O educador oculto por traz do
pseudônimo Allan Kardec construiu a base de uma proposta que encaminha uma
aliança entre ciência e religião. Sóbria, equilibrada, esclarecedora.
Intelectual de amplos recursos publicou livros sobre a temática confirmando a
existência de uma realidade – espiritual -, determinante desta - material
-, bem como, a interação entre ambas; a pluralidade dos mundos habitados; o
sentido evolucionista da Criação, entre outros aspectos. O ultimo dos seus
trabalhos, produzido enquanto encarnado, A
GÊNESE, procura explicar de forma racional a origem de toda a realidade em
meio à qual existimos. Publicado em 1868, termina com três capítulos explicando
a lógica que há nas chamadas predições. Formula a TEORIA DA PRESCIÊNCIA
(capítulo XVI), analisa as PREDIÇÕES DO EVANGELHO (capítulo
XVII), finalizando com uma abordagem intitulada OS TEMPOS SÃO CHEGADOS
(capítulo XVIII). Praticamente ignorado pela comunidade científica de sua
época, seu esforço encontrou no Brasil, amplo campo de desenvolvimento. Segundo
se acredita devido à reencarnação em massa de voluntários altamente
comprometidos em vidas passadas, com desvirtuamentos nas tarefas de
despertamento e iluminação de Espíritos das diferentes Dimensões visíveis e
invisíveis. Como nada é por acaso, naturalmente isso atendia a planificação
programada nos bastidores de universos paralelos. E, como
a natureza não dá saltos, a maioria dos fracassados, conservava atavicamente as
influências das escolas religiosas a que estiveram ligados. Como consequência,
a Doutrina codificada por Allan Kardec fixou-se muito mais no que se poderia
chamar Espiritismo evangélico que nos seus aspectos científico/filosóficos.
Quando a resposta à questão 1018 d’ O
LIVRO DOS ESPÍRITOS, entre outros esclarecimentos, diz que “a
transformação da Humanidade foi predita e chegais a esse momento”, está
se referindo ao diálogo havido logo após Jesus e os discípulos terem saído do
templo, conforme preservado no capítulo 24 do Evangelho de Mateus (“ouvireis
falar de guerra e de rumores de guerra; tratai de não vos perturbardes,
porquanto é preciso que essa coisas se deem; mas, ainda não será o fim, pois
ver-se-á povo levantar-se contra povo e reino contra reino; e haverá pestes,
fomes e tremores de terra em diversos lugares – todas essas coisas serão apenas
o começo das dores”) e no capítulo 21 de Lucas(“Haverá
sinais no Sol, na Lua e nas Estrelas, sobre a Terra haverá
angústia das nações em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas”).
Os falsos profetas que se levantariam
seduzindo muitas pessoas e a iniquidade abundante que esfriaria a caridade de
muitos, prevista naquela conversa estão aí para quem quiser ver. Após dar sua
visão sobre esses prognósticos, Kardec encerra seu último livro deixando aos leitores
uma quantidade razoável de argumentos que demonstram que a Terra já vivenciava
o final de mais um ciclo evolutivo, semelhante a outros transcorridos
periodicamente no orbe terreno. Mas, o que poucos sabem é que praticamente a integra do capítulo 18, na
verdade é “um conjunto
de reflexões desenvolvidas a partir das instruções dadas pelos Espíritos sobre
o mesmo assunto, num grande número de comunicações, a ele dirigidas e a outras
pessoas”. Acrescido a elas, incluiu “o resumo de várias palestras
que teve através de dois médiuns no processo chamado por ele de sonambulismo
extático, e que, ao despertar, não conservavam nenhuma lembrança”. Segundo escreveu no número de outubro de 1866 da REVISTA ESPÍRITA, coordenou
metodicamente as ideias, a fim de lhes dar mais sequência, eliminando todos os
detalhes e acessórios supérfluos. Explicou também que os pensamentos foram
reproduzidos muito exatamente, e as palavras também textualmente, tanto quanto
foi possível recolhê-las pela audição. A observação dos acontecimentos havidos,
desde um século antes do surgimento do Espiritismo até os dias atuais, num
aceleramento crescente, confirmam a veracidade dos prognósticos ali agrupados.
Allan Kardec admirado pelo seu bom senso, não parece ter errado justamente
naquela que se constituiu no fechamento do chamado Pentateuco espírita.
Lamentavelmente, porém, desconhecida pelos próprios seguidores do Espiritismo.
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