Mais que uma ousadia, uma heresia. Em sua ansiosa, mas,
ponderada pesquisa sobre a realidade do Mundo
Espiritual – aquele que, seguidores da Teoria das Cordas chamam de Universo Paralelo e, reconhecem
preexiste e sobrevive ao Mundo dito material -, Kardec quis ouvir a
Espiritualidade a respeito da Pluralidade
dos Mundos Habitados. Afinal, temos que admitir, bilhões de corpos celestes
neste “bairro” chamado Via Láctea,
vizinho de outras tantas Galáxias
que se perdem na imensidão dos Anos-luz que nos separam na infinitude do Cosmos,
não existem apenas para inspiração de poetas, filósofos, escritores, músicos.
Tem outra função: servir para o processo evolutivo dos Espíritos. As “muitas
moradas da Casa de Nosso Pai”, como afirmado por Jesus. E, as respostas
se seguiram às perguntas 55 a 58 d’ O
LIVRO DOS ESPÍRITOS. Também através das páginas da REVISTA ESPÍRITA, nos quase 12 anos em que a publicou, inseriu
inúmeras matérias interessantes e instigantes sobre o assunto. Há inclusive
revelações sobre voluntários que, candidatos, entre outros, reencarnaram na
Terra para auxiliar no progresso programado pelas Inteligências que conduzem a
evolução Planetária como contado pelo Espírito Humboldt, em 1859. Na edição de agosto de 1862, uma
curiosa mensagem recebida em reunião de junho daquele ano, à que se seguiu uma
abordagem de Allan Kardec com a entidade comunicante sobre detalhes do assunto
central de sua comunicação: o planeta Vênus.
O primeiro por nós avistado quando a noite cai e o último a desaparecer quando
amanhece, daí ser sugestivamente chamado na Antiguidade de Estrela Vespertina. Vizinho da Terra
tem quase as mesmas dimensões dela. Dista entre 39 e 260 milhões de
quilômetros. Sondas para lá enviadas,
mostraram ser desabitado. Pelo menos na Dimensão registrada pelos nossos
instrumentos óticos, ajustados às limitadas percepções dos nossos olhos e o
processador do nosso cérebro, como lembrou certa vez Chico Xavier. A mensagem recebida na Sociedade Espírita de Paris foi assinada por um Espírito chamado Georges, através do médium Costel. O mesmo serviu à entrevista de
dez perguntas efetuada pelo Codificador. Afirmando-se um Espírito inspirado por outros,
Superiores, disse ter sido mandado à Vênus em missão; que os habitantes
da Terra não poderiam encarnar-se naquele Planeta imediatamente,
exceção feita para os mais adiantados; que a reencarnação em Vênus é muitíssimo
mais longa que a terrena, visto serem despojados das violências
terrestres e humanas, impregnados da influência vivificante que a penetra –
dado comentado por Kardec considerando que a duração da vida
corpórea parece ser proporcional ao progresso dos mundos, abreviadas as provas
nos mundos inferiores, até por que quanto mais adiantados os mundos, tanto
menos são os corpos devastados pelas paixões e doenças, que são sua
consequência; que
as “divisões,
discórdias e guerras são desconhecidas em Vênus, assim como a antropofagia”
– Kardec entende que “por seus variados estágios sociais, a Terra apresenta uma
infinidade de tipos, que nos podem dar uma ideia dos mundos nos quais cada um
desses tipos é o estado normal”-; que “a mesma desigualdade
proporcional existe entre os habitantes de Vênus, como entre os seres terrenos,
os menos adiantados são as estrelas do mundo terrestre, isto é, vossos gênios e
homens virtuosos”; que “os escravos da Antiguidade, como os da
América moderna (na época deste diálogo, ainda não ocorrera a abolição
da escravatura) são seres destinados a progredir num meio superior ao
que habitavam na última encarnação, estando, por toda parte, os seres
inferiores subordinados aos superiores, mas em Vênus tal subordinação moral não
se compara à subordinação corpórea que existe na Terra, os superiores não são
senhores, mas pais dos inferiores, ajudando-os a progredir, em vez de os
explorar”. Na penúltima pergunta, diz que “reina uma admirável unidade no
conjunto da Obra Divina. Como as criaturas, como tudo o que é criado, animais
ou plantas, os Planetas progridem, inevitavelmente. Nas suas variadas
expressões, a vida é uma perpétua ascensão ao Criador: numa imensa espiral ele
desenvolve os graus de sua Eternidade”. Ao final, outra observação de Kardec: -“Certamente
esta comunicação sobre Vênus não tem os caracteres de autenticidade absoluta
(...). Contudo, o que já foi dito sobre este mundo lhe dá, ao menos, certo grau
de probabilidade, e, seja como for, não deixa de ser o quadro de um mundo que
necessariamente deve existir para quem quer que não tenha a orgulhosa pretensão
de que seja a Terra o apogeu da perfeição humana: É um elo na escala dos mundos”
(...).
Nenhum comentário:
Postar um comentário