Não foram três semanas, meses
ou anos, mas três décadas. Grande parte das experiências relatadas no livro TRINTA ANOS ENTRE OS MORTOS, publicado
em 1924, pelo médico americano Dr Carl A. Wickland. Nada a ver
diretamente com o Espiritismo. Na verdade, tudo começou de forma inesperada,
quando, certa tarde, chegando em casa encontrou sua mulher experimentando súbito
mal estar, queixando-se de estranhas sensações. Quase caindo, subitamente,
mudou de comportamento, indagando do marido: - Que história é esta de me cortar?
Respondeu-lhe que não estava cortando ninguém, mas a esposa, contrariada,
insistiu: - Naturalmente que está. Você está cortando a minha perna. O Dr Wickland
lembrou-se então de estar dissecando para estudos a perna de um homem que
morrera aos 60 anos. Deduziu então estar falando o dono do cadáver,
estabelecendo com ele longa conversação. O velho não concordava de forma alguma
com aquela retaliação de suas carnes. Ao tentar fazer a esposa sentar, novo
protesto do comunicante que disse que o doutor não tinha direito de tocar-lhe o
corpo. O médico respondeu-lhe que tinha todo o direito de tocar o corpo de sua
própria esposa. – Sua esposa!. Que é que você está dizendo? Não sou mulher, sou homem!.
Foi-lhe explicado, então, que ele havia abandonado o corpo físico e que no
momento controlava o corpo da esposa do médico, e que seu cadáver se encontrava
na câmara da Escola. Após muita conversa, o Espírito entendeu sua posição,
pedindo um pouco de tabaco para mastigar, pormenor que serviu de confirmação,
pois, sua esposa detestava qualquer tipo de fumo. Posteriormente, examinando o
cadáver, o Dr Wickland verificou que ele realmente fora inveterado mastigador
de tabaco. Este o ponto de partida para as incríveis experiências desdobradas e
descritas nas páginas da obra, predominante as havidas após 1918, quando as
mesmas começaram a ser estonografadas. Diante da evidência da mediunidade
exuberante e autentica da senhora Anna Wickland, lançou-se o Dr. Carl ao original trabalho. Vale
lembrar que à época, a Medicina restringia-se à Clinica Geral e os conhecimentos sobre os problemas
psiquiátricos ainda eram insipientes. Escrevendo sobre o objetivo do trabalho a
que se consagrou por tanto tempo, o Dr. Wickland afirmou que era de “obter
segura e incontestável evidência em primeira mão acerca das condições ‘póstumas’;
pormenorizados relatos de centenas experiências, a fim de registrar a exata
situação das inteligências comunicantes”, acrescentando: - Parece
incrível que pensadores inteligentes, interessados em outros campos do
pensamento, pudessem por tão largo tempo ignorar esses fatos simples que podem
ser tão facilmente verificados. Vejamos algumas das conclusões
resultantes das observações do médico americano: 1 – O Mundo
Espiritual e o físico estão em constante interação. O Plano Espiritual não é
uma vaga intangibilidade, mas real e natural, uma vasta zona de substância
refinada, de atividade e progresso, e a vida ali é uma continuação da vida no
Mundo físico. 2 – O fenômeno
da morte ocorre de maneira tão natural e simples que grande número de pessoas,
depois de abandonarem o corpo físico, não tem consciência de que a transição se
deu e, sem conhecimento da Vida Espiritual, ficam totalmente inconscientes do
fato de haverem passado para outro estado de ser. 3 – Muitos dos que morrem ficam em estado de sonolência
pesada, outros se acham perdidos e confusos. Alguns impelidos por inclinações
egoístas ou maldosas, buscam uma evasão para as suas tendências, permanecendo
em tais condições até que esses desejos destrutivos sejam superados, quando a
alma brada por compreensão e luz e os Espíritos evoluídos conseguem alcança-los
e ajuda-los. 4 – Atraídos
pelo clarão magnético que emana dos seres encarnados e, consciente ou
inconscientemente, se ligam às suas auras encontrando dessa forma condições
para se expressarem através da influenciação, obsessão ou possessão de seres
humanos. 5 – A
influencia dessas entidades desencarnadas é a causa de muitos acontecimentos
inexplicáveis e obscuros da vida terrena e em grande parte da infelicidade do
mundo. 6 – Pureza de
vida e de motivação ou elevada intelectualidade não oferecem necessariamente
proteção contra a obsessão; a identificação e conhecimento desses problemas são
a única proteção. 7 – As forças
vitais reduzidas oferecem menor resistência aos perturbadores. 8 – A Humanidade está envolvida pela influência de
milhões de seres desencarnados que ainda não alcançaram integral compreensão
dos objetivos mais elevados da vida. O reconhecimento desse fato explica uma
grande porção de pensamentos indesejáveis, emoções, estranhos presságios,
estados de depressão, irritabilidades, impulsos desarrazoados, explosões
irracionais de temperamento, paixões incontroláveis e inúmeras outras
manifestações mentais. Lamentavelmente,
o livro, além de ignorado pela comunidade científica, permaneceu praticamente
meio século sem ser reeditado.
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