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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Yvonne Pereira, Chico Xavier e os Planos e Sub-Planos

A respeitável médium Yvonne Pereira tinha entre suas percepções, a vidência, manifesta de forma natural e espontânea. Descrevendo uma de suas interessantes  experiências, relata que “deslocando-se da cidade onde vivia em Minas Gerais para o Rio de Janeiro, afim de prestar assistência a um parente doente, hospedou-se na casa dele durante o tempo necessário para o tratamento. A moradia recém-adquirida, havia sido reformada pelo proprietário anterior, tendo sido erguida em terreno onde existira um casebre demolido para dar lugar à nova construção. Conta Dona Yvonne que, fosse em meio às suas orações habituais ou, inesperadamente, durante os afazeres domésticos, sua visão espiritual mostrava no local de casa, um casebre, e, em vez do jardim com suas bonitas árvores e folhagens, o piso de cerâmica e cimento, um pobre terreno em ruínas, com canteiros de hortaliças ressequidas e alguns poucos galináceos enfezados, além de utensílios imprestáveis esparsos por toda parte. Dias depois, em desdobramento espiritual – outra de suas faculdades mediúnicas -, viu que desaparecera a casa atual e, em seu lugar, viu apenas um terraço com um casebre, coberto de telhas velhas, com janelas minúsculas, sem vidros, e portas muito toscas, de tábuas grosseiras, e chão de terra batida. Algumas plantações já arruinadas se deixavam ver, tais como couves, quiabos, jilós e, sobrepondo-se a todas, pela quantidade, arbustos de ervilhas com estacas de taquara. Compreendi que ali existira viçosa chácara de hortaliças, mas que a decadência adviera depois (...). Dois ou três galos de briga, tipo chinês, iam e vinham pelo terreno, ciscando e cacarejando. Lixo amontoado a um canto e sinais suspeitos de fogo em círculo indicavam a esterqueira para o abuso às plantas e também que o habitante do casebre fora dado à prática de magias, de "macumba", como vulgarmente é conhecida a dita prática no dialeto popular brasileiro. Um negro ainda moço, ou o seu Espírito, corpulento, simpático, cuidava das ervilhas com muita atenção, amarrando-as com tiras de ‘imbira’ às estacas. Usava camisa branca andrajosa, calças escuras com muito uso, sujas de terra, chapéu de feltro velhíssimo, e tudo oferecendo visão de extrema pobreza e decadência. Pés descalços, inchados, como que atacados por elefantíase, enquanto o corpo reluzia, deformado pela inchação. Aquela entidade chamara-se Pedro, quando encarnada, residira no casebre, e que, agora, desencarnada, continuava no mesmo local, fixando o pensamento no cenário passado e, por isso mesmo, construindo-o ao derredor de si, para seu desfruto ou seu infortúnio, à força de tanto recordá-lo, sendo, portanto, esse seu ambiente imediato, ou seja, tipo de criação mental sólida (...). Compreendi, diz ela, que insólita confusão se estabelecera no entendimento do pobre Espírito, o qual, via nova casa no local da sua e a reforma geral do terreno, também continuava vivendo no seu amado casebre, o que equivale dizer que, criando ele mesmo o seu ambiente, através das recordações fixadas na mente, residia, como Espírito, entre nós outros, os moradores do prédio novo”. Chico Xavier, em 1954, em viagem ao litoral do Rio de Janeiro, certo amanhecer embrenhou-se por uma mata com os amigos Arnaldo Rocha e Ênio Santos nas imediações da pensão em que se hospedaram na cidade de Angra dos Reis na expectativa de avistarem uma cachoeira ali existente. Assentando-se em grande pedra  existente na clareira onde a mesma se encontrava, em tom coloquial, Chico comentou perceber no local em outra Dimensão, a presença de vários Espíritos – homens, mulheres e crianças – num ritual. Indagado sobre mais detalhes disse que o Benfeitor Emmanuel “esclarece que são Espíritos simples, ingênuos. Pelo nosso calendário, poderíamos dizer que encontram-se ainda no século XV, no mundo que lhes é próprio. Nós não existíamos. Eles não nos veem e encontram-se em fase evolutiva bem acanhada. São índios que habitavam estas glebas. Outro episódio deriva de carta psicografada em reunião pública em 17 de julho de 1976 pelo empresário Hilário Sestini, desencarnado em março daquele ano, em consequência de um infarto do miocárdio, aos 55 anos. Rememorando detalhes que marcaram seu desligamento do corpo, faz referência a procedimento cirúrgico sofrido, já no Plano Espiritual na Casa de Saúde Santa Therezinha, em São José do Rio Preto mesmo. Ao ouvir a leitura da mensagem, seu irmão estranhou a  citação pois, nascido e criado na mesma cidade, nunca tinha ouvido falar naquele estabelecimento, questionando Chico sobre o fato, para que eventual engano fosse esclarecido, o que, na verdade confirmaria, posteriormente, após minuciosa  pesquisa em publicações do anos 20 . Retornando a Uberaba (MG), pedindo mais explicações ao médium, ouviu dele que os Amigos Espirituais costumam se referir a construções antigas que permanecem na retaguarda de construções atualizadas, até que as entidades ligadas a esses conjuntos habitacionais, os abandonem por não mais necessitarem deles nos vínculos mentais que, de certo modo, os retêm a determinadas paisagens do eu próprio pretérito”. Esses depoimentos evidenciam a superposição de Dimensões, de locais, de estados mentais no Mundo Espiritual, onde cada um se situa na esfera mental compatível com sua realidade interior.

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