-“Uma recrudescência do egoísmo”, prognosticaram os
Espíritos Superiores a Allan Kardec quando perguntados sobre “o resultado para a
sociedade do relaxamento dos laços de família”, na questão 775 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Um século e meio
depois, é fácil verificar o acerto de tal afirmativa. Não em toda coletividade
humana, pois, o exponencial crescimento de habitantes em nossa Dimensão, a partir
do final do século 20, criou em várias regiões, inúmeros outros problemas
sociais que impuseram aos seres humanos outras preocupações como a própria
qualidade de vida. Contudo, na base de graves problemas, nos variados
agrupamentos raciais e humanos, está a família, “a célula básica da sociedade, embrião e modelo desta”,
como definido por Augusto Comte. Nas contribuições filtradas pelo médium Chico
Xavier na substancial tarefa desenvolvida ao longo do século XX em nome do
Espiritismo, encontramos farto material para análises e reflexões. Na obra O CONSOLADOR (feb, 1940), questão 175,
o Instrutor Espiritual Emmanuel diz que “o colégio familiar tem suas origens na esfera
espiritual, reunindo-se em seus laços todos aqueles que se comprometeram
no Além a desenvolver na Terra uma tarefa construtiva de fraternidade real e
definitiva”. Na 179, que “o casamento na Terra é sempre uma resultante
de determinadas resoluções, tomadas
antes da reencarnação dos Espíritos, seja por orientações dos Mentores
mais elevados, quando a entidade não possui a indispensável educação para
manejar suas próprias faculdades, ou em consequência de compromissos livremente
assumidos pelas almas, antes de suas novas experiências no mundo”. No
livro LEIS DE AMOR (feesp,1963), que
“nos elos da consanguinidade (...),cabe-nos revestir de paciência, amor,
compreensão, devotamento, bom ânimo e humildade, a fim de aprender e vencer, na
luta doméstica visto que no mundo, o lar é
a primeira escola de reabilitação e do reajuste”. Nos anos 70, diria
em VIDA E SEXO (feb), que “a
parentela no Planeta faz-se filtro da família espiritual sediada além da existência física,
mantendo os laços preexistentes entre aqueles que lhe comungam o clima,
já que “arraigada nas vidas passadas de
todos aqueles que a compõem, a família terrestre é formada, de agentes
diversos, porquanto nela se reencontram, comumente, afetos e desafetos, amigos
e inimigos, para os ajustes e reajustes indispensáveis, antes as leis do destino”,
considerando que “milhões de almas, detidas na evolução primária, jazem no Planeta,
arraigadas a débitos escabrosos, perante a Lei de Causa e Efeito e, inclinadas
que ainda são ao desequilíbrio e ao abuso, exigem severos estatutos dos homens
para a regulação das trocas sexuais que lhes dizem respeito”. Em 1977,
na entrevista reproduzida na obra CHICO
XAVIER EM GOIÂNIA (geem), o médium explicaria que “o namoro e o noivado, em muitas ocasiões,
estão presididos
pelos Espíritos que serão os filhos do casal, os quais omitem as
dificuldades prováveis do casamento em perspectiva para que os cônjuges se aproximem afetuosamente uns do
outros”, o que explicaria o “esfriamento do interesse entre os cônjuges
quando do renascimento dos filhos”. Um dos esclarecimentos mais
objetivos encontramos em OBREIROS DA
VIDA ETERNA (feb, 1946), onde André Luiz repassa algumas considerações do
Instrutor Barcelos que em sua última existência física se dedicara à atividades
ligadas à saúde mental e, abordando a questão dos conflitos familiares e reencarnação,
afirma que “os antagonismos domésticos, os temperamentos aparentemente
irreconciliáveis entre pais e filhos, esposos e esposas, parentes e irmãos,
resultam dos choques sucessivos da subconsciência, conduzida a recapitulações
retificadoras do pretérito recente. Congregados, de novo, na luta expiatória ou
reparadora, as personagens dos dramas, que se foram, passam a sentir e ver, na
tela mental, dentro de si mesmas, situações complicadas e escabrosas de outra
época, malgrado os contornos obscuros da reminiscência, carregando consigo
fardos pesados de incompreensão, atualmente definidos por “complexo de
inferioridade”. Justifica tal argumento dizendo que “no
círculo das recordações
imprecisas, a se traduzirem por simpatia e antipatia, vemos a paisagem
das obsessões transferida ao campo carnal, onde, em obediência às lembranças
vagas e inatas, os homens e as mulheres, jungidos uns aos outros pelos laços de
consanguinidade ou dos compromissos morais, se transformam em perseguidores e verdugos
inconscientes entre si”, concluindo que “a extensão do sofrimento humano,
nesse sentido, confunde-se com o Infinito”.
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