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domingo, 31 de agosto de 2014

CHICO XAVIER E A POLÍTICA



Recordando seus aprendizados no caminho do roteiro da “disciplina, disciplina, disciplina” prescrito pelo seu Orientador Espiritual como essencial para sua vitória árdua tarefa da mediunidade, Chico Xavier contou que certa vez “alguns companheiros conversavam furiosamente, em Pedro Leopoldo (MG), sobre certo político, ‘a coisa devia ser assim, devia ser de certo modo, o homem era a perversidade em pessoa, prometera isso e fizera aquilo’, quando um dos presentes dirigiu-se a ele e perguntou: - Que diz você, Chico. Temos alguma referência dos Amigos Espirituais sobre o caso?.. No justo momento em que ia emitir sua opinião, ouviu o voz de Emmanuel sussurrar-lhe, segura, aos ouvidos: - Cale a sua boca. Você nada tem a ver com isso. Chico ruborizou-se e o grupo, em torno, verificou que ele não conseguia responder, apesar do desejo de externar-se. Alguém ponderou que ele deveria estar mal e rodearam-no, em oração, dando-lhe passes. A reunião dispersou-se. Lembra que não foram poucos os que, estranhando o caso, afirmaram em surdina que o Chico parecia francamente um pobre obsidiado”. Os anos passaram, a experiência foi se sedimentando e o respeitado médium manifestou-se em outras oportunidades sobre o polêmico assunto. Alguns desses pareceres foram preservados em livros disponíveis para estudo como O EVANGELHO DE CHICO XAVIER e ORAÇÕES DE CHICO XAVIER, ambos do publicados no acervo de Carlos Antonio Baccelli. Num deles diz que “se nossos governantes tivessem amor e espírito de compreensão por seus governados, tudo seria modificado. Mas isso teria de começar de cima. Alguém me perguntou: -’Chico, a assistência é serviço do governo. Por que você dá assistência?. Respondi: - “Dou assistência como a pessoa que vê a casa do vizinho incendiada e, até que o corpo de bombeiros apareça, a casa já se foi(...). Então, pelo menos um balde de água eu tenho que carregar, não é?”. Noutra ocasião ponderou: “Infelizmente, muitos daqueles que nos dirigem não querem se enriquecer apenas para esta vida: acumulam indevidamente tanto dinheiro, que nos dão a impressão de que querem ser milionários para a Eternidade”. Ofereceu ainda uma orientação: “Devemos orar pelos políticos, pelos administradores da vida pública. A tentação do poder é muito grande. Eu não gostaria de estar no lugar de nenhum deles. A omissão de quem pode e não auxilia o povo é comparável a um crime que se pratica contra a comunidade inteira. Tenho visto muitos Espíritos dos que foram homens públicos na Terra em lastimável situação na Vida Espiritual. A propósito das preocupações com as questões políticas da nossa Dimensão, o Espírito Emmanuel psicografou interessante página intitulada POLÍTICA DIVINA, em que diz: -“O discípulo sincero do Evangelho não necessita respirar o clima da política administrativa do mundo para cumprir o ministério que lhe é cometido. O Governador da Terra, entre nós, para atender aos objetivos da política do amor, representou, antes de tudo, os interesses de Deus junto do coração humano, sem necessidade de portarias e decretos, respeitáveis embora. Administrou servindo, elevou os demais, humilhando a si mesmo. Não vestiu traje de sacerdote, nem a toga de magistrado. Amou profundamente os semelhantes e, nessa tarefa sublime, testemunhou a sua grandeza espiritual. Que seria das organizações cristãs, se o apostolado que lhes diz respeito estivesse subordinado a reis e ministros, câmaras e parlamentos transitórios? Se desejas penetrar, efetivamente, o templo da verdade e da fé viva, da paz e do amor, com Jesus, não olvides as plataformas do Evangelho Redentor. Ama a Deus sobre todas as coisas, com todo o teu coração e entendimento. Ama o próximo como a ti mesmo. Cessa o egoísmo da animalidade primitiva. Faze o Bem aos que te fazem mal. Abençoa os que te perseguem e caluniam. Ora pela paz dos que te ferem. Bendize os que te contrariam o coração inclinado ao passado interior. Reparte as alegrias de teu espírito e os dons de tua vida com os menos afortunados e mais pobres do caminho. Dissipa as trevas, fazendo brilhar a tua luz. Revela o amor que acalma as tempestades do ódio. Mantém viva a chama da esperança, onde sopra o frio do desalento. Levanta os caídos. Sê a muleta benfeitora dos que se arrastam sob aleijões morais. Combate a ignorância, acendendo lâmpadas de auxílio fraterno, sem golpes de crítica e sem gritos de condenação. Ama, compreende e perdoa sempre. Dependerás, acaso, de decretos humanos para meter mãos à obra? (...) Não te esqueças das recomendações traçadas no Código da Vida Eterna, na execução das quais devemos edificar o Reino Divino, dentro de nós mesmos”.


sexta-feira, 29 de agosto de 2014

LEMBRANÇAS DE VIDAS PASSADAS


O Journal Littéraire de 25 de setembro de 1864, publicou um artigo biográfico de Pierre Dangeau sobre o escritor francês Joseph Méry destacando suas convicções, para muitos apenas teorias. Méry, nascido em Marselha, viveu 68 anos, foi dramaturgo, libretista, jornalista político, autor de ficção e ensaios, conhecido por sua sagacidade e habilidade de improvisar, e, embora tenha escrito um grande número de histórias, hoje está praticamente esquecido, a não ser por  contribuições com libretos transformados em ópera por Giuseppe Verdi, e, em três obras de Offenbach, seu amigo pessoal. Entre outras coisas, escreve Dangeu: -“Ele crê firmemente que viveu várias vezes; lembra-se das menores circunstâncias de suas existências precedentes e as detalha com uma nota de certeza, que impõe como uma autoridade. Assim, foi uma dos amigos de Virgílio e de Horácio, conheceu Augustus Germanicus e fez a guerra nas Gálias e na Germânia. Era general e comandava as linhas romanas quando estas atravessaram o Reno. Conhecia nas montanhas lugares onde havia acampado, nos vales, campos de batalha onde combateu. Lembra-se das palestras em casa de Mecenas, que são o eterno objeto de seus pesares. Chamava-se Mínius. Um dia, na vida atual, estava em Roma e visitava a biblioteca do Vaticano. Ali foi recebido por gente moa, noviços em longas vestes escuras, que se puseram a lhe falar em latim mais puro. Méry era bom latinista, no que se refere à teoria e às coisas escritas, mas ainda não havia experimentado conversar familiarmente na língua de Juvenal. Ouvindo esses romanos de hoje, admirando esse magnífico idioma, tão harmonizado com aqueles monumentos, com os costumes da época em que era usado, pareceu-lhe que um véu caia de seus olhos; pareceu-lhe que ele próprio havia conversado, em outros tempos, com amigos que se serviam dessa linguagem divina. Frases feitas e impecáveis saiam-lhe da boca; achava imediatamente a linguagem e a correção; enfim, falou latim como fala francês; teve em latim o espírito que tem em francês. Nada disso podia fazer-se sem um aprendizado e, se não tivesse sido um súdito de Augusto, se não tivesse atravessado aquele século de todos os esplendores, não teria improvisado um conhecimento, impossível de adquirir em poucas horas. Outra passagem sua na Terra foi nas Índias, por isso as conhece tão bem. Por isso, quando publicou a GUERRE DU NIZAN, nenhum de seus leitores terá duvidado que não tivesse morado muito tempo na Ásia. Suas descrições são vivas, seus quadros são originais, toca com o dedo os mínimos detalhes e é impossível não tenha visto o que conta, pois lá está o cunho da verdade. Pretende ter entrado naquele país com uma expedição muçulmana em 1035. Lá viveu cinquenta anos, passou belos dias e se fixou para não mais sair. Ainda era poeta, mas menos letrado do que em Roma e em Paris. Inicialmente guerreiro, depois sonhador, guardou na alma as imagens empolgantes das margens do Rio Sagrado e dos ritos indús. Tinha várias moradas, na cidade e no campo, orou nos templos dos elefantes, conheceu a Civilização avançada de Java, viu de pé as esplendidas ruínas que assinala e ainda tão pouco conhecidas”. O artigo segue enaltecendo outros aspectos da personalidade de Méry. No número de novembro de 1864 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec aproveita a abordagem para destacar alguns aspectos revelados pela Espiritualidade n’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS a propósito do restabelecimento  da questão existencial com a  reencarnação, linha interrompida treze séculos antes por deliberações do II Concílio de Constantinopla, distanciando inúmeras gerações nascidas no chamado Ocidente do mecanismo da lógica evolucionista. Da análise de Kardec, podemos citar: 1- Se Méry já viveu, não deve ser exceção, porque as Leis da Natureza são as mesmas para todos e, assim, todos os homens também devem ter vivido; se se viveu, não é certamente pelo corpo que se renasce; é, pois, o princípio inteligente, a alma, o Espírito. 2- Desde que Méry conservou a lembrança de várias existências, desde que os lugares lhe recordam o que viu outrora, com a morte do corpo a alma não se perde do todo Universal, conservando, pois, sua individualidade, o conhecimento do seu “EU”.  3- Lembrando-se Méry do que foi há dois mil anos, em que se tornou sua alma no intervalo? (...). Deve ter ficado na esfera da atividade terrestre, vivendo a Vida Espiritual, em nosso meio ou no espaço que nos rodeia, até tomar um novo corpo. Não sendo Méry único no mundo, deve haver em torno de nós uma população inteligente invisível. 4- Nada do que adquirimos em inteligência, em saber e em moralidade fica perdido; quer morramos jovens ou velhos, quer tenhamos ou não tempo de o aproveitar na existência presente, colheremos seus frutos em existências subsequentes. 5- A medida que o Espírito se depura, os laços materiais são menos tenazes, o véu que obscurece o passado é menos opaco, seguindo assim a faculdade da lembrança retrospectiva o desenvolvimento do Espírito.


quarta-feira, 27 de agosto de 2014

OBSESSÃO - FATOR DETERMINANTE DE CERTAS PATOLOGIAS MENTAIS E FÍSICAS

A integração de forma mais intensa entre diferentes Dimensões Existenciais nesse período de mudanças radicais e profundas na condição evolutiva da Terra evidencia cada vez mais a presença dos processos obsessivos na sociedade humana. Felizmente, a preocupação objetiva com os transtornos mentais vai, com certeza, conduzir a ciência a conclusões relacionando comportamentos enquadrados na ampla escala dos mesmos, às influências espirituais, reconhecidas, por sinal, na versão mais recente da Classificação Internacional de Doenças (CID), da OMS – Organização Mundial de Saúde, mais especificamente a CID 10, item F.44.3 em que define estado de transe e possessão como a perda transitória da identidade com manutenção de consciência do meio ambiente, fazendo a distinção entre normais, ou seja, os que acontecem por incorporação ou atuação dos Espíritos e patológicos, provocados por doenças. O Espiritismo tem substancial contribuição a dar sobre o tema quando diz que “o problema da obsessão tem no Pensamento sua base, explicando que além dos pensamentos comuns (experiência rotineira), emitimos com mais frequência os pensamentos nascidos do “desejo-central” que nos caracteriza, pensamentos esses que passam a constituir o reflexo dominante de nossa personalidade”. Explica que seja por questões de vingança por prejuízos causados em outras vidas pela potencial vítima de agora, seja razões como as dependências químicas, os chamados obsessores “procuram conhecer a natureza da pessoa que objetivam prejudicar, em qualquer plano, através das ocupações e posições em que prefira viver. Identificado o reflexo da criatura, superalimentam-na com excitações constantes, robustecendo impulsos e quadros já existentes na imaginação, criando outros que se lhes superponham, nutrindo-lhes, dessa forma, a fixação mental”. Esclarecem que “semelhante processo cria e mantem facilmente o “delírio psíquico” ou a “obsessão”, que não passa de um estado anormal da mente, subjugada pelo excesso de suas próprias criações a pressionarem o campo sensorial, infinitamente acrescidas de influência direta ou indireta de outras mentes, desencarnadas ou não, atraídas por seu próprio reflexo”. No extraordinário livro AÇÃO E REAÇÃO escrito pelo Espírito André Luiz através do médium Chico Xavier, aprendemos que “somos (seres humanos) fulcros geradores de vida, com qualidades específicas de emissão e recepção. Obsessão é um processo semelhante ao da hipnose. O campo mental do obsessor, cria no mundo da própria imaginação as formas-pensamento que deseja exteriorizar. Plasmando a imagem da qual se propõe extrair o melhor efeito, usando as forças positivas da vontade, colore-os com recursos de concentração de sua própria mente, e, aproveitando a poderosa energia mental, projeta-as, como um hipnotizador, sobre o campo mental da vítima. Esta transforma as impressões recebidas, reconstituindo as formas-pensamento plasmadas, nos centros cerebrais, por intermédio dos nervos que desempenham o papel de antenas específicas, a lhes fixarem as particularidades na esfera dos sentidos, num perfeito jogo alucinatório, em que o som e imagem se entrosam harmoniosamente”. Alerta que quando, por falta de tempo, não possam criar as telas pretendidas com os fins visados por intermédio da determinação hipnótica, situam no convívio da criatura, entidades que se lhe adaptem ao modo de sentir e ser”. Destaca que “cada um é tentado exteriormente pela tentação que alimenta em si próprio”, ou seja, “cada qual de nós vive e respira nos reflexos mentais de si mesmo”. De outras obras do mesmo Espírito, destacamos três casos para reflexão: 1- CARACTERÍSTICA- Mulher, 25 anos, cabelos em desalinho, semblante torturado, expressão de inquietação e pavor nos olhos escuros CAUSA – Ação de entidade feminina que lhe controla as impressões nervosas, obliterando os núcleos de força, através de fios cinzentos que lhe fluem da cabeça, envolvendo-lhe o centro coronário, movida pelo ciúme da encarnada por tê-la substituído na condição de segunda esposa do seu ex-marido, além do desejo de vingança por sabê-la intencionalmente negligente no caso do afogamento de seu enteado Marcos. (ETC,3) 2-CARACTERISTICA – Mulher, idade avançada, cabelos grisalhos, corpo magro, rosto enrugado, aparentando senilidade mental nas falas aparentemente desconexas proferidas com voz alterada. CAUSA – Presença espiritual mediunicamente registrada ao seu lado, na cama que ocupava, o qual ali se instalara desde muitos anos logo após sua morte aparentemente acidental durante caçada esportiva com amigos. (EVC) 3 - CARACTERÍSTICA - Homem, com Espírito parcialmente desligado do corpo físico pela hipnose do sono, que descansava com bonita aparência, sob cobertas quentes, revelando posição de relaxamento, semelhante aos viciados em entorpecentes. CAUSA – Presença de três entidades femininas em atitudes menos edificantes, atraídas para a atmosfera pessoal do encarnado através de mentalizações na área da sexualidade desequilibrada. (ML)










segunda-feira, 25 de agosto de 2014

QUEBRANDO PARADIGMAS

A história recente da fenomenologia operada pelos Espíritos desencarnados na realidade em que vivemos,  ficou marcada por fatos produzidos através de médiuns extraordinários. No campo da música erudita, pela dona de casa inglesa Rosemary Brown que serviu para que celebres compositores das fases clássicas produzissem peças reconhecidas por vários especialistas como sendo dos autores que as assinavam. No da pintura, no Brasil, o jovem Luiz Antonio Gasparetto, desde a adolescência para que grandes mestres da pintura se mostrassem vivos em outra dimensão, evidenciando a realidade da sobrevivência. No campo da literatura, desde o início do século XX, Chico Xavier permitiu que inúmeros poetas e escritores documentassem que continuavam vivos, apesar de mortos físicamente. E, na área da saúde, José Pedro de Freitas, mais conhecido como Zé Arigó, deu inicio a uma verdadeira revolução nos conceitos mecanicistas vigentes, seja nas prescrições, seja nas cirurgias invasivas operadas em tempo reduzido, sem preparo prévio, sem dor apesar da ausência de anestesia, sem efeitos colaterais ou óbitos que se tenha tido conhecimento. No seu caso, a ação do Espírito conhecido como Dr Fritz, começou quando ele contava 28 anos, inesperada e espontaneamente, de forma inconsciente, erradicando um câncer de pulmão de um candidato a reeleição ao cargo de Senador da República por Minas Gerais e, dias depois, de um tumor uterino de uma conhecida de sua cidade. A partir daí, milhares de pessoas foram atendidas até que fosse preso pelo exercício ilegal da Medicina. Depoimentos impressionantes ficaram preservados, especialmente no livro O CIRURGIÃO DA FACA ENFERRUJADA do jornalista norteamericano Brian Fuller. Um deles, envolve a  senhora Maria Emília Silveira, oriunda de Vitória da Conquista (BA), portadora de câncer no útero; desenganada pelos médicos, cirurgiada no dia 23/7/57. Testemunhas Ismenio Silveira (marido), Randulfo Paiva (advogado), Adhemar Alves Brito (Cel Exercito), Newton Boechat, Duração: 8 minutos. Atentemos para o depoimento do médico Ladeira Marques: -“Penetramos no pequeno aposento onde se fazem as intervenções, encontrando a paciente deitada em decúbito dorsal, sobre o assoalho. Incumbiu-me o Dr Fritz de afastar as vestes da paciente, a fim de praticar a intervenção. Perguntou ao marido, presente, se desejava que a intervenção se fizesse pela via baixa ou por via abdominal, decidindo-se o marido pela via baixa. Foram introduzidos na cavidade vaginal da paciente, sem auxílio de espéculo, três tesouras e dois bisturis, com manobra brusca sem ferir a doente. Cada instrumento introduzido de um só golpe. O ramo das tesouras era ainda mantido pela mão do médium Arigó. Para surpresa nossa, o outro ramo da tesoura, automaticamente, sem nenhuma intervenção visível de mão humana, passou a se movimentar, aproximando-se e se afastando do primeiro como ocorre no ato de seccionar um objeto. Procuramos ver  se o movimento que presenciávamos na tesoura estendia-se a outras peças do instrumental cirúrgico empregado na operação e nada pudemos registrar, ouvindo-se, no entanto barulho de entrechoques de metais e o ruído do seccionamento dos tecidos.  Decorridos poucos minutos, o Dr Adolf Fritz, através da intervenção do médium Arigó, retirou do campo operatório  uma das tesouras introduzidas, que se apresentava ligeiramente impregnada de sangue. Tornou a repor a tesoura no local, dizendo: - “Senhor!. Não quero que haja sangue!”. E a intervenção se fez sem hemorragia. Tomando em seguida uma pinça, recomendou-nos prestar atenção e, introduzindo no local da intervenção, retirou um pedaço de tecido com cerca de 8x4 centimetros, mostrando-o a todos os presentes. A primeira impressão que tive foi que se tratasse da extirpação do útero, mas, como informasse ele à doente que ainda poderia conceber, conclui que se tratava de operação de um tumor uterino. Sem praticar nenhuma anestesia, no decorrer de toda a intervenção, manteve-se a paciente com fisionomia calma e tranquila, não deixando transparecer, absolutamente, nenhum gesto ou reação de dor. Ainda segundo o marido, “retirado o tumor, o Dr. Fritz deu uns quatro ou cinco socos no ventre – local antes dolorido -, e sua mulher permaneceu impassível, sem nada sentir”. O reconhecidamente intransigente médico e professor universitário Dr Ary Lex, foi a Congonhas do Campo (MG), conferir, testemunhando o seguinte: -“ Arigó, em estado de transe mediúnico, convidou-nos a aproximar-nos do local em que ia operar, na frente do povo.  Embora declinássemos nossa qualidade de médico, não nos dispensou nenhuma atenção especial. Tratou-nos rudemente. A única gentileza, convidar-nos a assistir as operações e, posteriormente, o auxiliarmos. No espaço de meia hora, realizou 4 operações, entre as quais: 1-  Drenagem de Quisto Sinovial- Sem nenhuma preparação cirurgica, anestesia ou assepsia, não usando nenhuma técnica hipnótica ou letárgica, toques no paciente ou qualquer outro processo de sugestão ou algo semelhante. 2- Operação de ptirígio – Segurei a cabeça da paciente. Arigó realizou a intervenção com uma tesoura de unha. Ante o sangramento abundante, comprimiu o local com algodão, mandando o sangue estancar, produzindo a hemostasia imediata, mandando, ao final, a paciente embora sem maiores cuidados. No correr dos atos operatórios, os pacientes estavam conscientes, tranquilos, não reagindo, respondendo nada sentir.


sábado, 23 de agosto de 2014

OUSADA E CORAJOSA TEORIA DE ALLAN KARDEC SOBRE A ORIGEM DAS DOENÇAS

Embora experimentos em países da chamada Cortina de Ferro com a chamada máquina Kirliam nos anos 50/60 tenham provado a ação das chamadas energizações e mais recentemente no Brasil um estudo realizado em 2003, pelo Dr Ricardo Monezzi, à época Mestrando em Ciências médicas em conceituada Universidade paulista sobre efeitos da prática de impostação de mãos sobre os sistemas hematológico e imunológico de camundongos machos em que tinham sido inoculadas células cancerígenas tenha constatado uma diferença significativa entre os grupos na contagem do número de monócitos, a verdade é que nas páginas da REVISTA ESPÍRITA que fundou e dirigiu no período1858/1869, Allan Kardec noticiou e comentou inúmeros casos em que a Teoria dos Fluidos operou prodigiosas curas. Sem dúvida uma ousadia para o momento em que os estudos da Medicina se fixavam na visão mecanicista, desdenhando a visão vitalista apresentada, entre outros, pelos médicos Franz Anton Mesmer (TEORIA DO MAGNETISMO ANIMAL) ou Samuel Hanneman (HOMEOPATIA). Mas Kardec foi além como documentado em artigo incluído na edição de março de 1868, intitulado Ensaio Teórico das Curas Instantâneas. Explica basear-se em deduções das indicações obtidas por um médium em sonambulismo espontâneo, umas das facetas dos estados alterados de consciência conhecidos como transe, tendo sido dada como resposta a uma pessoa atingida por grave enfermidade que queria saber se um tratamento fluídico poderia ser-lhe salutar. Observa, contudo, que “por mais racional que nos apareça esta explicação, não a damos como absoluta, mas a título de hipótese e como tema de estudo”. Chama a atenção para o fato de que “na medicação terapêutica são necessários remédios apropriados ao mal, não podendo o mesmo remédio ter virtudes contrárias, sendo ao mesmo tempo estimulante e calmante, aquecer e esfriar, não convindo a todos os casos, sendo esta a razão de não existir um remédio universal”. Comenta “dar-se o mesmo com o fluido curador, verdadeiro agente terapêutico, cujas qualidades variam conforme o temperamento físico e moral dos indivíduos que o transmitem, havendo fluidos que superexcitam e outros que acalmam, fluidos fortes e outros suaves e de muitas outras nuanças, podendo, conforme suas qualidades, o mesmo fluido, como o mesmo remédio, ser salutar em certos casos, ineficaz e até prejudiciais em outros, donde se segue depender a cura, em princípio da adequação das qualidades do  fluido à natureza e à causa do  mal”. Destaca também que, conforme o Espiritismo, “a maioria das moléstias, como todas as misérias humanas são expiação do presente ou do passado, ou provações para o futuro; dívidas contraídas, cujas consequências devem ser sofridas, até que tenham sido resgatadas, não podendo ser curado aquele que deve suportar sua provação até o fim”. Mais à frente em seu artigo, a original proposição de Kardec: -“Certas afecções, mesmo muito graves e passadas ao estado crônico, não tem como causa primeira a alteração das moléculas orgânicas, mas a presença de um mau fluido, que as desagrega, por assim dizer, e perturba a sua economia”. Afirma ser “o caso de grande número de doenças, cuja origem é devida a fluidos perniciosos, dos quais é penetrado o organismo, obtendo-se a cura não pela substituição de moléculas deterioradas, mas pela expulsão de um corpo estranho”. Nesse caso, a “medicação alopática destinada a agir sobre a matéria é inoperante em todas as doenças causadas por fluidos viciados, por sinal, numerosas”. Desse modo, considera que “duas afecções, na aparência apresentando sintomas idênticos, podem ter causas diferentes; uma pode ser determinada pela alteração das moléculas orgânicas e, outra, pela infiltração nos órgãos sãos, de um fluido mau, que perturba suas funções”. Entende que “esses dois casos requerem, no fluido curador, qualidades diferentes. No primeiro, é preciso um fluido mais suave que violento, sobretudo rido em princípios reparadores; no segundo, um fluido enérgico, mais próprio à expulsão do que a reparação”. Destaca ainda que “não podendo os maus fluidos provir senão de maus Espíritos, sua introdução na economia se liga muitas vezes à obsessão. Daí resulta que, para obter a cura, é preciso tratar ao mesmo tempo, o doente e o Espírito obsessor”. Finaliza dizendo que “estas considerações mostram quantas coisas há que levar em conta no tratamento das moléstias, e quanto ainda resta a aprender a tal respeito. Além disso, vem confirmar a aliança do Espiritismo e da Ciência. O Espiritismo marcha  no mesmo terreno que a ciência, até os limites da matéria tangível; mas, ao passo que a ciência se detém nesse ponto, o Espiritismo continua seu caminho e procede suas investigações nos fenômenos da natureza com o auxílio dos elementos que colhe no mundo extra material; só aí está a solução das dificuldades contra as quais se choca a ciência”.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

ENTENDENDO A TURBULENTA CONVULSÃO

Se tentarmos conversar com uma criança de cinco anos sobre a Teoria da Relatividade será que obteremos sucesso?  Se nos dirigirmos a um dos habitantes das diversas comunidades rurais da Papua-Nova Guiné para ouvi-lo sobre planejamento estratégico haveria reciprocidade? Se falássemos para um intolerante radical religioso que há inúmeras evidências confirmando a realidade da reencarnação, teríamos chance de prolongar o entendimento? Uma breve reflexão sobre tais questões resultariam numa óbvia resposta: não! As imagens se associadas a outra criada pelo Espírito Emmanuel através do médium Chico Xavier na mensagem O GRANDE EDUCANDÁRIO no livro ROTEIRO (feb,1952) sobre a Terra ser uma das muitas escolas dedicadas à evolução espiritual abrigando “mais de vinte bilhões de almas conscientes desencarnadas”, permitem-nos entender o que acontece neste momento do Planeta em que vivemos. Na segunda mensagem selecionada por Allan Kardec para compor as Instruções dos Espíritos do Capítulo 3 – Há Muitas Moradas Na Casa de Meu Pai, d’ O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Santo Agostinho traça um perfil dos Mundos de Expiação e de Provas entre os quais se insere ainda a Terra.  Diz, entre outras coisas, que “a superioridade da inteligência, num grande número de seus habitantes, indica que ela não é um mundo primitivo, destinado à encarnação de Espíritos ainda mal saídos das mãos do Criador. Suas qualidades inatas são a prova de que já viveram e realizarem certo progresso, mas também os numerosos vícios a que se inclinam são o indício de uma grande imperfeição moral”, estando neste mundo como estrangeiros para expiarem suas faltas através de um trabalho penoso e das misérias da vida, até que se façam merecedores de passar para um mundo feliz”, tendo “vivido em outros mundos, dos quais foram excluídos por sua obstinação no mal, que os tornava causa de perturbação para os bons”. Salienta, porém, que “não são todos os Espíritos encarnados na Terra que se encontram em expiação. As raças que chamais selvagens, constituem-se de Espíritos apenas saídos da infância, e que estão, por assim dizer, educando-se e desenvolvendo-se ao contato de Espíritos mais avançados”. Acrescenta que “vem a seguir as raças semicivilizadas, formadas por esses mesmos Espíritos em progresso, sendo de algum modo, as raças indígenas da Terra, que se desenvolveram pouco a pouco, através de longos períodos seculares, conseguindo algumas atingir a perfeição intelectual dos povos mais esclarecidos”. São Luiz na resposta à última pergunta d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, revela que o momento da “transformação predita para a Humanidade terrena” havia chegado, resultando não só “na remoção dos Espíritos maus mas também dos que tendem a deter a marcha das coisas”. Isto sugere a atuação de um comando a operar essas ações. Nos versículos 3 e 10 do Capítulo 1 do EVANGELHO de João, apresentado Jesus diz “todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” e “estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu”, sugerindo não ser ele apenas mais que o Mestre reconhecido por todos os que estudam sua história. Obras mediúnicas recebidas por Chico Xavier como A CAMINHO DA LUZ de Emmanuel e, BRASIL, CORAÇÃO DO MUNDO PÁTRIA DO EVANGELHO assinada por Irmão X, revelam aspectos de planejamentos tecidos na Espiritualidade para encaminhar a evolução dos habitantes da Terra. Especialmente o segundo, prende-se à nova fase ou Ciclo – estimado recentemente pela ciência como de 2160 anos - em que iria começar entrar o planeta nos séculos seguintes. Para se ter uma ideia de como funcionam as coisas nos bastidores da evolução, em interessante questionamento sobre o fenômeno Joana D’Arc, a aldeã de Orleans, na França, que transformou-se em líder militar na vitória francesa sobre a ambição inglesa no século XIV,Chico Xavier explicou que “naquela época, os Espíritos encarregados da evolução do Planeta estavam selecionando os gens que viriam a servir na formação do corpo da plêiade de entidades nobres que reencarnariam para ampliar o desenvolvimento geral da Terra, através do chamado Iluminismo francês. Era preciso cuidado para que os corpos pudessem suportar a dinâmica das inteligências que surgiriam. Se a França fosse invadida, perder-se-ia o trabalho de muitos séculos. Então Joana D’Arc foi convocada para que impedisse a invasão, a fim de que se preservassem as sementes genitais, para a formação de instrumentalidade destinada aos gênios da cultura e do progresso que renasceriam na França, especialmente em se tratando da França do século XIX que preparou, no mundo, a organização da era tecnológica que estamos vivendo no século XX”.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

FUNÇÃO NOBRE DA MEDIUNIDADE

Quando Allan Kardec escreveu n’ O LIVRO DOS MÉDIUNS que a “mediunidade é inerente ao homem, podendo dizer-se que todo mundo é, mais ou menos, médium” e, que a “faculdade propriamente dita é orgânica”, ainda não se tinha no Mundo Ocidental associado a mesma à glândula pineal ou epífise. Escolas religiosas da Antiguidade, contudo, já dominavam tal conhecimento e o próprio filósofo e matemático René Descartes a considerava a sede da alma. Kardec foi além, escrevendo que “o médium fez pelo Mundo Invisível o mesmo que o microscópio pelo mundo dos infinitamente pequenos”, diante da quantidade espantosa de informações vertidas do Plano Espiritual abrindo caminho para uma compreensão mais precisa sobre a razão de ser e existir. O tempo foi consagrando o acerto de suas afirmações com os Espíritos do Senhor fomentando o surgimento de inúmeras alternativas para o acesso das criaturas humanas aos princípios da Verdade concernente à sua própria imortalidade. Múltiplas formas de manifestação por sinal classificadas previamente pelo erudito pesquisador foram despertando consciências ao redor do Planeta em que vivemos. No Brasil, o caso Chico Xavier, especialmente, nas três últimas décadas de sua tarefa, constitui-se em importante e segura fonte de pesquisa. Sobre essa fase, afirmou que “como médium, essa tarefa das cartas de consolação aos familiares em desespero na Terra foi o que sempre mais me gratificou”, pois, “não existe sofrimento maior do que a dor de perder um filho”. Acrescentou outra ocasião que “os Espíritos ainda não encontraram uma palavra para definir a dor de um coração de mãe quando perde um filho”. E esse conforto em grande parte deve-se à mediunidade que interliga diferentes Dimensões existenciais. Prova disso é o trabalho do também médium norte-americano James Van Praagh, autor do livro autobiográfico CONVERSANDO COM OS ESPÍRITOS (salamandra,1998). Convivendo com a paranormalidade desde a infância sem que compreendesse bem suas percepções, já adulto acatou os conselhos de outro sensitivo, buscou instrumentalizar-se de conhecimentos e pôs-se a trabalhar para a Espiritualidade, oferecendo conforto e esperança para pessoas que o procuraram na expectativa – apesar do ceticismo da maioria - de obter algum tipo de informação sobre os porquês da dura separação nunca cogitada nesse mundo em que o materialismo ofusca qualquer possibilidade de atentar-se para outros aspectos da vida. James em seu livro generosamente repassa sua visão pessoal dessa realidade, fundamentando-se não só nas pesquisas que fez, mas também na experiência acumulada ao longo de vários anos de trabalho e convivência com a dor alheia. Exemplificando suas opiniões com casos atendidos, esclarece o pós-morte no caso de transições trágicas, acidentes fatais, AIDS, suicídio, descrevendo o clima de intensa emoção quando de reencontro dos que se amam. Apesar das diferenças culturais e o “modus operandi” fundamentalmente diferente do observado através de Chico Xavier, os resultados surtem o mesmo efeito: aplacam as dores da alma. Pena que poucos médiuns se interessam por se dedicar e aperfeiçoar nessa linha de trabalho. O próprio médium mineiro mostrou outro lado da questão em comentário feito ainda quando encarnado sobre a questão dizendo: -“Não entendo os nossos irmãos que combatem esse tipo de intercâmbio com o Mundo Espiritual. Eles se esquecem de que os que partiram também desejam o contato. O médium, sem dúvida, pode, em certas circunstancias rastrear o Espírito, mas, na maioria das vezes, é o Espírito que vem ao médium. O trabalho da Espiritualidade é intenso. Para que um filho desencarnado envie algumas palavras de conforto aos seus pais na Terra, muitos Espíritos se mobilizam. Isso não é uma evocação. Não raro são os próprios filhos desencarnados que atraem os seus pais aos Centros Espíritas: desejam dizer que não morreram, que continuam vivos na Outra Dimensão, que os amam e que haverão de amá-los sempre”. Falando de si remetendo-nos a uma reflexão, Chico conclui: -“Oro todos os dias pelas mães que perderam filhos, sobretudo em condições trágicas, como um assassinato, por exemplo. Deus há de se compadecer de todas elas!... Quando elas me procuram, é que verdadeiramente posso sentir a minha insignificância para consolar alguém”... Os “doutores da lei” continuam vigilantes e atuantes. Não percebem a importância da oferta desse serviço para a comunidade nem o quanto seria útil para a propagação da mensagem da imortalidade e das realidades que nos aguardam além dessa vida de onde a qualquer momento sairemos para a necessária avaliação do nível de aproveitamento da reencarnação provavelmente ansiosamente aguardada em algum lugar do passado recente ou remoto.


domingo, 17 de agosto de 2014

TALVEZ A CAUSA DETERMINANTE

A notícia da morte do ator Robin Williams impactou negativamente não só aqueles que privaram de sua amizade como a legião dos admiradores que se emocionaram com suas performances como protagonista nos filmes de que participou. Várias são as possíveis causas cogitadas para entender ou justificar a ação infeliz  com que interrompeu sua vida em nossa Dimensão. Homem sensível – fator que certamente o auxiliava a compor os personagens que viveu nas telas –, teve no filme AMOR ALÉM DA VIDA uma ideia dos desdobramentos do suicídio no plano de vida imediatamente após este em que nos encontramos. Além dos transtornos mentais e físicos aventados como hipótese para sua decisão de sair pela porta falsa do palco desta vida, outro pode ser incluído nas avaliações feitas. Talvez o determinante dos demais. Exemplo disso encontramos na REVISTA ESPÍRITA, edição de janeiro de 1869, em que Allan Kardec inclui interessante mensagem recebida por um médium chamado Sr Nivard, no grupo de estudos  Délliens, de Paris. Referia-se a matéria veiculada pelo jornal local DROIT, noticiando fato testemunhado pelo senhor Jean Baptiste Sadoux, em que um jovem que depois de ter vagado durante algum tempo sobre uma ponte, subiu no parapeito e se atirou no Rio Marne. Apesar das tentativas imediatas de socorrê-lo, ao cabo de sete minutos, retirou-o, todavia a asfixia já era completa não sendo possível reanimá-lo. Uma carta encontrada com ele, o identificou como o Sr Paul D..., e, dirigia-se ao seu pai, pedindo perdão por abandoná-lo, afirmando-se “há dois anos dominado por uma ideia terrível, por uma irresistível vontade de se destruir. Acrescentava que lhe parecia ouvir fora da vida uma voz que o chamava sem descanso e, a despeito de todos os esforços, nada o impedia de ir à ela. Encontraram, também, no bolso do paletó uma corda nova, na qual tinha sido feito um laço corredio”. Comenta Allan Kardec, que “a obsessão está bem evidente, explicação que só o Espiritismo dá”, acrescentando que “se fosse esclarecido pela Doutrina Espírita, com mais vontade, seu livre-arbítrio poderia ter resistido, sabedor que a voz que o assediava não poderia ser senão de um mau Espírito”, bem como, “das consequências terríveis que adviriam de um instante de fraqueza”. A comunicação obtida por via mediúnica era assinada pelo Espírito Louis Nivard esclarece: -“A voz dizia: Vem! Vem! Mas teria sido ineficaz essa voz do tentador, se a ação direta do Espírito não se tivesse feito sentir. Por quê? Seu passado era a causa da situação dolorosa em que se achava; apegava-se à vida e temia a morte. Mas nesse apelo incessante que ouvia, pergunto eu, encontrou força? Não; encontrou a fraqueza que o derrotou. Venceu os temores, porque esperava no fim encontrar do outro lado da vida o repouso que o lado de cá lhe negava. Foi enganado: o repouso não veio. As trevas o cercam, a consciência lhe censura o ato de fraqueza e o Espírito que o arrastou gargalha ao seu redor e o criva de motejos constantes. O cego não vê, mas escuta a voz que repete: Vem! Vem! E depois zomba de sua tortura. A causa deste caso de obsessão está no passado, como acabo de dizer. O próprio obsessor foi impelido ao suicídio por esse que acaba de fazer cair no abismo. Era sua mulher na existência precedente e tinha sofrido consideravelmente com o deboche e as brutalidades do marido. Muito fraca para aceitar a situação que lhe era dada com resignação e coragem, buscou na morte um refúgio contra os seus males. Ela vingou-se depois; sabeis como. Entretanto o ato desse infeliz não era fatal; tinha aceito os riscos da tentação; esta era necessária ao seu propósito, porque só ela poderia fazer desaparecer a mancha que havia sujado sua existência anterior. Ele tinha aceito os seus riscos, com a esperança de ser mais forte e se havia enganado; sucumbiu. Recomeçará mais tarde? Resistirá? Dele dependerá. Rogai a Deus por ele, a fim de que lhe dê calma e a resignação de que tanto necessita, a coragem e a força para não falir nas provas que tiver de suportar mais tarde”. A propósito, Chico Xavier conta curiosa passagem em que procurado por uma mãe buscando orientação carregando nos braços um filhinho surdo, mudo, cego e sem os dois braços, apresentando uma doença nas pernas que exigia para salvar-lhe a vida, segundo os médicos, a amputação das duas, ouviu do Espírito Emmanuel: -“Chico, explique à nossa irmã que este nosso irmão em seus braços suicidou-se nas dez últimas encarnações e pediu, antes de nascer, que lhe fossem retiradas todas as possibilidades de se matar novamente. Mas, agora que está aproximadamente com cinco anos, procura um rio, um precipício para se atirar. Avise nossa irmã que os médicos amigos estão com a razão. As duas pernas dele vão ser amputadas, em seu próprio benefício, para que ele fique mais algum tempo na Terra, a fim de que diminua a ideia do suicídio”.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

APRENDENDO COM UM MESTRE

A convivência com a dura realidade de milhares de pessoas enquanto lutava em meio à sua, Chico Xavier acabou tornando-se um sábio, seja pelo aprendizado da própria luta pessoal diante das dificuldades que a vida lhe impôs como homem e como médium, seja pela convivência com tantos Espíritos focados no Bem. Como ele mesmo afirmou certa ocasião, “quem sabe pode muito, mas quem ama pode mais”. Mantendo-se fiel à receita da “disciplina, disciplina, disciplina”, sugerida pelo Benfeitor Espiritual Emmanuel quando ouviu através dele sobre a tarefa a que estavam ligados por acertos havidos décadas antes no Mundo Espiritual, concluiu sua recente passagem por nossa Dimensão como uma referência na exemplificação da mensagem cristã, revivida pelo Espiritismo. Bem dentro do roteiro necessário para alcançar a espiritualidade em si mesmo, como preconizado por outro grande líder espiritual, o Dalai Lama que a define como “aquilo que produz no Ser humano uma mudança interior”. Percorrendo obras que preservam o pensamento iluminado de Chico, destacamos para nossas reflexões, algumas das suas orientações e opiniões a milhares de pessoas que atendeu por várias décadas, condicionando-as aos assuntos pelo qual procuraram ouvi-lo. No caso, temas relacionados à família. 1- LAR  – “Sem a família organizada caminharíamos para a selva e isso não tem razão de ser. A família terá de fazer grandes aberturas, porque estamos aí com os anticoncepcionais, com os problemas psicológicos, com os conflitos da mente, com as exigências afetivas de várias nuances (...). A família precisa abrir novas pistas de compreensão para que os componentes dela possam viver em regime de respeito recíproco, com os problemas de que são portadores, sem a agressão que tantas vezes se verifica, contra criaturas que sofrem aflitivos problemas dentro da constituição psicológica diferente da maioria”. 2- CASAMENTO  - “União de almas simpáticas é uma raridade sobre a Terra. Quase todos estamos vinculados aos nossos compromissos de existências anteriores. Com o passar do tempo, o casal que descobre entre si certas diferenças não deve se assustar; é natural que assim seja. Se não houver amor, que pelo menos haja respeito. Tenho visto muitos casamentos se desfazerem por causa do extremo egoísmo dos cônjuges, que não se dispõe a um mínimo de sacrifício e de renúncia. Ora, estamos ainda muito longe do amor com  que devemos nos consagrar uns aos outros, mas nada nos impede de começar a exercitar a paciência, o perdão, o silêncio... Se um não revidasse quando fosse ofendido pelo outro, teríamos um número infinitamente menor de separações conjugais”. 3 - ESFRIAMENTO DO INTERESSE MÚTUO APÓS O NASCIMENTO DE FILHOS - “Grande número de enlaces na Terra obedece a determinações de resgates, escolhidas pelos próprios cônjuges, antes do renascimento no berço físico. E aqueles amigos que serão filhos do casal, muitas vezes, agindo no Além, transformam, ou melhor, omitem as dificuldades prováveis do casamento em perspectiva para que os cônjuges se aproximem afetuosamente um do outro, segundo os preceitos das Leis Divinas e formem o lar, desfazendo dentro dele determinadas dificuldades das existências anteriores em motivos de amor e compreensão maior.. O namoro e o noivado em muitas ocasiões estão presididos pelos Espíritos que serão filhos do casal”. 4 - PATERNIDADE/MATERNIDADE-“A paternidade é uma oportunidade evolutiva que a Graça Divina concede às criaturas. A maternidade é um segredo entre a mulher e Deus. A participação do homem é ínfima. Na maternidade, a participação da mulher é tocada de alegria e de dor, de tormento e de sofrimento, de prazer e de responsabilidade, desde que o filho nasce, até o último dia da mulher sobre a Terra. E sabe lá Deus se, depois desta Vida, quantas lutas sofrem as mães em auxílio aos filhos que deixaram neste mundo?”. 5 - EDUCAÇÃO DOS FILHOS - “- Se não encontrarmos criaturas que nos concedam amor e segurança, paz e ordem, será muito difícil o proveito da nova reencarnação que estejamos encetando. A Educação não é um processo que possa ser levado a efeito quando a criatura já adquiriu hábitos. Aquilo que se precisa aprender começa aos 6 meses de idade. Toda criança deve ser educada no trabalho. Trabalhei desde pequeno e, não fosse por semelhante providência, com certeza eu teria me perdido. No currículo escolar  deveria ser incluída uma espécie de avaliação que as crianças cumprissem em casa, cooperando com os pais nos afazeres domésticos”. 6- VIOLÊNCIA NO LAR - “-Qualquer violência, em qualquer lugar e em qualquer tempo, é prejudicial ao autor e aos que lhe assistem a exteriorização, seja qual for a idade do espectador”









quarta-feira, 13 de agosto de 2014

ALLAN KARDEC E A MEDIUNIDADE DE CURA

Poucos sabem, mas, quando da eclosão dos fenômenos que deram origem ao Espiritismo, um dos que surpreendiam eram os resultantes da mediunidade de cura. Allan Kardec também dedicou atenção aos fatos ligados a essas ocorrências, abstraindo várias conclusões expostas não apenas nas chamadas OBRAS BÁSICAS, mas também em números da REVISTA ESPÍRITA. A propósito das doenças, a explicação da Doutrina Espírita  é que “pertencem às provas e às vicissitudes da vida terrena. São inerentes à grosseria da nossa natureza material e à inferioridade do mundo que habitamos. As paixões e os excessos de toda espécie, por sua vez, criam em nossos organismos, condições nocivas, frequentemente transmissíveis pela hereditariedade” e que as “doenças de nascença, sobretudo aquelas que tiram aos infelizes a possibilidade de ganhar a vida pelo trabalho: as deformidades, a idiotia, a imbecilidade, etc (...), são efeitos que devem ter uma causa, em virtude do axioma de que todo efeito tem uma causa, e desde que se admita a existência de um Deus justo, essa causa deve ser justa. A causa sendo sempre anterior ao efeito e, desde que não se encontra na vida atual, é que pertence a uma existência precedente”. A partir da farta documentação disponível, podem ser encontradas informações importantes sobre CASOS DE CURA SEM AUXÍLIO DOS MÉDIUNS, nas edições de fevereiro 1863; abril e setembro 1865 e CASOS DE CURA INSTANTÂNEA nos números de dezembro, outubro e novembro 1866; agosto, outubro e novembro 1867. Adotando um método compreendendo procedimentos simples (1-evocação dos bons Espíritos, 2- recolhimento, 3- braços estendidos, 4- dedos esticados sobre o corpo do paciente) foram registrados resultados surpreendentes para a época, como os relatados nos números de janeiro de 1864: 1- Cura de nevralgia violenta, após 5 minutos de emissão fluídica simples com as mãos; 2-Cura de uma sensibilidade aguda de pele, manifestada 15 anos antes, após emissão fluídica diária de 15 minutos, durante 35 dias e 3- Cura de individuo acometido de epilepsia durante 25 anos, com crises diárias, após 35 dias de emissão de fluido direcionado para estômago e nuca. Dois importantes personagens espirituais da história do Espiritismo em seu início, ofereceram suas opiniões sobre os requisitos imprescindíveis para o êxito nos trabalhos mediúnicos em torno da assistência ao que convive com as doenças. O primeiro, o conhecido médico Franz Anton Mesmer, que em mensagem psicografada alinhou três sugestões aos candidatos a esse trabalho: 1- Vontade de curar desenvolve fluido animalizado e espiritual; 2- Prece e 3- Curas milagrosas, se devem à natureza do fluido derramado pelo médium através da imposição das mãos, graças ao concurso dos bons Espíritos quando há fé sincera e pureza de intenção. O outro, o Espírito Paulo, o Apóstolo que alinha duas recomendações: 1- Fé sincera; desinteresse, humildade e perseverança e 2- A Prece que deve ser guia e ponto de apoio do médium. As observações sobre o tema, permitiu a Allan Kardec formular um conjunto de conclusões estampadas em matéria apresentada em novembro de 1866: 1- Os médiuns curadores curam só pela ação fluídica, em mais ou menos tempo, mas, às vezes, instantaneamente, sem o emprego de qualquer remédio.2- O poder curativo está nos fluidos depurados dos bons Espíritos para os quais os médiuns curadores servem de condutores. 3- O exercício dessa faculdade curadora só tem lugar com o concurso dos Espíritos. 4- A mediunidade curadora pode curar algumas doenças, mas há doenças fundamentalmente incuráveis e seria ilusão crer que a mediunidade curadora vá livrar a Humanidade de todas as suas enfermidades. 5-  A mediunidade curadora depende de uma disposição orgânica, de forma que muitas pessoas a possuem ao menos em gérmem, que fica em estado latente, por falta de exercício e desenvolvimento. 6- A mediunidade curadora exige imperiosamente o concurso dos Espíritos depurados. 7- Há, para o médium curador, a necessidade de atrair o concurso dos Espíritos superiores, se quiser conservar e desenvolver sua faculdade. 8- A primeira condição para o médium curador é trabalhar em sua própria depuração, a fim de não alterar os fluidos salutares que está encarregado de transmitir ao doente, com completo desinteresse material e moral. 9- As qualidades do médium curador devem ser o devotamento, a abnegação, a humildade, além do desejo de fazer o Bem e tornar-se útil aos semelhantes. 10- A Mediunidade curadora escapa completamente da lei sobre o exercício legal da Medicina, porque não prescreve qualquer tratamento, é exercida pela influência pessoal do médium.  Este último enunciado é passível de revisão, naturalmente, pelos impactantes fenômenos manifestados ao longo do século que se seguiu após ter sido elaborado. De qualquer modo, dispomos de excelente conteúdo para estudos e reflexões.

 




segunda-feira, 11 de agosto de 2014

O PESQUISADOR E A SOBREVIVÊNCIA

O psiquiatra canadense Ian Stevenson (1918/2007), que por 34 anos chefiou o Departamento de Psiquiatria e Neurologia da Escola de Medicina da Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos, onde vivia, ampliou seus estudos referentes à mente humana e desta chegou ao cerne, à essência que vitaliza o corpo humano, o espírito. Interessado na questão da sobrevivência sob foco diferente da reencarnação documentado através de vários livros, a partir do clássico VINTE CASOS SUGESTIVOS DE REENCARNAÇÃO, relatou em longo artigo publicado na revista italiana LUCE E OMBRA, intitulado UM COMUNICANTE DESCONHECIDO À MÉDIUM E AOS CONSULENTES, marcante e sugestiva experiência dentre os 60 casos por ele investigados – alguns publicados, outros não –, possibilitando a estudiosos, pesquisadores e curiosos, uma visão geral dos resultados. Deparando-se naturalmente em suas observações com fraudes, constatou também a seriedade de muitos trabalhos, marcados pelo desinteresse e honestidade. Um das produtivas reuniões de que participou, deu-se na cidade de Zurique, na Suíça, tendo como médium uma senhora de nome P. Schultz, que, enquanto a saúde permitiu, por vários anos, exerceu a mediunidade desinteressada, proporcionando ao pesquisador muitos elementos, inclusive, dialogando com entidades desencarnadas, as quais forneceram provas irrefutáveis do que lhe revelaram no ambiente idôneo. Um dos procedimentos dos membros do grupo mediúnico era a habitual confrontação das anotações obtidas nas reuniões com os fatos, a fim de se certificar da veracidade das comunicações. Um dos casos aprofundados envolvia um Espírito que em sua manifestação citou o nome de uma família que não estava presente e que residia em Zurique. De posse das informações fornecidas, Stevenson e sua equipe procuraram localizar a referida família. Para surpresa dos investigadores, através da lista telefônica conseguiram os primeiros elementos para contato, confirmando os detalhados informes dados pelo Espírito, o qual mencionava inclusive a morte de um membro do clã, ainda jovem. Contatada a família, esta ficou maravilhada com a revelação mediúnica e a exatidão de tudo quanto descrevera o Espírito. De posse de pequenos detalhes, ampliou pessoalmente sua análise, esbarrando em alguns pontos conflitantes com o obtido na reunião mediúnica, como a causa e o dia preciso da morte do pequeno Roberth Passanah. Consultando o obituário, Stevenson descobre que o falecimento do menino se deu no Kinderspital, de Zurique, em 6 de dezembro de 1932. De posse do atestado de óbito do menino, descobre que fora vítima de pulmonite, percebendo um pequeno engano – omissão de uma sílaba -, por parte de um membro do grupo mediúnico quando da anotação da informação do Espírito sobre a causa morte. Confirma não ter havido qualquer contato anterior entre a médium e os familiares da criança, reforçando sua percepção da honestidade da médium, a veracidade da comunicação e a psicosfera de seriedade reinante naquele ponto de interação entre o Mundo chamado visível e o invisível. Interessado na verdade dos fatos, consulta os jornais da época, mais precisamente de dezembro de 1932. Eram cinco os publicados na ocasião no município, todos tendo noticiado o falecimento e sepultamento do menino Roberth Passanah, inclusive o endereço completo da família: Ulrichstraase, número 14, sétimo distrito na cidade de Zurique, concluindo mais uma vez, pela autenticidade da comunicação mediúnica, considerando não ser possível a médium dispor de uma quantidade tão grande de detalhes. Prosseguindo em suas averiguações, acompanha o surpreso pai do garoto ao cemitério de Rehalp, em busca da lápide em que constava o nome do menino. De fato, lá estava o nome completo, bem como, as datas de nascimento e morte de Roberth. Por fim, estimulado com as provas apuradas até então, dirige-se à Paróquia de Santo André, em Zurique, tencionando atestar pelos registros existentes nos arquivos da igreja o sepultamento da criança, o que, por razões compreensíveis, lhe foi negado já que a sobrevivência da forma como ele   investigava não é admitida pelas escolas religiosas convencionais. Confessa no artigo publicado pela revista italiana ter desistido, por não se tratar de um registro público, embora também convencido de que ali estariam outros dados que procurava, os quais, com certeza, jamais poderiam ter sido acessados pelo olhar da médium P. Schultz. Assim, o representante da dita Ciência, ofereceu outra contribuição ao ramo do conhecimento do qual era respeitado integrante, certificando a imortalidade do Ser humano.

sábado, 9 de agosto de 2014

O ESPIRITISMO, O SOBRENATURAL E OS MILAGRES

A interpretação de muitas pessoas – inclusive religiões e seitas - sobre fatos inabituais na realidade em que vivemos ainda é que se trata de milagres, pertencentes ao campo do sobrenatural. Os fenômenos que deram origem ao Espiritismo não poderiam escapar a essa rotulagem. A Doutrina Espírita, contudo, veio para explicar e desmistificar essa classificação, fruto do desconhecimento ou mesmo da ausência de interesse em análises e investigações mais profundas.  A propósito da questão, Allan Kardec emitiu sua opinião no número de janeiro de 1862 da REVISTA ESPÍRITA, analisando artigo incluído na edição anterior de sua publicação, assinada por um intelectual de nome Guizot. Entre outras ponderações, escreveu ele: -“ Sobre este, com sobre outros pontos de vista, importa nos entendamos quanto à palavras. Em sua acepção própria, sobrenatural significa o que está acima da natureza, fora das leis da natureza. O sobrenatural, propriamente dito, não estaria submetido a leis; é uma exceção, uma derrogação das leis que regem a Criação. Numa palavra, é sinônimo de milagre. No sentido próprio esses dois vocábulos passaram à linguagem figurada, servindo para designar tudo quanto seja extraordinário, surpreendente, insólito. De uma coisa que causa admiração diz-se que é miraculosa, como se diz que uma grande extensão é incomensurável, de um grande número que é incalculável ou de uma longa duração que é eterna, muito embora, a rigor, possam ser medidas, calculadas e previsto um termo à última. Pela mesma razão qualifica-se de sobrenatural aquilo que, à primeira vista, parece sair dos limites do possível. O vulgo é sempre levado a tomar o vocábulo ao pé da letra na quilo que não compreende. Se por tal se entende tudo quanto se afaste das causas conhecidas, está bem.; mas então o vocábulo não tem mais sentido preciso, porque aquilo que era sobrenatural ontem já não o é hoje. Quantas coisas, outrora como tal consideradas, não fez a ciência entrar no domínio das leis naturais! Apesar dos progressos que temos feito, podemos vangloriar-nos de conhecer todos os segredos de Deus? Já nos disse a natureza a última palavra sobre todas as coisas? Não temos desmentidos diários  a essa pretensão? Se, pois, aquilo que ontem era sobrenatural hoje não o é, podemos inferir que o sobrenatural de hoje deixará de sê-lo amanhã. Para nós, tomamos o vocábulo sobrenatural no seu mais absoluto sentido próprio, isto é, para designar todo fenômeno contrário às leis da natureza. O caráter do fato natural ou miraculoso é de seu excepcional. Desde que se repete é porque está submetido a uma lei, conhecida ou não, e entra na ordem geral. Se restringirmos a natureza ao mundo material visível é evidente que as coisas do Mundo Invisível serão sobrenaturais. Mas estando, também, o Mundo Invisível submetido a leis, parece-nos mais lógico definir a natureza como “o conjunto das obras da Criação, regidas pelas leis imutáveis da Divindade”. Se, como o demonstra o Espiritismo, o Mundo Invisível é uma das forças, um dos poderes reagentes sobre a matéria, representa um papel importante na natureza. Por esta razão os fenômenos espíritas para nós nem são sobrenaturais, nem maravilhosos ou miraculosos. De onde se vê que, longe de ser ampliado o círculo do maravilhoso, o Espiritismo tende a restringi-lo e fazê-lo desaparecer(...). O Sr. Guizot parte do princípio de que todas as religiões se fundam no sobrenatural. Isto é certo se entendermos como tal aquilo que se não compreende. Se, porém, remontarmos ao estado dos conhecimentos humanos na época da fundação de cada religião conhecida, veremos quão limitado era o saber humano em astronomia, física, química, geologia, fisiologia, etc. Se, nos tempos modernos, um bom número de fenômenos já perfeitamente conhecidos e explicados passavam por maravilhosos, com mais forte razão assim deveria ser em tempos remotos. Acrescentemos que a linguagem figurada, simbólica e alegórica, em uso entre os povos do Oriente, naturalmente se prestava às ficções, cujo verdadeiro sentido a ignorância não era capaz de descobrir. Acrescentemos ainda, que os fundadores das religiões, homens superiores à craveira comum, conhecendo muito mais, tiveram que impressionar as massas, cercando-se de um prestigio sobre humano, enquanto certos ambiciosos puderam explorar a credulidade (...). Dirão que a religião se apoia sobre muitos outros fatos que nem são explicados, nem explicáveis. Inexplicados, sim, inexplicáveis, é outra questão. Sabemos que descobertas e que conhecimentos estão reservados ao futuro? (...). O ceticismo de muita gente não tem outra fonte senão a impossibilidade, para eles, de tais fatos excepcionais. Negando a base sobre que se apoiam, negam tudo o mais. Prove-se-lhes a possibilidade e a realidade de tais fatos, reproduzam-nos aos seus olhos – e serão forçados a acreditar”.


quinta-feira, 7 de agosto de 2014

A EXPERIÊNCIA DO MÉDICO E O ESPIRITISMO

Minha experiência me mostrou que a morte do corpo e do cérebro não é o fim da consciência, e que a existência humana continua no além-túmulo”, escreveu no Prólogo do seu livro UMA PROVA DO CÉU (2012; sextante), o Dr Eben Alexander III, acrescentando: -“O lugar onde estive era real. Tão real a ponto de fazer a vida no aqui e agora parecer uma ilusão”. Tudo se desdobrou em 2008, ao longo de sete angustiantes dias para seus familiares depois de o virem mergulhar num estado de coma numa madrugada de segunda-feira em que acordou, a princípio, com forte dor nas costas que acabou se pronunciando de forma mais aguda na cabeça, originada, saber-se-ia depois, pela infestação de uma variação bacteriana da meningite. Contrariando prognósticos normais que anteviam lesões graves no cérebro e mesmo a morte, o Dr. Eben, retornou à vida quando os colegas médicos comunicavam aos acompanhantes terem esgotado os recursos conhecidos, com uma única radical e definitiva mudança: a certeza de que a morte como é considerada pela dita ciência não existe. Conclusão baseada numa intensa vivência numa realidade nunca cogitada por ele anteriormente, cético que era. Profissional com 25 anos de experiência na área da neurocirurgia, concluiu que a lógica científica ainda não possui todas as respostas para os enigmas da vida. Explicações oferecidas, por sinal, pelo Espiritismo, como podemos perceber pela resposta em 1971 (PLANTÃO DE RESPOSTAS, ceu), do Espírito Emmanuel através do médium Chico Xavier, em que se manifestando sobre o estado do paciente considerado em coma diz: -“Será de acordo com sua situação mental. Há casos em que o espírito permanece como aprisionado ao corpo, dele não se afastando até que permita receber auxílio dos Benfeitores Espirituais. São pessoas, em geral, muito apegadas à vida material e que não se conformam com a situação. Em outros casos, os espíritos, apesar de manterem uma ligação com o corpo físico, por intermédio do períspirito, dispõem de uma relativa liberdade. Em muitas ocasiões, pessoas saídas do coma descrevem as paisagens e os contatos com seres que já os precederam na passagem para a Vida Espiritual. É comum que após essas experiências elas passem a ver a vida com novos olhos, reavaliando seus valores íntimos”. Foi o caso do Dr. Eben. Enquanto em nossa Dimensão, amigos especialistas se desdobravam na tentativa de entender e tirá-lo da situação complicada em que se encontrava sua saúde, sentiu-se transitar por regiões antes inimaginadas. No primeiro momento, sem ter noção exata do momento em que começou, viu-se ou sentiu-se, em meio à mais absoluta escuridão, rodeado “de alguns objetos, semelhantes a pequenas raízes, ou a vasos sanguíneos, em um grande útero lamacento. Com uma coloração vermelha, escura e brilhante, eles desciam de algum lugar muito lá em cima em direção a outro lugar igualmente distante lá embaixo, o que o fez de chama-lo de Região do Ponto de Vista da Minhoca”. Um mundo subterrâneo em que “caras grotescas de animais borbulhavam na lama, grunhiam, guinchavam, e desapareciam. Escutava urros medonhos, ora dando lugar a cânticos rítmicos e obscuros, ao mesmo tempo assustadores e curiosamente conhecidos”. A certa altura, atraído por uma luz giratória, passou por uma abertura, penetrando num mundo inteiramente novo, para o qual adjetivos como brilhante, vibrante, arrebatador, maravilhoso, são pobres para descrever. Em meio ao deslumbramento, avista uma menina, bela, com maçãs do rosto salientes e olhos de um azul profundo, que, fitando-o de forma arrebatadora, sem sonorizar palavras, tocou seu interior dizendo: -“Você é amado e valorizado imensamente, para sempre. Não há nada a temer. Não há nada que você possa fazer de errado. Nós lhe mostraremos muitas coisas aqui. Mas, no fim, você irá voltar”. Num estágio seguinte, “num lugar cheio de nuvens, avistou num ponto imensuravelmente mais alto, num aglomerado de esferas transparentes, seres deslumbrantes se deslocando em arco por todo o céu, deixando grandes rastros atrás de si. Seres, intuiu, mais evoluídos, Superiores”. Dúvidas fervilhavam em sua cabeça, contudo, “a cada questão que formulava, a resposta vinha instantaneamente em uma explosão de luz e beleza que o invadia por completo”. Noutro estágio, “viu-se entrando num imenso vazio, escuro, infinito em tamanho, mas também infinitamente prazeroso ao mesmo tempo, repleto de luz, em que se sentiu como que diante do Ser dos Seres”, que, entre outras coisas lhe diz, “não existir apenas um Universo, mas muitos – na verdade mais do que poderia conceber – e que o amor está no centro de todos eles”. A riquíssima narrativa do Dr. Eben, prossegue oferecendo instigantes elementos para nossas reflexões, inclusive sobre tais vivências serem absolutamente pessoais, como, a propósito revela a resposta dada pelo Espírito Emmanuel e transcrita neste texto. 

terça-feira, 5 de agosto de 2014

ANDRÉ LUIZ, O PLANO ESPIRITUAL E A GUERRA

- “A Humanidade parece preferir a condição de eterna criança. Faz e desfaz os patrimônios da Civilização, como se brincasse com bonecas”, repetiu o Espírito André Luiz o comentário de Alfredo, Administrador de um dos Postos de Socorro do Campo da Paz, nos relatos contidos no livro OS MENSAGEIROS, segundo da série transmitida através do médium Chico Xavier. A sequência começara um ano antes com a publicação de NOSSO LAR, contando as impressões e surpresas de um médico da nossa Dimensão após sua morte. Como o calendário confirma, tudo acontecendo em pleno andamento da denominada Segunda Grande Guerra Mundial, numa quase desconhecida localidade a alguns quilômetros da capital do estado de Minas Gerais, chamada Pedro Leopoldo. As observações do anfitrião que acolhia a equipe liderada por Aniceto que se dirigia para tarefas na chamada Crosta, reportadas por André Luiz no seu segundo livro revela outros detalhes interessantes como a conveniência dos viajantes pernoitarem no Posto diante do “registro de aparelhos ali existentes prenunciando a aproximação de grande tempestade magnética”. Explica que “sangrentas batalhas (1943) estão sendo travadas na superfície do Globo. Os que não se encontram nas linhas de fogo, permanecem nas linhas da palavra e do pensamento. Quem não luta nas ações bélicas, está no combate das ideias, comentando a situação. Reduzido número de homens e mulheres continuam cultivando a espiritualidade superior. É natural, portanto, que se intensifiquem, ao longo da Crosta, espessas nuvens de resíduos mentais dos encarnados invigilantes, multiplicando as tormentas destruidoras”. Fala sobre o trabalho pesado desenvolvido por inúmeros companheiros espirituais para que “tormentas magnéticas, invisíveis ao olhar humano, não disseminem vibrações mortíferas, a se traduzirem pela dilatação de penúrias da guerra e por epidemias sem conta”. Acrescenta dado não cogitado nos compêndios sobre a vida na Terra: -“As Colônias Espirituais da Europa, mormente as de nosso nível, estão sofrendo amargamente para atenderem às necessidades gerais. Já começamos a receber grandes massas de desencarnados, em consequência dos bombardeios. “Nosso Lar”, pela missão que lhe cabe, ainda não pode imaginar todo o esforço que o conflito mundial vem exigindo da nossa colaboração nas Esferas mais baixas. Os Postos de Socorro de várias Colônias, ligadas a nós, estão superlotados de europeus desencarnados violentamente (...). Aos terríveis bombardeios na Inglaterra, Holanda, Bélgica e França, sucedem-se outros de menor extensão. Depois de reiteradas assembleias dos nossos Mentores Espirituais, resolveu-se providenciar a remoção de, pelo menos, cinquenta por cento dos desencarnados na guerra em curso, para os nossos núcleos americanos”. Indagado sobre a razão da não manutenção dos desencarnados dessa espécie nas regiões do conflito, explicou que “instrutores mais elevados consideraram que essas aglomerações seriam fatais à coletividade dos Espíritos encarnados. Determinariam focos pestilenciais de origem transcendente, com resultados imprevisíveis”. Ressalta, porém, que “muitos dos que perdem o corpo nas zonas assoladas não conseguem subtrair-se ao campo da angústia; mas, quantos ofereçam possibilidades de transferência (...), são retirados dali, sem perda de tempo, para que seus pensamentos atormentados não pesem em demasia nas fontes vitais das regiões sacrificadas”. Sobre as barreiras idiomáticas, esclarece que “para cada grupo de cinquenta infelizes, as Colônias do Velho Mundo fornecem um enfermeiro-instrutor, com que nos possamos entender de modo mais direto”. Destaca que “embalde voltarão os países do mundo aos massacres recíprocos. O erro de uma Nação influirá em todas, como o gemido de um homem perturbaria o contentamento de milhões. A neutralidade é um mito, o insulamento uma ficção do orgulho político. A Humanidade terrestre é uma família de Deus, como bilhões de outras famílias planetárias no Universo Infinito. Em vão a guerra desfechará desencarnações em massa. Esses mesmos mortos pesarão na economia espiritual da Terra. Enquanto houver discórdia entre nós, pagaremos doloroso preço em suor e lágrimas. A guerra fascina a mentalidade de todos os povos, inclusive de grande núcleo das Esferas invisíveis. Quem não empunha as armas destruidoras, dificilmente se afastará do verbo destruidor, no campo da palavra ou da ideia. Mas, todos nós pagaremos tributo. É da Lei Divina, que nos entendamos e nos amemos uns aos outros. Todos sofreremos os resultados do esquecimento da Lei, mas cada um será responsabilizado, de perto, pela cota de discórdia que haja trazido à família mundial . A propósito André Luiz, no conteúdo do seu primeiro livro, informava que “nos primeiros dias de setembro de 1939, “Nosso Lar” sofreu, igualmente, o choque por que passaram diversas Colônias Espirituais, ligadas à Civilização americana, pela guerra europeia, tão destruidora nos círculos da carne, quão perturbadora no plano do Espírito, anotando importante observação de um Espírito chamado Salústio: - “Infelizes dos povos que se embriaguem com o vinho do mal; ainda que consigam vitórias temporárias, elas servirão somente para lhes agravar a ruína, acentuando-lhes as derrotas fatais. Quando um País toma a iniciativa da guerra, encabeça a desordem da Casa do Pai, e pagará um preço terrível ”.

domingo, 3 de agosto de 2014

AINDA SOBRE A GUERRA

O dia 4 de junho de 1859 marcou a História da França como o da Batalha de Magenta em que o envolvimento do País através da sua Legião Estrangeira foi decisivo na Segunda Guerra de Independência da Itália contra o  domínio austríaco, questão definitivamente resolvida no dia 24 do mesmo mês, após o confronto conhecido como Batalha de Solferino envolvendo perto de 200 mil soldados durante mais de nove horas, o que resultou em 2492 mortes, 12512 feridos e 2922 capturados ou desaparecidos. No número da REVISTA ESPÍRITA de julho de 1859, Allan Kardec, na seção Palestras Familiares de Além-Túmulo apresenta matéria intitulada NOTÍCIA DA GUERRA revelando, entre outras coisas, um dado curioso: a permissão do governo francês para os jornais apolíticos darem notícias da guerra. A partir de nota da fonte oficial Moniteur, pensa em interrogar algumas das gloriosas vítimas da vitória, presumindo pudessem ministrar algumas indicações úteis. Não conhecendo nenhum dos participantes da batalha mais recente, pede aos Espíritos responsáveis pelas reuniões da Sociedade Espírita de Paris, a princípio na sessão de 10 de junho, providenciassem alguém, considerando ser preferível a presença de um estranho a de amigos ou parentes, dominados pela emoção. Na ocasião, 36 perguntas foram propostas ao comunicante que se identificou como Joseph Midard, soldado de Infantaria, morto, na verdade por envenenamento após ingerir uma ameixa concentrada, provisão calórica fornecida aos combatentes. Da curiosa entrevista, destacamos algumas das informações fornecidas por Midard: 1- Não se reconheceu no momento da morte, por estar tão atordoado que não chegava a acreditar;  2- Por não se julgar morto, seguiu combatendo durante a batalha que se travava; 3- Sentia-se apenas muito leve; 4- Por não acreditar na morte, não via os Espíritos dos que morriam na batalha; 5- Acredita que a multidão de Espíritos dos que tombavam no conflito, tinham a mesma reação que ele; 6- A reunião nesse mundo dos Espíritos, não impedia que continuassem lutando durante algum tempo, conforme seu caráter; (Nota de Kardec observa que “isto concorda com o que temos registrado nos casos de morte violenta em aquele que assim  se desliga do corpo físico não se dá conta imediatamente de sua situação, não se julgando morto. Acrescenta que tal fenômeno é entendido facilmente quando se pensa nos sonâmbulos que não acreditam que estão dormindo por não haver suspensão de suas faculdades intelectuais e, pensando, pensa que não dorme, só mais tarde se convencendo, quando familiarizado com o sentido ligado a este vocábulo. Entende dar-se o mesmo com um Espírito surpreendido pela morte súbita, quando nada havia preparado para a separação do corpo, já que para ele a morte é sinônimo de destruição, de aniquilamento. Ora, desde que vive, sente e tem ideias, não se julga morto, sendo necessário algum tempo a fim de se reconhecer.) 7- Grande quantidade dos que morreram há mais tempo se mostravam interessados no resultado da batalha, visto que tais combates são preparados com muita antecedência e que os adversários não se manchariam nos crimes, como se mancharam, se a isto não tivessem sido empurrados, em vista das consequências futuras; 8- Havia, portanto, interessados na vitória dos dois lados, exercendo influência muito considerável sobre os combatentes, da mesma maneira por que tal influência é exercida pelos Espíritos desencarnados sobre os encarnados; 9- Indagado se como Espírito assistindo a um combate, poderia proteger um de seus companheiros, desviando-lhe um golpe fatal, respondeu não estar em suas possibilidades, visto que a hora da morte é fatal, nada a impedindo àquele que por ela tiver de passar, do mesmo modo que ninguém pode atingir aquele para o qual a hora não tiver soado.  Na semana seguinte, reunião de 17 de junho, nova evocação do Espírito de Midard, resultando em outros interessantes esclarecimentos: 1- Apresentava-se envergando na reunião o uniforme que o identificava no batalhão a que servia, sem saber explicar como, apenas que era roupa fornecida por outro Espírito; (O Espírito São Luiz, tratando da realidade do Mundo Espiritual diz que “o Espírito age sobre a matéria, tirando da matéria primitiva – o Fluido Cósmico Universal – os elementos necessários para, à vontade, formar objetos com a aparência dos diversos corpos existentes na Terra. Também pode sobre a matéria elementar, e por sua vontade, operar uma transformação íntima, que lhe dá determinadas propriedades. Esta faculdade é inerente à natureza do Espírito – os inferiores a possuem – muitas vezes a exercendo, quando necessário, como um ato instintivo, do qual não se dá conta”). 2- Revira o corpo abandonado no campo de batalha, experimentando tristeza ante essa visão; 3- Tivera conhecimento de existência anterior na qual fora simples negociante de peles indígenas.