Calafrios, fraqueza, visões, desespero, desânimo, obsessões
e, a alternativa de apatias profundas, com delírios, seguidos de levitações,
transportes, vidência, clariaudição, pancadas e outros fenômenos; determinaram a
internação do jovem Carmine Mirabelli num Hospício, aos 24 anos, pois a
associação de todos os sintomas e efeitos sugeria ser ele portador da doença
classificada à época como loucura. Vivia-se a segunda década do século XX e,
submetido no Hospital a toda sorte de experimentos pelos seus renomados
dirigentes Dr Franco da Rocha e Felipe Aché, ficou comprovada a veracidade dos
fenômenos mediúnicos, triunfando sobre os testes da equipe médica, que se viu
obrigada a reconhecer que “se o Sr Mirabelli era louco, não deixava de
ser uma loucura genial”. De pais imigrantes italianos -ele luterano,
ela católica -, Carmine nasceu em Botucatu, interior de São Paulo, sendo um dos
28 filhos do casal, tendo sido um menino irrequieto e de invejável
inteligência, com grande facilidade de compreender e assimilar rapidamente tudo
que lhe era ensinado. Personalidade combativa gostava de polêmicas
intelectuais. Aproximando-se da idade adulta, viu seu pai ser arruinado
financeiramente pela falência de determinado banco, o que não intimidou o jovem
inteligente e ativo. Transferindo-se para a Capital paulista, empregou-se na
Companhia de Gás, galgando postos cada vez mais elevados à custa de muito
trabalho. Tempos depois, retornando da Alemanha para onde viajara em busca de
ampliar seus conhecimentos, ambicionando novas empreitadas, com recursos
economizados, investe numa propriedade rural, tornando-se agricultor por
encontrar-se cansado da cidade grande, casa-se, volta à São Paulo empregando-se
como comprador em uma, depois outra companhia de calçados como cobrador,
atividade que teve de abandonar pela eclosão exuberante dos fenômenos
mediúnicos que passaram a ocorrer através dele. Liberado do manicômio, após
passagens por alguns laboratórios farmacêuticos – sempre epicentro de
intrigantes e incríveis fenômenos -, reside algum tempo em Santos (SP),
onde inicia suas atividades no campo da assistência social, fundando a Casa de
Caridade São Luiz, transfere-se para Niterói(RJ), voltando à São Paulo, aos 47
anos, onde funda o Instituto Psíquico Brasileiro de São Paulo. Caluniado,
injuriado, sofrendo toda sorte de perseguições por parte dos inimigos da
Verdade, Carmine resistiu e triunfou sobre todos. Acusado de “pratica do Espiritismo” (embora
o Espiritismo não esteja associado à suas ações) e “exercício ilegal da Medicina”,
unicamente por orientar doentes com a distribuição de água fluidificada e
insumos homeopáticos, foi compelido a depoimentos em processos policiais contra
ele movidos. Enquanto isso, fenômenos de EFEITOS
INTELIGENTES extraordinários eram testemunhados e pesquisados, dentro
das possibilidades, como telepatia, previsões, diagnósticos,
prognósticos, comunicações psicofônicas, psicográficas, neste campo com
mensagens escritas em línguas vivas ou mortas (xenoglóxicas). Na área
dos EFEITOS FÍSICOS, materializações,
desmaterializações, transportes, transfigurações, escrita direta, moldagens de
mãos e esfinges estranhas ao médium, em farinha de trigo, carvão e parafina, de
membros perfeitos ou deformados, levitação, raps(pancadas); deslocamentos,
entre outros. E o mais incrível é que os fenômenos de ordem física, obtidos com
sua energia, realizavam-se, geralmente, à plena luz, e mesmo de dia, dentro e
fora de recintos fechados. Em 1929, Espíritos afeitos às artes da pintura
começaram a aproximar-se, influenciando-o diariamente e produzindo lindas
pinturas a óleo, crayon e aquarelas, perfazendo em dois meses, 46 quadros,
reproduzindo retratos, grupos, paisagens, ramos de flores, pássaros, tudo pintado
sem original – pelo menos em nossa Dimensão. Carmine nunca estudara
pintura e, segundo testemunha, “desde que o Espírito atuante aparece,
modifica-se a atitude do médium, que logo se transforma, parecendo outro, pelo
cumprimento ou saudação que dirige aos presentes”. Esse exuberante
exemplo de que mediunidade e Espiritismo são coisas distintas e independentes,
desencarnado de forma trágica aos 62 anos, em 1951, após ter sido atropelado em
importante avenida de São Paulo, foi brilhantemente retratado pelo pesquisador
Lamartine Palhano Jr, no livro MIRABELLI
– UM MÉDIUM EXTRAORDINÁRIO (celd), por sinal reunindo raríssimo acervo de
fotografias documentando inúmeros fatos produzidos pela Espiritualidade através
dele.
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