Nos sessenta e sete anos em que esteve em nossa Dimensão, o
Espírito que recebeu o nome Abel Gomes
durante essa existência, não apenas aproveitou para resgatar antigos débitos do
passado, mas também semeou as Verdades espirituais para os que testemunharam
suas lutas, se impregnando de seus exemplos e palavras. Impossibilitado de
andar quando tinha apenas 25 anos por pertinaz paralisia que lhe imobilizou as
pernas, perdeu também boa parte da visão, nunca se deixando, contudo, vencer
pelas expiações e duros golpes da adversidade. Descendente
de colonizadores portugueses, pobre de bens materiais, Abel Gomes se tornou benquisto por todos, aureolado de grande
respeito e admiração, jamais alimentando desejos de enriquecer-se. Exerceu a
profissão de professor e contabilista em várias firmas comerciais, até que,
devido à paralisia, começou a trabalhar em sua própria residência como alfaiate
e fotógrafo. Desencarnado, serviu-se do médium Chico Xavier para dar NOTÍCIAS
de sua sobrevivência, dentro daquela simplicidade característica dos que
alcançaram grande sabedoria na busca do infinito conhecimento. Sintetiza em seu
texto, ampla visão a respeito da realidade que encontrou a partir da “área
de embarque” desta para outra Vida, chamada Velório. Pela riqueza de
detalhes a partir de uma percepção diferente, destacamos alguns pontos para sua
reflexão, já que todos nós, cada um à sua maneira, nos defrontaremos mais dia,
menos dia, com essa fatalidade. Dentre os dados didaticamente colocados,
encontramos que no Mundo Espiritual, “as inteligências se agrupam segundo os
impositivos da afinidade, vale dizer, consoante a onda mental, ou frequência vibratória,
em que se encontram”, já que cada mente vive na dimensão com que se
harmonize. “Aqui, diz ele, as leis magnéticas se exprimem de maneira
positiva e simples”. Destaca que “a matéria mental, energia cuja existência
mal começamos a perceber, obedece a impulsos da consciência mais do que
possamos calcular”. Comenta que “os Orientadores dos princípios filosóficos
ou religiosos afirmam que cada individualidade vive no mundo que lhe é peculiar,
isto é, cada mente vive o tipo de vida compatível com o seu estagio, avançado ou
atrasado, na marcha evolutiva”. Afirma ter visitado vastas Colônias
representativas de Civilizações há muito extintas para a observação terrestre.
Costumes, artes e fenômenos linguísticos podem ser estudados, com admiráveis
minudências, nas raízes que os produziram no tempo. Deixemos, porém, a palavra com o professor Abel Gomes: 1- “A cerimonia dos funerais e, os
convencionalismos do velório, dificultam, sobremaneira, a nossa cruzada de
libertação mental (...). Imprimem tamanhas características de terror
na alma recém-desencarnada, que somente poucos Espíritos treinados no
conhecimento superior conseguem evitar as deprimentes crises de medo que, em
muitos casos, perduram por longo tempo”. 2- “Cada
qual, como acontece no nascimento, tem a sua porta adequada para ausentar-se do
Plano Físico (...)”. 3- “O estado mental é muito importante nas
condições da matéria rarefeita que a criatura passa a habitar, logo depois de
abandonar o carro fisiológico”. 4
–“Incontáveis
pessoas, por deficiência de educação do “eu”, agarram-se aos remanescentes do
corpo, com a obstinação de estulto viajante que pretendesse inutilmente reerguer na estrada
a cavalgadura morta”. 5- “Mas,
o número de almas perturbadas de outro modo é infinitamente maior. Não se
apegam ao cadáver putrefato, mas demoram na paisagem doméstica, onde se
desvencilharam das células enfermas, conservando ilusões ou sofrimentos
intraduzíveis. Muitos que se abandonaram à moléstia, fortalecendo-a e acariciando-a,
mais por fugir aos deveres que a vida lhes reserva do que por devoção e
fidelidade aos Desígnios Divinos, fixam longamente sintomas e defeitos, desequilíbrios
ou chagas na matéria sensível e plástica do organismo espiritual,
experimentando sérias dificuldades para extirpá-los (...). Desalentadas
e oprimidas, podem ser enumeradas aos milhares, em qualquer região dos círculos
sutis que marginam a zona de trabalho, em que se delimita a ação dos homens
encarnados. Quando possível, são internadas em grandes e complexas organizações
hospitalares, quase que justapostas ao Plano terrestre comum”. 6- “Milhares se mantem dentro de linhas mentais
infra-humanas, rebeldes a qualquer processo de renovação. Muitas permanecem, em
profundo desânimo, nos recintos domésticos em que transitaram por anos
consecutivos, detendo-se nos hábitos arraigados da casa e inalando substâncias
vivas do ambiente que lhes é familiar, sem coragem de ir adiante”. 7- Há infernos purgatoriais de muitas
categorias. Correspondem à forma de pesadelo ou remorso que a alma criou para
si mesma. Tais organizações, que obedecem à densidade mental dos seres que as
compõem, são compreensíveis e justas. Onde há milhares de criaturas clamando
contra si mesmas, chocadas pelas imagens e gritos da consciência, criando quadros
aflitivos e dolorosos, o pavor e o sofrimento fazem domicílio”. 8- (...) Surpreendemos entidades fortemente ligadas
umas às outras, através de fios magnéticos, nos mais escuros vales de
padecimento regenerativo, expiando o ódio que as acumpliciaram no vício ou no
crime. Outras, que perseveram no remorso pelos delitos praticados, improvisam,
elas mesmas, com as faculdades criadoras da imaginação, os instrumentos de
castigo dos quais se sentem merecedoras”. O longo estudo do arguto
observador, incluído no extraordinário livro FALANDO À TERRA (feb), contem, enfim, informações merecedoras de
análises e reflexões àqueles que já atentaram que as ilusões da
superficialidade em que muitos preferem estacionar, como pondera ele, “a
morte nos situa à frente de complexidades imensas, nos domínios da mente, e,
para solucionar os problemas de ordem imediata, nesse campo de incógnitas
vastíssimas, somente encontraremos na prática dos ensinos de Jesus a sublimação
necessária ao equilíbrio íntimo de que carecemos para mais amplos voos no
conhecimento e na virtude, forças básicas para as realizações mais altas na dinâmica
do Espírito”.
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