“O Universo é ao mesmo tempo um mecanismo incomensurável, acionado por
um número incontável de inteligências, e um imenso governo no qual cada Ser
inteligente tem a sua parte de ação sob as vistas do Soberano Senhor, cuja
vontade única mantém por toda a parte a unidade. Sob o império dessa vasta
potência reguladora, tudo se move, tudo funciona em perfeita ordem”. O
comentário foi escrito por Allan Kardec no item quatro do capítulo dezoito do
livro A GÊNESE, publicado em 1868.
Júlio Verne já tinha revelado seu lado visionário em relação ao espaço
interplanetário escrevendo DA TERRA À
LUA (1865) e, somente em 1897, H.G. Wells sua fértil imaginação com GUERRA DOS MUNDOS. Desde então,
caminhamos muito na compreensão do conteúdo material do Cosmos. A Astronomia
passou a dispor de equipamentos cada vez mais sofisticados e eficientes; nasceu
a Astronáutica, viabilizou-se o Hubble capturando, por mais de uma década,
imagens extraordinárias das profundezas da mais impressionante obra atribuída
pelo Espiritismo à Inteligência Suprema do Universo. A proposta espírita,
contudo, bem antes oferecera através d’ O
LIVRO DOS ESPÍRITOS um conteúdo ousado. Nas questões 55 e 56, por exemplo,
os Instrutores Espirituais que transferiram para nossa dimensão inúmeras
revelações afirmaram com segurança que “todos os globos que circulam no espaço são
habitados, estando o homem da Terra longe de ser, como crê, o primeiro em inteligência,
bondade e perfeição”; que “a constituição dos diferentes globos não se
assemelham de modo algum” e que por esse fato, “os seres que os habitam tem
constituição diferente, como para nós os peixes são feitos para viverem na água
e os pássaros no ar”. Nas surpreendentes pesquisas realizadas na
Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, surgiram inesperadas informações. Na
manifestação espiritual do dia 13 de maio de 1859, por exemplo, Kardec
autorizado pelo dirigente espiritual das atividades daquele verdadeiro
laboratório onde se apuravam observações sobre a existência e vida no Mundo Invisível,
evoca o Espírito do cientista e explorador alemão Alexandre Von Humboldt.
Detalhe: Ele morrera para nossa Dimensão apenas sete dias antes, aos 90 anos.
Humboldt na encarnação concluída percorreu a América e a Ásia, fazendo
estudos filosófico-naturalísticos do Globo, em grande parte preservada na obra
COSMOS, abrindo novas vias ao estudo da Geografia, permitindo uma
sistematização e compreensão melhor da história da Terra e da evolução da vida,
sobretudo pelo fato de haver aplicado o método cartográfico ao estudo da
distribuição dos fenômenos geográficos. Entre as respostas dadas por ele na
extensa entrevista feita pelo pesquisador, conta “estar contente com o emprego da
existência terrena por ter cumprido, mais ou menos, o objetivo que se havia proposto;
que fora escolhido entre numerosos candidatos para viabilizá-lo; que a
existência que precedeu a esta se passou longe da Terra num mundo muito
diferente, superior; que tal mundo está muito próximo da Terra, de onde não se
pode vê-lo por não ser luminoso não refletindo a luz dos sóis que o rodeiam;
que a densidade desse mundo em relação ao nosso Globo é de um para cem; que as
informações obtidas na Sociedade eram verdadeiras; que em sua encarnação finda
não conheceu o Espiritismo, apenas o magnetismo; que o futuro do Espiritismo
entre as organizações científicas seria grandioso, embora o caminho penoso;
vindo um dia aceito em tais meios, embora isso fosse dispensável, sendo mais
importante firmar seus preceitos no coração dos infelizes que enchem o mundo
visto ser ele o balsamo que acalma os desesperos e dá esperança”. O
comentário sobre Júpiter prende-se a minuciosas informações obtidas em reuniões
havidas na SPEE, no ano de 1858, pelo Espírito Bernard Palissy, um pintor do
século XVI, repassadas em respostas à perguntas formuladas por Kardec, chegando
inclusive através do médium Vitorien Sardou desenhar várias gravuras
demonstrando detalhes – ver REVISTA
ESPÍRITA/agosto/1858 - da casa do célebre compositor clássico Mozart lá
residente, da vegetação característica do Planeta, entre outras. O volume de
dados obtidos em várias manifestações espirituais obtidas e analisadas por
Kardec dentro de critérios seguros permitiu a formulação de algumas hipóteses
que nos auxiliam a entender um pouco mais sobre o Universo em que vivemos. Uma
delas que os Mundos, grosso modo, dividem-se em Mundos Inferiores, Mundos Intermediários e Mundos Superiores. Caracterizam-se os primeiros, por uma existência toda material, as paixões reinando
absolutas com uma vida moral quase nula; os
segundos, pelo Bem e Mal mesclados, predominância de um ou outro segundo o
grau evolutivo dos habitantes; e os
terceiros, por uma vida toda espiritual. Segundo o estado evolutivo dos que
os habitam e sua destinação, classificam-se em Mundos Primitivos (primeiras encarnações dos Espíritos); Mundos de Expiações e Provas (predominância
do mal); Mundos de Regeneração
(servem de transição entre os Mundos de Expiação e os Mundos Felizes); Mundos Felizes (o Bem supera o Mal) e Mundos Superiores (habitado pelos
Espíritos Puros, onde o Bem reina absoluto). Kardec concluiu ser possível
traçar um perfil dos Espíritos, agrupando-os em três ordens, distribuídas em
dez classes. Dessa forma, a TERCEIRA
ORDEM compreende os ESPÍRITOS
IMPERFEITOS, agrupados em cinco classes: Décima Classe – Espíritos Impuros/ inclinados ao mal, fazendo dele
motivo de suas preocupações; Nona Classe
– Espíritos Levianos/ ignorantes, maliciosos, inconsequentes, zombeteiros; Oitava Classe – Espíritos
Pseudo-Sábios/ conhecimentos bastante amplos, crendo saber mais do que sabem; Sétima Classe – Espíritos Neutros/
Inclinam-se tanto para o Bem como para o Mal; Sexta Classe – Espíritos Batedores e Perturbadores/ Podem Pertencer
a todas as classes da Terceira Ordem. A
SEGUNDA ORDEM abrange os BONS
ESPÍRITOS, em quatro classes: Quinta
Classe – Espíritos Benevolentes/ Sua qualidade dominante é a bondade; Quarta Classe – Espíritos Sábios/ Se
distinguem pela extensão de seus conhecimentos; Terceira Classe – Espíritos de Sabedoria/ Caracterizam-se pelas
qualidades morais de natureza elevada; Segunda
Classe – Espíritos Superiores/ Reúnem a ciência, a sabedoria e a bondade. A PRIMEIRA ORDEM reúne os ESPÍRITOS PUROS numa única classe: Primeira Classe – aqueles que
percorreram todos os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da
matéria, gozando de inalterável felicidade. Diante disso, considerando que a
substância do perispirito – corpo que reveste o Espírito - não é a mesma em
todos os mundos, Kardec elabora uma distribuição pelos Planetas do nosso
sistema solar: Júpiter – apenas
Espíritos da Segunda Ordem (benevolentes, cultos, sábios, superiores), mais
adiantados física e moralmente, reinando, portanto, absoluto o Bem a Justiça; Urano e Netuno – Espíritos das
Primeiras Classes da Terceira Ordem (Pseudo-Sábios e Neutros) e grande maioria
da Segunda (predominância do Espírito sobre a Matéria e desejo do Bem); Lua e Vênus – Mais ou menos o mesmo
Grau, mais adiantados que Mercúrio e Saturno; Mercúrio e Saturno – Bons Espíritos em grande número, impõe uma
ordem social mais perfeita, relações menos egoístas e, consequentemente,
condições de existência mais feliz; Terra
– Espíritos das Terceira Ordem ( predominância da matéria sobre o Espírito,
propensão ao mal, ignorância, orgulho, egoísmo) e parte insignificante da Nona
Classe (Benevolentes e Cultos). Marte
– Inferior à Terra. Espíritos impuros da Nona Classe. De qualquer forma, com
tudo isso, avançamos no significado da afirmação atribuída a Jesus de que “há
muitas moradas na casa de Meu Pai”.
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