As décadas de serviços prestados em nome da mediunidade
possibilitaram a inúmeras pessoas testemunhar junto a Chico Xavier, fatos muito pouco comuns em torno das interações
entre os diferentes campos existenciais. Na sequência apresentaremos alguns
deles para termos uma ideia de como o médium mineiro constituía-se num caso
raríssimo entre aqueles que se colocam como intermediários entre o Plano
Espiritual e o chamado Material. A primeira vivência vem do início dos anos 50,
em Pedro Leopoldo (MG), registrada pelo médico Oswaldo Lacerda. O Centro
Espírita Luiz Gonzaga, naquela noite estava cheio, muitos doentes e
necessitados de toda parte. Entre eles, anônimos, um médico e a esposa, que
haviam perdido um filho em consequência do desabamento de um cinema em que se
encontrava na cidade de Campinas, onde estudava. O pai, desesperado, não
acreditava no Espiritismo, somente fora a Pedro Leopoldo por ter sido atendida
a condição de ninguém dentre conhecido, saber para onde tinham ido. Ao final da
reunião pública, Chico, retomando a consciência após o transe em que estivera,
perguntou: -“Quem aí é Oswaldo Lacerda?”. Ainda atordoado com a indagação,
disse: -“Sou eu”... O médium acrescentou: -“Meu irmão, está presente um
Espírito que se diz chamar Francisco Fajardo e declarou-se seu amigo”.
A reação do Dr Oswaldo foi de “enorme
pena” de Chico. Ele, nunca tivera na vida – pensava -, nenhum amigo
chamado Francisco Fajardo. Rebuscou
em suas lembranças, pensou, procurou recordar-se, mas não havia ninguém, nenhum
amigo seu com aquele nome! Por fim, esperando que perante os inúmeros
sofredores que lá estavam a revelação tivesse o efeito de uma bomba, resolveu dizer
a Chico: -“O senhor vai me desculpar, mas eu não conheço nem tenho nenhum amigo
com o nome de Francisco Fajardo”... Contudo, o médium, com sua voz
suave e amiga, apenas respondeu: -“Acompanham-no também dois Espíritos que
acabam de chegar: um moço que se apresenta ferido num desastre de aviação, chamado
Ronaldo, sobrinho do senhor, amparado pelo Espírito de seu Tio-avô, que se
chamou Simeão”...Após esses esclarecimentos e ter feito uma descrição
completa dos dois parentes do Dr. Oswaldo,
acrescentou: -“Diz o Espírito de Francisco Fajardo que foi seu professor na Escola de
Medicina do Rio de Janeiro e que é seu amigo”. O choque não poderia ter
sido maior para alguém que se entrincheirara no materialismo. Após esse aparte,
em meio à interrupção de uma psicografia,
Chico voltou ao transe mediúnico seguindo com a recepção de receitas e
orientações do Plano Espiritual. A outra vivência foi do Oftalmologista da
capital paulista Dr. Nadir Sáfadi
durante exame que procedia nos olhos do médium. Subitamente, indagou: -“Chico,
me diga uma coisa, você vê mesmo os Espíritos?, obtendo como resposta:
-“Vejo
sim, senhor Dr Nadir. É verdade que trago comigo a faculdade de vidência”.
O médico curioso, retrucou-lhe: -“Mas
como é que enxerga os Espíritos com estes dois olhos, assim, tão debilitados?
Você os vê com estes olhos mesmo?”, ao que Chico esclareceu: -“Ah,
não senhor. A mediunidade vidente independe dos olhos do corpo físico. O
assunto exige muito estudo”. Atento, o médico continuou: -“Então,
me diga se está vendo algum Espírito aqui em meu consultório, Chico”. O médium respondeu: -“Eu confirmo que estou vendo um
Espírito aqui conosco, Dr. Nadir”.
–“Mas, então, me diga, quem é que está aqui? Qual o nome dele?”.
Meio desconcertado, Chico se deteve por
um momento e ante a insistência, respondeu, afinal: -“Ele está me dizendo chamar-se
Senobelino Serra. Diz ter sido natural de São José do Rio Preto. Dr Senobelino
Serra”. Espantado, o Dr Nadir
afirmou: -“Oh, Chico, não me diga que ele está aqui conosco!. Dr. Senobelino Serra
foi meu professor, foi muito amigo meu!”. Mais aliviado com a
confirmação da identidade espiritual, Chico completou: -“Pois, então, é ele mesmo, Dr
Nadir. Ele está me dizendo que foi designado pela Espiritualidade Maior para
ajudar o senhor na profissão de médico oftalmologista, juntamente com outros
amigos, porque o senhor ajuda muita gente aqui no consultório, Dr. Nadir!”.
Visivelmente emocionado, o Dr Nadir nada mais perguntou.(A íntegra desses
relatos poderá ser lida nas obras FORÇAS
LIBERTADORAS, de R.A. Ranieri (1967,eco) e
CHICO XAVIER:MANDATO DE AMOR
(1992,UEM)
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