“O LIVRO DOS ESPÍRITOS não é um
tratado completo de Espiritismo; apenas apresenta as bases e os pontos
fundamentais, que se devem desenvolver sucessivamente pelo estudo e pela
observação”.escreveu Allan Kardec em artigo incluso na REVISTA ESPIRITA de outubro de 1866. Transcorridos
156 anos após a publicação da versão original da obra fundamental da Doutrina
Espírita, muitos pontos e dúvidas vieram a ser acrescentados às informações
originalmente compiladas pelo Codificador. Uma delas tem sua origem em mensagem
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, na reunião pública de 17 de
maio de 1979. Escreveu-a a senhora Maria das Graças Ayres Gregh, desencarnada
por volta das 22:30 horas de 16 de dezembro de 1975, quando o carro em que se
encontrava com seu marido, duas filhas, um casal de amigos e o recém-nascido
filho destes foi literalmente , foi esmagado por um caminhão que transportava
refrigerantes, na estrada que liga as cidades de Jardinópolis a Ribeirão Preto,
ambas no Estado de São Paulo. Todos morreram no local. Trinta e nove meses
depois, a mãe de Dona Maria das Graças, recebeu das mãos do médium um pequeno
bilhete em que a filha, informava estar ainda hospitalizada num tratamento
rigoroso, com os demais familiares, prometendo voltar posteriormente, o que
acabaria acontecendo na data já referida. Sua carta se soma à de centenas de
Espíritos que voltaram através de Chico para testemunhar e documentar sua
sobrevivência, não fosse por um detalhe inusitado. Rememorando os fatos
derradeiros de sua recente encarnação, Dona Maria que estava a poucos dias de
dar à luz ao terceiro filho, conta: -“Descrever, Mamãe, o que foi o choque dos
veículos, quando nos aproximávamos daquele Natal que se desfez em lágrimas, é
muito difícil para a sua filha. Creia que o Waldir tudo fez para que pudéssemos
fugir ao caminhão enorme que se abeirava de nós. Acredito que a senhora terá
sabido que até mesmo nos retiramos da estrada para o chão que a marginalizava,
ignorando a que perigo nos expúnhamos, entretanto, a grande máquina parecia
visar-nos”. A perícia policial sobre o acidente mostrou que o marido de
Dona Maria, tentou fugir do inevitável choque desviando, sem sucesso, para o
acostamento. Mais à frente, ela recorda: -“Todos os movimentos de fuga manobrados por
Waldir pareciam seguidos pela máquina enorme, até que fomos esmagados. De
momento, não tive muita certeza do que acontecia. Pensava nas crianças.
Acredito que cheguei a gritar e a chamar por Deus, mas tudo foi questão de um
pedacinho de minuto. Ana Paula, Alessandra e o resto, desapareceu de meus
olhos. Não mais vi o esposo, porque uma energia esquisita me selou as pálpebras
para um sono que não poderia evitar. Foi um sono indescritível, porque me vi,
como num pesadelo, arrastada para fora de um turbilhão de destroços e acomodada
em grande maca, na ideia de que continuava em meu corpo físico, a caminho de um
hospital. Por mais estranho que possa parecer, o meu pesadelo-realidade era
feito de impressões e dores condicionadas de um parto prematuro. Achava-me dopada
por medicamentos ou forças que até hoje não sei explicar, e senti perfeitamente
que uma cesariana se processava. Sentia-me fora do desastre, entre o reconforto
de ser mãe novamente e a dor da dúvida sobre o Waldir e sobre as crianças que
ficavam na retaguarda. Depois disso, veio o sono de verdade, do qual acordei
perplexa, perguntando pelos meus. A criança repousava junto de mim. O
aspecto do quarto que me abrigava era idêntico ao de uma enfermaria espaçosa e
arejada, que se reservasse apenas para o meu problema. Chorei e implorei pela
vinda do Waldir e da senhora, até que alguém se aproximou de mim e falou-me com
carinho de toda a extensão da ocorrência, esclarecendo-me que em meu caso a criança em
Espírito já se achava perfeitamente formada e que não poderíamos exigir uma
eliminação sumária do companheirinho a nascer. O
espanto me tomou de todo o coração”.
O espanto de Dona Maria, obviamente, não é apenas dela. Para os que
admitem ser o corpo físico uma réplica do corpo perispiritual, o
modelo organizador biológico, fica mais fácil de admitir e aceitar. A
propósito Chico Xavier, em comentário
feito a Heigorina Cunha, reproduzido no livro IMAGENS NO ALÉM (ide, 1994) afirmou que “quer seja a senhora ou a mãe
solteira, se não tiver no ventre materno o sêmem espiritual, não há fecundação
pelo espematozóide. Há a concepção espiritual e a material”. A
observação, seguida de outros detalhes, requer, naturalmente, maiores reflexões
para formar-se uma ideia mais clara sobre o assunto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário