“-A experiência social na Terra vive tão distraída
nos jogos de máscaras, que a visita da verdade sem mescla, a qualquer
agrupamento humano, por muito tempo ainda será francamente inoportuna”.
O depoimento, sem meias palavras, "curto e grosso", pertence a importante Industrial, Administrador e homem público, identificado - por razões compreensíveis - apenas pela inicial G, fez em extensa
carta que escreveu através do médium Chico Xavier. Nela, detalhando sua repentina
morte física em meio a atividade, intensa e incessante, revela interessante comportamento
do pensamento no trânsito desta para outra Dimensão. Por representar
importante e realístico documento sobre a questão da sobrevivência, a
importância de não nos esquecermos do equilíbrio quanto às coisas materiais
e espirituais, negligenciadas pela
maioria e, pela riqueza de informações nela contidas quanto a esse momento que, pelas Leis da vida, obrigatoriamente
todos passaremos, cremos, deva ser compartilhada. Conta ele: “-Não
admitia que o sepulcro me requisitasse tão apressadamente à meditação. A
angina, porém, espreitava-me, vigilante, e fulminou-me sem que eu pudesse
lutar. Recordo-me de haver sido arremessado a uma espécie de sono que me não
furtava a consciência e a lucidez, embora me aniquilasse os movimentos. Incapaz
de falar, ouvi os gritos dos meus e senti que mãos amigas me tateavam o peito,
tentando debalde restituir-me a respiração. Não posso precisar quantos minutos
gastei na vertigem que me tomara de assalto, até que em minha aflição por
despertar, notei que a forma inerte me retomava a si, que minha alma
entontecida regressava ao corpo pesado; no entanto, espessa cortina de sombra
parecia interpor-se agora entre os meus afeiçoados e a minha palavra ressoante,
que ninguém atendia...Inexplicavelmente, assombrado, em vão pedia socorro, mas
acabei por resignar-me à ideia de que estava sendo vítima de estranho pesadelo,
prestes a terminar. Ainda assim, amedrontava-me a ausência de vitalidade e
calor a que me via sentenciado. Após alguns minutos de pavoroso conflito, que a
palavra terrestre não consegue determinar, tive a impressão de que me aplicavam
sacos de gelo aos pés. Por mais verberasse contra semelhante medicação, o frio
alcançava-me todo o corpo, até que não pude mais...Aquilo valia por expulsão em
regra. Procurei libertar-me e vi-me fora do leito, leve e ágil, pensando,
ouvindo e vendo...Contudo, buscando-me afastar-me, reparei que um fio tênue
de névoa branquicenta ligava minha cabeça móvel à minha cabeça inerte.
Indiscutivelmente delirava – dizia de mim para comigo -, no entanto aquele
sonho me dividia em duas personalidades distintas, não obstante guardar a noção
perfeita de minha identidade. Apavorado, não conseguia maior afastamento da
câmara íntima, reconhecendo, inquieto, que me vestiam caprichosamente a estátua
de carne, a enregelar-se. Dominava-me indizível receio. Sensações de terror
neutralizavam-me o raciocínio .Mesmo assim, concentrei minhas forças na
resistência. Retomaria o corpo. Lutaria por reaver-me. O delíquio inesperado
teria fim. Contudo, escoavam-se as horas e, não obstante contrariado, vi-me
exposto à visitação pública. Mas(...), eu, que me sentia singularmente
repartido, observei que todas as pessoas com acesso ao recinto, diante de mim,
revelavam-se divididas em identidade de circunstâncias, porque, sem poder
explicar o fenômeno, lhes escutava as palavras faladas e as palavras
imaginadas. Muitas diziam aos meus familiares em pranto: “-Meus pêsames!
Perdemos um grande amigo”...E o pensamento se lhes esguichava da cabeça, atingindo-me
como inexprimível jato de força elétrica, acentuando: “-não tenho pesar
algum, este homem deveria realmente morrer”... Outras se enlaçavam aos
amigos, e diziam com a boca: “ -Meus sentimentos! O doutor G. morreu moço,
muito moço”. E acrescentavam, refletindo: “-velhaco! Deixou uma fortuna
considerável...deve ter roubado excessivamente”... Outros, ainda, comentavam
junto à carcaça morta: “-Homem probo, homem justo!... E falavam de si
para consigo: “- político ladrão e sem palavra!. Que a terra lhe seja leve e
que o inferno o proteja!”...Via-me salteado por interminável projeção de
espinhos invisíveis a me espicaçarem o coração. Torturado de vergonha, não
sabia onde esconder-me. Ainda assim, quisera protestar quanto às reprovações
que me pareceram descabidas(...) Por muito tempo, perdurava a conturbação, até
que encontrei algum alívio. Muitas crianças de escolas, que eu tanto desejaria
ter ajudado, oravam agora junto de mim. Velhos empregados das empresas em
que eu transitara, e de cuja existência não cogitara com maior interesse,
vinham trazer-me respeitosamente, com lágrimas nos olhos, a prece e o carinho
de sincera emoção. Antigos funcionários, fatigados e humildes, aos quais
estimara de longe, ofertavam-me pensamentos de amor. Alguns poucos amigos
envolveram-me em pensamentos de paz. Aquietei-me, resignado. Doce bálsamo de
reconhecimento acalmou-me a aflição e pude chorar, enfim(...). Estava
inegavelmente morto e vivo”....Tecnicamente, o Instrutor Espiritual
Emmanuel através de Chico Xavier revelou que o processo de desligamento das
estruturas corpo espiritual / corpo físico consomem aproximadamente 50
horas. Centenas de depoimentos obtidos
por via mediúnica, demonstram que essa etapa pode ser vivenciada de forma
lúcida ou inconsciente. Cada caso é um caso. A forma como se viveu, o estado
emocional no momento da morte, o que se fez (não aparentou ter feito) além das
obrigações naturais, mostram-se como determinantes. Naturalmente, você deve estar curioso para
saber como terminou a história aqui reproduzida. Pois bem, relembra ele que “curtia
dolorosas indagações, quando, em dado instante, arrebataram-me o corpo.
Achava-me livre para pensar, mas preso aos despojos hirtos pelo estranho
cordão que eu não podia compreender e, em razão disso, acompanhei o cortejo
triste, cauteloso e desapontado .Não valiam agora o carinho sincero e a devoção
afetiva com que muitos braços amigos me acalentavam o ataúde...A vizinhança do
cemitério abalava a escassa confiança que passara a sustentar em mim mesmo. O
largo portão aberto, a contemplação dos túmulos à entrada e a multidão que me
seguia, compacta, faziam-me estarrecer. Tentei apoiar-me em velhos companheiros
de ideal e de luta, mas o ambiente repleto de palavras vazias e orações pagas
como que me acentuava a aflição e o desespero. Senti-me fraquejar. Clamei
debalde por socorro, até que, com os primeiros punhados de terra atirados sobre
o esquife, caí na sepultura acolhedora, sem qualquer noção de mim mesmo.
Apagara-se o conflito. Tudo era agora letargo, abatimento, exaustão...Por
vários dias repousei, até que, ao clarão da verdade, reconheci que as tarefas
de industrial e político haviam chegado a termo(...). Antigas afeições
surgiram, amparando-me a luta nova”. VOCÊ JÁ ASSISTIU O VÍDEO DEPENDÊNCIAS QUÌMICAS ALÉM DA VIDA - TÓXICOS? clique no ícone Documentários de Curta Duração - logo abaixo e saiba a visão dos Espíritos.
Olá, Luis Armando
ResponderExcluirConversamos longamente após sua palestra na Casa do Caminho de 4ª feira da semana passada. Falamos sobre suicídio. Tenho refletido mto sobre a preciosidade desta oportunidade de estarmos aqui, sobre o uso que faço de meu tempo ... e fiquei envergonhada ao ler seu texto tão esclarecedor! Embora espírita há uns trinta anos, acho que sou uma 'trabalhadora da última hora' e infelizmente produzo muito menos do que acho que poderia. Mas, por enquanto, me conformo por percorrer vagarosamente meus degraus e agradeço a Deus por consegui-lo, mesmo assim. Deus abençoe sua energia, produtividade e o tanto que vc faz por ttos irmãos. Interessantíssimo texto este sobre o pensamento pós desencarne. Voltarei, pois já sou uma de suas leitoras. Grande abraço, Ma. Antonieta de Castro.