O 21 de abril de 1983, assinalava o vigésimo sétimo
aniversário de casamento de Maria José
e Lourival Maffei, residentes em
Sorocaba, interior de São Paulo. O dia, contudo, passaria, desde então, a ser
lembrado não pela alegria do dia de sua feliz união, mas pela dor da perda do
filho mais velho Luiz Ricardo Maffei,
em consequência de inesperado e, até então desconhecido, quadro de Lúpus
Agudo, que aniquilou sua resistência física em poucos dias. Nem os
conhecimentos do Espiritismo que conheceram - também num 21 de abril -, uma
década antes, conseguiu evitar a profunda depressão em que mergulhou o casal,
especialmente seu pai. Contudo, Luiz Ricardo,
um jovem Engenheiro Eletrotécnico; que estava noivo; irmão de Mario Sérgio ao qual era muito ligado; reencontraria os pais de forma mais objetiva,
quase três meses depois, numa reunião publica ocorrida na noite madrugada de 7
de julho, nas dependências do Grupo
Espírita da Prece, em Uberaba (MG). A forma, uma carta, psicografada pelo
médium Chico Xavier, intermediário
na mesma ocasião, de mensagens de outros Espíritos desencarnados. Na verdade,
foi a primeira de uma série de 13 cartas que escreveria, pelo mesmo processo,
nos anos seguintes, parte delas incluídas nos livros DÁDIVAS ESPIRITUAIS (ide) e ESPERANÇA
E ALEGRIA (ceu). Logo no início, admite sua surpresa em estar se
comunicando tão cedo, reconhecendo que o equilíbrio demonstrado por ele diante
da morte física eminente, deveu-se aos diálogos em casa sobre questões
espirituais, fomentados muitos pela frequência e integração ao Centro Espírita Irmã Francisca a que se
ligavam na cidade em que viviam. Revela detalhes que antecederam e sucederam a
interrupção de sua vida física, a acolhida de sua avó materna Maria José – fato que confirma a
informação dada na questão 160 d’ O
LIVRO DOS ESPÍRITOS a respeito da assistência que familiares e amigos nos
prestam na passagem desta para a outra vida -; refere-se a situações
particulares relacionadas à vida em família, detalhes que não poderiam ser do
conhecimento prévio do médium Chico
Xavier. Na quinta carta, escrita em 26 de fevereiro de 1986, Luiz Ricardo afirma que “para
muitos de nós aqui, na Vida Maior, a ansiedade de penetração no passado é um
trabalho árduo, a fim de conhecer-nos melhor, para nosso próprio proveito”,
acrescentando crer que “devassar o pretérito será reencontrar-nos,
tais quais éramos para saber tais quais somos”. Conta que “num
sono hipnótico provocado por mim mesmo, caí na corte de Henrique VIII”,
nas Ilhas Britânicas. Continua, dizendo: -“Fui como que “atraído” por sua
perversidade singular. Foram dias que me vi com todas as características de
todos os que nascem nas margens do Avon. Conheci de perto o monarca. Não foi
pouco tudo aquilo que presenciei. Rememorar, sinto até medo em exprimir-me com
referência a esses dias. Acrescento até que desejaria não ter visto coisa
alguma. Porém necessário se fez e se faz, conforme já disse antes. Com temor
assisti a decapitação de Ana Bolena. Fala-se hoje em violência, na defesa das
esposas mortas. Porém tudo é muito pouco em relação à realidade vivida no clima
de intenso terror dessa época, e da qual somos frutos. E lá estando, senti-me
possuído de um misto de sentimentos que não sei definir. Só esmoreci,
restituindo-me a tranquilidade quando vi o exemplo da Rainha Maria Stuart. Sim,
vi o exemplo de Maria Stuart em sua moradia da Escócia, quando, a soberana
católica, por amor à união de seu povo que não devia se desagregar,
entregou a cabeça ao machado do carrasco que lhe arrasou o corpo e a vida. Porque
tudo isto aconteceu, ainda não sei. Penso que estaremos, alguns membros de nossa
família, e eu mesmo, ligados à existência da Rainha sacrificada. Desde
essa hora terrível que a vi doando o próprio sangue sem reação, por dedicação
aos outros, o choque me fez acordar da hipnose a que me confiara”. Luiz
Ricardo acrescenta ainda: -“O que sei, meu pai, é que prosseguirei nas
minhas investigações, mas sabendo que os grandes vultos da História, com
exceções, é claro, não escaparam à criminalidade, à ambição, à guerra por
injustiças, ao ódio de família e de raça, e aos piores sentimentos que
infelicitam a Humanidade”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário