A superprodução
norte-americana NOÉ recentemente lançada em circuito mundial de cinema, abre
espaço para revermos aspectos da lenda bíblica que, aparentemente, foi
disseminada no lado ocidental da Terra pelo registro de Moisés no livro Gênesis,
capítulo VII, versículos de 1 a 16. Pesquisas em outros épicos literários
ligados à escolas religiosas da Antiguidade, mostram, porém, que o relato está
presente em remotas civilizações onde o presumível autor do Gênesis
teria se baseado. Um deles, remonta ao século 25 antes de Cristo,
tendo sido descoberto nas ruínas do palácio de Nínive, na Babilônia (atual
Iraque), mais especificamente na Biblioteca de Assurbanipal. Trata-se das doze
laminas de barro com as inscrições cuneiformes de Gilgamesh, o semi-lendário
rei da Suméria, personagem central da Epopéia de Gilgamesh. Na décima
primeira das lâminas, encontra-se a lenda do diluvio tal como a encontrada na Gênesis de Moisés, inclusive as
mesmas expressões de arrependimento de Deus,
as mesmas descrições nos seus menores detalhes, segundo estudiosos mais vivas e
mais completas do que no texto hebraico. Escritos históricos dos hindus,
africanos, gregos, astecas, incas, maias, pascuenses, chineses e, por ocasião
da descoberta do Brasil, índios que habitavam a parte que hoje se chama Rio de
Janeiro, já possuíam uma lenda a respeito do dilúvio. Analisando a questão no
capítulo 9 do livro A GÊNESE, os
milagres e as predições segundo o Espiritismo, Allan Kardec afirma: -“O
diluvio bíblico, também conhecido pela denominação de ‘grande dilúvio
asiático’, é fato cuja realidade não se pode contestar. Deve tê-lo ocasionado o
levantamento de uma parte das montanhas daquela região, como registrado no
século 18, por volta de 1750, México. Segundo consta no livro A TERRA ANTES DO
DILUVIO, de Luiz Figuier, “a seis dias de marcha da capital mexicana, existia
uma região fértil e bem cultivada, onde se produzia com abundância arroz,
milho, bananas. No mês de junho, pavorosos tremores de terra abalaram o solo,
renovando-se continuamente durante dois meses inteiros. No noite de 28 para 29
de setembro, violenta convulsão se produziu: um território de grande extensão
entrou a erguer-se pouco a pouco e acabou por alcançar a altitude de 152 metros
numa superfície de 60 mil metros quadrados. O terreno ondulava, como as vagas
do mar ao sopro da tempestade, milhares de montículos se elevavam e afundavam
alternadamente; afinal, abriu-se um abismo de perto de 21 quilômetros quadrados,
donde eram lançados a prodigiosa altura de fumo, fogo, pedras esbraseadas e cinzas.
Seis montanhas surgiram desse abismo hiante, entre as quais o vulcão a que foi
dado o nome de Jorullo, que agora se eleva a 550 metros acima da antiga
planície. No momento em que principiaram os abalos do solo, os dois rios
Cuitimba e San Pedro, refluindo, inundaram toda a planície hoje ocupada pelo
Jorullo; no terreno, porém, que sem cessar de elevava, outro sorvedouro se
abriu e os absorveu. Os dois, reapareceram mais tarde, a oeste, num ponto muito
afastado de seus antigos leitos”. Corrobora esta opinião a existência de um mar
interior, que ia outrora do Mar Negro ao Oceano Boreal, comprovada pelas
observações geológicas. O mar de Azov, o Mar Cáspio, cujas águas são salgadas,
embora nenhuma comunicação tenham com nenhum outro mar; o lago Aral e os inúmeros
lagos espalhados pelas imensas planícies da Tartália e as estepes da Rússia
parecem restos daquele antigo mar. Por ocasião do levantamento das montanhas do
Cáucaso, posterior ao dilúvio universal, parte daquelas águas foi recalcada
para o norte, na direção do Oceano Boreal; outra parte, para o sul, em direção
ao Oceano Índico. Estas inundaram e devastaram precisamente a Mesopotâmia e
toda a região em que habitaram os antepassados do povo hebreu. Embora esse dilúvio se tenha estendido por uma superfície
muito grande, é atualmente ponto averiguado que ele foi apenas local; que não
pode ter sido causado pela chuva, pois, por mais copiosa que esta fosse e ainda
que se prolongasse por 40 dias, o calculo prova que a quantidade de água caída
das nuvens não podia bastar para cobrir toda a Terra, até acima das mais altas
montanhas. Para os homens de então, que não conheciam mais do que uma extensão
muito limitadas da superfície do Globo e que nenhuma ideia tinham da sua
configuração, desde que a inundação invadiu os países conhecidos, invadida
fora, para eles, a Terra inteira. Se a essa crença aditarmos a forma imaginosa
e hiperbólica da descrição, forma peculiar ao estilo oriental, já não nos
surpreenderá o exagero da narração bíblica”.
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