No número de março
de 1858 da REVISTA ESPÍRITA,
Allan
Kardec inclui interessante matéria elaborada a partir da carta de um
correspondente sobrevivente a naufrágio de que foi vitima ao ser surpreendido com mais
sete tripulantes por temporal que, durante a noite, virou o barco em que
navegavam causando a morte de quatro deles, enquanto ele e mais três se
salvaram mantendo-se sobre a quilha da embarcação até o raiar do dia. O vento
empurrou então o barco para a costa, possibilitando ganhar a terra a nado.
Indaga porque, nesse perigo, igual para todos, apenas quatro sucumbiram,
destacando que, no caso dele, era a sexta ou sétima vez que escapava de risco
iminente, mais ou menos nas mesmas condições? Kardec explica ter
formulado oito perguntas a São Luiz, o dirigente
espiritual das reuniões da Sociedade
Espírita de Paris, esclarecendo em breve nota complementar ater-se apenas à
fatalidade
dos acontecimentos materiais, visto a fatalidade moral ter sido
tratada de maneira completa n’ O LIVRO
DOS ESPÍRITOS. Vamos às perguntas e respectivas respostas: 1- Um perigo iminente que
ameaça alguém é dirigido por um Espírito e a não consumação do mesmo
dever-se-ia à ação de outro? Quando um Espírito se encarna, escolhe uma
prova; escolhendo-a, cria-se uma espécie de destino que não pode evitar, desde
que se submeteu. Falo das provas físicas. Conservando seu livre arbítrio
sobre o Bem e o mal, o Espírito é sempre livre de suportar ou repelir a prova.
Vendo-o fraquejar, um bom Espírito pode vir em seu auxílio, mas não pode
influir sobre ele de modo a dominar sua vontade. Um Espírito mau, isto é,
inferior, mostrando-lhe e exagerando o perigo físico, pode abalá-lo e
apavorá-lo, mas nem por isso a vontade do Espírito encarnado fica menos livre
de qualquer entrave. 2- Na iminência de um acidente, o livre arbítrio
parece nada valer para a potencial vítima. Poderia ter sido causado ou evitado
por um Espírito? Os bons ou maus Espírito não podem
sugerir senão pensamentos bons ou maus, conforme sua natureza. O acidente
está marcado no destino do homem. Quando tua vida é posta em perigo, é sinal
que tu mesmo o desejaste, a fim de te desviares do mal e te tornares melhor.
Quando escapas ao perigo, ainda sobre a influência do perigo que correste,
pensas mais ou menos fortemente, conforme a ação, mais ou menos forte, dos bons
Espíritos, em te tornares melhor. 3- A fatalidade que parece presidir aos destinos
materiais da vida, ainda seria, então, um efeito de nosso livre arbítrio? Tu
mesmo escolheste a tua prova; quanto mais rude for e melhor a suportares, tanto
mais te elevas. Os que passam a vida na abundância e na felicidade humana são
Espíritos fracos, que ficam estacionários. Assim, o número dos infortunados
ultrapassa de muito o dos felizes deste mundo, de vez que em geral os Espíritos
escolhem a prova que lhes dê mais frutos. Eles veem muito bem a futilidade de
grandezas e prazeres. Aliás, a vida mais feliz é sempre agitada, sempre
perturbada, mesmo quando não o seja por meio da dor. 4- Ainda não ficou claro
se certos Espíritos tem ação direta sobre a causa material do acidente.
Suponhamos que no momento em que um homem passa por uma ponte, esta desmorona.
Quem levou o homem a passar por ela? Quando
um homem passa por uma ponte que deve cair não é um Espírito que o impele, é o
instinto de seu destino que o leva para ela. 5- Quem fez a ponte
desmoronar? As circunstâncias naturais. A matéria tem em si as causas da
destruição. No caso vertente, se o Espírito tiver necessidade de recorrer a um
elemento estranho à sua natureza para mover as forças materiais, recorrerá
antes à intuição espiritual. (...). O Espírito, digamos, insinuará antes ao
homem que passe por esta ponte. 6- Noutro caso, imaginemos um homem mal intencionado
dá-me um tiro, cuja bala passa apenas de raspão. Teria sido desviada por um
Espírito bom? Não. 7- Podem os Espíritos advertir-nos diretamente de um
perigo, como no caso de uma senhora que sai de caso, seguindo por uma avenida,
ouvindo uma voz íntima lhe dizendo para voltar para casa e, apesar de vacilar,
volta, mas, refazendo-se, crendo ser fruto da imaginação, retorna ao caminho,
sendo atingida por uma viga, mal dados alguns passos, o que a deixa desacordada.
Não era um pressentimento? Era o instinto, visto que nenhum
pressentimento tem essas características, sendo sempre vagos. 8- Que entendeis por voz
do instinto? Entendo que, antes de encarnar-se, o Espírito tem conhecimento de todas
as fases de sua existência; quando estas tem um caráter saliente, ele conserva
uma espécie de impressão em seu íntimo e, tal impressão, despertando ao
aproximar-se o instante, torna-se pressentimento.
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quinta-feira, 30 de outubro de 2014
terça-feira, 28 de outubro de 2014
SOBRE O DEPOIS
Consideradas experiências de
alto risco para os Espíritos em processo evolutivo, a riqueza, a inteligência,
a beleza
e a autoridade representam realmente provas duras diante das quais
é difícil manter o equilíbrio. Tal conclusão se depreende da conversa mantida
pelo Espírito André Luiz com a entidade designada para apresentar-lhe o
Instituto da Reencarnação, órgão da Colônia Espiritual Nosso lar, dedicado a
acompanhar, orientar, programar e planejar o retorno de seus habitantes à nossa
Dimensão. Notadamente no que se refere ao exercício da autoridade que nos
remete ao tema poder, os desdobramentos revelados pela Espiritualidade
dentro dos mecanismos da chamada Lei de Causa e Efeito são
instigantes nos casos existentes na série escrita através de Chico
Xavier pelo ex-médico do nosso Plano. Um deles é referido no livro OBREIROS DA VIDA ETERNA (1947, feb)
pela personagem Luciana. Solicitada a cooperar em determinada tarefa pelas suas
habilidades no campo da clarividência, informou “tê-las desenvolvido a fim de
socorrer em outro tempo, o Espírito de seu pai, desencarnado numa guerra civil
na qual tivera preponderância no movimento de insurreição pública, permanecendo
após sua desencarnação nas Esferas inferiores, alucinado pelas paixões
políticas, reajustando emoções depois de paciente auxílio e obtendo
possibilidades de reencarnar em grande cidade brasileira”. Noutra obra,
OS MENSAGEIROS (1944, feb), é
apresentado o caso de Belarmino Ferreira, que, Na
derradeira encarnação “retornara comprometido com a causa do
Espiritismo, após enormes promessas e
auxílio dos que lhe endossaram os propósitos através de múltiplas condições
para que lograsse êxito, apesar do seu passado culposo. Circunstâncias várias
que lhe pareceram casuais o situaram o esforço na presidência de um grande
grupo espírita, e, envaidecido com seus conhecimentos do assunto, começou a
atrair amigos de mentalidade inferior ao seu círculo pessoal, tornando-se
irritadiço, caprichoso, perdendo-se em dúvidas infundadas, surdo aos conselhos
da dedicada esposa que também reencarnara para dar-lhe suporte, até que, de
desastre em desastre, “amigos brilhantes”, arrastaram-no ao movimento, não
da política que eleva, mas da politicalha inferior, que impede o progresso
comum e estabelece a confusão nos Espíritos encarnados, onde a escravidão ao
dinheiro lhe transformara os sentimentos, acabando seus dias com bela situação
financeira e um corpo crivado de
enfermidades, com um palácio confortável de pedra e um deserto no coração, precipitando-o
a tormentos, remorsos e expiações”. Já em NO MUNDO MAIOR (1947,feb), André Luiz conhece um “menino
de oito anos, primogênito de um casal aparentemente feliz, ostentando um corpo
paralítico de nascença, mudo, quase cego e surdo na esfera humana,
psiquicamente tendo a vida de um sentenciado sensível a cumprir severa pena,
lavrada por ele mesmo há quase dois séculos, decretando a morte de muitos
compatriotas numa insurreição civil, valendo-se da desordem político-administrativa
para vingar-se de desafetos pessoais, semeando ódio e ruínas. Depois de
morto, viveu nas regiões inferiores, inomináveis suplícios através das vítimas
de outrora, que o seguiram, obstinadas, anos afora, reduzindo-se pouco a pouco,
até que sobraram dois inimigos à época em processo final de transformação. Com
as lutas vividas em sombrias e dantescas furnas de sofrimento, aprestou-se para
a fase conclusiva de resgate através da reencarnação da forma descrita, há
muitos anos, a fim de completar a cura efetiva”. Cada caso, contudo, é
um caso, assinalado por detalhes graduados conforme a extensão do
comprometimento da individualidade com as Leis de Deus e seu nível de consciência,
refletido pelo estado evolutivo do Ser. No excelente LEIS DE AMOR, (1963, feesp), o orientador Emmanuel, revela que “através
da profissão, o pretérito também se revela, visto que , muitos renascem
gravitando para o campo de serviço em que se lhe afinam disposições e
tendências”. Ressalva, porém, que “a situação da personalidade em determinada
carreira não obedece à fatalidade visto que o livre arbítrio no mundo interior
comanda sentimentos e ideias, palavras e atos do Espírito, constantemente”.
Salienta que “a Lei nos faculta empreendimentos e obrigações junto daqueles com os
quais se verificaram nossos próprios delitos ou deserções em existências
passadas”. Exemplifica, entre outras associações, que políticos
que dilapidaram a confiança do povo, quando já situados nas linhas do reajuste,
retornam no comércio ou na agricultura, com valiosa oportunidade de transpirar
no auxílio àquelas mesmas comunidades que deprimiram; tiranos que não
vacilaram em forjar a miséria física e moral dos semelhantes, voltam na
condição de administradores capacitados à distribuição de valores e tarefas
edificantes; guerreiros e soldados que se valiam de armas para
assegurarem seus instintos destruidores, quando internados na regeneração
começante, transfiguram-se em mecânicos e operários modeladores.
domingo, 26 de outubro de 2014
ESTÁ ESCRITO, POUCOS SABEM, PRESTAM ATENÇÃO OU ACREDITAM
Salva do esquecimento, no
pequeno acervo das Cartas do Apóstolo Paulo de Tarso recuperado por Jerônimo
para compor o Novo Testamento, por volta de meados do século 4, encontramos
numa das epístolas aos Efésios que “não temos de lutar contra a carne e o sangue, mas sim, contra os principados,
contra as potestades, contra os príncipes das trevas e as hostes espirituais da
maldade, nas próprias regiões celestes”. Quase 20 séculos se passaram, e, o Espírito conhecido como André
Luiz, através do médium Chico Xavier, no livro LIBERTAÇÃO (1949, feb), reproduz parte de uma
palestra proferida por entidade espiritual chamada Flácus dando-nos conta
que “um
reino Espiritual, dividido e atormentado, cerca a experiência humana, em todas
as direções, intentando dilatar o domínio permanente da tirania da força”.
Explica que “frustrados em suas aspirações de vaidoso domínio no domicílio
celestial, homens e mulheres de todos os climas e de todas as Civilizações, depois da morte, esbarram nessa região em que se prolongam as
atividades terrenas e elegem o instinto de soberania sobre a Terra por única
felicidade digna do impulso de conquistar. Rebelados filhos da Providência,
tentam desacreditar a grandeza divina estimulando o poder autocrático da
inteligência insubmissa e orgulhosa e buscam preservar os círculos terrestres
para a dilatação indefinida do ódio e da revolta, da vaidade e da
criminalidade, como se o Planeta, em sua expressão inferior, lhes fosse paraíso
único, ainda não integralmente submetido a seus caprichos, em vista da
permanente discórdia reinante entre eles mesmos. É que, confinados ao berço
escabroso da ignorância em que o medo e a maldade, com inquietudes e
perseguições recíprocas, lhes consomem as forças e lhes inutilizam o tempo, não
se apercebem da situação dolorosa em que se acham”. Acrescenta que “organizam-se em vastas colônias de ódio e
miséria moral, disputando, entre si, a dominação da Terra. Conservam,
igualmente, quanto ocorre a nós mesmos, largos e valiosos patrimônios
intelectuais e, anjos decaídos da Ciência, buscam, acima de tudo, a perversão
dos processos Divinos que orientam a evolução Planetária. Mentes cristalizadas
na rebeldia, tentam solapar, em vão, a Sabedoria Eterna, criando quistos de vida
inferior, na organização terrestre,
entrincheiradas nas paixões escuras que lhes vergastam as consciências.
Conhecem inumeráveis recursos de perturbar e ferir, obscurecer e aniquilar”. Sem duvidar da veracidade das informações, alguém
indagou porque os Planos Superiores não suprimem tal quadro, ouvindo como
resposta: -“Não será o mesmo que interrogar pela tardança de nossa própria adesão
ao Reino Divino? Sente-se o meu amigo suficientemente iluminado para negar o
lado sombrio da própria individualidade? Libertou-se de todas as tentações que
lhe fluem dos escaninhos misteriosos da luta interna? Não admite que o orbe
possua os seus círculos de luz e trevas, qual acontece a nós mesmos nos
recessos do coração? (...). Estejamos convencidos de que se o diamante é
lapidado pelo diamante, o mau só pode ser corrigido pelo mau. Funciona a
Justiça, através da injustiça aparente, até que o amor nasça e redima os que se
condenaram a longas e dolorosas sentenças diante da Boa Lei. Homens perversos,
calculistas, delituosos e inconsequentes são vigiados por gênios da mesma
natureza, que se afinam com as tendências de que são portadores”.
Pondera que “realmente, nunca faltou proteção do Céu contra os tormentos que as
almas endurecidas e ingratas semearam na Terra e os numes guardiães não se
despreocupam dos tutelados; no entanto, seria ilógico e absurdo designar um anjo para
custodiar criminosos. Os homens
encarnados, de maneira geral, permanecem cercados pelas escuras e degradantes
irradiações de entidades imperfeitas e indecisas, quanto eles próprios,
criaturas que lhes são invisíveis ao olhar, mas que lhes partilham a residência”. Em outras palavras, “grandes políticos e veneráveis
condutores nunca se ausentaram do mundo”. Revela que esses Espíritos “integram,
tão somente, a coletividade das criaturas humanas desencarnadas, misturando-se
à multidão terrestre, exercendo atuação singular sobre inúmeros lares e
administrações tendo como interesse fundamental, a conservação do mundo
ofuscado e distraído, à força da ignorância defendida e do egoísmo recalcado,
adiando-se o Reino de Deus, entre os homens indefinidamente”. Assim se explicam muitos comportamentos sociais coletivos e individuais de agressividade, injustiças, ódios entre facções religiosas, políticas, raciais, etc. O Benfeitor e Espiritual diz
ainda: -“Permanecemos diante de um mundo civilizado na superfície, que reclama
não só a presença daqueles que ensinam o Bem, mas principalmente daqueles que o
praticam. (...). Certamente por isso é que perante o juiz, em Jerusalém, Jesus
exclamou: -“Por agora, o meu Reino não é daqui”.
sexta-feira, 24 de outubro de 2014
TODOS NOS ENQUADRAMOS
Você já se perguntou como
algumas pessoas conversando ou escrevendo parecem em alguns momentos ter sido
arrebatadas por estranha inspiração? No número de novembro de 1859 da REVISTA ESPÍRITA, encontramos um
interessante artigo do editor Allan Kardec que nos permite
entender como isso é possível. Baseou-se na leitura na reunião de 16 de
setembro daquele ano da Sociedade Espírita de Paris, em que
foram lidos diversos fragmentos de um poema intitulado URÂNIA, assinado pelo sr de
Porry, da cidade de Marselha, em que abundam ideias espíritas,
aparentemente bebida na fonte d’ O LIVRO
DOS ESPÍRITOS. O detalhe é que foi constatado que na época em que foi
escrito o autor nenhum conhecimento possuía da Doutrina Espírita. Kardec
explica o fato como tendo sido possível pela mediunidade involuntária ou
inconsciente.
Argumenta: -“É conhecido que os Espíritos que nos cercam, que exercem sobre nós,
independente de nossa vontade ou consciência, uma influência incessante,
aproveitam as disposições que encontram em certos indivíduos para
transformá-los em instrumentos das ideias que querem exprimir e levar ao
conhecimento dos homens. Tais indivíduos são, sem o saber, verdadeiros médiuns,
e para isto não necessitam possuir a mediunidade mecânica. Todos os homens
superdotados, poetas, pintores e músicos estão neste caso; certamente seu
próprio Espírito pode produzir por si mesmo, caso seja bastante adiantado para
tal; mas muitas ideias também nos podem vir de uma fonte estranha. Pedindo
inspiração, não parece que estejam fazendo um apelo? Ora, o que é a inspiração se não uma ideia
sugerida? Aquilo que tiramos do nosso próprio fundo não é inspirado:
possuímo-lo e não temos necessidade de o receber. Se o homem de gênio tirasse
tudo de si mesmo, porque estão lhe faltariam ideias exatamente no momento em
que as busca? Não seria ele capaz de tirá-las de seu cérebro, como aquele que
tem dinheiro o tira de seu bolso? Se aí nada encontra em dado momento é porque
nada tem. Porque será que, quando menos esperamos, as ideias brotam por si
mesmas? Poderiam os fisiologistas dar a explicação de tal fenômeno? Algum dia
procuraram resolvê-lo? Dizem eles: o cérebro produz hoje, mas não produzirá
amanhã. Mas por que não produzirá amanhã? Ficam limitados a dizer que é porque
produziu na véspera. Segundo a Doutrina Espírita, o cérebro pode sempre
produzir aquilo que está nele. Por isso é que o homem mais inepto acha sempre
alguma coisa a dizer, mesmo que seja uma tolice. Mas as ideias de que não somos
senhores não são nossas: elas nos são sugeridas. Quando a inspiração não vem é
porque o inspirador aí não está ou não julga conveniente inspirar. Parece que
tal explicação é mais valiosa que a outra. Poder-se-ia objetar que não
produzindo, o cérebro não devia fatigar-se. Isso seria um erro: o cérebro não
deixa de ser o canal por onde passam as ideias estranhas, e o instrumento que
executa. O cantor não fatiga seus órgãos vocais, posto que não seja a música da
sua autoria? Porque se não fatigaria o cérebro ao exprimir ideias que está
encarregado de transmitir, posto não as tenha produzido? Sem dúvida é para lhe
dar repouso necessário a aquisição de novas forças, que um inspirador lhe impõe
um compasso de espera. Pode ainda objetar-se que este sistema tira ao produtor
o mérito pessoal, pois se lhe atribuem ideias de uma fonte estranha. A isto
responderemos que, se as coisas assim se passassem, não saberíamos o que fazer
e não teríamos muita necessidade de nos enfeitarmos com as penas de pavão. Mas
tal objeção não é séria, porque não dissemos de saída, que o homem de gênio
nada tirasse de si mesmo; em segundo lugar porque as ideias que nos são
sugeridas se confundem com as nossas, e ninguém as distingue. De modo que
ele não é censurado por se atribuir sua paternidade, a menos que as tenha
recebido a título de comunicação espiritual constatada e quisesse ter a glória
das mesmas. Isto, entretanto, poderia levar os Espíritos a fazê-lo passar por
algumas decepções. Diremos, enfim, que se os Espíritos sugerem grandes ideias a
um homem, dessas ideias que caracterizam o gênio, é porque o julgam capaz de
compreendê-las, de as elaborar, e de as transmitir. Eles não tomariam um
imbecil para seu interprete. Podemos, pois, sentir-nos honrados de receber uma
grande e bela missão, sobretudo se o orgulho não nos desviar do objetivo
louvável e não nos fizer perder o seu mérito. Quer os pensamentos sejam do seu
emissor, que sejam sugeridos indiretamente por via mediúnica, não terá menos
mérito. Porque, se a ideia lhe foi dada, cabe-lhe a honra de tê-las elaborado”.
quarta-feira, 22 de outubro de 2014
AINDA SOBRE ANJO DA GUARDA
Quase um século após o
surgimento do Espiritismo, a extraordinária série de livros construída pelo
Espírito identificado como André Luiz pela mediunidade de Chico
Xavier, acrescentaria dados importantes a respeito da figura do chamado
Anjo da Guarda. No final do capítulo 30 da obra OS MENSAGEIROS (1944, feb), por exemplo, o autor concluindo diálogo
com duas amigas de uma colônia denominada Campo da Paz, ouve de uma delas que,
entre suas tarefas habituais “tem grandes tarefas de assistência junto
dos recém-encarnados, visto que a cidade em que residem, prepara, em média,
quinze a vinte reencarnações diárias, tornando-se imprescindível assistir os
companheiros ou tutelados, pelo menos no período infantil mais tenro, que
compreende os primeiros sete anos de existência carnal”. No trabalho
seguinte MISSIONÁRIOS DA LUZ
(1945,feb), acompanha no capítulo 13, o Instrutor Alexandre orientar para
que liberem um Espírito de nome Herculano
a fim de que “permaneça em definitivo com o reencarnante Segismundo, na nova
experiência, até que ele atinja os sete anos, após o renascimento, ocasião em
que o processo reencarnacionista estará consolidado, após o que sua tarefa de
amigo e orientador será amenizada, visto que seguirá o tutelado em sentido mais
distante”. Outro detalhe curioso da revelação, é que entre suas
atribuições, “deveria tomar todas as providências indispensáveis à harmoniosa
organização fetal, seja auxiliando o reencarnante, seja defendendo o templo
maternal contra o assédio de forças menos dignas; devendo redobrar a atenção
nos primórdios de formação do timo, glândula, de importância essencial para a
vida infantil, desde o útero materno, até que se forme a medula óssea e se
habilite à produção dos corpúsculos vermelhos para o sangue”. Informes
mais específicos, contudo, seriam fornecidos pelo Ministro Clarêncio no capítulo 23
de ENTRE
A TERRA E O CÉU (1954, feb), em que acompanhando o caso da
desencarnação de um menino de nome Julio, vítima de negligência
intencional da madrasta, responde sobre a não intercessão do Anjo da Guarda
diante da ação criminosa, dizendo: -“A ideia de um ente divinizado e perfeito,
invariavelmente ao nosso lado, ao dispor de nossos caprichos ou ao sabor de
nossas dívidas, não concorda com a Justiça. Que governo terrestre destacaria um
de seus ministros mais sábios e especializados na garantia do Bem de todos para
colar-se, indefinidamente, ao destino de um só homem, quase sempre renitente
cultor de complicados enigmas e necessitado, por isso mesmo, das mais severas
lições da vida? Porque haveria de obrigar-se um arcanjo a descer da Luz Eterna
para seguir, passo a passo, um homem deliberadamente egoísta ou preguiçoso?
Tudo exige lógica e bom senso”. Diante da dúvida se o Anjo da Guarda
seria uma ilusão, usa de interessante comparação, dizendo que “o Sol
está com o verme, amparando-o na furna, a milhões e milhões de quilômetros, sem
que o verme esteja com o Sol”. Completando suas ilações, acrescenta: -“Anjo,
segundo a acepção justa do termo, é mensageiro. Ora, há mensageiros de todas as
condições e procedências e, por isso, a antiguidade sempre admitiu a existência
de anjos bons e anjos maus. Anjo da
guarda, desde as concepções religiosas mais antigas, é uma expressão que define
o Espírito celeste que vigia a criatura em nome de Deus ou pessoa que se devota
infinitamente a outra, ajudando-a e defendendo-a. Em qualquer região, convivem
conosco os Espíritos familiares de nossa vida e de nossa luta. Dos seres mais
embrutecidos aos mais sublimados, temos a corrente de amor, cujos elos podemos
simbolizar nas almas que se querem ou que se afinam umas com as outras, dentro
da infinita gradação do progresso. A família espiritual é uma constelação de
Inteligências, cujos membros estão na Terra e nos Céus. Aquele que já pode ver
mais um pouco auxilia a visão daquele que ainda se encontra em luta para
desvencilhar-se da própria cegueira. Todos nós, por mais baixo nos revelemos na
escala da evolução, possuímos, não longe de nós, alguém que nos ama a
impelir-nos para a elevação. (...). O gênio guardião será sempre um Espírito
benfazejo para o protegido, mas é imperioso anotar que os laços afetivos, em torno
de nós, ainda se encontram em marcha ascendente para mais altos níveis da vida.
Com toda a veneração que lhes devemos, importa reconhecer, nos Espíritos
familiares que nos protegem, grandes e respeitáveis heróis do Bem, mas ainda
singularmente distanciados da angelitude eterna. Naturalmente, avançam em
linhas enobrecidas, em planos elevados, todavia, ainda sentem inclinações e paixões
particulares, no rumos da universalização de sentimentos,(....), precisando,
por vezes, de apelos à natureza superior para atenderem a esse ou aquele gênero
de serviço”.
segunda-feira, 20 de outubro de 2014
ANJO DA GUARDA: FICÇÃO OU REALIDADE
Várias gerações influenciadas
por ensinos religiosos se formaram acreditando na existência do Anjo da Guarda,
o personagem capaz de proteger-nos ou livrar-nos de perigos eminentes ou
atitudes de consequências imprevisíveis. No número de janeiro de 1859 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec reproduz mensagem
espontânea assinada conjuntamente pelos Espíritos São Luiz e Santo
Agostinho, oferecendo dados importantes para nossa reflexão sobre o
tema. Indagam: -“Pensar que tendes sempre junto a vós seres que vos são superiores,
que aí estão sempre para vos aconselhar, sustentar, ajudar a subir a áspera
montanha do Bem, que são os amigos mais certos e mais delicados que as mais
íntimas ligações que possais estabelecer nesta Terra, não é uma ideia
consoladora?”, acrescentando: -“Estes seres aí estão por ordem de Deus; foi
ele que os pôs ao vosso lado; aí se acham por amor a Ele e junto a vós realizam bela e penosa
missão. Sim; onde quer que estejais, estarão convosco: os calabouços, os
hospitais, os lugares de deboche, a solidão, nada vos separa destes amigos que
não vedes, mas cujos suaves impulsos vossa alma sente, como escuta os sábios
conselhos”. Em outro trecho afirmam: - “Cada Anjo da Guarda tem o seu
protegido, sobre o qual vela, como um pai sobre o filho; é feliz quando o vê
seguir o bom caminho e sofre quando seus conselhos são desprezados”. Meses
depois, a versão definitiva d’ O LIVRO
DOS ESPÍRITOS dedicaria trinta e três perguntas ao assunto,
disponibilizando mais elementos para ampliar nosso entendimento, inserindo a
referida mensagem como um adendo à questão 495. Dentre eles, destacamos: 1- Trata-se de um Espírito protetor de uma
ordem elevada; 2- Acompanha
seu tutelado do nascimento até a morte, frequentemente o seguindo depois
dela, na Vida Espiritual, e mesmo através de numerosas experiências corpóreas,
consideradas fases bem curtas na vida do Espírito; 3- Para o protetor é, às vezes, um prazer, noutras uma missão ou um dever;
4- Em caso de deixar sua posição
para cumprir diversas missões, são substituídos; 5- Afasta-se quando vê que
seus conselhos são inúteis pela vontade mais forte do protegido em submeter-se
à influência dos Espíritos inferiores, não o abandonando completamente, sempre
se fazendo ouvir, voltando logo que chamado; 6- Jamais fazem o mal, deixando que o façam os que lhe
tomam o lugar; 7- Quando deixa seu protegido se
extraviar na vida, não é por incompetência sua, mas porque ele não o quer,
saindo seu protegido mais instruído e perfeito, assistindo-o, porém, com seus
conselhos, pelos bons pensamentos que lhe sugere, infelizmente nem sempre
ouvidos; 8- Há circunstâncias em que a presença do
Espírito protetor não é necessária; 9- Sua ação não é ostensiva pelo fato de que se
o fosse o protegido não agiria por si mesmos e não progrediria, visto
necessitar da experiência, exercitar suas forças, sendo a ação dos Bons
Espíritos efetuada de forma a lhe deixar o livre arbítrio; 10- Quando vê seu protegido seguir o mau
caminho, sofre com seus erros e os lamenta mas essa aflição nada tem das
angústias da paternidade terrena, porque ele sabe que há remédio para o mal, e
que o que hoje não se fez, amanhã se fará. Em nota, Allan
Kardec, comenta: Dessas explicações e das observações feitas sobre a
natureza dos Espíritos que se ligam ao homem podemos deduzir o seguinte: 1- O Espírito Protetor, anjo da
guarda ou bom gênio, é aquele que tem por missão seguir o homem na vida e o
ajudar a progredir, sendo sempre de natureza superior à do protegido; 2- Os Espíritos familiares se ligam
a certas pessoas por meio de laços mais ou menos duráveis, com o fim de
ajuda-las na medida de seu poder., frequentemente bastante limitado, sendo
bons, mas às vezes pouco adiantados; 3- Os Espíritos simpáticos são os que atraímos
a nós por afeições particulares e uma
certa semelhança de gostos e sentimentos, tanto no Bem como no mal, durando e
se subordinando suas relações às circunstâncias; 4- O mau gênio é um Espírito
imperfeito ou perverso que se liga ao homem com o fim de o desviar do Bem, mas
age pelo seu próprio impulso e não em virtude de uma missão, manifestando sua
tenacidade na razão do acesso mais fácil ou mais difícil que encontre.
Conclui dizendo: -“O homem é sempre livre de ouvir a sua voz ou de a repelir”.
sábado, 18 de outubro de 2014
INCRÍVEL CHICO XAVIER
A história da mediunidade na
sociedade humana contem registros extraordinários. Fenômenos e fatos taxados de
milagres, manifestação de dons, presença de Deus, “coisa do diabo”, na
verdade serviram para demonstrar que outra realidade se sobrepõe e interage com
essa em que vivemos. A trajetória desenvolvida por Chico Xavier como médium,
como não poderia deixar de ser, foi marcada por lances surpreendentes. De
vários tipos e modos. Uma amostra é o trecho da terceira das cartas psicografadas
publicamente pelo jovem Dráuzio Rosin que, juntamente com o
irmão Diógenes e mais dois amigos, teve sua vida interrompida em
nossa Dimensão, em violento acidente de trânsito, ocorrido no dia 6 de julho de
1966, ele, com 23 anos e o irmão, com 16. Tendo escrito a primeira de suas
mensagens, apenas três meses e doze dias após sua morte nas concorridas e
famosas reuniões de Uberaba (MG), Dráuzio na véspera do Dia das Mães
de 1973, escreveu, extensa e emocionante carta aos pais, contendo inúmeras
referências que autenticam sua veracidade e autoria. Num deles, porém, fica
evidenciada a precisão da mediunidade de Chico. Homenageava no trecho as mães
presentes quando diz: - “Conosco, no entanto, está um jovem que tudo
fez ontem para consolar a mãezinha presente à reunião. A reunião se constituía
de muita gente e ele não conseguia escrever, conquanto esteja sustentado pelo
carinho de uma irmã que lhe foi avó maternal na Terra, a nossa irmã Cristina. Trata-se
do jovem Peter, desencarnado aos treze anos de idade, cuja mãezinha de nome Ana
esteve aqui em companhia de outros amigos. Ele não pode esperar por ela assim
de momento, mas, roga ao seu coração, mãezinha, escrever-lhe dizendo que ele
está bem e para que ninguém julgue tenha ele voltado fora do tempo justo. A lei
de Deus é de Misericórdia na Justiça. Tudo nos ocorre para o Bem. Às vezes, a
dor de alguns metros vem a nós para que não soframos a dor de muitos
quilômetros. Ele não sabe se a mãezinha ainda está nesta cidade, mas se não mais estiver, pede
para que escreva no endereço da Av. Bartolomeu de Gusmão, 183, da cidade de São
José dos Campos. Ana Johansson é o nome da mãezinha que ele nos transmite. Escrevo o nome sem cogitar da grafia exata. Peter é
um excelente rapaz. Seremos bons amigos, assim creio”. Outro caso
impactante envolve o advogado Cesar Burnier que, arrasado pela morte repentina três dias
antes do filhinho de seis, arrebatado em poucas horas por meningite fulminante,
juntamente com a esposa e amigos, desloca-se de Belo Horizonte onde vivia para Pedro
Leopoldo, na tentativa de avistar-se com Chico Xavier, que, curiosamente
naquele 2 de abril de 1938, completava 28 anos. Sem opinião formada quanto aos
poderes mediúnicos do quase desconhecido jovem, recordava-se que “quando
o carro entrou na cidade de Pedro Leopoldo, alguém lhe informou, numa esquina
qualquer: -“Chico mora na segunda rua, à direita. O senhor não precisa saber o
número da casa dele. Ela é a mais feia e pobre de todas. Não tem portas para
fora, mas, sim, um grande saco de aniagem que lhe veda a entrada. Chico é o
homem mais feio que o senhor encontrar. É meio gordo, veste uma camiseta de
algodão, calça, tamancos e tem um olho meio esbranquiçado. Decidido,
rumou para o endereço indicado. Realmente não foi difícil encontra-lo. Esbarrou
logo, encostado num muro, com o moço acanhado e humilde que o informante
descrevera. Chico veio ao encontro dele. O pranto correu-lhe pelo rosto. O
médium cerrou os lábios, compungido e sem proferir uma só palavra. Quando Cesar
se preparava para revelar os motivos de sua presença, Chico o antecedeu,
dizendo-lhe: - Eu sei, o senhor perdeu um filhinho muito querido. Em poucos instantes
iremos orar por ele com a ajuda de Emmanuel. Cesar, estupefato,
pensou, sem poder esconder no rosto a sua surpresa: quem teria contado ao
médium aquilo que acabara de ouvir? Talvez a aparência, meditou. Causou-lhe
espanto também haver sido tão facilmente recebido, pois não ignorava a
existência de horário estabelecido para as sessões. Lembrando-se daquele
distante e decisivo dia, acrescenta que, logo a seguir, Chico declarou: - “Vou
fazer uma reunião e pedir informações a respeito de seu filho Cezinha. Percebi
a profunda emoção e seu sofrimento. Não percamos tempo: Vou fazer chamar meu
irmão José para presidi-la”. Pouco depois, sentado ao lado do
medianeiro cuja mão empunhando um lápis corria célere sobre tiras de papel,
surpreso, notou seu nome – Cesar - no papel, espantando-se
mais ainda, pois não havia se apresentado.
quinta-feira, 16 de outubro de 2014
REALISMO FANTÁSTICO OU REALIDADE PROVÁVEL ?
-“A experiência social na Terra vive tão
distraída nos jogos de máscara, que a visita da verdade sem mescla, a qualquer
agrupamento humano, por muito tempo ainda será francamente inoportuna”, comenta em mensagem psicografada por Chico
Xavier, um industrial, administrador e homem público identificado, pela
inicial G., por razões
compreensíveis. A visão imediatista da vida em nossa realidade existencial
certamente é a causadora dessa distorção compartilhada pela maioria das
criaturas humanas que habita o planeta Terra. Mas, a, como ele diz, verdade sem
mescla, representada pela morte aguarda a todos na esteira do tempo que vai se
acumulando no nosso histórico de vida. As marcas do desgaste do revestimento
chamado corpo físico se evidenciam na comparação imagem do espelho com a foto
de anos atrás. Avaliado pelos critérios de nossa Dimensão como político e
administrador de méritos indiscutíveis, G.
não se sentia dessa forma após a transposição para outro Plano Existencial. Confessa
que “não
admitia que o sepulcro o requisitasse tão apressadamente à ‘meditação’.
A
angina, porém, espreitava-o vigilante, e fulminou-o sem que pudesse lutar.
Recorda-se de haver sido arremessado a uma espécie de sono que não lhe furtava
a consciência e a lucidez, embora lhe aniquilasse os movimentos. Incapaz de
falar, ouviu os gritos dos seus e sentiu que mãos amigas lhe tateavam o peito,
tentando debalde restituir-lhe a respiração. Não saberia precisar quantos
minutos gastou na vertigem que lhe tomara de assalto, até que, em sua aflição
por despertar, notou que a forma inerte o retomava a si, que sua alma
entontecida regressava ao corpo pesado; no entanto, espessa cortina de sombra
parecia interpor-se agora entre os seus afeiçoados e a sua palavra ressoante,
que ninguém atendia... Inexplicavelmente assombrado, em vão pedia socorro, mas
acabou por resignar-se à ideia de que estava sendo vítima de estranho pesadelo,
prestes a terminar. Após alguns minutos de pavoroso conflito que a palavra
terrestre não consegue determinar, teve a impressão de que lhe aplicavam sacos
de gelo aos pés. Por mais verberasse contra semelhante medicação, o frio
alcançava-lhe todo o corpo, até que não pude mais...Aquilo valia por expulsão
em regra. Procurou libertar-se e viu-se fora do leito, leve e ágil, pensando,
ouvindo e vendo. Contudo, buscando afastar-se, reparou que fio tênue de névoa
branquicenta ligava sua cabeça móvel à sua cabeça inerte. Indiscutivelmente
delirava – dizia de si para consigo -, no entanto, aquele sonho o dividia em
duas personalidades distintas, não obstante guardar a noção perfeita de sua
identidade. Apavorado, não conseguia maior afastamento da câmara íntima, reconhecendo,
inquieto, que o vestiam caprichosamente a estátua de carne, a enregelar-se.
Dominava-o indizível receio. Sensações de terror neutralizavam seu raciocínio.
Mesmo assim, concentrou suas forças na resistência. Retomaria o corpo. Lutaria
para reaver-se. Contudo, escoavam-se as horas e, não obstante contrariado,
viu-se exposto à visitação pública. Mas, ele que se sentia singularmente
repartido, observou que todas as pessoas com acesso ao recinto, diante dele,
revelavam-se divididas em identidade de circunstâncias, porque, sem poder
explicar o fenômeno, lhes escutava as palavras faladas e as palavras
imaginadas. Muitas diziam aos seus familiares em pranto: - Meus pêsames!
Perdemos um grande amigo... E o pensamento se lhes esguichava da cabeça,
atingindo-o como inexprimível jato de força elétrica, acentuando: -“Não
tenho pesar algum, este homem deveria realmente morrer”. Outras se
enlaçavam aos amigos, e diziam com a boca: -“Meus sentimentos! O doutor G
morreu moço, muito moço. E acrescentavam, refletindo: -“Morreu
tarde...Ainda bem que morreu.. Velhaco! Deixou uma fortuna considerável... Deve
ter roubado excessivamente”. Outras ainda, comentavam junto à carcaça
morta: -“Homem probo, homem justo!...E falavam de si para consigo:
-“Político ladrão e sem palavra! Que aterra lhe seja leve e que o inferno o
proteja!”.(...). Humilhado, aguardei paciente as surpresas da nova
situação. Estava inegavelmente morto e vivo. O caixão não
favorecia qualquer dúvida. Curtia dolorosas indagações, quando, em dado
instante, arrebataram-me o corpo. Achava-me livre para pensar, mas preso aos
despojos hirtos pelo estranho cordão que eu não podia compreender e, em razão
disso, acompanhei o cortejo triste, cauteloso e desapontado. A vizinhança do
cemitério abalava a escassa confiança que passara a sustentar em mim mesmo. O
largo portão aberto, a contemplação dos túmulos à entrada e a multidão que me
seguia, compacta, faziam-me estarrecer. (...). Clamei debalde por socorro, até
que, com os primeiros punhados de terra atirados sobre o esquife, caí na
sepultura acolhedora, sem qualquer noção de mim mesmo”. Diante de tão
minuciosa narrativa deixamos com você a pergunta: - Realismo fantástico ou realidade
provável?
terça-feira, 14 de outubro de 2014
PORQUE ESQUECEMOS O PASSADO?
Se vivi outras vidas, sofro
em consequência das decisões e ações insensatas delas e essas pessoas às quais
estou ligado fazem parte de experiências mal sucedidas delas, por que não
lembro de nada? Argumento comum entre aqueles que preferem a lei do mínimo
esforço, presos à filosofia do “achismo”. Em artigo do número de agosto
de 1863, da REVISTA ESPÍRITA,
Allan
Kardec ressalta alguns pontos importantes da questão: -“A
lembrança precisa dessas faltas teria inconvenientes extremamente graves, pois
isso nos perturbaria, nos humilharia aos nossos próprios olhos e aos do
próximo; trariam uma perturbação nas relações sociais e, por isto mesmo,
travaria nosso livre arbítrio. Por outro lado, o esquecimento não é tão
absoluto quanto o supõem. Ele só se dá na vida exterior de relação, no
interesse da Humanidade; mas, a vida espiritual não sofre solução de
continuidade. Tanto como desencarnados, quanto nos momentos de emancipação, o
Espírito se lembra perfeitamente e essa lembrança lhe deixa uma intuição que se
traduz na voz da consciência, que o adverte do que deve, ou não deve fazer. Se
não a escuta, então é culpa sua. Além disso, o Espiritismo dá ao homem um meio
de remontar ao seu passado, se não aos atos precisos, ao menos aos caracteres
gerais desses atos que ficaram mais ou menos desbotados na sua vida atual. Das
tribulações que suporta, das expiações e provas deve concluir que foi culpado;
da natureza dessas tribulações, ajudado pelo estudo de suas tendências
instintivas, apoiando-se no princípio que a mais justa punição é a consequência
da falta, pode deduzir seu passado moral. Suas tendências más lhe ensinam o que
resta de imperfeito a corrigir em si. A vida atual é para ele um novo ponto de
partida: aí chega rico ou pobre de boas qualidades; basta-lhe, pois, estudar-se
a si mesmo para ver o que lhe falta e dizer: -‘Se sou punido, é porque pequei’.
E a mesma punição lhe dirá o que fez. Citemos uma comparação. Suponhamos um
homem condenado a tantos anos de prisão, sofrendo um castigo especial, mais ou
menos rigoroso conforme sua falta: suponhamos, ainda, que ao entrar na prisão
perca a lembrança dos atos que para lá o conduziram. Poderá dizer: -‘Se estou
nesta prisão, é que fui culpado, pois não se condena gente virtuosa. Tratemos,
pois, de nos tornarmos bons, para não voltarmos quando daqui sairmos’. Quer ele
saber o que fêz? Estudando a lei penal, saberá quais os crimes que para ali
conduzem, porque não se é posto a ferros por uma maluquice; da duração e
severidade da pena, concluirá o gênero do que deve ter cometido. Para ter uma
ideia mais exata, terá apenas que estudar os artigos para os quais irá
sentir-se instintivamente arrastado. Saberá, então, o que daí em diante deverá
evitar para conservar a liberdade e a isso será ainda excitado pelas exortações
dos homens de Bem, encarregados de o dirigir e instruir no bom caminho. Se não
aproveitar, sofrerá as consequências. Tal a situação do homem na Terra onde,
como condenado, não pode ter sido posto por suas perfeições, desde que é
infeliz e obrigado a trabalhar. Deus lhe multiplica os ensinamentos
proporcionais ao seu adiantamento. Adverte-o incessantemente e o fere, até,
para o despertar de seu torpor; e o que permanece no endurecimento não pode
desculpar-se com a arrogância”. Através do médium Chico Xavier, o Espírito André
Luiz registrou importantes apontamentos sobre o tema: 1: -“O obscurecimento das memórias
pregressas, não é senão um fenômeno temporário, mais ou menos curto ou longo,
conforme o grau de evolução que tenhamos atingido. Até certo ponto, uma
dilatada hipnose. A passagem pelo claustro materno, o novo nome escolhido pelos
familiares, os sete anos de semi-inconsciência no ambiente fluídico dos pais, a
recapitulação da meninice, o retorno à juventude e os problemas da madureza,
com as responsabilidades e compromissos consequentes, estruturam em nós – a
individualidade eterna -, uma personalidade nova que incorporamos ao nosso
patrimônio de experiências”. 2- “Os Espíritos encarnados, tão logo se realize
a consolidação dos laços físicos, ficam submetidos a imperiosas leis dominantes
na Crosta (...). Sem a obliteração temporária da memória, não se renovaria a
oportunidade”. 3 – “Sem o esquecimento transitório, não
saberíamos receber no coração o adversário de ontem para regenerar-nos,
regenerando-o”. 4 - “Imaginemos a mente como sendo um lago. Se as
águas se acham pacificadas e límpidas, a luz do firmamento pode retratar-se
nele com segurança. Mas se as águas
vivem revoltas, as imagens se perdem ante o movimento das ondas móveis,
principalmente quando o lodo acumulado no fundo aparece à superfície”.
domingo, 12 de outubro de 2014
A LEI DE QUE NINGUÉM CONSEGUE FUGIR
O quanto um Espírito obsessor pode atuar em nosso Plano, atormentando a vida de alguém encarnado? O número de janeiro
de 1861 da REVISTA ESPÍRITA,
inclui matéria destacando o caso de um jovem de dezesseis anos que desde quatro
anos antes era o epicentro de uma série de fatos perturbadores. Descrito como
um rapaz de inteligência excessivamente limitada, analfabeto e que raramente
saia de casa, sempre que começava a dormir, tinha o leito em que repousava balançado
violentamente; era objeto de suspensão magnética (levitação); pancadas e
arranhaduras de origem desconhecida no local em que repousava; assovios; ruído semelhante
ao de uma lima ou serra; arremesso de pedaços de carvão procedentes de
local ignorado no cômodo em que estava deitado. Durante o sono, fala ao
Espírito causador da desordem com autoridade e toma o tom de comando de um
oficial superior, dado surpreendente, visto jamais ter assistido exercícios
militares. Simula um combate, comanda a manobra, conquista a vitória e se julga
reconhecido general em campo de batalha. Quando ordenava ao Espírito que desse
uma tantas pancadas, por vezes, contrariado, o menino, no transe do sono,
pergunta: -“Como farás para tirar as pancadas que deste a mais? Então o
Espírito se põe a raspar, como se apagasse. Quando o menino comanda, fica numa
grande agitação, por vezes, gritando tão forte que a voz se extingue numa
espécie de estertor. Sob comando o Espírito produz o som de todas as marchas
francesas e estrangeiras, mesmo a chinesas. Frequentemente, acontecia do
menino, dizer: -“Não é assim! Recomece. E o Espírito obedecia. Durante o sono e
comandando, o menino mostrava-se muito grosseiro. Certa ocasião, após cinco horas
de grande agitação do rapaz, tentou-se acalmá-lo por meio de passes magnéticos,
o que o enfureceu, revolvendo toda cama. Longe de se atenuarem, os efeitos se
agravavam mais e mais de modo aflitivo. Tentou-se conversar com o Espírito
através de outro rapaz que lhe servia como médium falante (psicofônico). Em
vão, obtendo como resposta que a prece de nada lhe servia; que experimentou
aproximar-se de Deus, mas só encontrou obscuridade e gelo. Mesmo as orações
mentais o enfureciam. Nem o próprio pai estava livre dos assaltos do Espírito
obsessor que lhe interrompia o trabalho, agredia, puxava-lhe as roupas e o
beliscava até sangrar. Na reunião da Sociedade Espírita de Paris, do dia
9 de novembro passado, foram dirigidas oito perguntas a São Luiz, o dirigente
espiritual das atividades sobre o problema. Entre outras informações, disse que
“por
ser a inteligência do moço limitada, quando o Espirito desencarnado o envolvia,
ficava completamente alucinado, especialmente quanto mais mergulhado no sono, o
que o expunha à turbulenta obsessão; aconselhou que quando o jovem estivesse
desperto, evocasse-se bons Espíritos, a fim de com estes o por em contato e,
por tal meio, afastar os maus, que o assediavam durante o sono; disse que seriam
ineficazes as tentativas de doutrinar o desencarnado por serem ele e o moço,
muito materializados; enalteceu o valor da prece, enfatizando, contudo ser
necessária a cooperação dos pais que, todavia, não demonstravam aquela fé que
centuplica as forças, não tendo, por isso, muita razão ao queixar-se de um mal
contra o qual nada fazer; por fim, revelou ser o moço pouco adiantado moralmente, mas
mais do que se pensa em inteligência da qual abusou em outras existências, não
a dirigindo para um fim moral, mas, ao contrário, para objetivos mais ambiciosos. Acrescentou ainda
encontrar-se na existência atual num corpo que lhe não permite livre curso à inteligência
e o mau Espírito que o assedia aproveita sua fraqueza: deixa-se comandar em coisas sem consequência, porque
o sabe incapaz de lhe ordenar coisas sérias: e o diverte. Destaca o Orientador
Espiritual que a Terra formiga de Espíritos assim, em punição, em corpos humanos,
razão pela qual existem tantos males de tantos matizes. Em observação adicional, Allan Kardec diz que a “observação
vem em apoio a esta explicação. Durante o sono, o menino mostra uma
inteligência incontestavelmente superior à de seu estado normal, o que prova um
desenvolvimento anterior, mas reduzido a estado latente sob esse novo corpo
grosseiro. É só nos momentos de emancipação da alma, nos quais não sofre tanto
a influência da matéria, que sua inteligência se expande, e no qual também
exerce uma espécie de autoridade sobre o Ser que o subjuga. Mas, reduzido ao
estado de vigília, suas faculdades se anulam sob o involucro material que a
comprime. Não está aí um ensino moral prático?”.
sexta-feira, 10 de outubro de 2014
ESPIRITUALIDADE, SAÚDE, MEDICINA, MÉDICO, MEDICAMENTOS
O advento do Espiritismo atraiu
muitos médicos encarnados ou desencarnados não só na França como em vários
países, onde as obras ou noticias sobre a nova proposta chegou. Samuel
Hahnemann, o pai da Homeopatia é um deles. As provas são várias
matérias inseridas nos números da REVISTA
ESPÍRITA, o jornal de estudos psicológicos, fundado e editado por Allan
Kardec entre 1858 e 1869. Através do médium Chico Xavier, outros
tantos médicos se mostraram convencidos das evidentes provas da imortalidade oferecidas
pela Doutrina Espírita, alguns enquanto em nossa Dimensão, outros depois da
própria morte. Céticos de todas as formações podem ler mensagens de importantes
representantes de Medicina nacional como Bezerra de Menezes; Antonio Americano do
Brasil, Miguel Couto, Dias da Cruz, Cornélio Mylward, e, entre outros,
aquele que ficou conhecido como André Luiz, autor da série NOSSO LAR. A maioria, ao se reportar à passagem pela nossa Dimensão, consagra o
axioma pertencente à sabedoria popular “o pior cego é o que não que ver”, bem
como, a racionalidade de Albert Einstein no desabafo: -“É
mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito”. Diante disso,
nos lembramos de reflexão do jornalista Humberto de Campos, o Irmão
X, no seu livro LÁZARO REDIVIVO
(1945, feb): -“Terá bastante força a palavra dos mortos para despertar a consciência
dos vivos? Não acredito. Mas se Jesus que é o Divino Senhor da Humanidade,
continua semeando a Verdade e o Bem, por que deixaríamos, nós outros, de semear?”.
Algumas opiniões sobre as quais vale refletir: SAÚDE -“A saúde humana nunca será produto de
comprimidos, de anestésicos, de soros, de alimentação artificialíssima. O homem
terá de voltar os olhos para a terapêutica natural, que reside em si mesmo, na
sua personalidade, no seu meio ambiente (...). A Medicina do futuro terá de ser
eminentemente espiritual, posição difícil de ser atualmente alcançada em razão
da febre maldita do ouro; mas, os apóstolos dessas realidades grandiosas não
tardarão a surgir nos horizontes acadêmicos do mundo, testemunhando o novo
Ciclo evolutivo da Humanidade”. (EMMANUEL,1937,
feb) MEDICINA : -“A Medicina humana será muito diferente no
futuro, quando a Ciência puder compreender a extensão e complexidade dos
fatores mentais no campo das moléstias do corpo. Muito raramente não se
encontram as afecções diretamente relacionadas com o psiquismo. Todos os órgãos
são subordinados à ascendência moral(..). O médico do porvir conhecerá
semelhantes verdades e não circunscreverá sua ação profissional ao simples
fornecimento de indicações técnicas, dirigindo-se, muito mais, nos trabalhos
curativos, às providências espirituais”. (MISSIONÁRIOS DA LUZ, 1945, feb) MÉDICOS: -“Grande número de médicos, na Terra, prefere
apenas a conclusão matemática diante dos serviços de anatomia. Concordamos que
a Matemática é respeitável, mas não é a única ciência do Universo. O médico não
pode estacionar em diagnósticos e terminologias. Há que penetrar a alma,
sondar-lhe as profundezas. Muitos profissionais da Medicina, no Planeta, são
prisioneiros das salas acadêmicas, porque a vaidade lhes roubou a chave do
cárcere. Raros conseguem atravessar o pântano dos interesses inferiores,
sobrepor-se a preconceitos comuns e, para raras exceções, reservam-se as zombarias
do mundo e o escárnio dos companheiros”. (NOSSO LAR, 1943, feb) MEDICAMENTOS : -“Qualquer droga, no campo infinitesimal dos
núcleos celulares, se faz sentir pelas propriedades elétricas específicas.
Combinar aplicações químicas com as verdadeiras necessidades fisiológicas,
constituirá, efetivamente, o escopo da Medicina do porvir. O médico do futuro
aprenderá que todo remédio está saturado de energias eletromagnéticas em seu
raio de ação (...). A gota medicamentosa tem princípios elétricos, como também
acontece às associações atômicas que vão recebê-la. Segundo sabemos em plano
algum a Natureza age aos saltos”.( OBREIROS
DA VIDA ETERNA,1946, feb). Para
finalizar, uma reveladora informação incluída na obra LIBERTAÇÃO (feb,1949): -“Todos os médicos, ainda mesmo quando
materialistas de mente impermeável à fé religiosa, contam com amigos
espirituais que os auxiliam. A saúde humana é dos mais preciosos dons Divinos.
Quando a criatura, por relaxamento ou indisciplina, delibera menosprezá-la,
faz-se difícil o socorro aos seus centros de equilíbrio, porque, em todos os
lugares, o pior surdo é aquele que não quer ouvir. Todavia, por parte de
quantos ajudam a marcha humana, da Esfera Espiritual, há sempre medidas de
proteção à harmonia orgânica, para que a saúde das criaturas não seja
prejudicada. Claro que há erros tremendos em Medicina e que não podemos evitar.
Nossa colaboração não pode ultrapassar o campo receptivo daquele que se
interessa pela cura alheia ou pelo próprio reajustamento. Entretanto,
realizamos sempre em favor da saúde geral quanto nos seja possível”.
quarta-feira, 8 de outubro de 2014
MEDO
Medo de crescer, medo do castigo dos
pais, medo do resultado da prova para qual não se estudou, medo do vestibular,
medo de viver, medo de morrer, medo da solidão, medo da separação, medo da
perda de alguém querido, medo do desemprego, medo, medo, medo... Embora nem sempre verbalizado, sensações como as
elencadas, ocorrem na vida da maioria das pessoas. Fatores os mais variados
podem ser apontados como determinantes de tais vivencias. Trata-se,
naturalmente, de repercussões exteriores dos conflitos interiores que refletem
a condição momentânea dos Espíritos em evolução. O problema ultrapassa as
barreiras vibratórias que delimitam o chamado Plano Material. Tanto que na obra
NOSSO LAR, o médico identificado
como André
Luiz espanta-se quando a Benfeitora Narcisa fala no capítulo
42, sobre organizar programas com exercícios adequados contra o medo a serem
utilizados nas novas escolas de assistência no Auxílio e núcleos de
adestramento na Regeneração. O objetivo era o treinamento coletivo de trinta
mil trabalhadores empenhados no serviço defensivo da Colônia que contava à
época (1939) cerca de um milhão de abrigados. Em comentário específico, Narcisa
explicou ser “elevada a porcentagem de existências
humanas estranguladas simplesmente pelas vibrações destrutivas do terror, tão
contagioso como qualquer moléstia de perigosa propagação. Classificamos o medo
como dos piores inimigos da criatura, por alojar-se na cidadela da alma,
atacando as forças mais profundas”. A preparação urgente de tão grande
número de colaboradores para proteger a Colônia devia-se às ameaças decorrentes
dos efeitos da grande Guerra que se iniciava em nossa Dimensão, gerando
vibrações mento-emocionais de insegurança e intranquilidade dos encarnados e
desencarnados atingidos direta ou indiretamente pelas mesmas. O problema do
medo também se manifesta entre os que se preparam para voltar para o Plano em
que nos encontramos, como revelado na abordagem do caso incluído no livro MISSIONÁRIOS DA LUZ (feb,1945).
Vencidas dificuldades operacionais para possibilitar a reencarnação de personagem apresentado como Segismundo, o mesmo mergulha num clima de medo
diante do programa preparado para que ele se liberasse de comprometimentos
assumidos passionalmente um século antes num relacionamento afetivo com mulher casada, exigindo a assistência terapêutica do Instrutor Alexandre a fim
de não frustrar os planos em andamento. Em outras abordagens André
Luiz expõe situações de medo resultante de desequilíbrios causados por
processos de influenciação espiritual conhecidos entre os estudiosos da
mediunidade como obsessão, causada pela presença e influência de desencarnados
ligados a encarnados com eles comprometidos em outras encarnações, o que
facilita até certo ponto a ação dissimulada pelo sem fio do pensamento
invariavelmente vulnerável pela falta de postura mental mais equilibrada por
parte da “vítima”. O Espírito Emmanuel através de Chico
Xavier faz algumas apreciações curiosas sobre a origem do medo em nós.
Tecendo algumas reflexões sobre o versículo dez do capítulo dois do APOCALIPSE do Apóstolo João – “Nada temas das coisas que hás de
padecer” -, diz que o sofrimento de muitos homens, na essência, é muito
semelhante ao do menino que perdeu seus brinquedos. Numerosas criaturas
sentem-se eminentemente sofredoras, por não lhes ser possível a prática do mal;
revoltam-se outras porque Deus não lhes atendeu aos caprichos perniciosos”,
concluindo: -“Não temamos, pois, o que possamos vir a sofrer. Deus é o Pai
magnânimo e justo. Um pai não distribui padecimentos. Dá corrigendas e toda
corrigenda aperfeiçoa”. Usando Paulo em sua Segunda Carta a Timóteo,
destaca que “não faltam recursos de trabalho espiritual a todo irmão que deseje
reerguer-se, aprimorar-se, elevar-se”, embora “lacunas e necessidade, problemas
e obstáculos desafiem o espírito de serviço dos companheiros de fé, em toda
parte”. Orienta: - “Onde esteja a possibilidade de sermos
úteis, avancemos, de ânimo firme, para a frente, construindo o Bem, ainda que
defrontados pela ironia, pela frieza ou pela ingratidão, porque, conforme a
palavra iluminada do Apóstolo aos gentios: ‘Deus não nos deu o espírito de
temor, mas de fortaleza, amor e moderação”. Recorre em outra ocasião, à
Parábola dos Talentos –“E, tendo medo, escondi na terra o teu
talento” -, para dizer que “há muitas pessoas que se acusam pobres de
recursos para transitar no mundo como desejariam, recolhendo-se à ociosidade,
alegando medo da ação, alcançando o fim do corpo, como sensitivas humanas, sem
o mínimo esforço para enriquecer a existência. Na vida, agarram-se ao medo da
morte, na morte, confessam medo da vida, transformando-se, gradativamente, a
pretexto de serem menos favorecidos pelo destino, em campeões da inutilidade e
da preguiça”. Finalizando, recomenda em outra mensagem: -“Não
te percas, desse modo nas ideias enquistantes e destruidoras do medo, capazes
de operar a ruína dos melhores impulsos, porque, se utilizas a fortaleza, o
amor e a moderação, seguirás para diante, na Terra e além da Terra, com a luz
do coração e a paz da consciência”.
segunda-feira, 6 de outubro de 2014
HÁ POUCO MAIS DE QUATRO SÉCULOS
Abrindo o número de abril de
1867, da REVISTA ESPÍRITA, Allan
Kardec apresenta interessante artigo comentando o lançamento de um
drama em versos assinado por um escritor chamado Ponsard, a respeito do
personagem histórico Galileu, o primeiro a fazer uso
científico do telescópio, ao realizar observações astronômicas com ele,
defendendo em março de 1610, após descobrir e analisar os satélites de Júpiter, o sistema
heliocêntrico de Copérnico, ou seja, que a Terra não era o centro do nosso
Sistema, mas o Sol. Se considerarmos o que era a Terra conhecida de então; o
tempo que qualquer conhecimento necessita para se incorporar no inconsciente
coletivo; as barreiras de conceitos e preconceitos que tem de destruir para
tornar-se de domínio público, concluiremos que a dita Ciência – rompidas as
amarras em que a mantinha a Religião -, caminhou celeremente até aqui. Em todos
os seus seguimentos. Apesar disso, num dos países mais tecnologicamente desenvolvidos
do Planeta, existem milhares de pessoas que ainda negam a Teoria Evolucionista
de Darwin.
Esclarecendo não tratar o texto de Espiritismo, destaca que a ele se liga por um
lado essencial: o da pluralidade dos mundos habitados. Em seu
comentário, pondera Kardec: -“O destino da Humanidade está ligado à
organização do Universo como o do habitante o está à sua habitação. Na
ignorância desta organização, o homem deve ter tido sobre seu passado e seu
futuro, ideias em relação com o estado de seus conhecimentos. Se tivesse sempre
conhecido a estrutura da Terra, jamais teria pensado em colocar o inferno em
suas entranhas; se tivesse conhecido o Infinito do espaço e a multidão de
mundos que aí se movem, não teria localizado o céu acima do céu de estrelas;
não teria feito de Terra o ponto central do Universo, a única habitação dos
seres vivos; não teria condenado a crença nos antípodas como uma heresia; se
tivesse conhecido a Geologia, jamais teria acreditado na formação da Terra em
seis dias e em sua existência desde seis mil anos. A ideia mesquinha que o
homem fazia da Criação devia dar-lhe uma ideia mesquinha da divindade. Ele não
pode compreender a grandeza, o poder, a sabedoria Infinitas do Criador senão
quando seu pensamento pode abarcar a imensidade do Universo e a sabedoria das
Leis que o regem, como se julga o gênio de um mecânico pelo conjunto, harmonia
e precisão de um mecanismo, e não à vista de uma simples engrenagem. Só então
as ideias puderam crescer e elevar-se acima de seu limitado horizonte”.
Mais à frente, Allan Kardec acrescenta: -“Como um dos primeiros a revelar as Leis do
Mecanismo do Universo, não por hipóteses, mas por uma demonstração irrecusável,
Galileu abriu caminho a novos progressos. Por isto mesmo, devia produzir uma
revolução nas crenças, destruindo os andaimes dos sistemas científicos errados,
sobre os quais elas se apoiavam. A cada um sua missão. Nem Moisés, nem o Cristo
tinham a de ensinar aos homens as Leis da Ciência; o conhecimento dessas Leis
devia ser o resultado do trabalho e das pesquisas do homem, da atividade e do
desenvolvimento do seu próprio espírito, e não de uma revelação ‘a priori’, que
lhe tivesse dado saber sem esforço (...). O Espiritismo é baseado na existência
do princípio espiritual, como elemento constitutivo do Universo; repousa sobre
a universalidade e a perpetuidade dos Seres inteligentes, sobre seu progresso
indefinido, através dos mundos e das gerações; sobre a pluralidade das
existências corporais, necessárias ao seu progresso individual; sobre sua
cooperação relativa, como encarnados e desencarnados, na obra geral, na medida
do progresso realizado; na solidariedade que une todos os seres de um mesmo
mundo e dos mundos entre si. Nesse vasto conjunto, encarnados e desencarnados,
cada um tem a sua missão, seu papel, deveres a cumprir, desde o mais ínfimo até
os anjos que não são senão Espíritos humanos chegados ao estado de Espíritos
puros, e aos quais são confiadas as grandes missões, o governo dos Mundos como
generais experimentados (....). Tal é, em resumo, o quadro apresentado pelo
Espiritismo, e que ressalta da situação mesma dos Espíritos que se manifestam:
não é mais uma simples teoria, mas um resultado da observação. O homem que
encara as coisas deste ponto de vista, sente-se crescer; revela-se aos seus
próprios olhos; é estimulado em seus instintos progressivos ao ver um objetivo
para os seus trabalhos, para os esforços por se melhorar (...). A matéria e o
Espírito são os dois princípios constitutivos do Universo. Mas, o conhecimento
das Leis que regem a matéria devia preceder o das Leis que regem o elemento
espiritual; só as primeiras poderiam combater vitoriosamente os preconceitos,
pela evidência dos fatos”.
sábado, 4 de outubro de 2014
PARA QUEM QUER EVOLUIR CONSCIENTEMENTE
Quando Allan Kardec escreveu num
dos artigos incluídos na REVISTA
ESPÍRITA de 1864 que “não é, pois, nem após a primeira, nem após a
segunda encarnação que a alma tem consciência bastante nítida de si mesma, para
ser responsável por seus atos; talvez só após a centésima ou milésima”, não
parecia estar fazendo uma afirmação absurda. Explicando-se melhor
acrescenta que “dá-se o mesmo com a criança, que não goza da plenitude de
suas faculdades nem um, nem dois dias após o nascimento, mas depois de anos”. Salienta que “ignoramos absolutamente em que condições
se dão as primeiras encarnações do Espírito (...). Apenas sabemos que são
criados simples e ignorantes, tendo todas, assim, o mesmo ponto de partida, o
que é conforme a Justiça”. No caso do
Ser humano, um dos elementos importantes é o chamado livre-arbítrio que, como
explicado pelo Espiritismo, “só se desenvolve pouco a pouco, após
numerosas evoluções na vida corpórea e, associado à responsabilidade, cresce
em razão do desenvolvimento da inteligência. Assim, por exemplo, um
selvagem que come os seus semelhantes é menos castigado que o homem civilizado,
que comete uma simples injustiça. Sem dúvida os nossos selvagens estão muito
atrasados em relação a nós e, contudo, já estão bem longe de seu ponto de
partida. Durante longos períodos a alma encarnada é submetida à influência
exclusiva dos instintos de conservação; pouco a pouco esses instintos se
transformam em instintos inteligentes, ou melhor, se equilibram com a
inteligência; mais tarde, e
sempre gradativamente, a
inteligência domina os instintos. Só então é que começa a séria
responsabilidade”. As sutilezas no processo evolutivo são curiosas. Uma amostra está na
reflexão do próprio Allan Kardec sobre a seguinte questão “sofre-se
as consequências de um mau pensamento que não se efetivou?”
que compõe as análises do capítulo oito d’ O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
que aborda a afirmação do famoso Sermão da Montanha “Bem Aventurados os
Puros de Coração”. Concluiu o seguinte: -“Temos de fazer aqui uma
importante distinção. À medida que a alma, comprometida no mau caminho, avança
na Vida Espiritual, vai-se esclarecendo, e, pouco a pouco, se liberta de suas
imperfeições, segundo a maior ou menor boa-vontade que emprega, em virtude do
seu livre arbítrio. Todo mau pensamento é, portanto, o resultado da imperfeição
da alma. Mas, de acordo com o desejo que tiver de se purificar, até mesmo esse
mau pensamento se torna para ela um motivo de progresso, porque o repele com
energia. É o sinal de uma mancha que ela se esforça por apagar. Assim, não
cederá à tentação de satisfazer um mau desejo, e após haver resistido,
sentir-se-á mais forte e contente com a sua vitória. Aquela que, pelo
contrário, não tomou boas resoluções, ainda busca a ocasião de praticar o mau
ato, e, se não o fizer, não será por não querer, mas apenas por falta de
circunstâncias favoráveis. Ela é, portanto, tão culpada como se o houvesse
praticado. Em resumo: a pessoa que nem sequer concebe o mau pensamento, já
realizou o progresso; aquela que ainda tem esse pensamento, mas o repele, está
envias de realizá-los; e, por fim, aquela que tem esse pensamento e nele se
compraz, ainda está sob toda a força do mal. Numa, o trabalho está feito; nas
outras, está por fazer. Deus, que é justo, leva em conta todas essas
diferenças, na responsabilidade dos atos e dos pensamentos do homem”.
Como salientado por Allan Kardec, “a verdadeira pureza não
está apenas nos atos, mas também no pensamento, pois aquele que tem o coração
puro nem sequer pensa no mal. Foi isso que Jesus quis dizer condenando o
‘pecado’, mesmo em pensamento, porque ele é um sinal de impureza moral”.
E, em função dessa, o complexo de culpa, o remorso,
o arrependimento e o anseio de reparação, como
explicitado no Código Penal da Vida Futura, apresentado no
capítulo sete do livro O CÉU E O INFERNO - ou, a Justiça Divina
Segundo o Espiritismo – automaticamente nos encaminhará à escola do
sofrimento e da dor. Afinal, ninguém foge de si mesmo e a
cada um é dado conforme as próprias obras.
quinta-feira, 2 de outubro de 2014
CHICO XAVIER E OS DOIS EX-PREDIDENTES
Embora poucos saibam, no
incrível acervo de mensagens recebidas pelo médium Chico Xavier, consta a de
dois ex-Presidentes do Brasil. A primeira delas, quando ele não era a figura
pública de décadas depois. Contava apenas 25 anos, rapaz muito tímido e
pobre, baixa escolaridade, vivendo na sua terra natal e trabalhando como
atendente no modesto estabelecimento comercial do senhor Zé Felizardo. Corria o
ano de 1935, nosso País vivia o período conhecido como Estado Novo, sob a
direção de Getúlio Vargas, acaloradas discussões centralizadas sobre se o
melhor sistema de governo da pátria seria a democracia, o facismo ou comunismo.
O rapazola de Pedro Leopoldo, já atraia o interesse dos que liam um dos
importantes jornais da capital da República pelos textos assinados pelo
Espírito do famoso e querido escritor Humberto
de Campos, que morrera em fins de 1934, bem como do livro PARNASO DO ALÉM TÚMULO (feb,1932),
publicado em 1932 contendo poemas de autoria de grandes personalidades da
Academia Brasileira de Letras como Olavo Bilac, Castro Alves, Augusto dos
Anjos, Cruz e Souza, entre outros. Uma editora recém-fundada na capital
paulista publicava o que seria o segundo livro da bibliografia de Chico, PALAVRAS DO INFINITO (lake, 1935), uma
coletânea reunindo as primeiras mensagens de Humberto de Campos,
fragmentos da série de matérias publicadas naquele ano pelo jornal O GLOBO –
hoje preservadas na obra NOTÁVEIS
REPORTAGENS COM CHICO XAVIER (ide, 2010) -, e duas extensas mensagens do
Espírito do sétimo presidente do Brasil, Nilo Peçanha, psicografadas em 31 de
julho de 1935. Surpreende o teor das mesmas, como se os dias de hoje ali
estivessem retratados no aspecto político, como os trechos seguintes: “País
essencialmente agrícola, o Brasil tem de voltar suas vistas para sua imensa
extensão territorial, multiplicando os conselhos técnicos da agricultura,
velando carinhosamente pelos seus problemas”(...)“Não bastam conciliabulos da
política administrativa para a criação de leis exequíveis e benfeitoras da
coletividade.(...)Esses problemas grandiosos tem sido relegados a
um plano inferior pelos nossos administradores (1935), os quais, infelizmente, arraigados
aos sentimentos de personalismo vivem apenas para as grandes oportunidades”.(...)“Faz-se
necessário melhorar as condições das classes operárias antes que elas se
recordem de o fazer, segundo suas próprias deliberações, entregando-se à sanha
de malfeitores que, sob as máscaras da demagogia e a pretexto de
reivindicações, vivem no seu seio para explorar os entusiasmos vibrantes que se
exteriorizam sem objeto definido”.(...) “Infelizmente tivemos a fraqueza de nos apaixonarmos
pelas teorias sonoras, acalentando os homens palavrosos, conduzindo-os aos
poderes públicos; endeusando-os, incensando-os com a nossa injustificável
admiração, olvidando homens de ação, de energia, que aí vivem isolados,
corridos dos gabinetes da administração nacional, em virtude de sua
inadaptabilidade às lutas da política do oportunismo e das longas fileiras do
afilhadismo que vem constituindo a mais dolorosa das calamidades públicas do
Brasil”.(...) No Brasil sobram as regalias politicas e as liberdades
públicas. Tudo requer ordem e método”.(...).Onde se
conservam essas criaturas do sentimento e do raciocínio que as melhores
capacidades caracterizam? Justamente, quase todos, por nossa infelicidade, se
conservam afastados da paixão política que empolga a generalidade dos nossos
homens públicos; com algumas exceções, a nossa política administrativa,
infelizmente, está cheia daqueles que apenas se aproveitam da situação, para os
favores pessoais e para as condenáveis pretensões dos indivíduos. O sentimento
de solidariedade das classes, do amparo social, que deveriam constituir as
vigas mestras de um instituto de governo, são relegados para um plano superior,
a fim de que se saliente o partido, a pretensão, o chefe, a figura
centralizadora de cada um, em desprestígio de todos” O outro Presidente
que se manifestou através de Chico foi justamente o primeiro, Deodoro
da Fonseca, registro preservado nas páginas do livro FALANDO Á TERRA
(feb, 1951). Também muito curioso o teor de suas palavras: -“Proclamada a
República e lançada a Carta Magna de 1891, é que reparamos a enorme população
ruralizada, a disparidade dos climas, a extensão do deserto verde, as tragédias
do sertão, o problema da seca, a necessidade de uma consciência sanitária na
massa popular, os imperativos da alfabetização, a incultura da liberdade, a escassez
de sentimento cívico, a excentricidade das comunas municipais, e o espírito
ainda estrito de numerosas regiões.(...).O programa compulsório
do País não poderia afastar-se da educação nos mínimos pontos; entretanto, teceramos
precioso manto constitucional com frases e textos de fina polpa democrática, quase
impraticáveis além dos subúrbios do Rio de Janeiro.(...)Cabe-nos
confessar hoje (1951), honestamente, , que ignorávamos nossa
condição de povo juvenil, com idiossincrasias que não pudéramos perceber”. Como
percebemos, o calendário avançou mas, os problemas humanos continuam os
mesmos....
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