Esclarece o Espiritismo que “as
dificuldades por nós enfrentadas nesta Dimensão, tem o tamanho de nossa
capacidade de suportação”. Certamente, convivendo por décadas com desesperados
pela inesperada perda de entes amados, Chico Xavier costumava dizer não
existir dor maior que a de uma mãe ante a morte de seu filho. Nesse
sentido, o médium fez-se ponto de interação entre diferentes Planos
Existenciais, constituindo-se como definiram no “carteiro de Deus”. Centenas
de Espíritos, testemunharam aos que ficaram, sua sobrevivência. Explicando o “por
que” do sofrimento de pais que se veem privados do convívio físico dos filhos
pelas mortes prematuras, o Espírito André Luiz, nos repassa no livro AÇÃO E REAÇÃO (feb,1957), comentário do
Instrutor Druso, segundo a qual “a
dor coletiva é o remédio que nos corrige as falhas mutuas”, sendo os
envolvidos, “cumplices de delitos lamentáveis do passado ou pais que faliram junto
dos filhos, em outras épocas”. Do substancial acervo citado, recolhemos
mais alguns casos de vítimas da violência. Registram os primeiros momentos após
o “desembarque”
no Mundo Espiritual. CASO 1- SRGM, 28 anos, solteiro, médico,
alvejado em roubo de seu carro, após ter deixado sua namorada em casa: DEPOIMENTO: - “Infelizmente, o projétil que me foi atirado alcançou o alvo, e não
pude reter a mim próprio no corpo, que em perdas de sangue exauria. Possuía em João Pessoa, a jovem que aspirava
a adquirir por esposa, e estava a reconduzi-la para casa quando, ao voltar para
o meu recanto, fui assaltado por irmãos infelizes que me alvejaram e tomaram o
carro à força, sem que eu pudesse me defender. Lembrei-me, porém, das velhas e
sempre novas orações que minha mãe me fazia repetir todas as noites, em criança,
e deixei o corpo entre a esperança em Deus e a saudade do lar. Estou bem,
Estejam tranquilos (...). Encontrei com vários colegas que comunicaram que no
Plano Espiritual existem mais doentes do que na própria Terra”. (GRATIDÃO E
PAZ, ide). CASO 2 – AMC, 24
anos, solteiro, formando em Engenharia Química, alvejado durante assalto. DEPOIMENTO: - “Ainda me sinto chocado com o assalto de que a Jane e eu fomos vítimas.
Esperávamos o documento de que precisávamos e dialogávamos com alegria, quando
nossos irmãos infelizes nos intimaram de armas na mão. Por que estranhasse em
voz alta aquela violência toda, o tiro partiu de um deles, alcançando-me uma
das vértebras, varando tecido delicado da medula. Num relance, compreendi tudo,
enquanto os assaltantes fugiram depressa, naturalmente receando represálias por
parte de amigos que, de imediato, nos chegaram (...). Conduzido ao socorro,
ainda pude notar o olhar de comiseração dos médicos e amigos; no entanto, o meu
pensamento esmoreceu no cérebro e dormi pesadamente no chamado torpor da morte
(...). Despertei num lugar aprazível, cercado de árvores”. (GRATIDÃO E PAZ,
ide). CASO 3 – OT; 21
anos, solteiro, comerciante, alvejado ao sair em defesa do pai durante assalto
à sua Casa Lotérica. DEPOIMENTO:
-“Estou
a recordar nossa reunião em casa, ao fundo da loja e a chegada repentina dos
infelizes irmãos que nos ameaçaram. Lembro-me de que o sangue me subiu à cabeça
e me coloquei na defesa do papai, quando o tiro explodiu e o projétil me
alcançou. Detive-me por momentos, no esforço que me quebrantou o ânimo, no
entanto, era impossível erguer-me e seguir no encalço dos pobres amigos que nos
experimentavam a fé. Tive momentos de lucidez e dei graças a Deus ao ver que o
papai e Omar estavam livres da agressão. Enquanto me via no centro das aflições
gerais, concentrei-me na oração, rogando a Jesus me fizesse aceitar a provação
sem revolta e, aos poucos, como que se fez noite para meus olhos, quando
estávamos em pleno dia. Em seguida a isso, minhas energias esmoreceram de todo.
Por fim o sono, um torpor implacável que me invadiu todo o corpo, a ponto de
não conseguir mover um dedo. Depois, o esquecimento. A memória fugira(...).
Chegou, porém, o instante em que despertei vagarosamente (...). Do projétil
nada me restava senão leve dor no local ferido”.(AMOR E SAUDADE, ideal) CASO
4 – FQ, 48 anos, casado,
três filhos, dois netos, motorista de caminhão, vitimado por dois caronas no
trecho entre Belém (PA) e Brasília (DF): DEPOIMENTO:
-“Dei
abrigo a dois companheiros que rogavam socorro na estrada, mal sabendo que
instalara comigo aqueles mesmos irmãos que me furtariam a vida. Pedi compaixão
para o pai de família que eu era, falei de você e em nossos filhos, e quis
colocar-me de joelhos (...). Vi que me abatiam como se eu fosse um animal no
matadouro, mas pensei em Deus e aceitei com resignação o golpe que me impunham.
Que poder prodigioso exerce a cruz do Cristo sobre nós nas grandes horas da
vida quando a vida se abeira da morte por violência. Quando me entreguei a Ele,
Nosso Senhor e Mestre, depondo você e os filhos, por imaginação, nos braços de
Quem, quanto Ele, é a nossa salvação e nossa luz, a paz me penetrou o Espírito
e adormeci”. (REENCONTROS, ide)
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