Afirma
a Ciência que três segundos é o tempo que uma informação leva para ser
arquivada em nossa memória e que esta é quem orienta nossas ações. A propósito
da memória Allan Kardec escreveu que no início de sua caminhada evolutiva,
“limitado
em suas ideias e aspirações, tendo circunscrito seus horizontes, o homem
precisa gravar todas as coisas e identifica-las, a fim de guardar delas
apreciável lembrança e basear seus estudos nos dados que haja reunido. Pelo
sentido da visão foi que lhe vieram as primeiras noções do conhecimento. Foi a
imagem de um objeto que lhe ensinou a existência desse objeto. Quando conheceu
muitos objetos, tirou deduções das impressões diferentes que eles lhe produziam
no íntimo do Ser, fixou na inteligência a quintessência deles por meio do
fenômeno da memória. Ora, que é a memória, senão uma espécie de álbum mais ou
menos volumoso, que se folheia para encontrar de novo as ideias apagadas e
reconstituir os acontecimentos que se foram? Esse álbum tem marcas nos pontos
capitais. De alguns fatos o individuo imediatamente se recorda; para
recordar-se de outros, é-lhe necessário folhear por longo tempo o álbum. A
memória é como um livro!. Aquele em que lemos algumas passagens facilmente
nô-las apresenta aos olhos; as folhas virgens ou raramente perlustradas tem que
ser folheadas uma a uma, para que consigamos reconstituir um fato sobre o qual
pouco tenhamos demorado a atenção. Quando o Espírito encarnado se lembra, sua
memória lhe apresenta, de certo modo, a fotografia do fato que ele procura”.
Essa dinâmica está amplia-se quando considerada a realidade da influência
dos Espíritos em nossos pensamentos e atos, como revela a questão
459 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, pois,
segundo pondera Allan Kardec, “em geral, os encarnados que nos cercam nada
veem; o álbum se acha em lugar inacessível ao olhar deles; mas os Espíritos o
veem e folheiam conosco. Em dadas
circunstâncias, podem mesmo, deliberadamente, ajudar a nossa pesquisa,
ou perturbá-la. O que se produz de um encarnado para um desencarnado também se
verifica do desencarnado para o vidente. Quando se evoca a lembrança de certos
fatos da existência de um Espírito, apresentasse-lhe a fotografia desses fatos;
e o vidente, cuja situação espiritual é análoga à do Espírito livre, vê como
ele e, até, em determinadas circunstâncias, vê o que o Espírito não vê por si
mesmo, tal como um desencarnado pode folhear a memória de um encarnado, sem que
este tenha disso consciência e lembrar-lhe fatos de há muito esquecidos. Quanto
aos pensamentos abstratos, por isso mesmo que existem, tomam corpo para
impressionar o cérebro; tem de agir naturalmente sobre este e, de certo modo,
gravar-se nele. Ainda neste caso, como no primeiro, parece perfeita a semelhança
entre os fatos da Terra e do espaço”. Entendido este ponto, Kardec
acrescenta: “Sendo os fluidos o veículo do pensamento, este atua sobre aqueles
outros como o som atua sobre o ar; eles nos trazem o pensamento como o ar nos
traz o som. Pode-se, pois, dizer, com verdade, que há ondas nos fluidos e
radiações de pensamento, que se cruzam sem se confundirem, como há, no ar,
ondas e radiações sonoras. Ainda mais: criando imagens fluídicas, o
pensamento se reflete no envoltório perispirítico como num espelho, ou, então,
como essas imagens de objetos terrestres que se refletem nos vapores do ar,
tomando aí um corpo e, de certo modo, fotografando-se (...). É assim que
os mais secretos movimentos da alma repercutem no invólucro fluídico. É assim
que uma alma pode ler noutra alma como num livro e ver o que não é perceptível
aos olhos corporais. Estes veem as impressões interiores que se refletem nos
traços fisionômicos: a cólera, a alegria, a tristeza; a alma, porém, vê nos
traços da alma os pensamentos que não se exteriorizam”. Salienta Kardec
que “embora
vendo a intenção e pressentindo a execução do ato consequente, não pode
determinar o momento em que será executado; seus pormenores; nem afirmar que pode
se realizar; por estar sujeito a: 1- circunstâncias posteriores;
2- ao livre arbítrio da pessoa
e, 3- acima de tudo, a uma
Vontade Superior que pode, em sua sabedoria, permitir-lhe a revelação ou impedi-la;
caso em que um véu impenetrável é lançado sobre a mais perspicaz percepção
psíquica”.
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