“Avise a família do Vannuccinho que ele não deve fazer a operação de apêndice,
pois isso poderá trazer-lhe sérias complicações. O que ele tem é o início de
uma tuberculose, que precisa ser combatida imediatamente. A família, católica,
buscou na compreensão de meu pai, Antônio Vannucci, a decisão final: -‘Por via
das dúvidas, vamos adiar essa operação e fazer uma chapa dos pulmões’. E, como
informara minha amiga espiritual, Maria Modesto Cravo, realmente era o início
de uma tuberculose”. Este, talvez, o primeiro encontro objetivo de Augusto Cezar Vannucci, com a
Espiritualidade. Menino prodígio,
natural de Uberaba (MG), quando garoto, cantava na sorveteria Linde, na PRE-5,
emissora de rádio local e, aos 5 anos de idade, apresentou-se no Cassino, que
funcionava no local da Exposição Agropecuária, época em que o jogo era legal no
Brasil. Isso lhe proporcionou encontro com grandes artistas como Vicente Celestino, Francisco Alves, Vassourinha,
Luiz Gonzaga, Procópio Ferreira que teriam grande importância em seu
futuro. Anos depois, recorda ele, em sua autobiografia, que tentando inserir-se
no mundo artístico do Rio de Janeiro (RJ), em meio a um dilema entre aproveitar
uma bolsa de estudos em Paris e um contrato para estrear uma peça, que em
sonho, um Amigo Espiritual lhe
revelou que eu deveria ficar na cidade de São Sebastião. Ao acordar, disse à
sua mãe: -“Meu Deus!. Sonhei que devo morar em uma cidade chamada São Sebastião.
Será que vou voltar para o interior?”. E ela retrucou: -“Mas, como interior?
Você já está na cidade de São Sebastião. São Sebastião do Rio de Janeiro”.
Tempos depois, passando alguns dias em Uberaba, atende ao convite de um amigo
para irem visitar Chico Xavier, à
época já residindo na cidade do Triângulo Mineiro. Tendo ficado como
hipnotizado, vendo Chico realizar
seu trabalho de psicografia e leitura de uma mensagem do Benfeitor Emmanuel, ouviu dele ao final das
atividades programadas para a noite, em meio a um cafezinho: -“Vannucci,
num futuro não muito distante, você estará divulgando a Doutrina do Cristo, faz
parte do seu compromisso”. Sem compreender direito, respondi levado
pelo impulso: -“Meu caro Chico, agora que sou ator de teatro, acredito que dentro de
pouco tempo poderei encenar uma peça espírita, baseada em livros psicografados
por você”, recebendo do médium um sorriso e o comentário: -“Isso
é um compromisso, Vannucci, que Deus o abençoe!”... A vida seguiu em
frente com ele absorvendo-se em experiência que variavam do casamento, ao
teatro, deste ao cinema com ele sempre repetindo a Chico quando o avistava o mesmo texto sobre o teatro espírita, sem
conseguir materializá-lo. A televisão começava a ganhar cada vez mais espaço,
atraindo as principais estrelas do meio, enquanto ele, emocionalmente, vivia
momentos de angústia e incompreensão, parte como resultado de sua própria mediunidade
desajustada, que o fez descobrir que a mediunidade desassociada
do Cristo provoca desajustes profundos. Tempos depois, num encontro
entre amigos, no pequeno apartamento onde morava, em determinado instante, em
meio a algumas bebidas e salgadinhos o amigo Jandir Motta (médium), foi tomado por um Espírito cuja voz sugeria ser uma mulher na última existência.
Era sua velha amiga Zaquia Jorge que
foi logo esclarecendo: -“Vannucci, algumas pessoas pensam que me
matei naquela tarde na Barra da Tijuca, mas não é verdade. Eu havia almoçado,
mergulhei no mar e sofri uma congestão, o que me levou a desencarnar. Sofri por
longo tempo, socorrida por Amigos Espirituais, acabei compreendendo a razão da
vida, porque nascemos, porque vivemos, quem somos nós. E estou, aqui, com a incumbência
de Espíritos Superiores, para lhe trazer um pedido: semanalmente, promova uma
reunião espírita com o objetivo de socorrer artistas encarnados e
desencarnados. Essa corrente de artistas beneficiará vários companheiros
nossos, desencarnados, que ainda permanecem presos às emoções dos teatros, “boites”
e televisão, não conseguindo alcançar estágio de desprendimento que os leve à
libertação da alma. Suas paixões os mantém ligados aos antigos locais de trabalho.
Comigo, nesta tarefa, uma falange grande de artistas se dispõe a cooperar para
que a libertação dos nossos companheiros ocorra. Dolores Duran manda um abraço.
Pede-me para dizer-lhe: -“Vannucci, você estava com a razão, a alma é imortal”.
Surgiu, a partir daí, o Grupo Espírita “Seareiros
de Jesus, que por décadas, socorreu muitos companheiros. Os Espíritos
sugeriram ainda propor à Rede de Televisão à qual serviu desde o nascimento, a
série BRASIL ESPECIAL, cuja proposta era falar da vida, música e
emoções dos compositores brasileiros, muito preocupados com a memória, cultura
e preservação dos valores culturais mais autênticos e genuínos da vida
brasileira. Muitas outras vivências contadas por ele na obra DE
AVE CESAR A AVE CRISTO (ed maio), revelam a presença dos Espíritos
Amigos em sua retaguarda, inspirando a produção dos 1601 programas que dirigiu pessoalmente, 180 peças teatrais,
filmes, shows e uma grande preocupação com a cultura brasileira, colocaram Augusto Cezar Vannucci entre os maiores
trabalhadores do mundo da comunicação
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