Desde a desencarnação de seu irmão José, em fevereiro de
1939, o médium Chico Xavier deixara de servir no trabalho de assistência aos
Espíritos mais necessitados nos serviços convencionalmente denominados nos
círculos espíritas, de desobsessão.
Vivia-se já o ano de 1951 e “o volume crescente dos casos de obsessão
que procuravam incessantemente as reuniões públicas do Centro Espírita Luiz
Gonzaga, nas noites de segunda e sextas-feiras, recomendavam, todavia,
alguma providência nesse sentido”. E, Chico, por várias vezes, falou ao
amigo Arnaldo Rocha, “sobre o desejo expresso pelos Amigos
Espirituais, no sentido de se criar um grupo de irmãos conscientes e
responsáveis para a assistência especializada aos problemas difíceis”.
Arnaldo Rocha - desencarnado em 29 de outubro de 2012-, para quem não sabe, foi
marido durante alguns meses de Irma de Castro, a quem chamava carinhosamente Meimei
(Amor puro), desencarnada jovem em consequência de um quadro de nefrite que a
perseguia há alguns anos. Tornou-se amigo muito próximo de Chico por “casuais”
acontecimentos que, na verdade estavam reaproximando velhos conhecidos de
outras eras. Em meados de 1952, por fim, iniciaram-se os trabalhos. Arnaldo,
descrevia o grupo como reduzido a vinte companheiros que perseveraram unidos
até a mudança de Chico para Uberaba, em 1958. “Dez médiuns com faculdades
psicofônicas apreciáveis seguindo um programa de normas rígidas traçado pelos
Instrutores Espirituais, nas noites de quinta-feira, semanalmente. Atividades
mediúnicas em atmosfera habitual de equipe, assiduidade, horário rigoroso”.
As reuniões se “iniciavam às 20 horas e, após a prece inicial, a leitura de trechos
doutrinários e a palavra rápida do Amigo Espiritual responsável pelos
trabalhos, as vinte e quinze, aproximadamente, começava o socorro aos
desencarnados, constando de esclarecimento e consolo, enfermagem moral e
edificação evangélica, a benefício das entidades conturbadas e sofredoras
durante os próximos noventa minutos, valendo-se da cooperação de todos os
médiuns presentes”. Às 21:45 hs, o ambiente se modificava para a prece
em favor dos enfermos distantes. E, nesses quinze minutos finais, pela psicofonia
sonambúlica de Chico, ouvia-se a palavra direta de Instrutores e
Benfeitores desencarnados. “Eram lições primorosas dos orientadores,
palestras edificantes de amigos, relatos comoventes de irmãos recuperados e
preleções de caráter científico, filosófico e religioso, proferidas por
devotados e cultos mentores, de passagem pelo recinto”. Revelou Arnaldo
que “para
reter-lhes a palavra construtiva e consoladora, muita vez suspiraram pela
colaboração de um taquígrafo, até que, nos primeiros dias de 1954, comentando o
problema com o distinto confrade Professor Carlos Torres Pastorino (
autor do conhecido MINUTOS DE SABEDORIA),
o amigo radicado no Rio de Janeiro, ‘ofereceu-lhes um gravador de sua
propriedade, que permitiu, desde a noite de 11 de março de 1954, o registro
daqueles inesquecíveis momentos”. Assim nasceram dois livros extraordinários INSTRUÇÕES PSICOFÔNICAS e VOZES DO GRANDE ALÉM, ambos publicados
pela FEB e, mais recentemente, recuperados em áudio pela VERSÁTIL que os lançou
em Audio-Livro. Fatos muito interessantes
cercam cada manifestação, sempre explicadas no introito de cada uma
delas. Um deles, porém, constitui-se numa história à parte. Deu-se ao término
da “reunião
da noite de 2 de junho de 1955. O companheiro encarregado do serviço de
gravação, ausentara-se, e Arnaldo, pessoalmente, assumiu a tarefa. E, notando
que Chico denotava expressiva alteração, intuitivamente assinalou que o Grupo
estava sendo visitado por mensageiro espiritual de elevada hierarquia. Não se
enganava. Colocando-se em pé, o Instrutor passou à palavra. Dicção educada. Voz
clara e bela. Em sucinto estudo, exalta a figura excelsa de Jesus, à frente do
Espiritismo. Na saudação final, identifica-se. Tratava-se de Bittencourt
Sampaio. Despede-se e encerra-se a reunião. Ansiosos para estudar a mensagem,
ouvindo-a de novo, a frustrante constatação: o gravador não funcionara. Perdera-se
a palavra do grande Instrutor. Uma hora depois dos seis remanescentes tentarem entender a origem do sucedido, preparando-se para o
retorno aos seus lares, Chico anunciou estar ouvindo o amigo espiritual José Xavier
avisando que não se preocupassem, pois Meimei e ele haviam gravado a palavra do
Benfeitor no aparelho de uso da equipe
espiritual e, que se reunissem em
silêncio para que o médium ouvindo-a, a fixasse no papel. Sentaram-se ao redor
da mesa, com o material de escrita e, depois da prece, Chico esclareceu estar
vendo um pequeno gravador junto deles, manejado pelos Amigos Espirituais,
transcrevendo moderadamente, evidenciando a audição em curso”. No fim,
depois de outros lances inusitados, podia ser lida a belíssima página O CRISTO ESTÁ NO LEME,
contida no primeiro dos livros citados.
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