Três anos antes de sua morte
aos 77 anos, o engenheiro, matemático, coronel, pesquisador e ex-administrador
da Escola Politécnica de Paris, Albert de Rochas publicou o
penúltimo dos seus 18 livros: AS VIDAS
SUCESSIVAS – documentos para o estudo desta questão (2002, lachâtre). A obra, segundo se
conclui, não só eleva a reencarnação da condição de crença de caráter religioso
ou ocultista, mas, também abre caminho para as pesquisas sobre existências
passadas através da regressão de memória, hoje praticada inclusive com fins
terapêuticos. Aparentemente por acaso, visto que as pesquisas de Rochas
pretendiam aprofundar-se nas observações em torno do magnetismo,
introduzido no início do século 19 na França por Franz Anton Mesmer.
Dividido em quatro partes mais uma conclusão, o livro reúne elementos que lhe
atestam a seriedade, reproduzindo no capítulo 2 da Segunda Parte, um resumo
analítico das 19 experiências feitas por Rochas entre os anos de 1892 a 1910.
Explica que em suas reuniões experimentais foram testemunhadas por vários
convidados e que sempre tomou o cuidado de ter presente uma terceira pessoa que
não corria o risco de ser influenciada - como ele talvez -, encarregada de
fazer as anotações da evolução do trabalho. Revela que suas primeiras constatações
relativas à regressão de memória se deram um ano depois da primeira
experiência, ou seja, em 1893. A ordenação dos Casos obedece a uma cronologia,
sendo que as referentes a 1892 por não terem a finalidade específica de
regredir as pessoas observadas, foram colocadas no final da série. No ano de
1904, foram desenvolvidos cinco experimentos, sendo que três por completo e
outros dois, com desdobramentos em anos posteriores. Um deles, identificado
como o Caso número 3, contou no seu
estudo com a participação do diretor da Escola de Medicina e Farmácia, Dr
Bordier, materialista por educação, embora de espírito aberto para
modificar suas opiniões diante da evidência dos fatos. A pessoa – chamada por
ele sujet - usada para a
experiência foi uma mulher de 35 anos chamada Eugénie, viúva com dois
filhos, que ganhava a vida na época fazendo faxinas e que, enquanto seu marido
era vivo, trabalhava numa fábrica de luvas, tendo ambos boa remuneração. De
natureza apática, muito sincera, pouco curiosa, demonstrava saúde excelente.
Através da aplicação de passes longitudinais, a certa altura, vê escorrer de seus olhos uma
lágrima, ouvindo dela estar com 21 anos, tendo acabado de perder um
filho; noutro momento, toma o pesquisador por seu marido ante uma ação dele,
informando ter 17 anos, tendo se caso recentemente. Aos 14, um grito de pavor
após brusco sobressalto, viu surgirem ao seu lado os “fantasmas” da avó e de
uma tia, falecidas recentemente, com dias de intervalo; aos 11
anos, faz a primeira comunhão revelando como maiores pecados, ter
desobedecido a avó algumas vezes e subtraído sem autorização do bolso de seu
pai uma moeda, pelo que sentiu muita vergonha mesmo após o pedido de desculpas.
Aos 9
anos, revela ter perdido a mãe oito dias antes, sentindo-se muito triste, sendo
enviada da cidade onde morava, para a casa do avô em Grenoble, a fim de
aprender costura, tendo abandonado a escola por já saber ler, escrever e
contar. Com 6 anos, frequenta a escola em Vianay e já sabe escrever
bem e, com 4, toma conta da irmã menor, começando a fazer exercício
gráfico-motores e a escrever as primeiras letras do alfabeto: a,e,i,o,u. Em
outras sessões, ela é levada à fase de amamentação; à vida
num Plano indeterminado, à uma existência anterior,
identificando-se pelo nome de então, fornecendo dados sobre a família em que
reencarnara. Desperta, reconstitui em sentido contrário todas as fases
assinaladas, dando outros detalhes recuperados pelas perguntas formuladas. O
mais surpreendente desta experiência é que de Rochas fez Eugénie envelhecer pouco a
pouco. Com 37 anos ( contava 35), manifestou todos os sintomas de
um parto e a vergonha deste acontecimento, pois não havia casado novamente.
Isso devia passar-se em 1906, parecendo, alguns meses depois, que ela parecia
afogar-se. Induzida a envelhecer mais dois anos, novos sintomas de parto,
levando o pesquisador a pensar que ela divagava, provocando seu despertar. Concluindo
o relato da experiência, a observação mais impressionante: tudo que ela havia predito
aconteceu. Tornou-se amante de um operário de fabrica de luvas,
engravidando de uma criança em 1906. Pouco depois, desesperada, joga-se no Rio
Isère, sendo salva, agarrada por uma perna. Por fim, em 1909, deu à luz
uma segunda vez, sobre uma das pontes do mesmo Rio Isère, onde foi
tomada pelas dores do parto, retornando de suas faxinas.
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