Faltavam alguns minutos para o meio-dia da quarta-feira, 30
de janeiro, a primeira depois da tragédia de Santa Maria, quando o telefone
tocou. Do outro lado da linha, o senhor Newton, amigo a quem nos ligamos pela
admiração mútua, músico aposentado que ajudou a escrever belas páginas na história da música popular
brasileira. Frequentador eventual do Grupo Espírita Casa do Caminho, um dos em que proferimos regularmente
palestras, informou estar nos procurando para saber da possibilidade de um
fenômeno ocorrido na madrugada da segunda-feira passada (28/1), em sua casa. O
que o fez se encorajar a fazer a ligação foi uma notícia veiculada pelo caderno
COTIDIANO
do jornal FOLHA DE SÃO PAULO,
daquele dia em que nos telefonava. Ante minha resposta negativa sobre não haver lido o
matutino, disse que a matéria incluía o parecer do pesquisador Anthony Wong,
diretor médico do Ceatox (Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das
Clinicas da Faculdade de Medicina da USP, afirmando que junto com a fuligem e o
monóxido de carbono resultantes da combustão dos materiais de baixa qualidade usados no
revestimento acústico da Kiss, apareceu o cianeto,
um gás inodoro e incolor, capaz de matar em prazo curtíssimo, de quatro
a cinco minutos. Segundo o médico, o mesmo gás usado pelo
nazistas nas câmaras de extermínio da Segunda Guerra. Nosso interlocutor
ficara impressionado com a notícia porque, ainda na noite de domingo,
juntamente com sua esposa fizeram uma prece em favor dos vitimados do acidente,
bem como, dos seus familiares, perguntando-se, reencarnacionistas que são, onde
a origem daquela triste ocorrência. Dormiram e, em meio ao repouso, ele sonhou
que se encontrava numa reunião onde um expositor explicava que os atingidos
pela provação, eram pessoas comprometidas com a utilização das câmaras de gás
usadas para eliminar judeus, ciganos, negros, homossexuais, deficientes mentais
no cruel processo de purificação criado e alimentado pela, segundo entendiam,
raça superior. Ao acordar no dia seguinte, impressionado com o sonho,
comentando com a esposa sua experiência, ela, surpresa e mais espantada ainda, disse que
sonhara algo parecido, cuja essência era a mesma no que concerne à origem da
tragédia atual. Pergunta o Sr. Newton: “-É possível?”. Respondemos que,
embora raro, sim. O Espiritismo, das questões 400 a 412 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, informa que durante o sono, geralmente nosso
Espírito vivencia experiências no Plano Invisível, e, em condições especiais
conserva fragmentos ou a essência das mesmas. Foi o que se deu com eles, já que
adormeceram mentalmente se perguntando sobre o “por quê?”.
Lembramo-nos então do filme AMEM (2002), do diretor Costa
Gravas, que denuncia a razão da omissão da religião à época predominante no continente
europeu ante as atrocidades cometidas sob o comando de Hitler. Uma das cenas
mais impressionantes recriava a visita de um oficial da SS, personagem principal
da película, a um galpão onde eram executados pelo mórbido processo da inalação
do cianeto,
homens, mulheres, crianças, velhos e jovens, correndo desorientados, no
ambiente fechado à procura de ar. Questão de poucos minutos, tal o poder letal
da substância química. Muitas coincidências foram ainda relacionadas pelo senhor
Newton. Mas uma das que mais impressionam, chegou-nos ao conhecimento na
segunda-feira, quatro de fevereiro. Durante visita a um amigo, ele assistia
pelo YouTube, pronunciamento do
ex-Secretário Geral da ONU, Ban kin Moon,
falando sobre a data escolhida para lembrar o Dia Internacional do
Holocausto, a qual coincide com aniversário da libertação dos
prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia. O dia? 27 de janeiro. O mesmo da
ocorrência de Santa Maria.
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