O período conhecido como gestação representa uma etapa que
nos faz entender como é meritória a decisão da mulher que se propõem a
vivenciar a maternidade. Aspectos psicológicos, físicos, emocionais impõem significativas
mudanças na vida daquela que cumpre esse papel. Além dos listados, um outro item –
talvez, o mais importante – precisa ser considerado: o espiritual. No
livro ENTRE A TERRA E O CÉU,
(feb,1954) do Espírito André Luiz através
do médium Chico Xavier, encontramos um
caso que bem exemplifica tal argumento. Envolve personagem importante na
narrativa cuja gravidez é assistida pelo Ministro Clarêncio e acompanhada, entre outros, pelo Benfeitor Espiritual autor da obra.
Trata-se de Zulmira para cujo
socorro é acionado Clarêncio ante um
quadro grave de inflamação das amidalas que lhe impunham dores lancinantes. A
manifestação do problema tinha origem na progressiva ligação com o Espirito Júlio
que se preparava para reencarnar através dela. Fornecendo explicações sobre a
causa da enfermidade, Clarêncio diz: -“ A questão é sutíl. A mulher grávida, além
da prestação de serviço orgânico à entidade que se reencarna, é igualmente
constrangida a suportar-lhe o contato espiritual, que sempre constitui um
sacrifício quando se trata de alguém com escuros débitos de consciência. A
organização feminina, durante a gestação, sofre verdadeira enxertia mental. Os
pensamentos do Ser que se acolhe ao santuário íntimo, envolvem-na totalmente,
determinando significativas alterações em seu cosmo biológico. Se o filho é
senhor de larga evolução e dono de elogiáveis qualidades morais, consegue
auxiliar o campo materno, prodigalizando-lhe sublimadas emoções e convertendo a
maternidade, habitualmente dolorosa, em estação de esperanças e alegrias
intraduzíveis, mas no processo de Júlio observamos duas almas que se ajustam na
mesmas dívidas e na mesma posição evolutiva. Influenciam-se mutuamente”.
Acrescenta que “se Zulmira atua, de maneira decisiva, na formação do novo veículo do
menino, o menino atua vigorosamente nela, estabelecendo fenômenos perturbadores
em sua constituição de mulher. A permuta de impressões entre ambos é inevitável
e os padecimentos que Júlio trazia na garganta foram impressos na mente
maternal, que os reproduz no corpo em que se manifesta. A corrente de troca
entre mãe e filho não se circunscreve à alimentação de natureza material;
estende-se ao intercâmbio constante das sensações diversas. Os pensamentos de
Zulmira guardam imensa forças sobre Júlio, tanto quanto os de Júlio revelam
expressivo poder sobre a nova mãezinha. As mentes de um e de outro como que se
justapõem, mantendo-se em permanente comunhão, até que a Natureza complete o
serviço que lhe cabe no tempo. De semelhante associação, procedem os chamados “sinais
de nascença”. Certos estados íntimos da mulher alcançam, de algum modo, o
princípio fetal, marcando-o para a existência inteira. É que o trabalho da
maternidade assemelha-se a delicado processo de modelagem, requisitando, por
isso, muita cautela e harmonia para que a tarefa seja perfeita”. Diz também
que “é
comum a verificação de exagerada sensibilidade na mulher que engravida. A
transformação do sistema nervoso, nessas circunstâncias, é indiscutível. Muitas
vezes, a gestante revela decréscimo de vivacidade mental e, não raro, enuncia
propósitos da mais rematada extravagância. Há mulheres que adquirem antipatias
súbitas, outras se recolhem a fantasias tão inesperadas quanto injustificáveis’.
Pondera ainda que “a gestante é uma criatura hipnotizada a longo prazo. Tem o campo
psíquico invadido pelas impressões e vibrações do Espírito que lhe ocupa as possibilidades
para o serviço de reincorporação no mundo. Quando o futuro filho não se
encontra suficientemente equilibrado diante da Lei, e isso acontece quase
sempre, a mente maternal é suscetível de registrar os mais estranhos
desequilíbrios, porque, à maneira de um médium, estará transmitindo opiniões e
sensações da entidade que a empolga(...). O organismo materno, absorvendo
as emanações da entidade reencarnante, funciona como um exaustor de fluidos em
desintegração, fluidos esses que nem sempre são aprazíveis ou facilmente
suportáveis pela sensibilidade feminina. Daí a razão dos engulhos
frequentes, de tratamento até agora muito difícil”.
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