Indiscutivelmente, não fazia
parte das conclusões habituais das terapias aplicadas em seus pacientes desde
que se especializara em Psiquiatria na Universidade de Yale, renomada escola
dos Estados Unidos da América do Norte. Exatamente por isso, o Professor e
doutor Brian Weiss resolveu contar somente após quatro anos, a
história construída com uma de suas pacientes, no início dos anos 80.
Trabalhavam no mesmo Hospital, ligado à Escola de Medicina da cidade Miami,
onde ele ministrava aulas e clinicava. Não se conheciam até o primeiro
atendimento, sucessivas vezes adiado e consumado ante a insistência de colegas
médicos que lhe solicitaram tentar resolver os distúrbios que perturbavam a
harmonia de Catherine – nome fictício -, uma jovem na faixa dos 30 anos,
acometida de depressão, insônia, algumas fobias e medos em estágio progressivo.
Os resultados contrariavam não só tudo aquilo que havia aprendido em sua
formação como o visto até então. De igual modo como acontece com aquelas capazes
de redefinir paradigmas, foram descobertas casuais, embora não originais. Após
18 meses de tentativas frustradas de identificar a origem do perturbador
processo que envolvia Catherine, o Dr Weiss resolveu
experimentar a hipnose e os efeitos se fizeram sentir rapidamente, pois recuada
à primeira infância, a paciente recuperou de suas memórias profundas uma
vivência traumatizante aos 6 anos, num tratamento dentário; outro, aos 5 anos,
quando a empurraram de um trampolim para uma piscina sem saber nadar e, por
fim, a pior de todas, aos 3 de idade quando viu seu pai, militar ligado à
Marinha, entrar alcoolizado no escuro de seu quarto, tapar sua boca e abusar
dela sexualmente. Os registros desvendados, porém, não promoveram melhoras
significativas e o terapeuta resolveu prosseguir com a regressão e o que se apurou
a seguir foi surpreendente: Catherine transpôs a barreira desta
vida e começou a resgatar memórias de outras que teria tido nos últimos quatro
mil anos, em diferentes nações, civilizações, raças, culturas, minudenciando
fatos que, revelavam inclusive a presença nas diferentes passagens pelo corpo
físico, de alguns dos personagens presentes na sua existência atual. As
surpresas, porém, não pararam por aí. A partir de uma das dezenas de sessões
que se realizariam nas semanas seguintes, houve manifestações do que o Dr. Weiss
chamou de Mestres. Na primeira delas, para assegurar a veracidade da
ocorrência, Catherine repetiu algumas informações de ordem pessoal do
médico, ou seja, somente do seu conhecimento. Uma, sobre o raro nome de seu
pai, Avron,
que havia morrido tempos antes e outra, sobre um filho do Dr Weiss
morto 23 dias depois de ter nascido, e, passado por delicada cirurgia com que
se pretendia reverter o quadro raríssimo - um em cada 10 milhões de nascimentos
-, de trazer o coração invertido em relação aos corpos normais. A morte da
criança provocou profunda reflexão no médico, em face da dor experimentada,
fazendo-o optar pelo exercício da Psiquiatria por descrer das demais
especialidades. A perda familiar, bem como do nome incomum de seu genitor, não
era do conhecimento de Catherine que não privava de maior
intimidade com a pessoa de Weiss. Os Mestres revelaram a Catherine
ter ela tido 86 existências no corpo físico, alternando inclusive sua
sexualidade, ora renascendo como homem, ora como mulher. Os conflitos
enfrentados por Weiss, naturalmente, foram muitos, determinados não só pela sua
formação acadêmica, como pela religiosa visto ser seguidor do Judaísmo que não
considera nem remotamente a possibilidade da reencarnação. Buscando encontrar
subsídios para entender aquilo com que se deparava, o médico releu inclusive o
livro do curso de religiões comparadas frequentado por ele no seu primeiro ano
na Universidade de Columbia. “Havia’, apurou ele, ‘referências
à reencarnação no Velho e no Novo Testamento. Em 325 d.C, o imperado romano
Constantino, o Grande e sua mãe, Helena, suprimiram as que estavam contidas no
novo Testamento. O Segundo Concílio de Constantinopla em 553 d.C, validou este
ato, declarando herético o conceito de reencarnação. Aparentemente, ele
enfraqueceria o poder crescente da Igreja, dando aos homens tempo demais para
buscarem a salvação”. Publicado em 1988, sob o título MUITAS VIDAS, MUITOS MESTRES (1991,
salamandra), o livro tornou-se um campeão de vendagem, popularizando a história
que influenciou milhares de profissionais ligados à saúde mental. Sugerimos, a
propósito, uma visita ao link a seguir, que reproduz interessante entrevista
com o Dr. Brian Weiss: https://www.youtube.com/watch?v=ilrtLMllRCs#t=1210
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