O dia 18 de abril nos faz lembrar o lançamento d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, por iniciativa
do professor Denizard Hippolitte Leon Rivail A história do livro começa
praticamente três anos antes, em 1854, quando, pela primeira vez, o educador
francês ouviu através de seu amigo Fortier, falar do fenômeno das mesas que
giravam e dançavam .Sua primeira reação foi meio que de descrença, embora tenha
imaginado que, talvez, tal fenômeno estivesse relacionado com o magnetismo
mesmeriano, o qual ele observava e estudava desde 1821, portanto desde
33 anos antes. No início do ano seguinte, um outro amigo, o senhor Carlotti,
lhe falaria sobre as mesmas ocorrências acrescentando que o referido fenômeno
das mesas girantes havia sido enriquecido com a fala, pois através de sinais
sonoros, respostas eram dadas a perguntas formuladas no ambiente em que se
davam as manifestações.Apesar da curiosidade que aumentara, o professor ainda
não se sentiu tentado a observar o fenômeno. Seu primeiro contato com os mesmos
só se daria em maio de 1855, após ter encontrado numa sessão de magnetização
dirigida pelo amigo Fortier, o Sr. Patier e a senhora Planemason que o
convidaram para outra reunião, onde poderia observar os fenômenos. Efetivamente,
no dia seguinte testemunhou os movimentos e respostas dadas pelos objetos
animados pela desconhecida e inteligente força, além de conhecer o Sr. Bodan,
que o convida à reunião semelhante em sua casa. Integrado a mesma, conhece as
filhas do seu anfitrião, duas adolescentes, Caroline e Julie, e através delas
começa a obter respostas lógicas e substanciais sobre os mais diversos assuntos
de fundo filosófico, científico, religioso e moral, cujo conteúdo não poderia
ser emanado das personalidades ainda em formação das duas moças. Nos próximos
meses, usando o método analítico (observando, refletindo, comparando,
estudando, criticando, ampliando e revendo os assuntos abordados), reuniu
material suficiente para organizar um livro, que antes de ser encaminhado para
a produção, foi minuciosamente revisado com o concurso de médiuns diferentes
daqueles através dos quais haviam sido obtidas as primeiras informações. No
início de 1857, procura amigos editores para mostrar o trabalho e a adesão para
sua publicação e, ante, as dificuldades encontradas, decide com recursos
próprios fazer publicar o trabalho. Entrega-o ao Sr. Dantu que, por sua vez,
encaminha os originais para uma tipografia a 20 km de Paris, porém, diante da
demora para a conclusão dos trabalhos, Denizard, ou Allan Kardec, procura se
inteirar das razões. Toma conhecimento
que o dono da tipografia havia desencarnado, e os herdeiros haviam como que
engavetado o livro. Kardec procura então a viúva do falecido, apresenta-lhe o
livro, seus objetivos e ela, após lê-lo, confortada em sua dor pelo conteúdo
espiritualmente elevado, envia uma recomendação aos filhos para que
urgenciassem a impressão daquele trabalho. Assim foi que na manhã de sábado, 18
de abril, Kardec segurava nas mãos os exemplares da primeira versão d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, contendo 501
perguntas e respostas agrupadas em três partes: DOUTRINA ESPÍRITA, LEIS MORAIS E
ESPERANÇAS E CONSOLAÇÕES, além de uma introdução e uma conclusão. A
formatação como é conhecida hoje surgiria três anos depois, em 1860, ampliada
para 1019 perguntas e respostas, divididas em quatro partes: “AS
CAUSAS PRIMÁRIAS”, “MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS”, “LEIS MORAIS” e
“ESPERANÇAS E CONSIDERAÇÕES” mais uma introdução e conclusão. E, embora
tenha provocado a repercussão nos primeiros anos após seu lançamento, na França
e em alguns países da Europa, a verdade é que “O LIVRO DOS ESPÍRITOS” e o ESPIRITISMO
somente encontrariam campo para sua expansão acelerada no Brasil da segunda
metade do século XX. Sobretudo através do trabalho do médium Francisco Cândido
Xavier que depois da década de 70, após uma entrevista memorável no programa PINGA
FOGO, da extinta TV Tupi, tornou-se referência no campo da mediunidade
colocando sempre o Espiritismo como inspirador e responsável por seu trabalho. Sem
sombra de dúvida um livro que precisa ser cada vez mais divulgado, lido,
estudado e meditado por todos os seres humanos interessados em alcançar a
felicidade.
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