“Para mim, meu caro filho, as últimas impressões da existência terrena e
os primeiros dias transcorridos depois da morte foram muito amargos e
dolorosos. Quero crer que a angústia, que naquele momento avassalou a minha
alma, originou-se da profunda mágoa que me ocasionava a separação do lar e dos
afetos familiares, pois, apesar de crer na imortalidade, sempre enchiam-me de
pavor os aparatos da morte; e dentro do catolicismo, que eu professava
fervorosamente, atemorizava-me a perspectiva de uma eterna ausência. Lutei,
enquanto me permitiam as forças físicas, contra a influência aniquiladora do
meu corpo(...). Unicamente esse amor obrigava-me ao apego à vida, porque os
sofrimentos, que já havia experimentado, desprendiam-me de todo o prazer que
ainda pudesse me advir das coisas terrestres”. Assim começa a série de
mensagens compiladas e transformadas no livro CARTAS DE UMA MORTA (lake), pelo Espírito Maria João de Deus, que,
entre nove encarnações, foi responsável pela de Chico Xavier. Desencarnada com
34 anos, filha de humilde lavadeira, não conheceu o pai, ganhando por
sobrenome o da maternidade em que nasceu,
João de Deus. Contava Chico que, vendo-a partir aos cinco anos para, segundo
ela lhe dissera, “ um hospital”,
passou a avistá-la como Espírito no fundo
do quintal da casa em que foi viver sob
os cuidados de uma madrinha de nome Ritinha que, muito perturbada, lhe impunha
duros castigos e rudes tarefas e trabalhos, muito além da capacidade de uma
criança de sua idade. A leitura dos textos publicados, podem levar-nos a pensar
como uma pessoa de recursos intelectuais limitados nesta existência pode ter
escrito com tanta beleza e coerência sobre suas experiências além desta vida. A
resposta está na edição ampliada da obra MENSAGENS
DE INÊS DE CASTRO (geem), onde seu organizador, o Dr. Caio Ramacciotti,
reproduz emocionante depoimento de
Chico, relatando seu encontro com ela, dois anos antes dele reencarnar em 2 de
abril de 1910. Chico fala de sua impressão de “parecer rever em roupagem
diferente uma irmã querida de quem se afastara sem precisar por quanto tempo (...),
caindo em pranto em que a dor se misturava com a alegria, pois reencontrava uma
criatura afetuosa e amiga”. Quando os Benfeitores que o haviam trazido a
apresentaram, revelaram que ela “em várias existências, brilhara na cultura
do mundo e, por várias vezes, se consagrou à religião em casas de fé”,
e,
“em fins do século dezenove, pediu a maternidade por tarefa primordial, rogando
ambiente de extrema carência material, para burilar-se na própria alma”.
Tal ligação foi desvendada por Arnaldo Rocha, nas memórias reunidas no livro CHICO, DIÁLOGOS E RECORDAÇÕES (uem),
organizado por Carlos Alberto Braga Costa. Arnaldo foi marido de Meimei (Irma
de Castro), e, logo após ter enviuvado em 1946, através de esbarrão “casual” numa avenida de Belo
Horizonte, tornou-se amigo intimo e frequentador habitual da casa de Chico em
Pedro Leopoldo, até 1958, quando o médium se transferiu para Uberaba (MG). No
capítulo onze do referido trabalho, Arnaldo é instado pelo seu entrevistador a
identificar na atualidade alguns personagens do romance HÁ DOIS MIL ANOS (feb), dizendo que “Ana, a serva de Lívia, foi Maria
João de Deus – mãe de Chico Xavier, em sua última encarnação”.
Finalizando, lembraremos relato contido na obra MOMENTOS COM CHICO XAVIER (leep), onde Adelino Silveira recorda
diálogo havido em certa terça-feira de 1977, na qual o amigo revelou
ter recebido naquela dia a visita do Espírito da querida mãe, que lhe informava
que, “após tantos anos no Mundo
Espiritual, estava se formando Assistente Social e que não iria mais aparecer a
ele, pois, seu pai( João Cândido) precisava renascer e dissera que só
reencarnaria se ela viesse como esposa dele. Em conversa com Cidália, sua
segunda mãe, soubera que ela também precisava voltar à Terra, e, lembrando como
esta fora tão boa para seus filhos, não fazendo diferença entre os dela e os
seus, fazendo tantos sacrifícios por eles, suportando tantas humilhações, desde
sua decisão de também voltar ao corpo, refletira muito sobre tudo isso e,
gostaria de saber se ela aceitaria renascer como sua primeira filha. Perguntou
ainda se havia alguma coisa que poderia fazer, quando fosse sua mãe, ouvindo
que ela, Cidália, ‘sempre tivera muita inclinação para música, para o piano,
embora não podendo se aproximar de um instrumento’, pelas extremas carências
materiais em que vivera.” Concluindo o diálogo, Maria disse à amiga e
futura filha: “-Pois bem, vou imprimir em meu coração um desejo para que minha filha
venha com inclinação para a música. Jesus há de nos proporcionar a alegria de
possuir um piano”. Concluindo, banhado em lágrimas, Chico lembra as
últimas palavras da querida entidade: “- Seu pai vai reencarnar em 1997. Vou ficar
junto dele aproximadamente três anos e renascerei nos primeiros meses do ano
2000”, às quais ele contrapôs: “-Mas a senhora já sofreu tanto e vai
renascer para ser esposa e mãe novamente?", ouvindo como resposta: “São
os sacrifícios do amor...Até um dia, meu filho!"... MORTES COLETIVAS? ENTENDA A POSIÇÃO DO ESPIRITISMO CLICANDO NO LINK DEBATES DOUTRINÁRIOS 3..
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