-“Seria conhecer bem pouco os homens, pensar
que uma causa
qualquer pudesse transformá-los por encanto. As ideias se modificam
pouco a pouco, com os indivíduos, e são necessárias gerações para que se apaguem completamente
os traços dos velhos hábitos. A transformação, portanto, não pode operar-se a
não ser com o tempo, gradualmente, pouco a pouco. Em cada geração uma parte do
véu se dissipa”, responderam os Espíritos a Allan Kardec quando
questionados (pergunta 800) sobre a possibilidade, por exemplo, do Espiritismo “vencer
a indiferença dos homens e seu apego às coisas materiais”. Vivia-se
apenas metade do século 19 e o materialismo já se constituía no
grande obstáculo ao progresso da paz e da felicidade na sociedade humana. Sua
destruição, aliada à destruição dos preconceitos de seita, de casta e de cor,
conduziriam naturalmente os homens à grande solidariedade que os deve unir como
irmãos. Ponderando que “nem o próprio Cristo convenceu seus
contemporâneos com os prodígios que realizou”, apontaram a razão, a lógica, como
o meio através do qual as mudanças se operariam. O próprio Jesus disse ser
necessário “a ocorrência do escândalo” para - quem sabe - sair-se da
inércia, da acomodação, da zona de conforto, em que parcela menor da sociedade
se mantem. Porque a maioria sofre apenas
os efeitos do descaso resultante da sede de poder e riquezas dos egoístas e orgulhosos. Necessário, porém, dar o
primeiro passo. Inteligências astutas e dissimuladas, em nome de ideologias
pessoais, certamente estudam o movimento das massas no sentido de encontrar a
melhor forma de manobrá-las na direção de conhecidos interesses. Provavelmente
vençam mais uma vez. A Educação Moral não é nem cogitada
por aqueles cujos gritos acordam os letárgicos, liderando-os não se sabe em que
direção. Em comentário à questão 685 d’O
LIVRO DOS ESPÍRITOS, Kardec escreve: -“ Quando se pensa na massa de indivíduos
diariamente lançados na corrente da população, sem princípios, sem freios,
entregues aos próprios instintos, deve-se admirar das consequências desastrosas desse fato?”.
Linhas antes, ele ponderara: “Não basta dizer ao homem que ele deve
trabalhar., é necessário também que o que vive do seu trabalho encontre
ocupação, e isso nem sempre acontece. Quando a falta de trabalho se generaliza, toma as
proporções de um flagelo, como a escassez. A ciência econômica
procura o remédio no equilíbrio entre a produção e o consumo, mas esse
equilíbrio, supondo-se que seja possível, sofrerá intermitências e durante
essas fases o trabalhador tem necessidade de viver. Há um elemento que não se
ponderou bastante, e sem o qual a ciência econômica não passa de teoria: a
educação. Não a
educação intelectual, mas a moral, e nem ainda a educação moral pelos livros,
mas a que consiste na arte de formar caracteres, aquela que cria hábitos,
porque educação é conjunto de hábitos adquiridos”. Concluindo suas
ilações, Kardec diz: “-Quando essa arte for conhecida, compreendida
e praticada, o homem seguirá no mundo os hábitos de ordem e previdência para si e para os seus,
de respeito pelo que é respeitável, hábitos que lhe permitirão
atravessar de maneira menos penosa os maus dias inevitáveis. A desordem e a imprevidência são duas chagas que
somente uma educação bem compreendida pode curar. Nisso está o ponto de partida,
o elemento real do bem estar, a garantia da segurança de todos”. Como
se vê não é tarefa de um governante durante seu mandato, nem de uma geração.
Resultados a médio e longo prazo. Será que o imediatismo derivado da ambição
permitirá que se trabalhe para o futuro,
no agora?
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