A grande quantidade de obras
mediúnicas atualmente publicadas em nome do Espiritismo, semeando “revelações”
de conteúdo duvidoso e discutível, empolga leitores sem conhecimentos mais
aprofundados e editores ávidos de investimento com retorno garantido. O surrealismo
de algumas obras bem demonstram, o quanto os interesses dos que trabalham
contra o progresso espiritual das criaturas se evidencia. Os 50 anos que nos
separam da opinião – “os milhões de Espíritos inferiores que
cercam a Humanidade possuem seus médiuns, impossível negar isso” -,
colhida pelo Espírito André Luiz junto ao também Espírito Gabriel
Delanne, no dia 20 de agosto de 1965, em Paris, França, e reproduzida
no livro ENTRE IRMÃOS DE OUTRAS TERRAS,
(1965, feb) mostram o acerto do comentário. Na seção Instruções do Espíritos do
numero de dezembro de 1863, da REVISTA
ESPÍRITA, encontramos interessante e atualíssima mensagem escrita pelo
Espírito Erasto, através do médium Sr. D’Ambel, em fevereiro
daquele ano, confirmando isso. Identificando-se como um discípulo de São
Paulo, apóstolo, Erasto desempenhou importante papel
nos bastidores espirituais da Codificação, tendo 15 de seus trabalhos incluídos
por Kardec, em diferentes edições da
REVISTA ESPÍRITA, além de opiniões
n’ O LIVRO DOS MÉDIUNS e textos n’ O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. Entre
as observações contidas na extensa mensagem intitulada Os Conflitos,
destacamos: - “Há no momento uma recrudescência de obsessão, resultado da luta que,
inevitavelmente, devem sustentar as ideias novas contra seus adversários
encarnados e desencarnados. Habilmente explorada pelos inimigos do Espiritismo,
a obsessão é uma das provações mais perigosas que ele terá de sofrer, antes de
se fixar de maneira estável no espírito das populações; assim, deve ser
combatida por todos os meios possíveis e, sobretudo, pela prudência e pela
energia de vossos guias, espirituais e terrestres. De todos os lados surgem
médiuns com supostas missões, chamados, ao que dizem, a tomar em mãos a
bandeira do Espiritismo e plantá-la sobre as ruinas do Velho Mundo (...). Não
há individualidade, por medíocre que seja, que não tenha encontrado, como
Macbeth, um Espírito para lhe dizer: -“Tu também serás rei”, e que não se
julgue designada a um apostolado muito especial. Há poucas reuniões íntimas e,
mesmo, grupos familiares, que não tenham contado entre seus médiuns ou seus
simples crentes, uma alma bastante enfatuada para se julgar indispensável ao
sucesso da grande causa, muito suntuosa para se contentar com o modesto papel
de obreiro, trazendo a sua pedra do edifício. Quase todos os médiuns, em seu
início, são submetidos a essa perigosa tentação. Alguns resistem; mas muitos
sucumbem, ao menos por algum tempo, até que cheques sucessivos venham
desiludi-lo (...). E que querem certos Espíritos da erraticidade fomentando,
entre as mediocridades da encarnação, essa exaltação do amor próprio e do
orgulho, senão entravar o progresso”. Citando aqueles que revelam
certos acontecimentos que se vão realizar, fixando épocas, precisando datas;
outros, que prometem fortuna fácil, descobertas maravilhosas, a glória, honrarias,
enfim, numa palavra, Espíritos perversos, considera que nada mais fazem que
explorar todas as ambições e cobiças dos homens. Aponta como principal
resultado dessas ações, “as decepções, os dissabores, o ridículo,
por vezes a ruína, justa punição do orgulho presunçoso, que se julga chamado a
fazer melhor que todo mundo, desdenha os conselhos e desconhece os verdadeiros
princípios do Espiritismo”. Destaca que “o número dos médiuns é hoje
incalculável e é desagradável ver que as almas se julgam os únicos chamados a
distribuir a verdade ao mundo e se extasiam ante banalidades que consideram
monumentos (...). Como se a verdade tivesse esperado sua vinda para ser
anunciada. Alerta: -“É urgente que vos ponhais em guarda contra
todas as publicações de origem suspeita, que parecem, ou vão parecer,
contrárias a todas as que não tivessem uma atitude franca e clara, e tende como
certo que muitas são elaboradas nos campos inimigos do Mundo visível ou no
invisível, visando a lançar entre vós os fachos da discórdia(..) Tende
igualmente como certo que todo Espírito que a si mesmo se anuncia com um Ser
superior e, sobretudo, como de uma infalibilidade a toda prova, ao contrário, é
o oposto do que se anuncia pomposamente”. Finalizando sua comunicação, Erasto,
otimista, avalia que “esse conflito, é inevitável, porque o homem
é manchado de muito orgulho e egoísmo, para aceitar sem oposição uma verdade
nova qualquer; digo mesmo que esse conflito é necessário, porque é o atrito que
desfaz as ideias falsas e faz ressaltar a força das que resistem. Em meio a
esta avalanche de mediocridades, de impossibilidades e de utopias
irrealizáveis, a Verdade, esplendida, espalhar-se-á na
sua grandeza, e, na sua majestade”.
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