em três de outubro de 1804. Conta
o cronista Humberto de Campos, o IRMÃO X, na mensagem Kardec e Napoleão, integrante
do livro CARTAS E CRÔNICAS (feb), que exatamente na primeira madrugada do Século
19, em algum lugar do espaço espiritual da latinidade, numa reunião congregando
vários Espíritos desencarnados alguns, outros encarnados desdobrados pela
hipnose do sono físico, comprometidos com a História da Humanidade, o próprio
Jesus teria apresentado aquele que seria integrado em nossa dimensão para
viabilizar o prenunciado no início da Era de Peixes a respeito do CONSOLADOR.
Como em toda transição, ver-se-ia diante de grandes obstáculos e desafios,
contudo a escolha recaíra sobre alguém capaz de não perder o foco de uma missão
capaz de ser cumprida por poucos. Renasceu, em sua formação intelectual e moral
esteve sob a proteção de outro Espírito missionário na área da educação,
fixando-se no início da vida adulta na efervescente Paris, de onde emanavam
influências que delineariam o comportamento social dos séculos vindouros. Aos
51 de idade, teve sua atenção atraída para os fenômenos que o empolgariam,
estabelecendo a conexão com os Luminares da Espiritualidade que o assessorariam
na consecução de sua obra mais importante. Sim, porque em suas linhas e
entrelinhas, angustiantes problemas humanos encontrariam sentido e lógica. Seus
experimentos ao longo de mais de uma década na Sociedade que comporia com colaboradores
rigorosamente avaliados e incorporados, resultaria em riquíssimo material de
pesquisa para os que não se satisfazem com conceitos, explicações ou respostas
fantasiosas e frágeis diante do raciocínio mais criterioso. Já na versão
primeira d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questões filosóficas secularmente mantidas sob
o véu do mistério e do misticismo encontraram respostas convincentes para a mentalidade
exigente de parte da nascente NOVA ERA. O que é Deus, os Espíritos influenciam
em nossos pensamentos e atos, o que é a morte, o que somos nós, de onde viemos,
para onde vamos, a felicidade reinará um dia na Terra, qual dos defeitos
consiste no maior entrave ao nosso progresso, entre mil e dezenove esclarecimentos,
muitos dos quais comentados dentro de uma linha de raciocínio irretocável.
Kardec não se contentava com pouco, aprofundando-se em suas perquirições, as
quais resultaram num conteúdo substancial, alimento capaz de saciar a fome ou a
sede de todo aquele que carece de referenciais para refletir sobre si e o que
lhe acontece ao redor. Como toda ideia revolucionária, até transformar-se de
domínio público, exige tempo. A multiplicidade de meios, porém, possibilitará
um aceleramento maior do que o que caracterizou a disseminação do pensamento de
Jesus que foi aprisionado numa estrutura mais humana que espiritual, que se
serviu da luminosa mensagem do Mestre dos Mestres para dominar, controlar, desvirtuando
e desfigurando, em nome do poder temporal, a mensagem que tinha como premissa
maior o Amor, no sentido altruísta e não egoísta. A Providência Divina,
compassiva, retoma o esforço oferecendo a muitos dos falidos e fracassados de
outrora, a oportunidade de se reabilitarem, trazendo-os à reencarnação. O
contato com o meio materialista, frio e calculista, arrasta, todavia, muitos
para os equívocos do passado, usando da pureza da Doutrina para exercer poder
sobre os desorientados e desesperançados dos nossos dias. Com isso, corre-se o
risco de conduzir-se outra vez a mensagem iluminadora da Espiritualidade na
direção errada. Como se disse nos estertores do século 20, o Espiritismo
continua sendo o grande desconhecido pelos seus próprios seguidores. Não se
conhece as obras da Codificação. Há muitos especialistas ignorantes do conteúdo
dos compêndios. Como médicos, engenheiros, profissionais que assumem perante a
sociedade e o meio em que atuam o papel de Mestres sem terem, ao menos lido, ou
se informado nos manuais de suas especialidades. Há até quem diga que Kardec
está superado. Algumas coisas, porém, não mudam. As necessidades humanas
continuam as mesmas de Civilizações apagadas na memória, sepultadas pela poeira
levantada pela esteira do tempo. Vivemos como afirmam alguns Instrutores
Espirituais num colégio interno, um grande educandário aonde, paulatinamente, vamos
conhecendo a nós mesmos e a grandiosidade do Universo de que fazemos parte. Individualmente
continuamos nos iludindo e enganando, supondo-nos imunes aos efeitos dos nossos
equívocos. Como se estivéssemos sob uma proteção semelhante à oferecida pelos “chefes”
de qualquer organização de nosso mundo aos seus servidores. O tribunal que nos
apontará as transgressões manifesta-se em nós mesmos. Sedia-se na intimidade de
nossa consciência, onde as Leis perfeitas que ordenam o abstrato e o concreto,
o relativo e o absoluto, aguardam nosso despertar para a
realidade Espiritual. Imediatistas, não enxergamos o depois. Só vemos o agora,
que, por sinal, já é passado quando acabamos de passar os olhos sobre essa
afirmação. Necessário fazermos um auto-retrato. As lentes, os mecanismos, os
dispositivos para que a própria imagem não seja um apenas um rascunho, esboço falso de nossa
realidade, exigem de nós a configuração e composição desse equipamento através dos
conhecimentos que sejamos capazes de alcançar e incorporar em nós mesmos através
do estudo, da leitura, da reflexão e, sobretudo da ação, da vivência, da prática,
os únicos elementos a remodelar a estrutura carente de renovação, de reforma,
que cada um de nós representa. Nada nasce do nada, como disse um dia Emmanuel a
Chico Xavier. O trabalho, a persistência, a determinação, são os ingredientes
dessa formula de que devemos nos valer. Como escreveu o Espírito Bezerra de Menezes: estudar,
conhecer,
sentir, viver Kardec.
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