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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Fascinante

Ernesto Bozzano dedicou uma de suas obras à compilação de fatos sobre o que a denominada psicometria. Segundo ele, em ENIGMAS DA PSICOMETRIA (feb), ela  não passa de uma das modalidades da clarividência, com características próprias que lhe conferem um caráter especial, permitindo considera-las à parte”. Através dessa percepção de que alguns sensitivos ou pessoas são mais dotados, estabelece-se uma conexão entre eles e o objeto ou o meio, em que se encontra. Próximo ou remotamente. Exemplificando, reunimos alguns casos para sua avaliação do quanto é instigante o assunto. CASO 1 - Médium inglesa EDITH HAWTHORNE: Em contato com uma pena arrancada a um pombo-correio, após longo voo, e um pequeno galho de árvore, descreveu as impressões do pequeno animal durante o voo, assim como acontecimentos desenrolados no próprio local em que se erguia o pombal, ao passo que igualmente descrevia, não somente o que se passaria com a árvore, isto é, seu desenvolvimento, a florescência, a distribuição da seiva e a expansão das raízes, etc., mas também as impressões de vermes que viviam no subsolo, onde se erguia a árvore, renunciando mesmo, em cinco horas de antecipação, o motivo da inquietação dos vermes, ou seja, o desabamento do subsolo onde se achavam, motivado pelas escavações de uma galeria de minério da região. Tudo rigorosamente estudado e comprovado pelos experimentadores, que residiam em Dudley, Inglaterra, onde a médium jamais fora, pois residia em Londres. CASO 2 – Médium ELIZABETH DENTON – Em contato com um fragmento de pedra de basalto negro de aparência um tanto peculiar, pesando mais ou menos dois quilos de pedra recolhida de uma região de minério de chumbo (Wisconsin, EUA), sem saber nada sobre o espécime, descreveu a história da mesma pedra, desde que foi arrojada das profundezas de um vulcão, durante uma erupção, relatando, como se ela mesma fosse pedra e os eventos com esta ocorridos através dos séculos. CASO 3 – Médium brasileiro O.F.: Um relógio quase bissecular, ganho de uma amiga que se desfazia dos pertences do avô morto recentemente. Objeto avariado, posteriormente, consertado e pendurado na sala do seu novo dono. Sempre que se defrontava com o mesmo, sentia-se invadido por mal estar indefinível, se bem que rápido, o que o fez muda-lo de lugar o que só piorou as coisas. Começou a acordar de madrugada, ouvindo o choro de um homem, e não dormia mais, fato que se repetiu por vários dias até que resolveu consultar um Espírito Amigo que lhe sugeriu levantar-se e colocar a mão sobre o relógio o que fez. A cena mudou espetacularmente: já não era o corredor, nem sua casa.; achava-se na biblioteca de um solar antigo na Espanha. Este mesmo relógio pregado à parede funcionava; um homem sentado à escrivaninha lia atentamente; notou ser a casa grande de uma herdade, fora da qual nevava. Sorrateiramente, com passos leves e ágeis como os de um gato, pela porta do fundo ao lado duma estante de livros, entrou um homem. Protegia-se do frio com largo poncho cinza escuro, em cujos ombros havia laivos de neve. Aproximou-se por detrás do leitor, vibrou-lhe violento golpe na nuca estendendo-o de bruços no livro que lia. E relanceando os olhos ao redor, buscava ansioso um objeto qualquer que lhe servisse de arma.  Deparou com o relógio cujo pêndulo terminava em pequena e acerada lâmina. Abriu-o, retirou-lhe o pêndulo às pressas, e cravou-lhe nas costas da vítima, perfurando-lhe os pulmões. Golfadas de sangue alagaram a mesa. O ferido ainda conseguiu gritar, atraindo gente. E, a visão se dissipou. De novo viu-se na sala atual, ao lado do relógio. Narrando, dias depois, sua visão à família de quem obtivera o relógio, ouviu de uma velhinha presente, que a peça pertencera ao seu bisavô, um inglês radicado na Espanha. Plantador de uvas, remunerava mal os camponeses a seu serviço no verão, impondo-lhes grandes privações nos longos meses de inverno. Duro de coração, não os socorria nem com migalhas, levando um de seus empregados a premeditar sua morte, o que fez, segundo diziam, perfurando-lhe os pulmões com o pêndulo daquele relógio. Detalhes curiosos: o descendente e proprietário recente, morrera de tuberculose que lhe destruíra os pulmões e o pêndulo, embora seja o original, já não tinha a lâmina. No caso em questão, tudo indica que o homicida de outrora seja o detentor do relógio recuperado por O.F., que expiou seu crime, amargando a doença pulmonar que lhe consumiu os últimos dias da existência terminada no século XX. Os três casos aqui reunidos, destacam-se dos livros ENIGMAS DA PSICOMETRIA (     feb), de Ernesto Bozzano; MEMÓRIA CÓSMICA (lachâtre), de Hermínio Miranda e EVANGELHO DAS RECORDAÇÕES (pensamento), de Eliseu Rigonatti.


terça-feira, 29 de outubro de 2013

O Mal do Mêdo

Relata Allan Kardec no número de outubro de 1858 da REVISTA ESPÍRITA, que na reunião de 14 de setembro passado, foi proposta ao dirigente Espiritual dos trabalhos, uma questão derivada de notícia publicada no periódico Moniteur, de 26 de novembro de 1857, muito ilustrativa. Segundo a nota, o Dr F. voltara para casa depois de ter feito algumas visitas aos seus doentes. Numa destas havia, ganho uma garrafa de excelente rum, importado diretamente da Jamaica. O médico esqueceu no carro a garrafa precisa. Lembrando-se um pouco mais tarde, foi procura-la e declarou ao chefe do estacionamento, que havia deixado num dos veículos uma garrafa de um veneno muito violento e o aconselhou a prevenir aos cocheiros que tivessem o maior cuidado em não fazer uso daquele líquido mortal. Mal retornara ao seu apartamento, vieram chama-lo apressadamente, pois três cocheiros do vizinho estacionamento sofriam dores abdominais horríveis. Foi com muita dificuldade que os convenceu de que tinham bebido excelente rum e que sua indelicadeza não poderia ter tido mais consequências que aquele castigo imediato aos culpados”. Kardec pediu à Espiritualidade uma explicação fisiológica desta transformação das propriedades de uma substância inofensiva, já que sabemos que, pela ação magnética, pode ocorrer tal transformação; mas no caso vertente não houve emissão de fluido magnético agindo apenas a imaginação e não a vontade. O Espírito São Luiz disse que o raciocínio sobre a imaginação estava correto, contudo, “os Espíritos maus, que induziram aqueles homens a cometer um ato indelicado, se serviram de outro procedimento: fizeram passar pela corrente sanguínea, na matéria, um ‘arrepio de medo’, que bem poderia ser chamado de ‘arrepio magnético’. Este distende o sistema nervoso e produz um esfriamento em certas partes do corpo. Na região abdominal pode ocasionar cólicas”. Acrescenta que “é, pois, um meio de punição que diverte os Espíritos que fizeram cometer o furto, ao mesmo tempo que os faz rir à custa daqueles a quem fizeram errar. Em todo caso não seria verificada a morte: é simples lição para os culpados e divertimento para os Espíritos levianos. Assim procedem, sempre que se lhes oferece oportunidade, que até procuram, para sua satisfação. Podemos evitar isso – e falo para vós – elevando-nos a Deus por pensamentos menos materiais que os ocupavam o Espírito daqueles homens. Os Espíritos maus gostam de se divertir. Cuidado com eles. Aquele que julga dizer uma frase agradável às pessoas que o cercam e que diverte uma sociedade com piadas e atos, por vezes se engana e, mesmo muitas vezes, quando pensa que tudo isso vem de si próprio. Os Espíritos levianos, que o cercam, com ele de tal modo se identificam, que pouco a pouco o enganam a respeito de seus pensamentos, enganando também àqueles que o ouvem. Neste caso pensais estar tratando com um homem de Espírito que não passa de um ignorante. Observai-vos e julgai minhas palavras. Nem por isso são os Espíritos Superiores inimigos da alegria: por vezes gostam de rir para se vos tornarem agradáveis. Todavia, cada coisa tem o seu momento oportuno”. Refletindo sobre o que foi dito, Kardec amplia a análise feita, considerando outra possibilidade: -“Dizer que no caso vertente não havia emissão de fluidos magnéticos talvez não fossemos muito exatos. Aqui aventuramos uma suposição. Como o dissemos, sabe-se que transformações das propriedades da matéria se podem operar sob a ação do fluido magnético, dirigido pelo pensamento. Ora, não é possível admitir que, pelo pensamento do médico, que queria fazer crer na existência de um tóxico e dar aos ladrões as angústias do envenenamento, tivesse havido à distância uma espécie de magnetização do líquido que, assim, teria adquirido novas propriedades, cuja ação teria sido corroborada pelo estado moral dos indivíduos, a quem o mêdo tornara impressionaveis? Esta teoria não destruiria a de São Luiz sobre a intervenção dos Espíritos levianos em semelhantes circunstâncias. Sabemos que os Espíritos agem fisicamente por meios físicos; podem, pois, a fim de realizar certos desígnios, servir-se daqueles que eles mesmos provocam e que nós lhes fornecemos inadvertidamente”.

domingo, 27 de outubro de 2013

Por trás Das Câmeras

Avise a família do Vannuccinho que ele não deve fazer a operação de apêndice, pois isso poderá trazer-lhe sérias complicações. O que ele tem é o início de uma tuberculose, que precisa ser combatida imediatamente. A família, católica, buscou na compreensão de meu pai, Antônio Vannucci, a decisão final: -‘Por via das dúvidas, vamos adiar essa operação e fazer uma chapa dos pulmões’. E, como informara minha amiga espiritual, Maria Modesto Cravo, realmente era o início de uma tuberculose”. Este, talvez, o primeiro encontro objetivo de Augusto Cezar Vannucci, com a Espiritualidade.  Menino prodígio, natural de Uberaba (MG), quando garoto, cantava na sorveteria Linde, na PRE-5, emissora de rádio local e, aos 5 anos de idade, apresentou-se no Cassino, que funcionava no local da Exposição Agropecuária, época em que o jogo era legal no Brasil. Isso lhe proporcionou encontro com grandes artistas como Vicente Celestino, Francisco Alves, Vassourinha, Luiz Gonzaga, Procópio Ferreira que teriam grande importância em seu futuro. Anos depois, recorda ele, em sua autobiografia, que tentando inserir-se no mundo artístico do Rio de Janeiro (RJ), em meio a um dilema entre aproveitar uma bolsa de estudos em Paris e um contrato para estrear uma peça, que em sonho, um Amigo Espiritual lhe revelou que eu deveria ficar na cidade de São Sebastião. Ao acordar, disse à sua mãe: -“Meu Deus!. Sonhei que devo morar em uma cidade chamada São Sebastião. Será que vou voltar para o interior?”. E ela retrucou: -“Mas, como interior? Você já está na cidade de São Sebastião. São Sebastião do Rio de Janeiro”. Tempos depois, passando alguns dias em Uberaba, atende ao convite de um amigo para irem visitar Chico Xavier, à época já residindo na cidade do Triângulo Mineiro. Tendo ficado como hipnotizado, vendo Chico realizar seu trabalho de psicografia e leitura de uma mensagem do Benfeitor Emmanuel, ouviu dele ao final das atividades programadas para a noite, em meio a um cafezinho: -“Vannucci, num futuro não muito distante, você estará divulgando a Doutrina do Cristo, faz parte do seu compromisso”. Sem compreender direito, respondi levado pelo impulso: -“Meu caro Chico, agora que sou ator de teatro, acredito que dentro de pouco tempo poderei encenar uma peça espírita, baseada em livros psicografados por você”, recebendo do médium um sorriso e o comentário: -“Isso é um compromisso, Vannucci, que Deus o abençoe!”... A vida seguiu em frente com ele absorvendo-se em experiência que variavam do casamento, ao teatro, deste ao cinema com ele sempre repetindo a Chico quando o avistava o mesmo texto sobre o teatro espírita, sem conseguir materializá-lo. A televisão começava a ganhar cada vez mais espaço, atraindo as principais estrelas do meio, enquanto ele, emocionalmente, vivia momentos de angústia e incompreensão, parte como resultado de sua própria mediunidade desajustada, que o fez descobrir que a mediunidade desassociada do Cristo provoca desajustes profundos. Tempos depois, num encontro entre amigos, no pequeno apartamento onde morava, em determinado instante, em meio a algumas bebidas e salgadinhos o amigo Jandir Motta (médium), foi tomado por um Espírito cuja voz sugeria ser uma mulher na última existência. Era sua velha amiga Zaquia Jorge que foi logo esclarecendo: -“Vannucci, algumas pessoas pensam que me matei naquela tarde na Barra da Tijuca, mas não é verdade. Eu havia almoçado, mergulhei no mar e sofri uma congestão, o que me levou a desencarnar. Sofri por longo tempo, socorrida por Amigos Espirituais, acabei compreendendo a razão da vida, porque nascemos, porque vivemos, quem somos nós. E estou, aqui, com a incumbência de Espíritos Superiores, para lhe trazer um pedido: semanalmente, promova uma reunião espírita com o objetivo de socorrer artistas encarnados e desencarnados. Essa corrente de artistas beneficiará vários companheiros nossos, desencarnados, que ainda permanecem presos às emoções dos teatros, “boites” e televisão, não conseguindo alcançar estágio de desprendimento que os leve à libertação da alma. Suas paixões os mantém ligados aos antigos locais de trabalho. Comigo, nesta tarefa, uma falange grande de artistas se dispõe a cooperar para que a libertação dos nossos companheiros ocorra. Dolores Duran manda um abraço. Pede-me para dizer-lhe: -“Vannucci, você estava com a razão, a alma é imortal”. Surgiu, a partir daí, o Grupo Espírita “Seareiros de Jesus, que por décadas, socorreu muitos companheiros. Os Espíritos sugeriram ainda propor à Rede de Televisão à qual serviu desde o nascimento, a série BRASIL ESPECIAL, cuja proposta era falar da vida, música e emoções dos compositores brasileiros, muito preocupados com a memória, cultura e preservação dos valores culturais mais autênticos e genuínos da vida brasileira. Muitas outras vivências contadas por ele na obra DE AVE CESAR A AVE CRISTO (ed maio), revelam a presença dos Espíritos Amigos em sua retaguarda, inspirando a produção dos 1601 programas que  dirigiu pessoalmente, 180 peças teatrais, filmes, shows e uma grande preocupação com a cultura brasileira, colocaram Augusto Cezar Vannucci entre os maiores trabalhadores do mundo da comunicação




sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Uma Longa Viagem

“O Espírito dorme no mineral, sonha no vegetal, agita-se no animal e desperta no homem”, constitui-se numa síntese de autoria aparentemente desconhecida que sugere o caminho da evolução até o ponto em que nos encontramos. Essa visão hoje encontra em alguns estudiosos, encarnados e desencarnados, elementos que ampliam e reforçam a ideia. No livro O CONSOLADOR (1940, feb), o Espírito Emmanuel através de Chico Xavier escreveu que “A escala do progresso é sublime e infinita(...). O mineral é atração. O vegetal é sensação. O animal é instinto. O homem é razão. O  anjo é divindade”. Facilitando nosso entendimento, começamos por lembrar que entre os séculos XVI/XVII, um filósofo racionalista alemão chamado Gottfried Von Leibniz (1646-1716), concebeu a tese de que há uma infinidade de substâncias individuais denominadas  “Mônadas”. Segundo ele, a Mônada “é um organismo muito simples, que se poderia tomar por uma unidade orgânica; qualquer microrganismo unicelular. No sistema filosófico de Leibniz (1646-1716),uma unidade substancial, simples, ativa, indivisível e impenetrável, elemento básico constituinte da realidade física. São consideradas átomos da natureza, isto é, elementos simples que compõem todas as coisas. Assim como os átomos as MÔNADAS não possuem nenhuma matéria ou caráter espacial, se diferenciando deles por sua completa mútua independência”. No final da década de 50, se servindo de dois médiuns – Chico Xavier e Waldo Vieira -, residentes em cidades diferentes e distantes, o Espírito André Luiz repassa para nossa Dimensão o que apurou em suas pesquisas no Plano Espiritual sobre as origens dos princípios espiritual e material, na excelente obra EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS(1958,feb), avançando nesse conceito e oferecendo-nos interessantes elementos para reflexões. Entre estes destacamos “Toda a matéria é energia tornada visível, e toda a energia, originariamente, é força divina de que nos apropriamos para interpor os nossos propósitos aos propósitos da Criação”, e, mais à frente, “no seio dos Planetas, as MÔNADAS CELESTES encontram adequado berço ao desenvolvimento”. Noutro ponto, diz que “trabalhadas no transcurso dos milênios, pelos operários espirituais que lhe magnetizam os valores, (...), sob a ação do calor interior e do frio exterior, as MÔNADAS CELESTES exprimem-se no mundo através da rede filamentosa do protoplasma de que se lhes derivaria a existência organizada no Globo constituído. Séculos de atividade silenciosa perpassam sucessivos. Aparecem os vírus e, com eles, surge o campo primacial da existência, formado por nucleoproteínas e globulinas, oferecendo clima adequado aos PRINCÍPIOS INTELIGENTES ou MÔNADAS FUNDAMENTAIS (...), evidenciando-se, desde então, as bactérias elementares, cujas espécies se perderam nos alicerces profundos da evolução, lavrando os minerais na construção do solo, dividindo-se por raças e grupos numerosos, plasmando, pela reprodução assexuada, as células primevas, que se responsabilizariam pelas eclosões do reino vegetal em seu início”. Sobre isso, vale uma leitura do capítulo 19 de A GRANDE SÍNTESE (lake), do italiano Pietro Ubaldi, uma obra mediúnica, onde encontramos: -“Das formas dinâmicas, passa-se às psíquicas, começando pelas inferiores em que o psiquísmo é mínimo: os cristais. Nestes a matéria não soube atingir organizações mais complexas do que as de unidades químicas coletivas, que representam tudo quanto de Alfa a matéria pode conter, o psiquismo físico, que é o ínfimo psiquismo da substancia. Os cristais são sociedades moleculares, verdadeiros povos organizados e regidos por um princípio de orientação matematicamente preciso e neste princípio está o já mencionado psiquismo”. Sobre o assunto, vale a pena também conhecer a visão do estudioso psiquiatra Jorge Andreia dos Santos no IMPULSOS CRIATIVOS DA EVOLUÇÃO (capítulo 2), sobre as almas-grupo.Como o espaço não permite maiores  aprofundamentos sobre os Reinos Vegetal, Animal (irracional) e Animal (racional), concluímos com dados de André Luiz no livro já citado, afirmando que “O princípio inteligente gastou, desde o vírus e as bactérias das primeiras horas do protoplasma na Terra, mais ou menos 15 milhões de séculos,(...), a fim de que pudesse lançar as suas primeiras emissões de pensamento contínuo para os Espaços Cósmicos” (EDM,6), informação que, por sinal, havia repassado de forma mais abrangente no capítulo 3, dizendo: -  “Com o título de homem (...), dotado de raciocínio e discernimento, o Ser, despendeu para chegar aos primórdios da Época Quaternária (há 200 mil anos), em que a Civilização elementar do siléx denuncia algum primor de técnica, nada menos de um bilhão e meio de anos”.



quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Caso Curioso




Entre as matérias do número de maio de 1860 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec incluiu na seção Palestras Familiares de Além-Túmulo, o resultado de uma evocação levada a efeito na reunião da Sociedade Espírita de Paris de 25 de novembro de 1859. A razão da mesma, um fato bastante singular. Segundo o Jornal de La Nièvre, um acidente ocorrido no sábado anterior na Estação da Estrada de Ferro, resultou na morte horas depois, de um homem de sessenta e dois anos chamado Jardin, quando este deixava o pátio da mesma e foi colhido pelos varais de um tílburi, veículo para transporte de passageiros, de tração animal, comum na época. O acontecimento revelou uma história extraordinária que, não mereceria crédito, se não tivesse sido testemunhada por várias pessoas que a afirmaram autêntica. Segundo o jornal. Jardin, oito anos antes, perdera a esposa vitimada por complicações pulmonares, levando-o a mudar de onde morava para a cidade de Nevers, onde, empregou-se num entreposto de tabaco ali existente. Empregado trabalhador, era muito piedoso, de uma devoção exaltada e se entregava com fervor às práticas religiosas, tendo inclusive um genuflexório em seu quarto, no qual gostava de se ajoelhar. Na sexta-feira à noite, encontrando-se só com a filha, anunciou-lhe, repentinamente, que um secreto pressentimento o advertia que seu fim estava próximo, comunicando-lhe suas ultimas vontades: -‘Quando eu estiver morto’, disse ele, ‘remeterás ao sr B.., a chave do meu genuflexório para que ele leve o que ali encontrar e deposite em meu caixão’. Admirada com a brusca recomendação, a senhorita Jardin, não sabendo bem se o pai falava sério, perguntou-lhe o que se acharia no genuflexório. A princípio recusou responder, mas ante sua insistência, revelou-lhe que o que ali se achava eram os restos de sua mãe. Informou que na noite que precedeu a mudança deles da aldeia onde residiam, quando todos dormiam, sentindo-se muito só, foi ao cemitério. Com uma pá, cavou até encontrar os restos do que fora sua companheira e, não querendo separar-se desses preciosos despojos, tinha recolhido os ossos, guardando-os no genuflexório. Ante a estranha confidência, a filha, um pouco amedrontada, mas sempre duvidando de que o pai falava sério, lhe prometeu conformar-se com suas vontades, persuadida de que ele queria divertir-se à sua custa, e que no dia seguinte lhe daria a palavra pedida. O que sucedeu foi que o acidente determinou sua morte. Na tentativa de reanima-lo ao abrir-lhe a camisa, para surpresa dos presentes, viu-se sobre o coração um saco de couro amarrado em volta de seu corpo. Um corte feito pelo médico chamado para atestar-lhe a morte, separou o saco em duas partes, de onde escapou uma mão seca. Lembrando-se do pedido do pai, chamados os marceneiros, ao abrirem o genuflexório encontraram no fundo, os restos da senhora Jardin, que conforme seu pedido, foram colocados com ele em sua sepultura. No diálogo conduzido por Kardec na reunião a que foi evocado, disse não saber como, mas fora sido atraído para a mesma; que no momento estava com um homem encarnado de quem gostava, acompanhado do Espírito de sua mulher; que fora prevenido de sua morte por ela, após uma prece;  que ela sempre esteve ao seu lado; que embora cresse nisso, não eram os restos mortais dela que a mantinham junto a ele, mas seu pensamento fixo; que ela o recebera e esclarecera no momento da morte; que sua ligação com ela se dia ao fato de que ela tinha de guia-lo em sua vida material; que sua afeição à esposa não tinha relação com relações de outras vidas; que teve consciência de si mesmo ao cabo de pouco tempo, acredita que por ter uma fé intuitiva na imortalidade da alma; que em sua existência anterior fora um pobre camponês e, na anterior, havia sido um religioso, sincero e devotado ao estudo; que se sentia feliz, por estar ao lado de alguém que amava e, de quem sentia falta além de ter sido um homem honesto e devotado a Deus; ocupando-se em inspirar o desejo do Bem junto ao encarnado que citara no início da entrevista”.

sábado, 19 de outubro de 2013

Para Pensar

Fonte de inspiração para poetas está, na verdade, ligada ao movimento das marés, o nascimento de crianças, e, em suas fases, a períodos recomendáveis de plantio na agricultura, corte de cabelos, etc. Na verdade é o satélite natural da Terra. Aparentemente, um “terreno baldio” na periferia deste imenso “condomínio” em que vivemos. Na possuindo luz própria, reflete a do Sol. Em conteúdos confiáveis do meio espírita, algumas informações para pensarmos. Um deles, na obra A CAMINHO DA LUZ (feb,1938), onde o Espírito Emmanuel, a partir de pesquisas em arquivos da Espiritualidade, procurando sintetizar a evolução planetária e dos seus habitantes desde sua formação na estrutura do Sistema Solar, explica que “o programa de trabalhos a realizar-se na Terra requeria o concurso da Lua, nos seus mais íntimos detalhes. Ela seria a âncora do equilíbrio terrestre nos movimentos de translação que o Globo efetuaria em torno da sede do Sistema; o manancial de forças ordenadoras da estabilidade planetária e, sobretudo, o orbe nascente necessitaria da sua luz polarizada, cujo suave magnetismo atuaria decisivamente no drama infinito da criação e da reprodução de todas as espécies, nos variados reinos da Natureza”.  Um interessante aparte, podemos fazer destacando  observação  contida em  MISSIONÁRIOS DA LUZ (feb,1945),onde no capítulo 7, o Instrutor Alexandre diz a André Luiz, autor do livro, que “os raios solares, nas horas diurnas, destroem grande parte das criações mentais inferiores dos doentes em estado melindroso, não acontecendo o mesmo à noite, quando o magnetismo lunar favorece as criações de qualquer espécie, boas ou más”. Nos anos 70, o jornalista Fernando Worm, lembrou resposta do médium reproduzida na obra LIÇÕES DE SABEDORIA DE CHICO XAVIER (fe,1996), em que este  afirmara que “a lente do homem é o olho humano ampliado sendo infinita a gradação entre as formas materiais densas e as mais sutis e etéreas”, acrescentado que “a Lua, supostamente deserta, possui imensos educandários ali sediados para benefício de milhares de criaturas sem o corpo terrestre”. Anos depois, conforme dialogo havido com Heigorina Cunha, de Sacramento (MG), reproduzido no livro VALIOSOS ENSINAMENTOS DE CHICO XAVIER (ide, 2008), o autor Cezar Carneiro conta que a médium diz ter ouvido de Chico que “os Espíritos ligados ao mal estão sendo excluídos da Terra. Com a permissão de Jesus, os Benfeitores Espirituais os levam para a Lua. De lá são conduzidos para mundos bem mais inferiores que o nosso(...). A Lua é uma plataforma da Terra”. No ano seguinte, o Instituto de Difusão Espírita (Ide), de Araras (SP), publicou a obra HERDEIROS DO NOVO MUNDO escrito pelo Espírito Lúcius pelo médium André Luiz Ruiz, onde no capítulo 42, em desdobramento espiritual de dois encarnados, o Dr. Bezerra de Menezes, a fim de mostrar-lhes a situação de legiões de Espíritos retirados da atmosfera espiritual do Globo terrestre por não terem atingido o nível que lhes garantirá a permanência na nova fase em que se eleva o Planeta, os conduz até nosso satélite artificial onde permanecem estacionados aguardando sua transferência para outros orbes onde seguirão sendo conduzidos na direção da evolução. Descreve o autor do trabalho: -“O ambiente espiritual da Lua estava transformado pelo constante abastecimento de entidades retiradas das esferas vibratórias ao redor do núcleo rochoso da Terra. Por isso, seu clima psíquico era lastimável. Multidões em movimento de manadas animalescas se atritavam, agarrando-se aos antigos vícios e condutas que caracterizavam seus interesses comuns. Violência e perversidade se conjugavam no entrechoque do ódio, do desejo do mal, da revolta e do crime (...). Inconformadas com o afastamento compulsório do ambiente terreno de onde julgavam que jamais seriam banidas, estas entidades se hostilizavam mesmo quando pareciam estar unidas pelo pavor do desconhecido. Aquelas almas sabiam, no íntimo, que algo muito grave lhes ocorria, e o temor do futuro lhes repercutia nas condutas desesperadas. Seres monstruosos, animalescos, tirados das entranhas da Terra, como que libertados de cadeias lodosas, se arrastavam, asselvajados, confusos e violentos diante da nova condição (...). Por toda parte a desolação e o desespero, sem portas para a fuga através do suicídio, da morte deliberada, do enlouquecimento. Em verdade, a loucura já se havia instalado no seio de cada um deles (...). Magnatas ególatras, governantes corruptos, ditadores despóticos, líderes religiosos indignos, conquistadores ambiciosos, magistrados venais, cientistas doentes da inteligências, homens e mulheres inferiorizados pelos hábitos pecaminosos de sua vida pessoal, por toda parte se viam assustados na companhia de outros seres ainda grotescos. Haviam sido gozadores do mundo, os que conquistaram as recompensas terrenas, os que cultivavam o Bezerro de Ouro que, finalmente, encontravam-se no reino que tanto lhes havia seduzido”.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Bem Diferente do Que se Pensa

Um reino espiritual, dividido e atormentado, cerca a experiência humana, em todas as direções, intentando dilatar o domínio permanente da tirania e da força”. A afirmação foi feita em palestra proferida por um dirigente da Colônia Espiritual NOSSO LAR, situada no Plano Astral, ao norte da cidade do Rio de Janeiro (RJ), segundo o médium Chico Xavier. Mais à frente, ele amplia nossa compreensão dizendo: -“Para lá das fronteiras que guardam ciosamente a alma encarnada, amparando-a com limitada visão e benéfico esquecimento, começa vasto império espiritual, vizinho dos homens. Aí se agitam milhões de Espíritos imperfeitos que partilham, com as criaturas terrenas, as condições de habitalidade da Crosta do Mundo. Seres humanos, situados noutra faixa vibratória, apoiam-se na mente encarnada, através de falanges incontáveis, tão semiconscientes na responsabilidade e tão incompletas na virtude, quanto os próprios homens”. Acrescenta que “incapacitados de prosseguir além do túmulo a caminho do Céu que não souberam conquistas, os filhos do desespero organizam-se em vastas colônias de ódio e miséria moral, disputando, entre si, a dominação da Terra (...). Mentes cristalizadas na rebeldia, tentam solapar, em vão, a Sabedoria Eterna, criando quistos de vida inferior, na organização terrestre, entrincheiradas nas paixões escuras que lhes vergastam as consciências. Conhecem inumeráveis recursos de perturbar e ferir, obscurecer e aniquilar (...). Os homens terrenos que, semi-libertos do corpo, lhes conseguiram identificar, de algum modo, a existência, recuaram, tímidos e espavoridos, espalhando entre os contemporâneos as noções de um inferno punitivo e infindável, encravado em tenebrosas regiões além da morte”. Os apontamentos preservados nas páginas do livro LIBERTAÇÃO (feb,1949) psicografado por André Luiz através do médium Chico Xavier, inclui ainda interessante observação do Espírito Gúbio no qual explica que “nossa mente é uma entidade colocada entre forças inferiores e superiores, com objetivos de aperfeiçoamento. Nosso organismo perispiritual, fruto sublime da evolução, quanto ocorre ao corpo físico na esfera da Crosta, pode ser comparado aos polos de um aparelho eletromagnético. O Espírito encarnado sofre a influenciação inferior, através das regiões em que se situam o sexo e o estomago, e recebe estímulos superiores, ainda mesmo procedentes de almas não sublimadas, através do coração e do cérebro. Quando a criatura busca manejar a própria vontade, escolhe a companhia que prefere e lança-se ao caminho que deseja. Se não escasseiam milhões de influxos primitivistas, constrangendo-nos, mesmo aquém das formas terrestres, a entreter emoções e desejos, em baixos círculos, e armando-nos quedas momentâneas em abismos do sentimento destrutivo, pelos quais já peregrináramos há muitos séculos, não nos faltam milhões de apelos santificantes, convidando-nos à ascensão para a gloriosa imortalidade”. Mais à frente, comenta que “milhões de pessoas, depois da morte, encontram perigosos inimigos no medo e na vergonha de si mesmas. Nada se perde, no círculo de nossas ações, palavras e pensamentos. O registro de nossa vida opera-se em duas fases distintas, perseverando no exterior, através dos efeitos de nossa atuação em criaturas, situações e coisas, e persistindo em nós mesmos, nos arquivos da própria consciência, que recolhe matematicamente todos os resultados de nosso esforço, no Bem ou no mal., ao interior dela própria. O Espírito, em qualquer parte, move-se no centro das criações que desenvolveu. Defeitos escuros e qualidades louváveis envolvem-no, onde se encontre. A criatura na Terra (...), ouve argumentos alusivos ao Céu e ao Inferno e acredita vagamente na Vida Espiritual que a espera, além túmulo. Mais cedo que possa imaginar, perde o veiculo de carne e compreende que não se pode ocultar por mais tempo, desfeita a máscara do corpo sob a qual se escondia à maneira da tartaruga dentro da carapaça. Sente-se tal qual é e receia a presença dos filhos da luz, cujos dons de penetração lhe identificariam, de pronto, as mazelas indesejáveis(..). Em razão disso, as almas decaídas, num impulso de revolta contra os deveres que nos competem a cada um, nos serviços de sublimação, aliam-se umas às outras através de organizações em que exteriorizam, tanto quanto possível, os lamentáveis pendores que lhes são peculiares”. Em outras palavras, “ninguém foge de si mesmo” ou como preveniu Jesus “a cada um conforme as próprias obras”.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Riscos


Em artigo com que abre a REVISTA ESPÍRITA de fevereiro de 1863, Allan Kardec oferece excelentes elementos para nos orientar diante de uma prática polêmica para muitos praticantes da mediunidade: a evocação de Espíritos. Parte de um fato relatado pelo médico Dr. Chaigneau correspondente da Sociedade Espírita de Paris, ligado à instituição congênere do interior da França. Conta sobre “uma família que fazia evocações com um ardor desenfreado, arrastada por um Espírito que se mostrou muito perigoso. Era um de seus parentes, morto depois de uma vida desregrada, terminada por vários anos de alienação mental. Sob nome suposto, por surpreendentes provas mecânicas, belas promessas e conselhos de uma moralidade sem reservas. Tinha conseguido de tal modo fascinar aquela gente muito crédula, que submetia todos às suas exigências e os obrigava aos atos mais excêntricos. Não podendo mais satisfazer todos os seus desejos, pediram nosso conselho e tivemos muito trabalho para os dissuadir e lhes provar que tratavam com um Espírito da pior espécie. Conseguimo-lo, entretanto, e pudemos obter que, ao menos por algum tempo se abstivessem. Desde então a obsessão tomou outro caráter: o Espírito se apoderava completamente do filho mais moço, de quatorze anos, o reduzia ao estado de catalepsia e, por sua boca, solicitava entretenimentos, dava ordens, fazia ameaças. Aconselhamos o mais completo mutismo, que foi observado rigorosamente. Os pais entregaram-se às preces e vinham procurar um de nós para os assistir(...) Praticamente, hoje, tudo cessou. Esperamos que na casa a ordem dê lugar à desordem. Longe de se desgostarem do Espiritismo, creem mais do que nunca, mas creem mais seriamente. Agora compreendem seu fim e as consequências morais; todos compreendem que receberam uma lição; alguns uma punição, talvez merecida”. Comenta Kardec:-“Este exemplo prova, mais uma vez, o inconveniente de nos entregarmos às evocações sem conhecimento de causa e sem objetivo sério. Graças aos conselhos da experiência, que aquelas pessoas escutaram, puderam desembaraçar-se de um inimigo, talvez terrível. Ressalta outro ensinamento não menos importante. Aos olhos dos desconhecedores do Espiritismo, o rapaz teria passado por um louco; não deixariam de lhe dar o tratamento correspondente e talvez desenvolvendo uma loucura real. Com a assistência de um médico espírita, o mal foi atacado em sua verdadeira causa e não teve consequências. Já o mesmo não se deu no fato seguinte. Um senhor de nosso conhecimento, residente numa cidade provinciana muito hostil às ideias espíritas, de súbito foi tomado de uma espécie de delírio, no qual dizia coisas absurdas. Como se ocupasse de Espiritismo, naturalmente falava de Espíritos. Sem aprofundar as coisas, e alarmados, os que o cercavam trataram de chamar médicos, que o declararam atacado de loucura, com muita satisfação dos inimigos do Espiritismo., e já falavam em interna-lo numa casa de saúde. Tudo quanto coligimos em relação àquele senhor prova que ele se achou, de repente, sob o império de uma subjugação momentânea, talvez favorecida por certas condições físicas. Foi a ideia que ele teve. Escreveu-nos e nós lhe respondemos. Infelizmente nossa carta não lhe chegou a tempo e dela só teve conhecimento muito mais tarde”. Lamentando o ocorrido, o destinatário, relatou o fato a Kardec, dizendo do quanto teria sido importante receber suas palavras que confirmaria suas suspeitas de “estar sendo joguete de uma obsessão, tranquilizando-o, pois de tanto ouvir que estava louco, acabou acreditando, ideia que o torturava a ponto que se o fato tivesse continuado não sabe o que teria acontecido”.  Acrescenta Kardec: -“Consultado a respeito, um Espírito respondeu: -‘Esse senhor não é louco; mas a maneira por que o tratam poderá torna-lo louco. Mais ainda: poderiam mata-lo. O remédio para o seu mal está no próprio Espiritismo, e o consideram erroneamente’. Perguntado se seria possível, à distância, agir sobre ele, afirmou que “sem dúvida, sim; mas sua ação é paralisada pela má vontade dos que o cercam”. Conclui Kardec dizendo que “casos análogos ocorreram em todas as épocas; e muitos foram presos como loucos, sem o serem. Só um observador experimentado nestes assuntos os pode apreciar. E como hoje se encontram muitos médicos espíritas, em casos semelhantes convém a estes recorrer. Um dia a obsessão será colocada entre as causas patológicas, como o é hoje a ação de animais microscópicos, de cuja existência não se suspeitava antes da invenção do microscópio. Mas então reconhecer-se-á que nem as duchas nem as sangrias poderão curá-la. O médico que não admite nem busca senão causas puramente materiais é tão impróprio a compreender e tratar tais afecções, quanto um cego o é para distinguir cores”.


domingo, 13 de outubro de 2013

Uma Visão Prática

Bem, se o “Mundo Espiritual é o principal na ordem das coisas por preexistir e sobreviver a tudo” como informa O LIVRO DOS ESPÍRITOS, o que se confirma pelo comentário do físico brasileiro Marcelo Gleiser apoiado na TEORIA DAS SUPERCORDAS em seu livro CRIAÇÃO IMPERFEITA (record,2010) no qual diz que “mesmo que as Dimensões do Espaço sejam impercepitiveis, são elas que determinam a realidade física em que vivemos”, como seria controlado o retorno dos Espíritos à nossa Dimensão? Até onde sabemos a gestação materializa o novo corpo a ser utilizado pelos Espíritos nas experiências iniciadas na concepção. Mas, e antes? O que determina o local, as pessoas entre as quais renascerá o Ser, as condições adequadas a suas necessidades expiatórias e evolutivas? Em uma das obras por ele elaboradas, Allan Kardec delineia alguns dos fatores relacionados a essas duvidas. É em O CÉU E O INFERNO, o quarto dos que compõe a chamada Codificação Espírita. A obra desconhecida por grande parte dos seguidores do Espiritismo está organizada em duas partes. A primeira analisando a visão do problema da morte no lado Ocidental, resgatando informações do porque do medo incutido pelas religiões sobre o que nos aguarda no retorno ao Plano Existencial de onde saímos um dia para reencarnar. A segunda reunindo mais de seis dezenas de depoimentos obtidos nas reuniões da SOCIEDADE ESPÍRITA DE PARIS e agrupados conforme o tipo de morte, colhendo dados como sensações, impressões, reencontros, localização na nova condição, entre outros. Especificamente na primeira metade, podemos encontrar no capítulo 7, o que ele chama de CÓDIGO PENAL DA VIDA FUTURA, de onde destacamos, em parte, 12 dos 32 Artigos do referido roteiro. Permitem-nos raciocinar e meditar sobre o tema: 1 - O Espírito sofre, quer no Mundo Espiritual, quer no Corporal, a consequência de suas imperfeições 2 - Não há uma única imperfeição da alma que não resulte em funestas e inevitáveis consequências 3 - O Bem e o Mal são rigorosamente considerados, não havendo uma só ação, um só pensamento que não tenha consequências fatais 4 - Toda falta cometida, todo mal realizado é uma dívida contraída que deverá ser paga. 5 - O Espírito carrega consigo o próprio castigo ou prêmio. 6 - A responsabilidade das faltas é toda pessoal, ninguém sofre por erros alheios, exceto se a eles dê origem. 7 - Arrependimento, expiação e reparação constituem as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências 8 - O arrependimento pode dar-se por toda parte e em qualquer tempo. A expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais que lhe são consequentes. A reparação consiste em fazer bem àqueles a quem havia feito o mal. 9 - A expiação varia segundo a natureza e gravidade da falta 10 - Sendo toda imperfeição fonte de sofrimento, o Espírito deve sofrer não somente pelo mal que fez, pelo bem que deixou de fazer na vida terrestre como pelas consequências de sua omissão. 11 - A situação do Espírito, no Mundo Espiritual, não é outra senão a por si preparada na vida corpórea. 12 - O único meio de evitar ou atenuar as consequências futuras de uma falta, está no repara-la, desfazendo-a no presente.






sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Muito Além de Uma Revelação

As cartas psicografadas publicamente pelo médium Chico Xavier de forma mais intensiva a partir de 1971, são fonte de pesquisa surpreendente sobre as realidades encontradas por todos aqueles que concluíram o programa expiatório em nossa Dimensão. Nelas, a confirmação de muitos aspectos revelados pelo Espiritismo. Um deles mostra que - com objetivos terapêuticos -, muitos dos surpreendidos pela inevitável morte, puderam ser submetidos às experiências de regressão de memória para entenderem as razões da interrupção de sua jornada física. Casos como o dos irmãos Fortunato          mortos por afogamento em Mogi das Cruzes (SP), quando brincavam ao redor de piscina em fazenda de um amigo de seus pais; do Professor Oswaldo Martins, após capotamento de seu carro nas imediações de Macaé (RJ) quando iniciava viagem de férias com a família; Fausto João Stuqui após queda de avião de pequeno porte que pilotava na região de Votuporanga (SP), são exemplos eloquentes sobre os mecanismos da LEI DE CAUSA E EFEITO. O processo que começou ganhar metodologia definida após a década de 70 em nosso Plano Existencial, é visto com cautela por vários Orientadores Espirituais, ante o risco de estabelecer ligações mento-emocionais com Espíritos vinculados ao passado do paciente cuja localização, para eles, mostrava-se difícil por fatores como o novo corpo físico e a região do renascimento. Esse reavivamento das lembranças arquivadas no inconsciente citado pelo Espírito André Luiz desde em obras como NOSSO LAR ( feb,1943), NO MUNDO MAIOR (feb,1947), ENTRE A TERRA E O CÉU (feb,1952), AÇÃO E REAÇÃO (feb,1957), ao que tudo indica é possível através de diferentes técnicas. É o que conta Luiz Ricardo Maffei, jovem engenheiro desencarnado aos 26 anos, em Sorocaba (SP), em consequência de Lúpus Agudo. Um dentre os centenas de Espíritos que se manifestaram por Chico Xavier, oferece-nos em algumas das 13 mensagens escritas, dados curiosos. Dois deles na sexta carta, datada de 21 de fevereiro de 1987. Escreveu ele: -“Serei tão sucinto quanto possível na exposição do caso.  O senhor sabe que, em toda parte, é possível fazer amigos e eu entrei um deles na pessoa do Joaquim Pereira da Silva, um cavalheiro de alta severidade com a família que deixou no Rio de Janeiro, cujas ideias abertas e francas me faziam meditar. Joaquim se queixava de obsessores no lar, conturbando a esposa e as filhas, chegando a estabelecer um clima de antagonismos sistemáticos entre elas. A companheira viúva e três filhas viviam em querelas por pequeninas razões claramente evitáveis. E Joaquim, desencarnado, lhes agravava as relações alegando que ele, desencarnado, estava muito longe de ser um anjo, e discutia com as entidades infelizes que lhe povoavam a casa. Muitas vezes, lembrando os nossos estudos de hoje, solicitava-lhe calma, ponderação. O companheiro não me atendia e fustigava os obsessores de sua casa, com palavras e pragas das mais escabrosas, e sem a mínima condição de sequer serem, de leve, mesmo, mencionadas. Contudo, há pouco tempo, um diretor de serviço, notando-lhe as boas qualidades que se misturavam às más, aconselhou-lhe um tratamento com análise de fotografias correspondentes ao seu passado próximo. Joaquim aceitou e submete-se a tal tratamento em um determinado aparelho. Tratava-se de um aparelho complexo, que ainda, em determinado tempo, deverá chegar à Terra para o conhecimento dos homens, e à consequente comprovação mecânica da reencarnação. Alguns amigos daqui, da Vida Espiritual, designam tal aparelho com o nome de preterografia. Tal aparelho tem o cunho de prestar observações do pretérito das pessoas pelas imagens correspondentemente colhidas. Durante dois dias Joaquim foi ao gabinete de preterografia, e, no exame final das chapas colhidas, ficou ciente de que fora um chefe desumano do tempo de D. João VI, no Brasil. Exorbitava das funções de mordomo de uma das casas imperiais e mandava açoitar fosse quem fosse, além de privar diversos subalternos de conforto e alimentação conveniente. Estuprava jovens servidoras da Casa Real sem compaixão e para com as que engravidassem, à conta dele, as atirava em lugares ocultos do Rio Paraiba... Quando o amigo viu a extensão de suas faltas, chorou de remorso, e reconheceu que os obsessores que lhe fustigavam a casa eram vingadores contra ele, Espíritos infelizes ainda fixados ao mal. Ele, Joaquim, vem fazendo o possível para retificar a própria situação; no entanto, admito que ele gastará tempo para modificar o ânimo dos inimigos que ele próprio criou”. (A maior parte das cartas de Luiz Ricardo Maffei, faz parte da coletânea contida no livro DÁDIVAS ESPIRITUAIS, publicado pelo Ide)


quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Onde Você Está

-“Ensina o Espiritismo que os Espíritos constituem a população invisível do Globo, estão no espaço e entre nós, vendo-nos e nos acotovelando incessantemente, de tal sorte que, quando nos julgamos sós, constantemente temos testemunhas secretas de nossas ações e de nossos pensamentos”. Assim começa Allan Kardec o artigo com que abriu a edição de maio de 1867 da REVISTA ESPÍRITA. Concluindo o primeiro parágrafo acrescenta que “isto pode parecer aborrecido a certas pessoas, mas desde que assim é, não se pode impedir que assim seja. Cabe a cada um fazer como o sábio que não teria medo que sua casa fosse de vidro. Sem nenhuma dúvida é a esta causa que se deve atribuir a revelação de tantas torpezas e mal feitos que se pensava enterrados na sombra”. Pela importância do assunto nestes tempos em que as pessoas seguem mentalmente vulneráveis pelo alheamento e distância das questões espirituais, com uma atividade mental exposta a imagens e mensagens visual, auditiva e sensorialmente perturbadoras, destacamos alguns pontos para sua reflexão. 1- Sabemos que, numa reunião, além dos assistentes corporais, há sempre auditores invisíveis; que sendo a permeabilidade uma das propriedades do organismo dos Espíritos, estes podem achar-se em número ilimitado num dado espaço. Muitas vezes nos foi dito que em certas sessões eram em quantidades inumeráveis. Na explicação a propósito das comunicações coletivas, foi dito que o número dos Espíritos presentes era tão grande, que a atmosfera estava por assim dizer, saturada de seus fluidos. 2- Sabe-se que os fluidos que emanam dos Espíritos são mais ou menos salutares, conforme seu grau de depuração. Conhece-se o seu poder curativo em certos casos e, também, seu efeitos mórbidos de indivíduo a indivíduo. Ora, desde que o ar pode ser saturado desses fluidos, não é evidente que, conforme a natureza dos Espíritos que abundam em determinado lugar, o ar ambiente se ache carregado de elementos salutares ou malsãos, que devem exercer influências sobre a saúde física, fica assim como sobre a saúde moral? Quando se pensa na energia da ação que um Espíritos pode exercer sobre um homem, é de admirar-se da que deve resultar de uma aglomeração de centenas ou de milhares de Espíritos? Esta ação será boa ou má conforme os Espíritos derramem num dado meio um fluido benéfico ou maléfico, agindo à maneira das emanações fortificantes ou dos miasmas deletérios que se espalham no ar. Assim se podem explicar certos efeitos coletivos, produzidos sobre massas de indivíduos, o sentimento de bem estar ou de mal estar, que se experimenta em certos meios, e que não tem nenhuma causa aparente conhecida, o entusiasmo ou o desencorajamento por vezes a espécie de vertigem que se apodera de toda uma assembleia, de toda uma cidade, mesmo de todo um povo.  3Em razão do seu grau de sensibilidade, cada indivíduo sofre a influência desta atmosfera viciada ou vivificante. Por este fato, que parece fora de dúvida e que, ao mesmo tempo a teoria e a experiência, achamos nas relações do Mundo Espiritual com o Mundo Corporal, um novo princípio de higiene, que, sem dúvida, um dia a ciência fará entrar em linha de conta. 4 Podemos então subtrair-nos a essa influência que emanam de uma fonte inacessível aos meios materiais? Se dúvida nenhuma(...)  Esse meio ressalta da própria causa que produz o mal. Que se faz quando se reconhece que um alimento é nocivo à saúde? Rejeita-se-o, substituindo-o por um alimento mais são. Desde que são maus pensamentos que enquadram os maus fluidos e os atraem, há que se esforçar para só ter os bons, repelir tudo o que é mau, como se repele um alimento que nos torna doentes: numa palavra, trabalhar por seu melhoramento moral e, para nos servirmos de uma comparação do Evangelho, “não só limpar o vaso por fora, mas, sobretudo, limpá-lo por dentro”.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Você já se perguntou?

A mente crítica e perquiridora do século 21 não se satisfaz com qualquer informação. Quer saber como, porque, com base em que. Uma das dúvidas que já ocorreu a muitos é como pessoas tão simples quanto as que se atribui a autoria dos Evangelhos conseguiram reter detalhes sobre os feitos de Jesus nos poucos anos de sua atuação na região da Terra em que inscreveu sua história e mensagem há quase 20 séculos. Sabe-se que, a compilação e seleção desses conteúdos, se deu após a oficialização do Cristianismo como religião reconhecida pelo poder romano. Mais de quatro séculos haviam passado desde a crucificação. Pesquisadores ligados a grandes centros universitários afirmam, por sinal, que o primeiro dos Evangelhos – segundo eles de Mateus – foi elaborado 7 anos após a morte de Jesus. Outro que possui uma estrutura bastante didática é o atribuído a João. Sobre ele, o erudito Dr. Silvino Canuto de Abreu (1892-1980 – médico, advogado cultura histórica e linguística, profundo conhecedor do aramaico, grego, siríaco e hebreu), numa nota de rodapé do seu excelente livro O EVANGELHO POR FORA (Lfu)  sugere uma explicação lógica para o prodígio de memória e beleza de redação dos conhecidos autores das obras que influenciou grande parte da Humanidade. Escreveu ele:-“A fonte do nosso trabalho, se não puríssima, é por isso potável. Nele vamos resumir, conjuntamente, a parte oriental e ocidental. Prevendo, por mediunidade inspirada, o fim da Judéia, ocorrido historicamente no ano 70, o Apóstolo João, pediu instruções ao Espírito Santo e recebeu ordem de ir discretamente a Roma. Partiu levando, em sua companhia, o Diácono Próchoros (Ato dos Apóstolos, VI,5) Lá chegando, não tardou a principiar a Guerra Judaica (ano 67). A Comunidade Cristã, fundada em Roma, não se sabe por quem, tinha um chefe romano. Mas estava em perigo de completo aniquilamento diante da perseguição desencadeada contra os judeus. É certo que já se principiava, por espírito de defesa, a distinguir os crentes pela alcunha, então depreciativa, de ‘Christianus’, apelido grego (Atos dos Apóstolos,XI,26) que os romanos interpretavam ao pé da letra, no sentido primitivo de ‘untados’ com óleo. Mas a polícia confundia Cristão e Judeu na mesma classe de inimigos. Predicando numa lapa das catacumbas subterrâneas perante um grupo de convertidos, João foi certo dia preso com estes e, reconhecido como judeu, condenado sumariamente à morte. Aproveitando-se da alcunha depreciativa, o Pretor mandou cozinhar o Apóstolo em óleo de rícino, o mais barato do mercado. Aquecido até a ebulição, o óleo teria reduzido o corpo de João à massa gelatinosa se não fora o Espírito Santo. Dado por morto, um romano, amigo do Pretor, teve permissão para levar o corpo do mártir à sepultura. Ao receber o banho funerário, preparado com essências aromáticas, João voltou a si. Seu corpo foi a pouco e pouco perdendo o aspecto horrível de carne cozida, tornando-se em curo tempo, aos olhos lacrimosos e espantados dos fiéis companheiros, isento de qualquer mácula da morte. O extraordinário acontecimento, apesar do sigilo impenetrável das testemunhas, chegou, por espionagem, aos ouvidos do Pretor. Apavorado, temendo sublevação da colônia israelita, concentrada quase toda num quarteirão suburbano denominado ‘Getto di Vaticani’, temendo ainda mais alguma consequência mágica dos evocadores do Christo, que lidavam com Espíritos, o Pretor resolvei expulsar o taumaturgo do território romano, obtendo do Imperador, que também temia feiticeiros, o exílio de João para a distante Ilha de Patmos”. Depois de minudenciar detalhes sobre os acontecimentos que se seguiram, o Dr. Canuto, revela que o APOCALIPSE foi transmitido pelo Espírito Santo  que, tempos depois, anunciou que através dele escreveria Novo Evangelho, contendo o verdadeiro sentido da Mensagem que JAHVEH confiou ao CHRISTO. Forçoso, entretanto, esperar desaparecesse o último e décimo segundo dos ‘Cézares’”. “Uma noite, durante a oração, o Espírito Santo pediu aos servos de Patmos que entrassem em jejum, pois ia soar, ao terceiro dia, a hora de principiar o Novo Evangelho, mais próprio para a Era que começava. E de fato, na madrugada do terceiro dia, que era um domingo, João, EM TRANSE MEDIÚNICO, chamou Próchoros ao pé de si. O Diácono trouxe um ‘scriptorum’ e as penas apuradas, assim como algumas folhas de papiros. O Discípulo viu, em êxtase, o Mensageiro de Luz, enviado por THÉOS, desselar o Livro Santo de letras astrais e douradas e mostrar-lhe as primeiras linhas brilhantes. E a VOZ disse: -Lê, dita a Próchoros em hebraico para que ele traduza em grego”. E lavrou-se, por essa forma, o ‘Prólogo’ do Quatro Evangelho”.

sábado, 5 de outubro de 2013

Interexistente



 Chico Xavier de forma mais acentuada que outros médiuns, percebia a realidade fora de nossa Dimensão com tanta naturalidade que, por vezes, confundia-se sobre ser ou não de outro Plano, pessoas diante das quais se via. Essa a razão pela qual o filósofo, jornalista e escritor J. Herculano Pires, ter-lhe atribuído o adjetivo de Interexistente.  Ocorre que tanto via e vivia coisas boas como perturbadoras. Reunimos alguns desses momentos que, quando relatados por ele, espirituoso como era, tornaram-se engraçados. CASO 1 – Por volta de 1943,  - Chico contava 33 anos -, quando estava psicografando o livro NOSSO LAR (feb), como era comum à época, foi fazer a barba no estabelecimento a isso dedicado na então pequena Pedro Leopoldo (MG). O barbeiro era dos antigos. Metódico, colocou-lhe a toalhinha sob o queixo, ensaboou-lhe o rosto, interrompendo seu trabalho já na primeira raspada em seu rosto, comentando: - Chico,estou sentindo muita tonteira. Parece que vou desmaiar. Relativamente relaxado no conforto da cadeira, olhos fechados, Chico inquietou-se, abriu os olhos e viu um Espírito trevoso que envolvia o barbeiro, dizendo-lhe aos ouvidos: - Corte a garganta dele!. Corte!. Com o fio da navalha sobre o pescoço do Chico, o pobre homem não via nem ouvia o Espírito, mas sofria-lhe as influências. Daí, aquelas sensações estranhas, o afrouxamento dos controles. Voltou a dizer-lhe: - Chico, não sei se vou dar conta de terminar sua barba, ouvindo do cliente: - Não se preocupe, meu irmão. Barba é assim mesmo. A gente faz quando dá certo. Se não der hoje, a gente faz amanhã. –“Naquele momento, depois de uma pausa na conversa, tudo que eu queria era que ele tirasse a navalha do meu pescoço”, concluiu Chico dizendo que, “na verdade eram as trevas querendo impedir que NOSSO LAR fosse concluído e viesse ser publicado, espargindo luz”. CASO 2 – A atriz Cacilda Becker desencarnou trabalhando, durante a apresentação de uma peça importante, na capital paulista. Dois anos depois que saiu de cena, houve um encontro de seu filho Luiz Carlos Becker Fleury Martins com o Chico. Tratando-o pelo apelido, o médium dirigiu-lhe a palavra nestes termos: - Cuca, meu filho, gostei muito do seu bilhete. O moço embatucou. Havia um engano ali, mas deixou a conversa fluir. Chico repetiria a referência mais uma vez. Na terceira, Luiz Carlos não se segurou. Desculpou-se, falou do possível engano: não escrevera bilhete agum endereçado a Chico. –“Não foi para mim, meu filho. Fo para sua mãe: ‘Mamãe, vá em paz. Aqui, a gente se vira”. Sacudido pela emoção, Cuca quis saber como Chico tivera conhecimento do bilhete que colocara sob a cabeça de sua mãe minutos antes de o corpo dela baixar à sepultura. Era coisa íntima sobre a qual não fora dita uma palavra a ninguém. –“Foi a Cacilda que me contou” – respondeu singelamente Chico. Impressionado pela revelação, Cuca contou-lhe que, na noite anterior, cedendo ao desespero, fizera uma prece dramática, sobre um viaduto. Recordou-a palavra por palavra: -“Jesus, se o Senhor existe mesmo, estenda-me suas mãos, mas não demore, senão não vai dar tempo”. Agora, precisava saber mais. Queria detalhes. Chico, com voz mansa e cadenciada, atendeu-lhe o pedido: -“Estou de passagem por São Paulo, hospedado na casa do Galves e da Nena. Sua mãe, ontem à noite, entrou no quarto e pediu, ansiosa: -“Chico, você precisa resgatar meu filho. Amanhã, às quinze horas, ele estará nos DIÁRIOS ASSOCIADOS”. Cuca estremeceu. Entendeu ali que Jesus lhe havia estendido as mãos!. Desde então, tornou-se espírita”. CASO 3 – Numa das fases de grandes dificuldades que lhe marcaram a vida, após um dia inteiro de trabalho, quando ia se preparar para dormir suas duas ou quatro horas de sono, lhe apareceu uma figura diabólica e perguntou: -“Você me chamou?”. A voz era arrepiante e quando o Chico ia responder, ouviu o Espirito Emmanuel lhe dizer: -“Não diga que não”. Ficou pensando em que falar durante um minuto. E minutos em frente de uma criatura daquelas se contam por séculos, ensina Chico. –“Você me chamou?, tornou a pergunta a criatura. –“Chamei sim senhor, respondeu o Chico. –“E o que é que você quer?”. –“É que a vida está tão difícil para mim atualmente que eu queria que o senhor me abençoasse em nome de Deus ou em nome das forças que o senhor crê”. O Espírito olhou-o de maneira enigmática e ajuntou: -“É...Chico Xavier...com você está muito difícil”. E desapareceu. ( depoimentos extraídos nos livros CHICO DE FRANCISCO (ceu) e MOMENTOS COM CHICO XAVIER (leep)

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Duzentos Anos

Na edição de fevereiro de 1860 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec incluiu interessante matéria descrevendo pesquisa desenvolvida ao longo de um mês sobre um fato reportado por um correspondente da cidade de Castelnaudary, uma comunidade situada no departamento de Aude, região de Languedoc Roussilon, interior da França. Envolvia pequena casa, em que havia ruídos estranhos e diversas manifestações que levavam a considera-la como assombrada.  Por isso, foi exorcizada em 1848 e nela colocaram grande número de imagens de santos. Querendo habitá-la, um novo proprietário mandou fazer reparos e retirar as gravuras. Depois de alguns anos, ali morreu subitamente. Seu filho, que a ocupou por algum tempo, certo dia, ao entrar num quarto, recebeu forte bofetada de mão invisível. Como estivesse absolutamente só, não duvidou que ela viesse de fonte oculta. Há na região a lenda de um grande crime ocorrido na dita casa. De posse de tais dados, Kardec interrogou o dirigente espiritual das reuniões da Sociedade Espírita de Paris e, obtendo resposta favorável, na reunião de 9 de dezembro de 1859, iniciou tal trabalho. O Espírito chamado, se manifestou por sinais de violência; percebida na extrema agitação de que foi tomado o médium, que quebrou sete ou oito lápis, lançando alguns sobre os assistentes, rasgou uma página, que cobriu de traços sem sentido, feitos com cólera. Foram impotentes os esforços para acalmá-lo; premido a responder perguntas, escreveu com a maior dificuldade um não quase indecifrável. Questionado o dirigente espiritual, informouser um Espírito da pior espécie, obrigado a comparecer à reunião, mas não foi possível fazê-lo a escrever, apesar de tudo que lhe foi dito, visto ter seu livre arbítrio, do qual, infeliz, faz triste uso”.  Disse também “ser autor do crime referido na lenda da região; que descobririam quem foi; que os exorcismos não o afastaram da moradia; que participou da morte do Sr. D; ter sido o autor da bofetada no  filho do Sr. D; não ter sido permitido que repetisse o gesto contra os membros da reunião em que estavam; que oração seria o recurso eficaz para afastá-lo da casa; mas oração feita pelos interessados e não por terceiros; que ele era suscetível de melhora como qualquer um, embora fosse necessário enfrentar dificuldades; que por mais perverso fosse, o bem em retribuição ao mal acabaria por tocá-lo”.Uma médium vidente presente a sessão viu esse Espírito no momento em que queriam que escrevesse: sacudia o braço do médium; seu aspecto era aterrador; vestindo uma camisa coberta de sangue portando um punhal. Dois outros participantes começaram desde aquela noite, a orar pelo infeliz Espírito, obtendo várias comunicações, bem como de suas vítimas. Tais manifestações somadas à outras obtidas na Sociedade Espírita de Paris, em intervalos diversos, se desenvolveram ao longo de um mês, em dez reuniões, perfazendo 126 perguntas entre as respondidas pelo tal Espírito, e os demais envolvidos na  dramática história, comentadas algumas partes pelo dirigente espiritual das reuniões, outras pelo próprio Allan Kardec. Tudo começou em 6 de maio de 1608, portanto, duzentos anos antes, quando ele Charles Dupont, por suspeitar que seu irmão mais velho, Pierre, cortejasse uma mulher de quem ele gostava, o apunhalou no meio da noite, enquanto dormia, ferindo-o na garganta, depois no coração, e, embora acordando, querendo luta, não teve forças para tal. Ninguém foi acusado por sua morte, pois naquele tempo, prestava-se pouca atenção a essas coisas. A mulher, Marguerite Aeder, por sua vez, casou-se com Charles que, cinco anos depois, frustrado em seu amor, também assassinou no dia 3 de maio de 1610. Por fim, manifestou-se o Sr. D, que deu detalhes da sua morte, após avistar o Espírito de Charles ao adentrar a casa certo dia.  Atendendo a recomendação do dirigente espiritual dos trabalhos, um mês depois, no dia 13 de janeiro, foi novamente evocado, revelando uma substancial mudança em suas ideias e comportamento. Terminando Kardec observa que “tal evocação não fora casual. Como devia ser útil a esse infeliz, os Espíritos que velavam por ele, vendo que começava a compreender a enormidade de seus crimes, julgaram chegado o momento de lhe prestas socorro eficaz, e então, o trouxera às circunstâncias propícias, fato, por sinal, muitas vezes repetido”. Finaliza dizendo: -“A propósito, perguntam o que teria sido dele, se não tivéssemos podido evocá-lo, como de todos os Espíritos sofredores que também, não o podem ser, e nos quais não se pensa. A resposta é que as vias de Deus são inumeráveis para a salvação das criaturas. A evocação pode ser um meio de as assistir, mas certo, não é o único. A evocação pode ser um meio de as assistir, mas, certo, não é o único. E Deus não deixa ninguém esquecido. Alias, as preces coletivas devem ter influências parcial sobre os Espíritos acessíveis ao arrependimento”.


terça-feira, 1 de outubro de 2013

Inesperada Revelação

O 21 de abril de 1983, assinalava o vigésimo sétimo aniversário de casamento de Maria José e Lourival Maffei, residentes em Sorocaba, interior de São Paulo. O dia, contudo, passaria, desde então, a ser lembrado não pela alegria do dia de sua feliz união, mas pela dor da perda do filho mais velho Luiz Ricardo Maffei, em consequência de inesperado e, até então desconhecido, quadro de Lúpus Agudo, que aniquilou sua resistência física em poucos dias. Nem os conhecimentos do Espiritismo que conheceram - também num 21 de abril -, uma década antes, conseguiu evitar a profunda depressão em que mergulhou o casal, especialmente seu pai.  Contudo, Luiz Ricardo, um jovem Engenheiro Eletrotécnico;  que estava noivo;  irmão de Mario Sérgio ao qual era muito ligado; reencontraria os pais de forma mais objetiva, quase três meses depois, numa reunião publica ocorrida na noite madrugada de 7 de julho, nas dependências do Grupo Espírita da Prece, em Uberaba (MG). A forma, uma carta, psicografada pelo médium Chico Xavier, intermediário na mesma ocasião, de mensagens de outros Espíritos desencarnados. Na verdade, foi a primeira de uma série de 13 cartas que escreveria, pelo mesmo processo, nos anos seguintes, parte delas incluídas nos livros DÁDIVAS ESPIRITUAIS (ide) e ESPERANÇA E ALEGRIA (ceu). Logo no início, admite sua surpresa em estar se comunicando tão cedo, reconhecendo que o equilíbrio demonstrado por ele diante da morte física eminente, deveu-se aos diálogos em casa sobre questões espirituais, fomentados muitos pela frequência e integração ao Centro Espírita Irmã Francisca a que se ligavam na cidade em que viviam. Revela detalhes que antecederam e sucederam a interrupção de sua vida física, a acolhida de sua avó materna Maria José – fato que confirma a informação dada na questão 160 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS a respeito da assistência que familiares e amigos nos prestam na passagem desta para a outra vida -; refere-se a situações particulares relacionadas à vida em família, detalhes que não poderiam ser do conhecimento prévio do médium Chico Xavier. Na quinta carta, escrita em 26 de fevereiro de 1986, Luiz Ricardo afirma que “para muitos de nós aqui, na Vida Maior, a ansiedade de penetração no passado é um trabalho árduo, a fim de conhecer-nos melhor, para nosso próprio proveito”, acrescentando crer que “devassar o pretérito será reencontrar-nos, tais quais éramos para saber tais quais somos”. Conta que “num sono hipnótico provocado por mim mesmo, caí na corte de Henrique VIII”, nas Ilhas Britânicas. Continua, dizendo: -“Fui como que “atraído” por sua perversidade singular. Foram dias que me vi com todas as características de todos os que nascem nas margens do Avon. Conheci de perto o monarca. Não foi pouco tudo aquilo que presenciei. Rememorar, sinto até medo em exprimir-me com referência a esses dias. Acrescento até que desejaria não ter visto coisa alguma. Porém necessário se fez e se faz, conforme já disse antes. Com temor assisti a decapitação de Ana Bolena. Fala-se hoje em violência, na defesa das esposas mortas. Porém tudo é muito pouco em relação à realidade vivida no clima de intenso terror dessa época, e da qual somos frutos. E lá estando, senti-me possuído de um misto de sentimentos que não sei definir. Só esmoreci, restituindo-me a tranquilidade quando vi o exemplo da Rainha Maria Stuart. Sim, vi o exemplo de Maria Stuart em sua moradia da Escócia, quando, a soberana católica, por amor à união de seu povo que não devia se desagregar, entregou a cabeça ao machado do carrasco que lhe arrasou o corpo e a vida. Porque tudo isto aconteceu, ainda não sei. Penso que estaremos, alguns membros de nossa família, e eu mesmo, ligados à existência da Rainha sacrificada. Desde essa hora terrível que a vi doando o próprio sangue sem reação, por dedicação aos outros, o choque me fez acordar da hipnose a que me confiara”. Luiz Ricardo acrescenta ainda: -“O que sei, meu pai, é que prosseguirei nas minhas investigações, mas sabendo que os grandes vultos da História, com exceções, é claro, não escaparam à criminalidade, à ambição, à guerra por injustiças, ao ódio de família e de raça, e aos piores sentimentos que infelicitam a Humanidade”.