Explica Allan Kardec que “um
indivíduo renasce na mesma família, ou, pelo menos, os membros de uma família
renascem juntos para constituir uma família nova noutra posição social, a fim
de apertarem os laços de afeição entre si, ou reparar agravos recíprocos. Por
considerações de ordem mais geral, a criatura renasce no mesmo meio, na mesma
nação, na mesma raça, quer por simpatia, quer para continuar, com os elementos
já elaborados, estudos começados, para se aperfeiçoar, prosseguir trabalhos
encetados e que a brevidade da vida não lhe permitiu acabar. A reencarnação no
mesmo meio é a causa determinante do caráter distintivo dos povos e das raças.
Embora melhorando-se, os indivíduos conservam o matiz primário, até que o
progresso os haja completamente transformado”. Acrescenta que “os
Espíritos se esclarecem pela experiência; o infortúnio é o estimulante que os impele
a procurar um remédio para o mal; na erraticidade (passagem pelo Mundo
Espiritual), refletem, tomam novas resoluções e, quando voltam, fazem coisa melhor.
É assim que, de geração em geração, o progresso se efetua”.
Acrescendo-se a isso a total ignorância sobre o assunto dominante na Humanidade
terrena, o baixíssimo nível de aproveitamento espiritual de uma existência em
que apenas um terço do tempo disponível numa encarnação é objetivamente
aproveitado já que um terço é dispendido no refazimento diário através do sono físico das energias gastas no estado de vigília, e, outro terço representa o
desenvolvimento à vida adulta, deduz-se ser lento o trabalho de harmonização
entre os Espíritos interligados por transgressões à LEI DE CAUSA E EFEITO. Exemplo
interessante, encontramos no excelente livro A PSIQUIATRIA EM FACE DA REENCARNAÇÃO, uma das poucas escritas pelo
psiquiatra Inácio Ferreira enquanto encarnado. Como se sabe, ele foi um dos precursores da terapia desobsessiva, introduzida nos tratamentos
ministrados no Sanatório Espírita de Uberaba do qual foi diretor clínico por
várias décadas desde sua fundação por iniciativa da extraordinária médium Maria
Modesto Cravo. Vamos ao caso, cujo conhecimento chegou ao Dr Inácio
através de uma carta da família. EFEITO - Médico, diretor clínico de hospital especializado em recuperação de viciados,
casado, pai de três filhos, dois homens e uma mulher. No primeiro ano de vida
conjugal, experimentou um relacionamento marcado por brigas, discussões,
crises, insatisfação, em face do ciúme doentio e desconfiança da esposa, o que
foi atenuado pelo nascimento do primeiro filho. Logo, nasce o segundo. Mais
tarde, numa fase em que esboçava a dissolução do lar, mantendo-se desanimado e
abatido psiquicamente, o que o impedia de desempenhar com eficiência seu
trabalho, nasce a filha, que representaria o escudo amortecendo os choques
resultantes da perseguição da esposa, as brigas e desentendimentos entre os
irmãos, além do comportamento do mais velho que, mimado pela mãe, começava, às
escondidas uma vida de desregramentos e orgias. CAUSA - Suas
desventuras atuais originaram-se duas existências antes, quando levando uma
vida nômade, em meio às suas viagens, conhece numa vila de pescadores na
Noruega, uma órfã com a qual passa a conviver por dois anos, até abandoná-la no
Porto de Marselha, já em estado de gestação. Na encarnação seguinte, nos
Estados Unidos, em meio a muitas dificuldades, forma-se médico, casando-se com
a mesma que lhe fora esposa na vida anterior, tendo iniciadas as torturas após
o consórcio, com a cisma exacerbada da mulher abandonada no passado, até que
ela foge com outro, levando a filha resultante de sua união com ele. Combalido,
sentindo-se o maior dos sofredores, envolveu-se no tráfico de entorpecentes,
integrando-se de corpo e alma no
comércio de tóxicos. Rebelando-se um dia por questões comerciais, foi
apunhalado por um dos comparsas, morrendo em consequência dos ferimentos.
Desencarnado, sentiu o peso da sua culpa e o horror de suas contraditórias
atividades – como médico, restituindo a saúde, e, como traficante, espalhando
desventuras, misérias, esfacelando vidas e lares, mantendo-se firme no
propósito de numa nova reencarnação ressarcir o mal que havia espalhado,
disposto a, novamente como médico, amparar os infelizes que se entregam as
dependências químicas. Reconduzido à nova vida, após brilhante curso, já
integrado na nova missão, casa-se com a mesma companheira que numa existência ,
havia abandonado e, noutra, fora por ela abandonado. Assim sendo, a esposa de hoje é a mesma de ontem; o
primeiro filho, aquele pelo qual a esposa o abandonara
na vida pregressa; o segundo, o que o prostrara a punhaladas e a filha, aquela
que desprezara ao abandonar a mãe em Marselha e que havia, na vida seguinte,
trabalhado como enfermeira- auxiliar no hospital no qual clinicara nos Estados
Unidos e que o assistiu no momento da morte.
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