“Um reino espiritual, dividido e atormentado, cerca a experiência
humana, em todas as direções, intentando dilatar o domínio permanente da
tirania e da força”. A afirmação foi feita em palestra proferida por um
dirigente da Colônia Espiritual NOSSO
LAR, situada no Plano Astral, ao norte da cidade do Rio de Janeiro (RJ),
segundo o médium Chico Xavier. Mais à frente, ele amplia nossa compreensão
dizendo: -“Para lá das fronteiras que guardam ciosamente a alma encarnada,
amparando-a com limitada visão e benéfico esquecimento, começa vasto império
espiritual, vizinho dos homens. Aí se agitam milhões de Espíritos imperfeitos que
partilham, com as criaturas terrenas, as condições de habitalidade da Crosta do
Mundo. Seres humanos, situados noutra faixa vibratória, apoiam-se na mente
encarnada, através de falanges incontáveis, tão semiconscientes na
responsabilidade e tão incompletas na virtude, quanto os próprios homens”.
Acrescenta que “incapacitados de prosseguir além do túmulo a caminho do Céu que não
souberam conquistas, os filhos do desespero organizam-se em vastas colônias de
ódio e miséria moral, disputando, entre si, a dominação da Terra (...). Mentes
cristalizadas na rebeldia, tentam solapar, em vão, a Sabedoria Eterna, criando
quistos de vida inferior, na organização terrestre, entrincheiradas nas paixões
escuras que lhes vergastam as consciências. Conhecem inumeráveis recursos de
perturbar e ferir, obscurecer e aniquilar (...). Os homens terrenos que, semi-libertos
do corpo, lhes conseguiram identificar, de algum modo, a existência, recuaram,
tímidos e espavoridos, espalhando entre os contemporâneos as noções de um
inferno punitivo e infindável, encravado em tenebrosas regiões além da morte”.
Os apontamentos preservados nas páginas do livro LIBERTAÇÃO (feb,1949) psicografado por André Luiz através do
médium Chico Xavier, inclui ainda interessante observação do Espírito Gúbio
no qual explica que “nossa mente é uma entidade colocada entre forças inferiores e superiores,
com objetivos de aperfeiçoamento. Nosso organismo perispiritual, fruto sublime
da evolução, quanto ocorre ao corpo físico na esfera da Crosta, pode ser
comparado aos polos de um aparelho eletromagnético. O Espírito encarnado sofre
a influenciação inferior,
através das regiões em que se situam o sexo e o estomago, e recebe estímulos superiores,
ainda mesmo procedentes de almas não sublimadas, através do coração e do cérebro.
Quando a criatura busca manejar a própria vontade, escolhe a companhia que prefere
e lança-se ao caminho que deseja. Se não escasseiam milhões de influxos
primitivistas, constrangendo-nos, mesmo aquém das formas terrestres, a entreter
emoções e desejos, em baixos círculos, e armando-nos quedas momentâneas em
abismos do sentimento destrutivo, pelos quais já peregrináramos há muitos
séculos, não nos faltam milhões de apelos santificantes, convidando-nos à
ascensão para a gloriosa imortalidade”. Mais à frente, comenta que “milhões
de pessoas, depois da morte, encontram perigosos inimigos no medo e na vergonha
de si mesmas. Nada se perde, no círculo de nossas ações, palavras e
pensamentos. O registro de nossa vida opera-se em duas fases distintas,
perseverando no exterior, através dos efeitos de nossa atuação em criaturas,
situações e coisas, e persistindo em nós mesmos, nos arquivos da própria
consciência, que recolhe matematicamente todos os resultados de nosso esforço,
no Bem ou no mal., ao interior dela própria. O Espírito, em qualquer parte,
move-se no centro das criações que desenvolveu. Defeitos escuros e qualidades
louváveis envolvem-no, onde se encontre. A criatura na Terra (...), ouve
argumentos alusivos ao Céu e ao Inferno e acredita vagamente na Vida Espiritual
que a espera, além túmulo. Mais cedo que possa imaginar, perde o veiculo de
carne e compreende que não se pode ocultar por mais tempo, desfeita a máscara
do corpo sob a qual se escondia à maneira da tartaruga dentro da carapaça.
Sente-se tal qual é e receia a presença dos filhos da luz, cujos dons de
penetração lhe identificariam, de pronto, as mazelas indesejáveis(..). Em razão
disso, as almas decaídas, num impulso de revolta contra os deveres que nos
competem a cada um, nos serviços de sublimação, aliam-se umas às outras através
de organizações em que exteriorizam, tanto quanto possível, os lamentáveis
pendores que lhes são peculiares”. Em outras palavras, “ninguém
foge de si mesmo” ou como preveniu Jesus “a cada um conforme as próprias
obras”.
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