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quarta-feira, 16 de abril de 2014

NÃO EXISTE RETROCESSO



No número de março de 1859 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec procura esclarecer dúvida levantada por correspondente da publicação em torno de questão moral, cuja resposta pode nos auxiliar a entender como surgem no organismo social, de vez em quando, casos de indivíduos canibais, outros, dados ao esquartejamento ou decapitação do corpo dos seus semelhantes, outros ainda a ocupações como açougueiros nos matadouros ou carrascos que executam as sentenças de morte deliberadas pelos critérios da justiça ou da religião, como se vê ainda em alguns países ou regiões da Terra.  Contrariamente à ideia genérica do Espírito escolher voluntariamente suas mais marcantes experiências e provas futuras, o bom senso diz que essa possibilidade apenas contempla aqueles que já atingiram certo estagio evolutivo. A maioria retorna às lides da nossa Dimensão submetidos à inflexibilidade da Lei de Causa e Efeito, ou seja, do Determinismo capaz de impor ao infrator da citada Lei as repercussões das suas ações, induzindo seu progresso na escala evolutiva. Acompanhemos o raciocínio de Kardec: -“É evidente, que um Espírito já adiantado, como, por exemplo, o de um europeu esclarecido, não poderá escolher como via de progresso uma existência selvagem: em vez de avançar, retrogradaria. Sabem, entretanto, que os próprios antropófagos não se encontram no último degrau da escala e que há mundos onde o embrutecimento e a ferocidade não tem analogia na Terra. Esses Espíritos são ainda inferiores aos mais atrasados do vosso mundo. Vir, pois, entre os nossos selvagens é-lhes um progresso. Se não visam um ponto muito alto, é que sua inferioridade moral lhes não permite compreender um progresso mais completo. Só gradativamente pode o Espírito progredir: deve passar sucessivamente por todos os graus, de modo que cada passo à frente seja uma base para assentar um novo progresso. Ele não pode transpor de um salto a distância que separa o barbárie da civilização, assim como o estudante não transporá, sem transições, do A B C à retórica.  É nisto que vemos uma das necessidades da reencarnação, que é realmente segundo a justiça de Deus. De outro modo, que seria desses milhões de seres que morrem no último estado de depravação, se não tivessem meios de atingir à superioridade? Porque os teria Deus deserdado dos favores concedidos aos outros homens? Repetimo-lo, por ser ponto essencial: à vista de sua curta inteligência, só compreendem o que é melhor do seu ponto de vista e em estreitos limites. Há, entretanto, alguns que se transviam, por quererem subir muito alto e que nos dão o triste espetáculo da ferocidade no meio da civilização. Voltando ao meio dos canibais, estes ainda lucrarão. Estas considerações também se aplicam às profissões. Elas oferecem evidente superioridade relativa para certos Espíritos, e é neste sentido que devemos conceber a escolha por eles feita. Na mesma posição, elas podem ser escolhidas como expiação ou como missão, porque nenhuma existe na qual se não possa fazer o Bem e progredir pela própria maneira de as exercer. Quanto a saber o que seria dessas profissões caso nenhum Espírito as quisesse exercer, está respondida pelo fato. Desde que os Espíritos que as alimentam vem mais de baixo, não é para temer o desemprego. Quando o progresso social permitir a supressão do ofício de carrasco, desaparecerá o lugar, mas não os candidatos: estes irão apresentar-se entre povos, ou, entre outros mundos menos adiantados”. Como esclarece mensagem reproduzida no capítulo 3 d’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, “não são todos os Espíritos encarnados na Terra que se encontram em expiação(...). Os Espíritos em expiação aí estão, se assim nos podemos exprimir, como estrangeiros. Já viveram em outros mundos, dos quais foram excluídos por sua obstinação no mal, que os tornava causa de perturbação para os bons. Foram relegados por algum tempo, entre os Espíritos mais atrasados, tendo por missão faze-los avançar, porque trazem uma inteligência desenvolvida e os germes dos conhecimentos adquiridos. É por isso que os Espíritos punidos se encontram entre as raças mais inteligentes, pois são estas também as que sofrem mais amargamente as misérias da vida, por possuírem maior sensibilidade e serem mais atingidas pelos atritos do que as raças primitivas, cujo senso moral é mais obtuso”.

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