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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

As Premonições


O Espiritismo, no capítulo 16 do livro A GÊNESE, oferece interessante explicação para a curiosa experiência vivenciada por muitos sobre acontecimentos futuros envolvendo pessoas ou a coletividade. Historicamente é conhecido o sonho do presidente Abraham Lincoln antevendo a própria morte dias antes do atentado fatal de que foi vítima. Raros aqueles que não tiveram ou conhece alguém que não tenha tido um pressentimento, uma intuição ou mesmo um sonho horas, dias ou anos antes de sua consumação. O argumento utilizado por Allan Kardec para nos ajudar a entender como isso é possível vale-se da seguinte situação: dois indivíduos, um posicionado no alto de uma montanha e outro iniciando uma caminhada na direção de determinado destino. O primeiro do seu posto de observação abrange o todo, independente da distância, sem fixar detalhes. O segundo busca seu objetivo desconhecendo os acidentes do terreno, subidas e descidas, rios a transpor, matas a atravessar, subidas e descidas, lugares em que poderia descansar, eventuais ladrões postados para roubá-lo. O tempo para o primeiro é o presente, enquanto para o segundo, o futuro. Se o que está no alto desce e avisa o que está em baixo sobre um obstáculo e as dificuldades advindas diante dele, estará lhe predizendo o futuro. Comparativamente, Kardec diz que o do alto da montanha para o qual o espaço e a duração da jornada se apagam, é como os Espíritos desmaterializados. Para eles, a extensão e penetração de sua visão são proporcionais à sua depuração e elevação na hierarquia espiritual. Representam em relação aos Espíritos inferiores, como um homem armado de poderoso telescópio, ao lado daquele que não tem senão seus olhos, para os quais a visão é circunscrita, porque a grosseria do seu períspirito vela as coisas distantes, como o faz um nevoeiro para os olhos do corpo. Prossegue dizendo que “compreende-se, pois, que, segundo o grau de perfeição, um Espírito possa abarcar um período de alguns anos, meses, séculos e mesmo de milhares de anos, por que o que é um século diante do Infinito?”. Considera que o “dom da predição não é, pois, mais sobrenatural do que uma multidão de outros fenômenos, repousando sobre as propriedades da alma e a lei das relações do mundo visível e do invisível, que o Espiritismo vem fazer conhecer”. Explica que quando um homem deve concorrer para o progresso geral devendo certos acontecimentos resultar de sua cooperação, pode ser útil, em casos especiais, que ele os pressinta, a fim de preparar os caminhos, estando pronto para agir quando o momento chegar, razão pela qual, certas revelações são sempre feitas espontaneamente, jamais ou raramente, em resposta a uma pergunta direta. Surge como uma inspiração de Espíritos que a conhecem, sendo transmitida maquinalmente, com o desconhecimento do que se faz dela porta-voz. Pressente. É sabido que seja durante o sono, no estado de vigília, nos êxtases e na dupla-vista, a alma se liberta, vivenciando em grau maior ou menor, as faculdades do Espírito livre. Considera por isso, ser comum esta faculdade se desenvolver providencialmente, em certas ocasiões, nos perigos iminentes, nas grandes calamidades, nas revoluções. Adverte ser esta “faculdade inerente ao estado de espiritualização ou, querendo-se, de desmaterialização, ou seja, que a espiritualização produz um efeito que se pode comparar, embora muito imperfeitamente, ao da visão do conjunto do homem que está sobre a montanha”. Pondera, por fim que “os Espíritos verdadeiramente sábios, nada predizem para épocas fixas; limitam-se a nos prevenir sobre o resultado das coisas que nos é útil conhecer. Insistir para ter detalhes precisos é se expor às mistificações de Espíritos levianos, que predizem tudo o que se quer, sem se importarem com a verdade e se divertindo com os pavores e com as decepções que causam”

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Possível Explicação Para o Incompreensível

Embora o turbilhão de notícias sobre a violência tenha ocultado os fatos, a verdade é que a memória recente de quem se sentiu estarrecido diante dos acontecimentos ainda não apagou a suposta eliminação da própria família por um menino de 13 anos num dos bairros da capital paulista em 2013, ou a daquele outro de 10 anos que em São Caetano do Sul (SP), em 2011, após retornar do banheiro da escola, atirou na professora perante 25 colegas, saiu da sala e, numa escada próxima, suicidou. Como entender que duas criaturas nem bem saídas da infância sejam capazes de ações tão violentas contra pessoas que deveriam no mínimo respeitar? Teria sido a personalidade de sua existência atual tão mal formada a ponto de não revelarem sentimentos ou se perturbarem irracionalmente diante de situações que consideravam injustas e insuportáveis? Perguntas de resposta difícil até pela falta de dados realmente confiáveis do histórico recente dos personagens envolvidos. Admitida a reencarnação como um fato, teria o passado remoto algo a ver com desdobramentos tão surreais? Perpassando um dos volumes da coleção da REVISTA ESPÍRITA publicada por iniciativa e com recursos do próprio Allan Kardec no período 1858/1869, especificamente no numero de dezembro de 1859, encontra-se o Boletim da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas referente à sessão geral de 30 de setembro daquele ano, uma sexta feira. Entre os assuntos que ocuparam a pauta cumprida pelos presentes, informações a respeito de uma notícia veiculada por vários jornais de Paris, sobre o assassínio cometido por um menino de sete anos e meio, com premeditação e todas as circunstâncias agravantes. Segundo comentário de Allan Kardec, o fato provava que nesse menino o instinto assassino inato não pode ser desenvolvido nem pela educação, nem pelo meio em que se encontrava. Considera ele que isto não pode explicar-se senão por um estado anterior à existência atual. Buscou então ouvir o Espírito São Luiz, responsável pelas reuniões levadas a efeito naquele grupo que explicou o seguinte: -“O Espírito do menino está quase no início do período humano; não tem mais que duas encarnações na Terra; antes de sua existência atual pertencia às tribos mais atrasadas de ilhas espalhadas pelo Planeta. Quis nascer num mundo mais adiantado, na esperança de progresso. A observação suscita uma reflexão interessante: vivia-se o décimo nono século da chamada Era Cristã e, pelo que revela a questão 1019 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS e o 18 da obra A GÊNESE, a Terra passava desde um século e meio antes por um ciclo de ajuste no tocante à população a ela ligada tendo em vista a elevação do orbe terreno na classificação explicada nas análises incluídas no capítulo 3 d’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO.  Nelas, o Codificador dedica-se a interpretar o HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DE MEU PAI, afirmação atribuída a Jesus por João no capítulo XIV, versículo 1, do seu Evangelho, arriscando uma classificação dos Mundos, situando a Terra na categoria dos de Expiações e Provas, aqueles em que o mal predomina pela condição evolutiva dos seres que nela habitam. E no caso do autor do crime, ele não tinha mais que duas encarnações no planeta terreno.  Mais à frente, mensagem psicografada por Santo Agostinho afirma que não são todos os Espíritos encarnados na Terra que se encontram em expiação, constituindo-se as raças que chamamos selvagens de Espíritos apenas saídos da infância, que estão, por assim dizer, educando-se e desenvolvendo-se ao contato de Espíritos mais avançados. Quanto a esse enfoque num de seus esclarecedores textos, Kardec estabelece interessante comparação lembrando que aquele que renasce em nossa Dimensão em apenas dois dias de existência não tem noção clara da realidade que o cerca, percepção que somente alcançará após mais de uma década de desenvolvimento no corpo a que se ligou na nova reencarnação com que trabalha pelo seu progresso espiritual. Os Espíritos recém elevados à condição humana consomem em tese  o mesmo tempo ou número de encarnações para começar a ter consciência de suas responsabilidades perante a Criação. Finalizando a consulta, Allan Kardec perguntou à São Luiz se a educação poderia modificar essa natureza, obtendo a seguinte resposta: -“É difícil, mas possível. Seria preciso tomar grandes precauções, cerca-lo de boas influências, desenvolver a sua razão, mas é de temer que se fizesse exatamente o contrário”.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

A Verdade Sob Outro Angulo

Eu não acredito em reencarnação - Eu sei! ", afirmou a  PHD em Psicologia Hellen Wambach, em 1978, quase duas décadas após ter iniciado uma pesquisa criteriosa e profunda objetivando destruir a ideia da reencarnação. Uma das pioneiras na aplicação das regressões de memória com fins terapêuticos, escreveu alguns livros significativos nessa área como, VIDA ANTES DA VIDA e REVIVER VIDAS PASSADAS – EVIDÊNCIAS SOB HIPNOSE. Em dez anos, 1088 indivíduos foram estudados levando-a a concluir que as lembranças reveladas pelos analisados eram tão precisas que a “fantasia e a memória genética não poderiam explicar os padrões que surgiram”. Um questionário com onze perguntas era o roteiro submetido às pessoas regredidas aos período imediatamente anterior ao do seu nascimento na vida atual. Eram elas: 1- Foi sua a decisão de nascer? 2- Alguém o ajudou a decidir? Em caso positivo, qual o seu relacionamento com seu conselheiro? 3- Como você se sente ante a perspectiva de viver a próxima existência? 4- Há alguma razão pela qual você tenha escolhido nascer na segunda metade do século XX? 5- Foi você que escolheu o sexo? Se não foi, porque você decidiu ser homem ( ou mulher)?  6- Qual o seu objetivo nesta vida? 7- Caso você tenha conhecido sua mãe em alguma existência anterior, que tipo de relacionamento tiveram? 8- E seu pai? Se você o conheceu em alguma existência anterior, que tipo de relacionamento tinham? 9- Concentre-se no feto. Você sente que está dentro dele ou fora? Ou entrando e saindo? Em que momento sua consciência passa a funcionar no feto? 10- Você tem consciência das atitudes e sentimentos de sua mãe pouco antes de você nascer? 11- O que você sentiu ao emergir do canal do nascimento?. O erudito Hermínio Correia de Miranda no excelente trabalho NOSSOS FILHOS SÃO ESPÍRITOS (lachâtre), alinha alguns dos resultados obtidos pelas incursões no inconsciente dos voluntários pesquisados: 1- 81% dos pacientes disseram que eles próprios haviam decidido renascer, enquanto 19% que não tinham lembrança de nenhuma decisão; 2- 68% declararam-se relutantes, tensos ou resignados ante a perspectiva de viver nova existência, enquanto 26% consideravam a nova oportunidade com certo otimismo, esperando alcançar alguma conquista evolutiva; 3- 90% informaram que as mortes foram experiências agradáveis, mas que os nascimentos constituem momento de desventura e tensão; 4- 87% declararam haver conhecido seus pais, amantes, parentes e amigos de uma ou outra vida anterior. 5-  51% declararam ter decidido nascer após a década de 50 por causa de seu grande potencial para maturação espiritual já que muitas grandes almas estavam vindo juntas para a elaboração de uma Era de Ouro, na qual mudanças monumentais ocorrerão;  5- Muitos, contudo, vieram por causa de suas ligações com outros seres, que aqui se encontravam ou estavam para nascer, objetivando melhor entrosamento com elas, reparar faltas cometidas contra essa pessoas no passado, ou doar algo de si a alguém ou à Humanidade; 6- Quanto aos objetivos e finalidades das vidas, a tônica de forma coerente, sólida e de concludente convergência entre os entrevistados era o aprendizado ou reaprendizado do amor fraterno; 7- O momento de ligação com o corpo em formação, mostrou-se variável, refletindo, provavelmente o que a pessoa se lembra e não o que aconteceu, já que 89% disseram que somente se tornaram parte do feto ou se envolveram com ele após seis meses de gestação”.  Um dado importante apurado é que os entrevistados disseram “ter consciência de que existiam como uma entidade à parte do feto e até mesmo depois de seis meses". Muitos relataram que “as sensações físicas em emergindo do canal do parto era perturbador e muito desagradável, existindo a alma em um ambiente completamente diferente no estado entre as vidas”. A tão desgastada palavra reencarnação associada naturalmente a escolas religiosas institucionalizadas que, infelizmente, continuam  nada fazendo  em favor do despertar espiritual das criaturas, encontram nas pesquisas da Dra Hellen Wambach importante referencial a favor da confirmação deste importante instrumento facilitador do progresso da individualidade que cada um de nós constitui. Como enfatizado pelo competente Hermínio Correia de Miranda, em suas investigações, “a Dra Wambach não estava fantasiando, nem se dirigindo a uma ‘coisa’, a uma abstração ou hipótese, mas falando com uma pessoa normal, inteligente, consciente, responsável, capaz de observar, concluir e expor ideias coerentemente, como qualquer adulto razoavelmente sensato e equilibrado”.


sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A Maior de Todas as Sombras

A ignorância sobre as questões espirituais é sem dúvida responsável por todas as perturbações observadas no organismo social da Terra na atualidade. O desconhecimento da visão ampla oferecida pelo Espiritismo é um dos fatores determinantes da predominância dos comportamentos incompreensíveis das criaturas humanas em várias partes do Planeta. Quando Allan Kardec em observação a respostas obtidas dos Espíritos Superiores e inseridas n’O LIVRO DOS ESPÍRITOS perguntou “quando se pensa na massa de indivíduos diariamente lançados na corrente da população, sem princípios, sem freios, entregues aos próprios instintos, deve-se admirar das consequências desastrosas desse fato?, a realidade era muito diferente da observada nos dias de hoje. O Espiritismo feneceu na região da Terra em que nasceu para ressurgir de forma admirável no Brasil, onde um médium à frente de milhares de outros produziu uma obra densa em algumas de suas contribuições, auxiliando a compreensão das informações revolucionárias sobre a sobrevivência, reencarnação, influências espirituais entre diferentes Dimensões, lei da Causa e Efeito, obsessão, mediunidade, entre outras. O estrago feito pelas religiões convencionais, associado à transformação das mesmas em meio de vida por muitos, produziram gerações nas últimas décadas altamente refratárias a quaisquer temas que possam ser relacionados. Como dizem muitos dentre os que se encontram engajados nos meios intelectuais e acadêmicos, há uma rejeição imediata e espontânea ante qualquer tentativa de se tocar em qualquer um dos assuntos citados. Estudos acerca do comportamento confirmam que refletimos no meio, o que carregamos no mundo interior, ou seja, só somos capazes de dar o que temos. O vazio existencial e cultural das lideranças condicionadas a se ajustarem à realidade materialista forma uma barreira neutralizante de tentativas mais objetivas de se levar à frente projetos de divulgação em massa das esclarecedoras verdades de que a Doutrina Espirita se compõem. Um século 21 que começa evidenciando tantas desigualdades sociais; em que a mulher em vários países em considerada inferior ao homem, em que os direitos individuais esbarram em preconceitos de várias origens; em que os interesses políticos não são necessariamente o bem estar da coletividade; não poderá avançar e terminar de forma melhor que terminou o século 20. O processo de alienação e manipulações ganha cada vez mais destaque em eventuais análises que se possa fazer. Kardec, à pergunta reproduzida no início deste texto, responde dizendo que “a desordem e a imprevidência são duas chagas que somente uma educação bem compreendida pode curar. Nisso está o ponto de partida, o elemento real do bem estar, a garantia da segurança de todos”. Acrescenta ainda que “quando essa arte (educação moral) for conhecida, compreendida e praticada, o homem seguirá no mundo os hábitos de ordem e previdência para si mesmo e para os seus, de respeito pelo que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar de maneira menos penosa os maus dias inevitáveis”. O mais grave de tudo isto é que isto foi escrito há mais de 150 anos, contudo, mantem-se aprisionado entre as páginas do livro que deveria ser o primeiro guia de todos os espíritas, mantendo-se ignorado inclusive entre estes. Há um enfase acentuado em programas de estudos evangélicos ou em torno das práticas mediúnicas. Na maioria das casas espíritas, a criança que representa o futuro da sociedade, não preocupa dirigentes. Não se prepara gerações de um dia para outro. Kardec, educador que era, em nota à questão 685 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, comenta que “há um elemento que não se ponderou bastante, e, sem o qual a ciência econômica não passa de teoria: a educação. Não a educação moral pelos livros, mas a que consiste na arte de formar caracteres, aquela que cria hábitos, porque educação é conjunto de hábitos adquiridos”. Sua percepção mostra-se acertada. Enquanto os que decidem manterem-se distraídos nas próprias presunçosas teorias, refletindo o quanto amam a si mesmo e o quanto não amam o próximo, a Humanidade continuará mergulhando num caos sem precedentes na sua História. Tal quadro alimentará as dores morais e físicas, tão presentes neste mundo de Expiação e Provas, contraditoriamente, tão sedento de paz e felicidade.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

A Natureza Não Dá Saltos

As pesquisas desenvolvidas desde que Allan Kardec enxergou nos fenômenos observados na casa da família Baudin um meio de se desvendar os mistérios da vida após a morte e desse outro mundo - segundo se sabe hoje – de dimensões ilimitadas considerando suas divisões vibratórias, revelam que somos sempre o que fazemos de nós. Nossa realidade mento-emocional nos situa em realidades compatíveis com a LEI DE CAUSA E EFEITO que, como sabemos, induz e regula nosso processo evolutivo. Entre as matérias selecionadas para o número de agosto de 1862 da REVISTA ESPÍRITA, seu editor incluiu uma que atesta essa conjectura. Trata-se da manifestação psicográfica obtida pela filha de uma amiga de Kardec, identificada apenas pela inicial F. do Espírito Francois Riquier, morto quatro ou cinco anos antes. Ex-locatário do imóvel ocupado pela jovem senhora, Francois, fora um homem muito simples, velho solteirão avarento, que deixou aos familiares uma fortuna considerável. O interessante é que a senhora F. o havia esquecido completamente. Ocorre que ultimamente sua filha, que é sujeita a crises de catalepsia, seguidas de sono magnético espontâneo, nesse sono viu o Sr. Riquier, o qual, dizia ela, queria aproximar-se de sua mãe. Dias depois a moça, considerada por Kardec como boa médium escrevente, tomou do lápis e escreveu a referida comunicação, depois da qual Riquier pôs o seu nome e endereço exato. Desconhecendo tal endereço, a senhora F. foi confirmá-lo, ficando muito surpresa, pois a indicação estava correta. A comunicação exemplifica novo tipo de pena reservada aos Espíritos atormentados pela culpa. Como a manifestação foi espontânea, e exprimia o desejo de falar à senhora F., foi-lhe feita esta pergunta: -“Que quereis de nós?”. A resposta, espantou: -“O meu dinheiro, que aqueles miseráveis tomaram todo, para repartirem entre si. Dilapidaram meu patrimônio, como se não fosse meu. Venderam minhas fazendas, minhas casas, para dividir tudo. Fazei-me justiça, porque eles não escutam e não quero assistir a tais infâmias. Dizem que eu era usurário e guardam o meu dinheiro!. Porque não mo querem entregar, se acham que foi mal adquirido?”. –“Mas vos estais morto, pobre homem. Já não precisais de dinheiro. Pedi a Deus uma nova existência pobre, a fim de expiardes a avareza desta. –“Não; não poderia viver pobre. Necessito do meu dinheiro para viver. Alias não preciso de outra vida, pois estou vivo agora”. ( a pergunta seguinte foi feita com o fito de o trazer à realidade). –“Sofreis?”. –“Oh! Sim: sofro piores torturas que a moléstia mais cruel, porque é minh’alma que suporta essa torturas. Tenho sempre presente a iniquidade de minha vida, que para muitos foi motivo de escândalo. Bem sei que sou um miserável; indigno de piedade. Mas sofro tanto que necessito me ajudem a sair deste estado miserável”. –Oraremos por vós”. –“Obrigado. Rogai para que eu esqueça minhas riquezas terrenas, sem o que jamais poderia arrepender-me. Adeus e obrigado!”. François Riquier – Rua de la Charité, 14. Sobre esse fenômeno, Kardec observa: Este exemplo e muitos outros análogos provam que o Espírito pode conservar, durante muitos anos, a ideia de ainda pertencer ao mundo corpóreo. Tal ilusão não é exclusiva dos casos de morte violenta: parece ser consequência da materialidade da vida terrena; e a persistência do sentimento de tal materialidade, que não pode ser vencida, é um suplício para o Espírito. Além disso, aí encontramos a prova que o Espírito é um Ser semelhante ao Ser corpóreo, embora fluídico, porque, para que ainda se julgue neste mundo, que continue onde pensa continuar, poder-se-ia dizer. Entregue aos seus negócios, é preciso que se veja em forma e num corpo como em vida. Se dele só restasse um sopro, um vapor, uma centelha, não se enganaria quanto à situação. É assim que o estudo sobre os Espíritos, mesmo vulgares, nos esclarece quanto ao estado real do Mundo Invisível e confirma as mais importantes verdades. Enfim, o que se confirma por milhares de depoimentos de Espíritos desencarnados sobre sua real situação após a morte do corpo físico, representa uma séria advertência para nós que estamos preparando o amanha feliz ou desventurado: NINGUÉM FOGE DE SI MESMO. E, se morrer é relativamente fácil, bastando qualquer falha em componente vital da máquina física, necessário será desencarnar também os pensamentos, mantidos invariavelmente presos às preocupações deixadas para trás.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Logística Complexa


A compreensão e aceitação da tese da mudança da condição evolutiva do Planeta de Expiação e Provas para de Regeneração, conforme apregoado no capítulo 3 – Há Muitas Moradas da Casa de Nosso Pai - d’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, através de uma transição que influi nos aspectos humanos, geológicos, climáticos torna-se mais fácil quando saímos das conjecturas abstratas para outras mais concretas. Uma das formas talvez possa partir das informações repassadas para nossa Dimensão pelo Espírito Emmanuel, através de Chico Xavier, no capítulo 9 - O Grande Educandário - do livro ROTEIRO (1952, feb). Nele, o Instrutor Espiritual fugindo um pouco das suas apreciações filosófico-comportamentais, considera que “a Terra, nas linhas da atividade carnal, é, realmente, uma universidade sublime, funcionando, em vários cursos e disciplinas, com dois bilhões de alunos (população de encarnados estimada naquele ano), aproximadamente, matriculados nas várias raças e nações. Mais de 20 bilhões de almas conscientes, desencarnadas, sem nos reportarmos aos bilhões de inteligências sub-humanas que são aproveitadas nos múltiplos serviços do progresso planetário, cercam o domicílio terrestre, demorando-se noutras faixas de evolução”. Doze anos depois, o Espírito André Luiz através do médium Waldo Vieira, em entrevista efetuada quando do lançamento do ANUÁRIO ESPIRITA 64 (ide), reafirmaria e ampliaria tal dado, respondendo: -“Será lícito calcular a população de criaturas desencarnadas em idade racional, nos círculos de trabalho, em torno da Terra, PARA MAIS DE VINTE BILHÕES, observando-se que alta percentagem ainda se encontra nos estágios primários da razão e sendo esse número passível de alterações constantes pelas altas correntes migratórias de Espíritos em trânsito nas regiões do Planeta”. Considerando-se como verdadeiras tais informações, torna-se fácil entendermos a morosidade de tal processo, apesar das visíveis e turbulentas mudanças verificadas desde que em 1750 iniciou-se de forma mais objetiva o trabalho de mudanças, perseguindo o fim revelado pelo capítulo 18 da obra A GÊNESE, de Allan Kardec. Isto evidencia-se mais, analisando-se dados inseridos no livro LIRIOS DA ESPERANÇA, do Espírito Ermance Dufaux, pelo médium Wanderley S. de Oliveira (ed dufaux, 2005). Nele, no capítulo 3, encontramos uma radiografia da densidade demográfica da Terra, partindo dos seguintes números: DESENCARNADOS - 23 BILHÕES / ENCARNADOS -            7 BILHÕES, distribuídos da seguinte forma: ENCARNADOS – 4,6 bilhões - Espíritos doentes que purgam dolorosos processos expiatórios; 2,4 bilhões -  buscando ostensivamente sua recuperação. Quanto aos 23 bilhões de DESENCARNADOS, distribuem-se do seguinte modo: 17 bilhões em patamares de luta e sofrimento; 3 bilhões almas medianas que cooperam eficazmente na tarefa regenerativa de outros; 3 bilhões de condutores elevados. Aprofundando sua análise, considera 16 bilhões distribuídos entre os dois Planos, sendo 50% da população geral do Planeta encontra-se na condição de dor e doença,    4 bilhões  no corpo / 12 bilhões nas regiões de pavor e desequilíbrio do Plano Espiritual. Noutro enfoque, calcula que 4 bilhões, em franca busca do Bem, apesar de enfermas; 4 bilhões, criaturas perversas que deliberadamente agem no mal; 1 bilhão encarnados, gerenciam o mal através da perversidade; 3 bilhões atuam junto às ordenações infernais ligadas às Esferas Extrafísicas e 8 Bilhões indiferentes e indecisos, apáticos e desanimados, falta de idealismo superior, apego às coisas materiais, traços distribuídos conforme a individualidade, pendores, valores e cultura.  Se é verdade, tudo isso, não se sabe. Entretanto são elementos originais para se pensar. E únicos. Propõe o autor, com base neles, em reflexão sobre o item 232 d’ O LIVRO DOS MÉDIUNS onde se lê: -“Se tomarmos cada povo em particular, poderemos, pelo caráter dominante dos habitantes, pelas suas preocupações, seus sentimentos mais ou menos morais e humanitários, dizer de que ordem são os Espíritos que, de preferência, se reúnem no seio dele”. O espectro da evolução intelectual, social e comportamental da espécie humana mostra-nos uma variedade imensa de tipos que oscilam dos vivendo uma vida ainda primitiva até os que refletem um desenvolvimento altamente tecnológico. Considerando essas características facilmente perceptíveis, fica fácil concluir a complexidade da logística adotada na remoção e realocação dos Espíritos abaixo dos níveis considerados para compor o dito Mundo de Regeneração.



sábado, 18 de janeiro de 2014

Uma Escola Diferente

Transformado a partir do final dos anos 60 do século XX em poderosa ferramenta de Marketing, o SEXO constitui-se numa força de múltiplas significações na sociedade humana. Chico Xavier, pronunciando-se a respeito  em comentário contido no livro A PONTE do jornalista Fernando Worm, considera que sua avassaladora influencia no comportamento desde que, simbolicamente o movimento hippie ergueu a bandeira do denominado por ele  “amor livre”, deve-se ao fato que durante quase dois milênios ao invés de ter sido tema da educação espiritual do Ser, foi focado como pecado, transformando-se em instrumento de controle e domínio social, fixando nas estruturas essenciais da criatura humana o ônus da culpa. A liberação dos costumes, representou como que a explosão de um dique capaz de liberar volume imenso de agua impondo a destruição na área por ele abrangido. Como pela lei que nos regula o processo evolutivo não conseguimos fugir de nós mesmos, na próxima Dimensão, após a morte, prendemo-nos às consequências de nossas ações. O Espírito André Luiz, na obra NO MUNDO MAIOR (feb,1947), psicografado por Chico Xavier, reproduz a opinião do Instrutor Espiritual Calderaro, segundo a qual grande parte dos desajustes físico-mentais observados entre os que reencarnam, podem ser explicados pelas desarmonias na área da sexualidade construídas em vivencias inconsequentes e irresponsáveis em outras encarnações. Quase duas décadas depois, voltando ao tema em SEXO E DETINO (feb,1963), André Luiz visita um Hospital-Escola, denominado ALMAS IRMÃS. Fora criado - à época da publicação do livro - 82 anos antes, para candidatos à reencarnação, vindos, na maioria de estâncias purgatoriais, após alijarem as consequências imediatas dos vícios e paixões aviltantes, acalentados nos Plano Físico. Descreve-o como um conjunto de edifícios ocupando área de quatro quilômetros quadrados de edifícios e arruamentos, parques e jardins, sugerindo universidades reunidas. Segundo informações colhidas junto a um dos trabalhadores possui uma população oscilante entre 5 a 6 mil pessoas. Descobre também que cada individualidade reencarnada com vínculos nele, ali se encontra convenientemente fichada, com todo histórico do que está realizando na reencarnação obtida, examinável a qualquer momento, quanto a créditos e débitos, para auxílio maior segundo a lealdade demonstrada na desincumbência das obrigações a que se empenharam. Sua curiosa grade curricular inclui matérias como sexo e maternidade, sexo e penalogia - as mais concorridas -, sexo e amor, sexo e matrimônio, sexo e estímulo, sexo e equilíbrio, sexo e medicina, sexo e evolução, entre outras denominações. Confirma o exposto por Allan Kardec em comentário preservado no livro OBRAS PÓSTUMAS sobre a evolução processar-se na raça, país, cidade, família em que assumimos compromissos perante a Lei de Causa e Efeito, dizendo que os associados em débitos recíprocos, reencarnam nos ambientes em que faliram e, tanto quanto possível, nas equipes consanguíneas que lhe impuseram prejuízos ou lhe sofreram os danos. Outro dado interessante é uma estatística/ amostragem dos coeficientes de aproveitamento dos que passam pelo referido Hospital-Escola. Pela avaliação do Instrutor que expunha detalhes sobre a instituição que visitava, de cada cem estudantes, dezoito retornam vitoriosos nos compromissos da reencarnação, vinte e dois melhorados, vinte e seis muito imperfeitamente melhorados e trinta e quatro onerados por dívidas lamentáveis e dolorosas. Respondendo a pergunta a ele formulada, diz que “os fracassados, após a desencarnação passam, automaticamente, às zonas inferiores, onde, por vezes, ainda se demoram, por muito tempo, em desequilíbrio ou devassidão. Tais dados refletem o quanto é urgente a dissemição das informações apresentadas pelo Espiritismo a respeito da significação da existência física, da imortalidade e pré-existência do Espírito, da reflexão sobre nossas tendências compulsivas e do necessário esforço que temos de fazer para direcioná-las num sentido menos desarmonizador da nossa essência espiritual e física. A inteligência dos que vislumbram isso precisa deslocar-se da cômoda posição de meros analistas e críticos para a de criadores ou materializadores dos meios capazes de sensibilizar e provocar reações positivas nas criaturas, desalojando-as da zona de conforto em que se mantém.  



quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Efeitos do Materialismo



Eficiente antídoto contra o materialismo, o Espiritismo não o é baseado na opinião de um líder ou indivíduo inflamado pela fé cega do seguidor de qualquer escola religiosa. Fundamenta-se nos depoimentos e revelações de Espíritos desencarnados convidados a se manifestar na SOCIEDADE ESPÍRITA DE PARIS, o laboratório onde, segundo Allan Kardec, através de diferentes médiuns, se investigava a vida após a morte e o Mundo Espiritual. Dois destes, estão reproduzidos na seção Palestras Familiares de Além-Túmulo, da REVISTA ESPÍRITA, edição de fevereiro de 1861. Motivou as manifestações o pedido dos familiares do sr J.B.D. Homem instruído, mas até o último ponto imbuído de ideias materialistas; não acreditava na alma nem em Deus. Afogara-se voluntariamente dois anos antes. Respondeu a 17 perguntas formuladas por Kardec, sendo sucedido no diálogo em mais 5 inquirições, por um irmão também desencarnado e partidário das mesmas opiniões defendidas por ele. Dizendo-se logo no início um sofredor, acrescenta estar sendo penoso aquele diálogo; confirmando a seguir ter procurado a morte voluntariamente. Confirmando isto, Kardec observa que o Espírito escreve com dificuldade, a letra é grande, irregular, convulsa e quase ilegível, de início denotando cólera que o leva a quebrar o lápis e rasgar o papel em que escrevia. Aconselhado a se acalmar, foi questionado a seguir sobre o motivo que o levou a buscar se auto-destruir, revelando que a razão foi o “tédio da vida sem esperança”. Comentando a justificativa, Kardec diz: -“Compreende-se o suicídio quando a vida é sem esperança: quer-se fugir à infelicidade a qualquer custo. Com o Espiritismo o futuro se desenrola e a esperança se legitima: o suicídio, pois, não tem objetivo; ainda mais, reconhece-se que, por tal meios, não se escapa a um mal senão para cair num outro cem vezes pior. Eis porque o Espiritismo já tem arrancado tantas vítimas à morte voluntária. Estarão errados? Serão sonhadores os que nele buscam, antes de mais nada, o fim moral e filosófico? Muito culpados são aqueles que, por sofismas científicos e no suposto nome da razão, se esforçam por prestigiar esta ideia desesperada, fonte de tantos males e crimes, de que tudo acaba com a vida. Serão responsáveis não só por seus próprios erros, mas por todos os males de que tiverem sido causadores”. Sobre se conseguira escapar às vicissitudes da vida e se era mais feliz agora, deu a entender que não, porque o nada não existe; que sofria por ser obrigado a crer em tudo aquilo que negava, sentindo-se como que num braseiro, horrivelmente atormentado; que por ter sido mau em outra vida, seu Espírito estava fadado a sofrer os tormentos da duvida durante a existência que interrompera; sobre o que pensava ou refletia no momento em que se afogou, disse que para ele era o nada, vendo depois que não tendo esgotado ainda sua pena, ainda iria sofrer muito; que sentia-se agora terrivelmente atormentado por estar bem convencido da existência de Deus, da alma  e da vida futura; que não revira nem sua esposa nem seu irmão já desencarnados por preferir se exilar na desgraça, não vendo razão para se reunir nos tormentos, apenas na felicidade; que não se sentiria feliz em chamar seu irmão para seu lado, por se ver muito embaixo apesar de não o saber feliz também; pedindo que seus parentes orassem um pouco por ele, deixando como recado aos que partilhavam de suas opiniões: -“Possam eles acreditar numa outra vida!. É o que lhes posso desejar para maior felicidade. Se pudessem compreender sua triste posição iriam refletir bastante”. Das respostas oferecidas pelo irmão evocado na continuidade, chama a atenção o fato de que não via o irmão por que “ele foge de mim”; e solicitado a descrever mais exatamente seus sofrimentos já que aparentava estar mais calmo, explicou: -“Na Terra, não sofrem o vosso amor próprio, o vosso orgulho, quando sois obrigados a confessar o vosso erro? Vosso Espírito não se revolta ao pensamento de vos humilhardes ante aquele que vos demonstra que estais errados? Então!. Como pensais que sofra o Espírito que, em toda a sua existência, ficou persuadido de que nada existe além de si mesmo e que tem razão contra todos? Quando, de repente, ele se acha ante a deslumbrante verdade, sente-se aniquilado e humilhado. A isto vem juntar-se o remorso de, por tanto tempo, ter esquecido a existência de um Deus tão bom, tão indulgente. Seu estado é insuportável; não encontra calma nem repouso; não achará um pouco de tranquilidade senão no momento em que a graça santa, isto é, o amor de Deus o tocar; porque de tal modo o orgulho se apodera do nosso pobre Espírito que o envolve inteiramente; e ainda lhe é necessário muito tempo para se desfazer dessa túnica fatal. Só a prece dos nossos irmãos nos ajuda a dela nos desembaraçarmos”.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Doces Memórias

Famosas ficaram as peregrinações desenvolvidas pelo médium Chico Xavier nas tardes de sábado e manhãs de domingo na cidade de Uberaba(MG), seguidas por expressivo número de pessoas  para lá atraídas, em sua maioria, pela possibilidade de notícias de entes queridos cuja morte não fora cogitada. Poucos, contudo sabem a origem daquelas atividades que nasceu de uma vivência logo após a primeira mensagem psicografada por ele no dia 8 de julho de 1927. Chico revelou isso num depoimento preservado pelo amigo Carlos Baccelli na obra O EVANGELHO DE CHICO XAVIER (lepp). Contou ele: -“Tudo seguia em ordem, quando na noite de 10 de julho, dois dias depois de haver recebido a primeira mensagem, quando eu fazia as orações da noite, vi o meu quarto pobre se iluminar, de repente. As paredes refletiam a luz de um prateado lilás. Eu estava de joelhos, conforme os meus hábitos católicos, e descerrei os olhos, tentando ver o que se passava. Vi, então, perto de mim uma senhora de admirável presença, que irradiava a luz que se espraiava pelo quarto. Tentei levantar-me para demonstrar-lhe respeito e cortesia, mas não consegui permanecer de pé e dobrei, involuntariamente, os joelhos diante dela. A dama iluminada fitou uma imagem de Nossa Senhora do Pilar que eu mantinha em meu quarto e, em seguida, falou em castelhano que eu compreendi, embora sabendo que ignorava o idioma, em que ela facilmente se expressava: -Francisco – disse-me pausadamente – em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, venho solicitar o seu auxílio em favor dos pobres, nossos irmãos. A emoção me possuía a alma toda, mas pude perguntar-lhe, embora as lágrimas que me cobriam o rosto: -Senhora, quem sois vós? Ela me respondeu: -Você não se lembra agora de mim, no entanto eu sou Isabel, Isabel de Aragão. Eu não conhecia senhora alguma que tivesse este nome e estranhei o que ela dizia, entretanto, uma força interior me continha e calei qualquer comentário, em tono de minha ignorância. Mas o diálogo estava iniciando e indaguei: -Senhora, sou pobre  e nada tenho para dar. Que auxílio poderei prestar aos mais pobres do que eu mesmo? Ela disse: -Você nos auxiliará a repartir pães com os necessitados. Clamei com pesar: -Senhora, quase sempre não tenho pão para mim. Como poderei repartir pães com os outros? A dama sorriu e me esclareceu: -Chegará o tempo em que você disporá de recursos. Você vai escrever para as nossas gentes peninsulares e, trabalhando por Jesus, não poderá receber vantagem material alguma pelas páginas que você produzir, mas vamos providenciar para que os Mensageiros do Bem lhe tragam recursos para iniciar a tarefa. Confiemos na Bondade do Senhor. Em seguida a estas palavras que anotei em 1927, a dama se afastou deixando meu quarto em pleno escuro. Chorei, sob emoção para mim inexplicável, até o amanhecer do dia imediato. Não tinha mais o Padre Scarzelli para consultar e notei que os meus novos companheiros não poderiam me auxiliar, porque eu não sabia o que vinha a ser a expressão “gentes peninsulares” ouvidas por mim, e, quanto a estas duas palavras, nenhum deles conseguiu fornecer qualquer explicação (...) Duas semanas após a ocorrência, estando eu nas preces da noite, apareceu-me um senhor vestido em roupa branca que, por intuição, notei trata-se de um sacerdote. Saudei-o com muito respeito e ele me respondeu com bondade, explicando-me: - Irmão Francisco, fui no século XIV um dos confessores da Rainha Santa, D. Isabel de Aragão, que se fez esposa do Rei de Portugal, D. Dinis. Ela desenvolveu elevadas iniciativas de beneficência e instrução nos dois reinos que foram a Península conhecida na Europa, e voltou ao Mundo Espiritual, em 4 de julho de 1336. Desde então, ela protege todas as obras de caridade e educação na Espanha e Portugal. Foi ela que o visitou, há alguns dias, nas preces da noite, e prometeu-lhe assistência. Ela me recomenda dizer-lhe que não lhe faltarão recursos para a distribuição de pães com os necessitados. Meu nome em 1336 era Fernão Mendes. Confiemos em Jesus e trabalhemos na sementeira do Bem. Eu não tive garganta livre para falar. O padre se retirou e, sentindo a premência do que desejava a nobre senhora, que eu não sabia ter sido, na Terra, tão amada e ilustre rainha. NO primeiro sábado que se seguiu às ocorrências que descrevo, fui com minha irmã Luiza a uma ponte muito pobre, até hoje existente e reformada na cidade de Pedro Leopoldo (MG), onde nasci, conduzindo um pequeno cesto com oito pães. Ali estavam refugiados alguns indigentes. Parti os pães, a fim de que cada um tivesse um pedaço, e assim foi iniciado nosso serviço de assistência”.



domingo, 12 de janeiro de 2014

Problema Gravíssimo


 Definida por Allan Kardec na REVISTA ESPÍRITA de outubro de 1858 como “a ação quase permanente de um Espírito que leva a pessoa a ser solicitada por uma necessidade incessante de agir desta ou daquela maneira e de fazer isto ou aquilo”, a obsessão segue produzindo vítimas como no século 20, no qual foi considerada por vários Espíritos como sendo o maior dos seus males. Nada mais natural já que na questão 459 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, a resposta obtida sobre a influência dos Espíritos sobre nossos pensamentos e atos que dá conta ser ela “maior do cremos, porque, frequentemente, são eles que nos dirigem”. O Espírito Emmanuel, através do médium Chico Xavier, escreveu na obra PENSAMENTO E VIDA (feb,1958) que a “obsessão é o equilíbrio de forças inferiores, retratando-se entre si” , acrescentando que “não há, obsessão unilateral, nutrindo-se toda ocorrência desta espécie à base de intercâmbio mais ou menos completo”. No excelente PAINEIS DA OBSESSÃO (1983), do Espírito Manuel Philomeno de Miranda, através do médium Divaldo Pereira Franco, encontramos que “A obsessão é clamorosa enfermidade social que domina o moderno pensamento”, e n’ O SÉTIMO SELO (Espírito Irmão Virgílio/Waldemar De Marchi)  que “ a onda vibratória negativa que envolve a Humanidade se apresenta em camadas diferenciadas pelo diapasão específico de cada sentimento que se irradia e se alimenta das mentes de encarnados e desencarnados”, que ele explica da seguinte forma: -“Todos os que nutrem sentimentos negativos (inveja, ódio, etc), irradiam uma onda mental específica para sentimento correspondente, que encontra sintonia em todas as mentes que irradiam o mesmo sentimento, tanto encarnados quanto desencarnados”. A obsessão simples, não requer vínculos remotos do desencarnado com o encarnado. O aprofundamento de conhecimentos a respeito, levam-nos a concluir que a obsessão pode ser de dois tipos  individual  ou coletiva, manifestando-se de duas formas:consciente    ou inconsciente. No caso de existirem vínculos pregressos entre os envolvidos, o processo pode evoluir para outros dois níveis::1- Fascinação uma espécie de ilusão produzida, ora pela ação direta de um Espírito estranho, ora por seus raciocínios capciosos; e esta ilusão produz um logro sobre as coisas morais, falseia o julgamento e leva a tomar-se o mal pelo Bem e 2- Subjugação (ou possessão) – Ligação moral que paralisa a vontade de quem a sofre, impelindo a pessoa às mais desarrazoadas ações e, por vezes, às mais contrárias ao seu próprio interesse. As condições necessárias para a influência espiritual perturbadora é a situação do Espírito desencarnado derivada de dependências desenvolvidas enquanto encarnado. Como fatores indutores principais poderiam ser citados: substancias aditivas (álcool,drogas, etc); comportamentos emocionais (trocas de energias); comportamentos sensoriais (sexo, alimentação); desejo de vingança por divergências originadas em vidas anteriores (lesões afetivas, prejuízos); ações coletivas objetivando disseminar a desordem (familiar e social) dificultando a evolução planetária. Alguns indícios são: 1 -   Desestruturação Familiar; 2 -   Descontentamento e Desencanto resultantes de críticas sofridas ou feitas; 3 -   Ânsia dissimulada pelo poder; 4 -   Encantamento e Deslumbramento por si mesmo; 5 - Atração e Fixação em temas ligados à sexualidade desequilibrada ( sexo promíscuo, fora do casamento, na mente de pessoas pervertidas, desejo de prazer custe o que custar, etc); 6- Agressividade descontrolada no trânsito, em casa, no trabalho; 7- Interesse anormal por minúcias de crimes bárbaros, violências passionais; 8 - Crescimento incessante do consumo de álcool, drogas, sexo descompromissado, liberação dos sentidos primitivos; 9- Vulgarização pela televisão dos costumes através de programas com fachadas de populares, exaltando valores supérfluos, liberalidade sexual, importância do sucesso a qualquer custo, o despropósito dos bons princípios, a astúcia para levar vantagem em tudo o enaltecimento das futilidades e dos falsos heróis. Na base da instalação do processo, poderiamos dizer que “a mente pode ser comparada a espelho vivo, que reflete as imagens que procura”; que “a obsessão em qualquer tipo pelo qual se expresse, está profundamente vinculada aos processos mentais em que se baseiam os interesses da criatura” e, por fim, que “o pensamento é a base de tudo, alavanca de ligação para o Bem e para o mal”. Concluindo, seja como antídoto ou como remédio, acatemos a seguinte prescrição: usemos na garantia de nossa higiene mento-psíquica, os antissépticos do Evangelho como sustentáculo de nossa saúde espiritual - bondade para com todos;- trabalho incansável no bem;- otimismo operante; - dever irrepreensivelmente cumprido;       sinceridade; - boa-vontade; - esquecimento integral das ofensas recebidas; e, - fraternidade simples e pura”











quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Sobre A Transição Planetária



Numa reunião havida em Paris, em abril de 1866, dois médiuns em transe de sonambulismo extático, repassaram Instruções dos Espíritos Sobre a Regeneração da Humanidade. Tal conteúdo foi reproduzido em forma de resumo, por Allan Kardec na edição de outubro daquele ano da REVISTA ESPÍRITA, como complemento de a matéria precedente, por ele elaborada a partir de um grande número de comunicações, dadas a ele e a outras pessoas. Pela sua atualidade, destacamos alguns trechos para reflexões: -“Os acontecimentos se precipitam com rapidez. Assim não dizemos mais como outrora: “Os tempos estão próximos”; agora dizemos: “Os tempos estão chegados”. Por estas palavras não entendeis um novo dilúvio, nem um cataclismo, nem um desabamento geral. Convulsões parciais do Globo ocorreram em todas as épocas e ainda se produzem, pois se devem à sua constituição, mas são sinais dos tempos. Entretanto, tudo quanto está predito no Evangelho deve realizar-se neste momento, como reconhecereis mais tarde. Mas não tomeis os sinais anunciados senão como figuras, cujo espírito, e não a letra, devem ser apreendidas. Todas as Escrituras encerram grandes verdades sob o véu da alegoria e é porque os comentadores se apegaram à letra que se confundiram. Faltou-lhes a chave para lhes compreender o verdadeiro sentido. Esta chave está nas descobertas da ciências e nas leis do mundo invisível, que o Espiritismo vem revelar. De agora em diante, com o auxílio desses novos conhecimentos, o que era obscuro torna-se claro e inteligível. Tudo segue a ordem natural das coisas e as leis imutáveis de Deus não será perturbadas. Assim, não vereis milagres, nem prodígios, nem nada de sobrenatural, no sentido vulgar ligado a estas palavras(..). Não sentis como um vento que sopra na Terra e agita os Espíritos. O mundo está à espera e como que tomado por um vago pressentimento à aproximação da tempestade. Não acrediteis, entretanto, no fim do mundo material; a Terra progrediu desde a sua transformação;  deve progredir ainda e não ser destruída. Mas a Humanidade chegou a um de seus períodos de transformação e a Terra vai elevar-se na hierarquia dos mundos. Não é, pois, o fim do mundo material que se prepara, mas o fim do mundo moral; é o velho mundo, o mundo dos preconceitos, do egoísmo, do orgulho, do fanatismo que se esboroa. Cada dia leva alguns restos. Tudo acabará para ele com a geração que se vai e a geração nova erguerá o novo edificio que as gerações seguintes consolidarão e completarão. De mundo de expiação, a Terra está chamada a tornar-se um dia um mundo feliz, e sua habitação será uma recompensa, em vez de uma punição. O reinado do Bem aí deve suceder o do mal (...). A época atual é de transição. Confundem-se os elementos das duas gerações. Postos em ponto intermediário, assistis à partida de uma e à chegada da outra, e cada um já se assinala no mundo pelos caracteres que lhes são próprios. As  duas gerações que sucedem uma à outra tem ideias e pontos de vista opostos. Pela natureza das disposições gerais, mas, sobretudo, das disposições intuitivas e inatas, é fácil distinguir a qual das duas pertence cada indivíduo. Devendo a nova geração fundar uma era de progresso moral, distingue-se por uma inteligência e uma razão geralmente precoces, juntas ao sentimento inato do Bem e das crenças espiritualistas, o que é sinal indubitável de um certo grau de adiantamento anterior. Não será composta exclusivamente de Espíritos eminentemente superiores, mas daqueles que, já tendo progredido, estão predispostos a assimilar todas as ideias progressistas, e, aptos a secundar os movimentos regenerador. Ao contrário, o que distingue os Espíritos atrasados é, para começar, a revolta contra Deus pela negação da Providência e de todo poder superior à Humanidade; depois, a propensão instintiva às paixões degradantes, aos sentimentos anti-fraternais do egoísmo, do orgulho, do ódio, do ciúme, da cupidez, enfim a predominância do apego a tudo o que é material. São esses os vícios de que a Terra deve ser expurgada pelo afastamento dos que recusam emendar-se, porque são incompatíveis com o Reino da Fraternidade e porque os homens de Bem sofrerão sempre com seu contato. A Terra deles ficará livre, e, os homens marcharão sem entraves para o futuro melhor, que lhes está reservado aqui em baixo, como prêmio aos esforços e à perseverança, esperando que uma depuração ainda mais completa lhes abra a entrada dos Mundos Superiores”.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Sexo E Espiritismo


Quando da psicografia do livro NO MUNDO MAIOR (feb,1947), o médium Chico Xavier, para que criasse menos resistência na recepção das informações repassadas do Plano Invisível através do Espírito André Luiz, revela ter sido levado em desdobramento natural do sono físico, a conhecer  “imensa cidade espiritual, situada numa região do Umbral, extremamente inferior e bastante próxima da Crosta planetária. Estranha pelo seu aspecto desarmônico e antiestético, pelas manifestações de luxúria, degradação de costumes e sensualidade dos seus habitantes, exibidas em todos os logradouros públicos, ruas, praças. Governada por Entidades mentalmente vigorosas, embora negativas em termos de ética e sentimento humanos, conduzindo seus tutelados através de um poder tipo sugestão hipnótica, inclusive após seus habitantes terem reencarnado. Pelas ruas, desfilavam multidões compostas de entidades que se esmeravam em exibições de natureza pornográfica, erótica e debochada. Os líderes desfilavam em andores ou tronos sobre carros alegóricos, cujos formatos imitavam os órgãos sexuais masculinos e femininos. A euforia observada devia-se a ser uma “festa de despedida” de grande grupo que havia sido informado que de maneira inderrogável, estavam destinados a reingresso próximo na esfera carnal da Terra”.  Embora expressiva parte do capítulo a que se refere sua visita tenha sido suprimido, comentou com alguns amigos próximos o acontecimento que, por sua vez, permaneceu ignorado do grande público até que um dos que ouviram o relato comentou o fato com o Dr. Hernani Guimaraes Andrade muitas décadas depois. Refletindo sobre a “festa de despedida” citada, o valoroso pesquisador fez uma associação com a realidade vivida pela Humanidade a partir de 1966, quando, entre outros eventos, o chamado movimento Hippie começou a fomentar o exercício da sexualidade de uma forma descompromissada, ganharam as bancas de revistas e jornais as publicações eróticas, surgiram os filmes pornôs, o marketing passou a explorar a sensualidade para vender de roupas a carros, de cigarros a bebidas. Fazendo um calculo simples, concluiu que aqueles Espíritos que se despediam na madrugada citada, seriam os responsáveis pelos comportamentos libertários do final do século 20, início do 21. Comentando o assunto do sexo desregrado  com um grupo que o visitava certa noite/madrugada em Uberaba(MG), Chico Xavier disse que “durante séculos as manifestações sexuais estiveram reprimidas dentro de um círculo muito restrito por alguns que tinham interesse na repressão de suas expressões e anseios, o que foi possível até determinado tempo, redundando atualmente esses séculos de repressão psicológica muito rígida no rompimento dessas barreiras, numa libertação que ultrapassou os limites deste círculo mais amplo, num terreno de extremismos sempre perigosos e potencialmente causadores de grandes males fase que irá perdurar por uns 200 anos ou mais”, depoimento reproduzido pelo jornalista Fernando Worm no seu livro A PONTE (lake). Rotulado como pecado pela grande escola religiosa que dominou o pensamento da Humanidade durante séculos, o sexo é visto como uma condição natural – e, necessária -  no que tange à ao princípio inteligente individualizado, a partir de determinado ponto de sua caminhada evolutiva. Começa a pronunciar-se de forma mais objetiva quando se iniciam os ensaios na fase dos vertebrados quando é identificado como instinto sexual. Na etapa humana, segundo André Luiz, “o instinto sexual não é apenas agente de reprodução, mas reconstituinte de forças espirituais, pela qual as criaturas encarnadas ou desencarnadas se alimentam mutuamente, na permuta de raios psíquico-magnéticos necessários ao seu progresso”. Explica que “Espíritos desencarnados, a partir dos de evolução mediana, entendem que o sexo é categorizado por atributo como a inteligência, o sentimento, o raciocínio entre outras faculdades”, acrescentando que “quanto mais se eleva a criatura mais se capacita de que o sexo demanda discernimento pelas responsabilidades que acarreta”, e, que “qualquer ligação sexual instalada no campo emotivo, engendra sistemas de compensação vibratória, e o parceiro que lesa outro, até o ponto em que suscitou os desastres morais consequentes, passa a responder por dívida justa”. Pondera ainda que “todo desmando sexual danificando consciências reclama corrigenda, tanto quanto qualquer abuso do raciocínio”.


sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Visão Ampliada


Falecido aos 52 anos na cidade de São Paulo, Lourenço Prado de Almeida e Silva, foi autor de vários livros de conteúdo muito importante e apreciado pelos estudiosos do pensamento como agente de manifestação e comunicação entre os seres vivos, especialmente o humanos. Um de seus maiores sucessos literários intitula-se ALEGRIA E TRIUNFO (pensamento), no qual apresenta verdadeiras receitas contra angústia, medo, incerteza, insegurança entre outros embaraços que acabam resultando num atraso de vida.  Na verdade, uma espécie de O SEGREDO, escrito na primeira metade do século 20.  Já aos 17 anos, filiava-se ao Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento, traduzindo - oculto pelo pseudônimo Rosabis Camaysar - a obra DOGMA E RITUAL DA ALTA MAGIA do consagrado autor Eliphas Levi. Pouco mais de nove anos após sua morte, ao final da reunião da noite de 25 de novembro de 1954, o Espírito Lourenço Prado se fez presente através do médium Chico Xavier, expressando sua visão ampliada sobre a questão sobre a qual tão bem abordou em sua recente passagem por nossa Dimensão. Inicia sua mensagem dizendo que “depois da morte física, empolgante é o quadro de surpresas que se nos descortina à visão, contudo, para nós, cultores do Espiritualismo, uma das maiores dentre todas é a confirmação do poder mental como força criadora e renovadora, em todas as linhas do Universo”. Afirma que “o Céu como domicílio espacial da beleza, existe realmente, porque não podemos imaginar o Paraiso erguido sobre um pântano, todavia, acima de tudo, o Céu é a faixa de pensamentos glorificados a que nos ajustamos, com todas as criaturas de nosso degrau evolutivo”. Acrescenta que “o Inferno, como sítio de sofrimento expiatório, igualmente não pode ser contestado, porque não será justo idear a existência do charco num templo vivo, mas, acima de qualquer noção de lugar, o Inferno é a rede de pensamentos torturados, em que nos deixamos prender, com todos aqueles que nos comungam os problemas ou as aflições de baixo nível”. Considera que “é preciso acordar para as realidades do mentalismo, a fim de nos desembaraçarmos dos grilhões do pretérito, criando um amanhã que não seja reflexo condicionado do ontem”. Explica que “a Lei concede-nos, em nome de Deus, na atualidade, o patrimônio de revelações do moderno Espiritualismo para aprendermos a pensar, ajudando a mente do mundo nesse mesmo sentido. O pensamento reside na base de todas as nossas manifestações. Evoluímos no curso das correntes mentais, assim como os peixes se desenvolvem nas correntes marinhas. Refletimos, por isso, todas as inteligências que se afinam conosco no mesmo tom. Na alegria ou na dor, no equilíbrio ou no desequilíbrio, agimos com todos os Espíritos, encarnados ou desencarnados, que, em nossa vizinhança, se nos agregam ao modo de sentir e ser”. Destaca que “saúde é o pensamento em harmonia com a lei de Deus. Doença é o processo de retificá-lo, corrigindo erros e abusos perpetrados por nós mesmos, ontem ou hoje, diante dela. Obsessão é a ideia fixa em situações deprimentes, provocando, em nosso desfavor, os eflúvios enfermiços das almas que se fixaram nas mesmas situações. Tentação é a força viciada que exteriorizamos, atraindo a escura influência que nos inclina aos desfiladeiros do mal, porque toda sintonia que nos inclina aos desfiladeiros do mal, porque toda sintonia com a ignorância, ou com a perversidade, começa invariavelmente da perversidade ou da ignorância que acalentamos conosco”. Pondera que “um prato de brilhantes não estimulará a fome natural de um cavalo, mas excitará a cobiça do homem, cujos pensamentos estejam desvairados até o crime. Lembremo-nos, assim, da necessidade de pensar irrepreensivelmente, educando-nos, de maneira a avançarmos para diante, errando menos. A matéria, que nos obedece ao impulso mental, é o conjunto das vidas inferiores que vibram e sentem, a serviço das vidas superiores que vibram, sentem e pensam. O pensamento raciocinado é a maior conquista que já alcançamos na Terra. Procuremos, desse modo, aperfeiçoar nossa mente e sublimá-la, através do estudo e do trabalho que nos enobreçam a vida. Felicidade, pois, é o pensamento correto. Infortúnio é o pensamento deformado. Um santuário terrestre é o fruto mental do arquiteto que o idealizou, com a cooperação dos servidores que lhe assinalaram as ideias”. Finaliza dizendo que “o Mundo Novo que estamos aguardando é construção divina, mentalizada por Cristo, na exaltação da Humanidade. Trabalhadores que somos, contratados por nosso Divino Mestre, saibamos pensar com ele para com ele vencermos”.



quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Curioso Diálogo

Tiptologia é uma forma de comunicação interdimensional (Plano material e espiritual), obtida pela sucessão de pancadas ou batidas curtas feitas em algum material rígido, usualmente madeira, produzindo ruídos. Os fenômenos que abriram caminho para o desenvolvimento das pesquisas encetadas por aquele que conhecemos como Allan Kardec, evoluíram dela para uma forma mais elaborada chamada tiptologia alfabética, na qual certo número de pancadas significava determinada letra do alfabeto ou  algarismo, de acordo com acerto prévio entre as partes comunicantes. No número de maio de 1868 da REVISTA ESPÍRITA, Kardec incluiu interessante material resultante dessa modalidade de intercâmbio entre duas Dimensões, que, como é obvio, dificulta sobremaneira fraudes ou charlatanismo. A matéria intitulada Impressões de Um Médico Materialista no Mundo dos Espíritos, contém oportunas e interessantes revelações, visto que, a todo momento desencarnam milhares de pessoas em nosso Plano Existencial, deparando-se com realidade inimaginada ou intencionalmente ignorada enquanto por aqui permanecem .No introito da  abordagem, o editor explica: -“Numa reunião íntima de família, em que se ocupavam de comunicações pela tiptologia, dois Espíritos conversavam, manifestando-se espontaneamente, sem nenhuma evocação prévia, e sem que pensassem neles: um era um médico, que designaremos pelo nome Phillippeau, morto recentemente e que, em vida tinha se declarado abertamente o mais absoluto materialista; o outro era o de uma mulher que assinou Saint Victoire. É esse diálogo que reproduziremos a seguir. É preciso destacar que as pessoas que obtiveram essa manifestação não conheciam o médico senão por sua reputação, mas não tinham qualquer ideia de seu caráter, hábitos, nem  opiniões; desse modo a comunicação,  de maneira nenhuma, poderia ser o reflexo do pensamento delas, e isto tanto menos quanto, obtida pela tiptologia, era inteiramente inconsciente. Vamos ao diálogo entre os dois Espíritos: Perguntas do médico: -“O Espiritismo me ensina que é preciso esperar, amar, perdoar; eu faria tudo isso se soubesse como começar. É preciso esperar o que? Perdoar o que e a quem? Amar a quem? Respondei-me”. Resposta de Saint Victoire: -“Há que esperar na Misericórdia de Deus, que é infinita; há que perdoar aos que vos ofenderam; há que amar ao próximo como a si mesmo; há que amar a Deus, a fim de que Deus vos ame e vos perdoe; há que orar e lhe render graças por todas as suas bondades, por todas as vossas misérias, porque miséria e bondade vem dele, isto é, tudo nos vem dele conforme o que tenhamos merecido. Aquele que expiou, mais tarde terá sua recompensa: cada coisa tem a sua razão de ser, e Deus, que é soberanamente bom e justo, dá a cada um segundo as suas obras”. O médico: -“Eu queria, de toda minha alma, vos satisfazer, senhora, mas temo muito não o poder inteiramente; contudo, vou tenta-lo. Uma vez morto, materialmente falando, pensava que tudo estivesse acabado; então, quando minha matéria ficou inerte, fui tomado de espanto, ao me sentir ainda vivo. Vi homens a me carregar e disse de mim para comigo:  -"Eu não estou morto! Então esses médicos imbecis não veem que eu vivo, respiro, ando, olho-os, sigo-os, a eles que vem ao meu enterro!...Que é então que enterram?...Então não sou eu...Escutava uns e outros: Esse Phillipeau, diziam , fez muitas curas; matou alguns; hoje é a sua vez; quando a morte chega nós ignoramos o tempo”. Por mais que gritasse: -“Mas Phillipeau não morre assim; não estou morto!”; não me escutavam, não me viam. Assim se passaram três dias; eu estava desaparecido do mundo, e me sentia mais vivo que nunca. Seja acaso, seja Providência, meus olhos caíram sobre uma brochura de Allan Kardec; li suas descrições sobre o Espiritismo, e me disse: Seria eu, por acaso, um Espírito? Li, reli e então compreendi a transformação de meu Ser; eu não era mais um homem, mas um Espírito!. Sim, mas então que tinha que fazer nesse mundo novo? Nessa nova Esfera? Eu vagava, procurava: encontrei o vazio, o sombrio, enfim o abismo. Então que tinha feito eu, ao deixar o mundo, para vir habitar essas trevas? Então o inferno é negro e foi nesse negro que caí? Porque? Porque trabalhei toda a vida? Por que empreguei minha vida a cuidar de uns e outros, a salvá-los quando minha ciência o permitia? Não! Não! Porque, então? Por que? Procura! Procura!.. Nada; não encontro nada”. Mergulhando em mais profundas reflexões, o médico, reconhece-se em “meio a longos combates em sua mente”. Admite que, no exercício de sua profissão, “a ambição era seu único propósito” Conclui, por fim,  ter feito “ tudo ao contrário do que devia. Aprendeu, cursou a ciência, não por amor à ciência, mas por ambição, para ser mais que os outros, para que falassem de mim. Tratei do próximo, não para o aliviar, mas para me enriquecer. Numa palavra, fui todo para a  matéria, quando se deve ser todo para o Espírito. Quais são hoje as minhas obras? A riqueza, a ciência; nada! Nada!. Tudo está para refazer”.