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terça-feira, 30 de setembro de 2014

FARÃO PRODÍGIOS

Fechando a edição de julho de 1863 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec apresenta mensagem obtida em Grupo Espírita da cidade de Sétif, na Argélia, em que o Benfeitor Espiritual identificado como Santo Agostinho esclarece dúvida acalentada por muitos sobre porque mensagens de conteúdos elevados ou reveladores são recebidas por médiuns que pessoalmente não demonstram nem cultura, nem conhecimentos, nem conduta que os credencie a ser porta-vozes de Espíritos Superiores? O Espiritismo, por sinal, ao definir a mediunidade como instrumento inerente a qualquer criatura humana, revela-a tão neutra como a inteligência ou, por exemplo, como os olhos que podem contemplar o belo e o feio, o certo e o errado. O conceito de moral, como se sabe, é extremamente relativo. Afirma o Instrutor Espiritual:-“Muitas vezes vos admirais ao ver faculdades mediúnicas, físicas ou morais e que, em vossa opinião deveriam ser prova de mérito pessoal, em criaturas que, pelo caráter moral, estão colocadas abaixo de semelhante condição. Isso se deve à falsa ideia que fazeis das leis que regem tais coisas, e que quereis considerar como invariáveis. O que é invariável é o objetivo. Os meios variam ao infinito, para que seja respeitada a vossa liberdade. Este possui uma faculdade; aquele, outra; um é levado pelo orgulho, outro pela cupidez e um terceiro pela fraternidade. Deus emprega as faculdades e as paixões de cada um, e as utiliza em suas esferas respectivas; e do próprio mal sabe fazer sair o Bem. Os atos dos homens, que vos parecem tão importantes, para ele nada são; é a intenção que, aos seus olhos, faz o mérito ou demérito. Feliz, pois, aquele que é guiado pelo amor fraterno. A Providência não criou o mal: tudo foi feito em vista do Bem. O mal só existe pela ignorância do homem e pelo mau uso que faz das paixões, das tendências, dos instintos adquiridos em contato com a matéria. Grande Deus! Quando lhe tiverdes inspirado a sabedoria para ter em mãos a direção desse poderoso móvel – a paixão – quantos males desaparecerão!. Quanto Bem resultará dessa força, da qual hoje não conhece senão o lado mau, que é sua obra. Continuai ardentemente a vossa obra, meus amigos; que, enfim, a Humanidade entreveja a rota na qual deve por o pé, a fim de atingir a felicidade que lhe é dado adquirir nesta Terra! Não vos admireis se as comunicações que vos dão os Espíritos elevados, inteiramente apoiadas na moral do Salvador, vô-la confirmando e a desenvolvendo, vos oferecem tantos pontos de contato e de similitude com os mistérios dos Antigos. É que os Antigos tinham a intuição das coisas do Mundo Invisível e do que deveria acontecer  e que diversos tinham por missão preparar os caminhos. Observai e estudai com cuidado as comunicações que recebei; aceitai o que a razão não recusar; repeli o que a choca; pedi esclarecimentos sobre as que vos deixam na dúvida. Tendes aqui a marcha a seguir para transmitir às gerações futuras, sem medo de as ver desnaturadas, as verdades que separáveis sem esforço de seu cortejo inevitável de erros. Trabalhai, tornai-vos úteis aos vossos irmãos e a vós próprios. Nem podeis prever a felicidade que o futuro vos reserva pela contemplação de vossa obra”. Em comentário posterior, Allan Kardec observa: -“Esta comunicação foi obtida por um jovem, médium sonâmbulo iletrado. Foi-nos enviada por membro da Sociedade Espírita de Paris, residente em Sétif, informando que o sensitivo ignora o sentido da maioria das palavras e relacionando o nome de dez pessoas notáveis, presentes à reunião. Os médiuns iletrados que recebem comunicações acima do seu alcance intelectual são muito numerosos. Mostraram-nos há pouco uma página verdadeiramente notável, recebida em Lyon, por uma senhora que não sabe ler nem escrever, não conhecendo uma palavra do que escreve; seu marido, que é quase como ela, o decifra por intuição, no correr da sessão, o que lhe é impossível no dia seguinte. Outras pessoas a leem sem muita dificuldade. Não está aí a aplicação das palavras do Cristo: -“Vossas mulheres e vossas filhas profetizarão e farão prodígios?”. Não é um prodígio escrever, pintar, desenhar, fazer música e poesia que não se o sabe? Pedis sinais materiais? Ei-los. Dirão os incrédulos que é efeito da imaginação? Se o fosse, haveria que convir que tais pessoas tem a imaginação na mão e não no cérebro. Ainda uma vez, uma teoria só é boa com a condição de explicar todos os fatos. Se um só a contradisser, é que é falsa ou incompleta”.



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