Assustam as impressionantes
imagens veiculadas por diferentes mídias da destruição imposta pela guerra
travada entre povos vizinhos na região do Oriente Médio. Divergências
políticas, questões étnico/raciais, ambições econômicas, conflitos religiosos,
disputas territoriais, incluem-se entre as motivações e justificativas para
lutas armadas presentes em toda a história da Humanidade. Numa sociedade que se
diz evoluída como a do século XXI, qual seria a razão pela qual tais conflitos
se mostram cada vez mais presentes? E sofisticados. Allan Kardec não deixou
escapar o tema, incluindo-o entre as questões de uma das abordagens sobre as LEIS MORAIS, na verdade, o Terceiro dos
livros que compõem O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
Nasceu do interesse de Kardec a propósito do aprofundamento de conhecimentos sobre as Leis com que a Providência Divina impulsiona a evolução,
especialmente espiritual, sobretudo na fase humana. Questionando os Espíritos
sobre essa dinâmica, obteve como resposta que “homens necessitam de regras mais
precisas, visto que os preceitos gerais e muito vagos deixam muitas portas
abertas à interpretação”. Indagados sobre o “que pensavam sobre a divisão da
Lei Natural em dez partes, compreendendo as leis sobre a adoração, o trabalho,
reprodução, conservação, destruição, sociedade, progresso, igualdade, liberdade
e, por fim, a da justiça, amor e caridade”, responderam que “essa
divisão é a de Moisés e pode abranger todas as circunstâncias da vida, o que é
essencial, podendo ser seguida, sem que tenha, entretanto, nada de absoluto,
como não o tem os demais sistemas de classificação, que sempre dependem do
ponto de vista sob o qual se considera um assunto, sendo a última lei (da JUSTIÇA, AMOR E CARIDADE) a
mais importante por fazer o homem avançar mais na Vida Espiritual, resumindo
todas as outras”. Uma das Leis abordadas por Kardec com os Espíritos
foi a da DESTRUIÇÃO, que explicaram
ser “necessário
que tudo se destrua para renascer e se regenerar, porque isso que chamamos destruição
não é mais que transformação, cujo objetivo é a renovação e o melhoramento dos
seres vivos”. No caso dos seres vivos - como o homem, por exemplo -, “apenas
o invólucro é destruído, invólucro que não é mais que acessório, não a parte
essencial do Ser pensante, pois este é o princípio inteligente indestrutível,
que se elabora através das diferentes metamorfoses porque passa”. Sobre
se a necessidade
de destruição é a mesma em todos os mundos, explicaram que “é
proporcional ao estado mais ou menos material dos mundos e desaparece num
estado físico e moral mais apurado. Nos mundos mais avançados que o vosso as
condições de existência são muito diferentes, diminuindo a necessidade de
destruição entre os homens à medida que o Espírito supera a matéria”. Tratando especificamente
da guerra, Kardec procura saber dos Instrutores Espirituais que o
auxiliavam, qual a causa que leva o homem à guerra, obtendo como resposta que “é a predominância da natureza animal sobre
a espiritual e a satisfação das paixões, se tornando menos frequente à medida
que o homem progride, porque ele evita as suas causas e quando ela se faz
necessária ele sabe adicionar-lhe humanidade”. Consideram que “ela
desaparecerá quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a Lei de
Deus, tornando todos os povos irmãos”. Quanto àquele que suscita a
guerra em proveito próprio, explicam ser “esse o verdadeiro culpado que necessitará de
muitas existências para expiar todos os assassínios de que foi causa, porque
responderá por cada homem cuja morte tenha causado para satisfazer sua ambição”.
A propósito dos que perecem nas batalhas, informam que nos momentos que se
seguem à sua morte, “ainda podem odiar ao seu inimigo e mesmo o perseguir, podendo
conservar resquícios maiores ou menores, de acordo com seu caráter”.
Uma questão interessante colocada por Kardec ao Espírito da Verdade é se o desencarnado
que friamente assiste a um combate, como espectador, testemunha a separação
entre a alma e o corpo e como esse fenômeno se apresenta a ele. Revelou
haver “poucas mortes realmente instantâneas. Na maioria das vezes o Espírito
cujo corpo foi mortalmente ferido não tem consciência disso no mesmo instante. Quando
começa a retomar consciência é que se pode distinguir o Espírito a mover-se ao
lado do cadáver. Isso parece tão natural que a visão do corpo morto não produz
nenhum efeito desagradável. Toda a vida tendo sido transportada no Espírito,
somente ele chama a atenção e é com ele que o espectador conversa ou a quem dá
ordens”.
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