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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

As Premonições


O Espiritismo, no capítulo 16 do livro A GÊNESE, oferece interessante explicação para a curiosa experiência vivenciada por muitos sobre acontecimentos futuros envolvendo pessoas ou a coletividade. Historicamente é conhecido o sonho do presidente Abraham Lincoln antevendo a própria morte dias antes do atentado fatal de que foi vítima. Raros aqueles que não tiveram ou conhece alguém que não tenha tido um pressentimento, uma intuição ou mesmo um sonho horas, dias ou anos antes de sua consumação. O argumento utilizado por Allan Kardec para nos ajudar a entender como isso é possível vale-se da seguinte situação: dois indivíduos, um posicionado no alto de uma montanha e outro iniciando uma caminhada na direção de determinado destino. O primeiro do seu posto de observação abrange o todo, independente da distância, sem fixar detalhes. O segundo busca seu objetivo desconhecendo os acidentes do terreno, subidas e descidas, rios a transpor, matas a atravessar, subidas e descidas, lugares em que poderia descansar, eventuais ladrões postados para roubá-lo. O tempo para o primeiro é o presente, enquanto para o segundo, o futuro. Se o que está no alto desce e avisa o que está em baixo sobre um obstáculo e as dificuldades advindas diante dele, estará lhe predizendo o futuro. Comparativamente, Kardec diz que o do alto da montanha para o qual o espaço e a duração da jornada se apagam, é como os Espíritos desmaterializados. Para eles, a extensão e penetração de sua visão são proporcionais à sua depuração e elevação na hierarquia espiritual. Representam em relação aos Espíritos inferiores, como um homem armado de poderoso telescópio, ao lado daquele que não tem senão seus olhos, para os quais a visão é circunscrita, porque a grosseria do seu períspirito vela as coisas distantes, como o faz um nevoeiro para os olhos do corpo. Prossegue dizendo que “compreende-se, pois, que, segundo o grau de perfeição, um Espírito possa abarcar um período de alguns anos, meses, séculos e mesmo de milhares de anos, por que o que é um século diante do Infinito?”. Considera que o “dom da predição não é, pois, mais sobrenatural do que uma multidão de outros fenômenos, repousando sobre as propriedades da alma e a lei das relações do mundo visível e do invisível, que o Espiritismo vem fazer conhecer”. Explica que quando um homem deve concorrer para o progresso geral devendo certos acontecimentos resultar de sua cooperação, pode ser útil, em casos especiais, que ele os pressinta, a fim de preparar os caminhos, estando pronto para agir quando o momento chegar, razão pela qual, certas revelações são sempre feitas espontaneamente, jamais ou raramente, em resposta a uma pergunta direta. Surge como uma inspiração de Espíritos que a conhecem, sendo transmitida maquinalmente, com o desconhecimento do que se faz dela porta-voz. Pressente. É sabido que seja durante o sono, no estado de vigília, nos êxtases e na dupla-vista, a alma se liberta, vivenciando em grau maior ou menor, as faculdades do Espírito livre. Considera por isso, ser comum esta faculdade se desenvolver providencialmente, em certas ocasiões, nos perigos iminentes, nas grandes calamidades, nas revoluções. Adverte ser esta “faculdade inerente ao estado de espiritualização ou, querendo-se, de desmaterialização, ou seja, que a espiritualização produz um efeito que se pode comparar, embora muito imperfeitamente, ao da visão do conjunto do homem que está sobre a montanha”. Pondera, por fim que “os Espíritos verdadeiramente sábios, nada predizem para épocas fixas; limitam-se a nos prevenir sobre o resultado das coisas que nos é útil conhecer. Insistir para ter detalhes precisos é se expor às mistificações de Espíritos levianos, que predizem tudo o que se quer, sem se importarem com a verdade e se divertindo com os pavores e com as decepções que causam”

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