Em curiosa apreciação sobre se os Espíritos reencarnam onde
querem, Allan Kardec afirma que “frequentemente, renascem na mesma família, ou pelo
menos os membros de uma mesma família renascem juntos para nela constituírem
uma nova, numa outra posição social, a fim de estreitarem laços de afeição, ou
repararem erros recíprocos. Pelas considerações de uma ordem mais geral,
frequentemente, se renasce no mesmo meio, na mesma nação, na mesma raça, seja
por simpatia, seja para continuar, com os elementos já elaborados, os estudos
feitos, se aperfeiçoar, prosseguir trabalhos começados, que a brevidade da
vida, ou as circunstancias, não permitiram terminar. Essa reencarnação no mesmo
meio é a causa do caráter distintivo entre povos e raças; tudo melhorando,(...)
até que o progresso os haja transformado completamente”. Exemplo envolvendo
importante personagem do meio espírita, contudo, demonstra que a Lei que nos
encaminha o progresso espiritual promove circunstâncias que vão além do que
imaginamos. Foi preservado pelo advogado César Burnier, que, em
1938, dois dias após a súbita morte de um filho de 6 anos incompletos, teve seu
primeiro contato com o então jovem médium Chico Xavier, em Pedro
Leopoldo (MG). Desesperado ante o imprevisto e trágico fato, conforme relatado
no livro de Jorge Damas, UM AMOR, MUITAS VIDAS
(lachatre), Burnier, à época radicado em Belo Horizonte (MG), foi
levado juntamente com a esposa ao encontro do médium na vizinha cidade.
Nasceria – ou se reataria – uma amizade de outras eras, que resultaram no
desabrochar posterior da surpreendente mediunidade de Burnier,
segundo se revelaria mais tarde, personagem importante da Revolução Francesa,
na verdade Georges Danton, um dos mentores da reviravolta
política da nação francesa, posteriormente, guilhotinado em 5 da abril de 1794.
Pesquisador sério e profundo conhecedor da página que mudou a
História recente da Humanidade, Burnier conta em carta escrita em 30 de março de 1973, a Hermínio
Correia de Miranda, reproduzida no raríssimo livro EU SOU CAMILLE
DEMOULLINS (lachâtre) que “ao tempo da Grande Revolução, Chico
Xavier era uma moçoila um tanto caipira da cidade de Arras. Chamava-se Jeanne
D'Arencourt, protegida de Andréa de Tavernay, Condessa de Charny, que a
introduziu na corte de Maria Antonieta. Sua permanência nela, porém, foi muito
curta, visto que Jeanne, sem jeito e extremamente acanhada, quebrou
logo o protocolo real pisando nos pés da rainha, alias, sua sorte e felicidade,
pois, este afastamento da alta nobreza, evitou-lhe a morte na guilhotina, mas
não que a lâmina cortasse a
cabeça de seu pai, pequeno nobre da terra de Robespierre. Amiga de
Danton, Jeanne pediu ajuda para o ardoroso tribuno, conhecido como “Incorruptível”.
Levando-a à presença do poderoso líder, aconselhou-a sobre como proceder diante
de Robespierre, que na culminância de seu orgulho e arrogância, sugeriu procurasse o Comitê
de Salvação Pública, o que mostrou-se vão, pois, no dia seguinte o pai de
Jeanne perdeu sua cabeça. As anos rolaram e Robespierre reencarnou no Brasil na figura de uma médica – a mudança
de sexo objetivava dar-lhe novas perspectivas da vida, especialmente no
campo do sentimento - de Minas Gerais, casando-se com um médico, tendo várias
filhas, vivendo pobremente. Sombras do passado, todavia os perseguia e,
materialistas, inclinados a princípios negativistas, combinaram o suicídio de ambos, através
de um pacto sinistro que previa a morte das filhas pela ingestão de cianureto
de potássio nas suas veias. A Providência Divina, conseguiu reverter parte do
plano e, uma série de coincidências aproximou a médica de Chico Xavier, em
Pedro Leopoldo, embora só na quinta tentativa tenha conseguido conversar com
ele. E isso, por interferência do pai de Chico, o senhor João
Cândido". E, nesse ponto, a
correspondência com o argumento levantado por Kardec no início desses
comentários: João Cândido, pai de Chico na
encarnação atual, foi o pai guilhotinado de Jeanne D’Arencourt. A
médica por quem ele interviu agora, o mesmo Robespierre que, prepotente e insensível, omitiu-se ante a perspectiva da execução sumária a que o
genitor de outrora estava fadado.
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